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Origem da oração da Salve Rainha e da Ave Maria

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017 | 16:11








Texto em latim da Salve Rainha




Salve, Regina, mater misericordiae
Vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules, filii evae.
Ad te suspiramus, gementes et flentes
in hac lacrimarum valle.

Eia ergo, Advocata nostra,
illos tuos misericordes oculos
ad nos converte.
Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exsilium ostende.
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.
Ut digni efficiamur promissionibus Christi. Amen.  




Texto em português:




Salve Rainha, Mãe de Misericórdia,
Vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.


Eia, pois, advogada nossa,
Esses Vossos olhos misericordiosos
A nós volvei!


E, depois desse desterro,
Mostrai-nos Jesus, 
bendito fruto do Vosso Ventre!
Ó Clemente, Ó Piedosa!
Ó Doce Virgem Maria!


Rogai por nós Santa Mãe de Deus!
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 
Amém!




ORIGEM DA SALVE RAINHA





Quando veio a ser conhecida pelos fiéis, a "Salve Rainha" (em latim: "Salve Regina") teve um sucesso enorme, e logo era rezada e cantada em muitos locais. Um século mais tarde, ela foi cantada também na Catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do imperador Conrado III e São Bernardo, conhecido como o "cantor da Virgem Maria", ele que foi um dos primeiros a chamá-la de "Nossa Senhora". Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da "Salve Rainha", cujas últimas palavras eram "mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do vosso ventre", no silêncio que se seguiu, São Bernardo que gritou sozinho no meio da catedral: 





"Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria!"











E, a partir dessa data, estas palavras foram incorporadas à "Salve Rainha" original. É certo que ela não nasceu prontinha como a conhecemos. Foi recebendo acréscimos e retoques e enfim incorporada ao Rosário, devoção hoje considerada como: “o compêndio de todo o Evangelho”. O Rosário é prece eminentemente cristológica, quer dizer, centralizada em Cristo. É Cristo que nos faz compreender Maria e não Maria que nos faz compreender a Cristo. O mistério do Filho é concretamente o mistério da Mãe. Se a devoção mariana nos leva só de modo implícito a Jesus, ela é imperfeita.A cultura moderna pode achar estranhas algumas palavras da Salve Rainha tais como: “degredados filhos de Eva; vale de lágrimas; este desterro…”Mas, elas expressam a nossa profunda indigência, enquanto as súplicas: a vós bradamos, suspiramos, vossos olhos a nós volvei, mostrai-nos Jesus, traduzem confiança em Maria. Na sua vida terrena ela se abandonou totalmente a Deus até nas horas mais angustiantes. Esclarecidos por seu exemplo de fé, pedimos sua ajuda para superar uma prática religiosa acomodada na rotina ou iludida por esperanças ilusórias de resolver todas as dificuldades.






A origem da Salve Rainha, prece e hino, é MUITO discutida




Há muitas pesquisas sobre os possíveis autores. Cada uma com seus argumentos históricos. Conta-se que seria até um hino de guerra da primeira Cruzada. A autoria da oração é atribuída ao monge Hermano Contrato, que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenau, no Sacro Império Romano-Germânico. Naquela época, a Europa central passava por calamidades naturais, epidemias, miséria, fome e a ameaça contínua dos povos nómadas do Leste, que invadiam os povoados, saqueando-os e matando. Frei Contrato nascera raquítico e disforme e, na idade adulta, andava e escrevia com dificuldade. Foi nesta situação que criou esta prece, mesclando sofrimento e esperança. Conforme contam, quando nasceu, constataram o raquitismo e má-formação do bebê, sua mãe, Miltreed, consagrou-o no leito a Maria, sendo ele educado na devoção a ela. E, anos mais tarde, foi levado de liteira, por ser deficiente físico, até Reichenau, onde, com o tempo, chegou a ser mestre dos noviços. É provável que a condição de saúde e o contexto social influenciaram as súplicas aflitas e esperançosas do autor da Salve Rainha. Certamente o monge Hermannus experimentava as piores  misérias da vida humana neste “vale de lágrimas”, como disse. Nesta prece “bradamos” como “degredados”, “suspiramos gemendo e chorando”, vemos o mundo como “um vale de lágrimas”, como um “desterro”. Entretanto, essa visão da vida acaba num sentimento de esperança que a ultrapassa e domina com a confiança em Nossa Senhora. Ao considerar a condição humana, o monge Hermannus via  muitos motivos de tristeza, mas, ao fixar sua atenção na Virgem Maria, Rainha do céu de da terra, a quem se dirige, mostra-se animado por um horizonte de expectativas reconfortantes e consoladoras, pois ela, a Virgem Maria, é “Mãe de misericórdia”, “Vida, doçura, esperança nossa salve”, “Advogada nossa”,  de “olhos misericordiosos”. Frei Contratus tinha  consciência da triste época em que vivia, mas tinha outras razões, além disso tudo. Conta a sua história que ele nasceu raquítico e disforme; adulto, mal conseguia andar e escrevia com dificuldade, de mirrados que eram os dedos das suas mãos. Nasceu em 18 de fevereiro de 1013 em Altshausen, na Swabia hoje Alemanha, com uma fenda no palato, e um problema de espinha bífida (dividida em lóbulos iguais). Seus pais não tinham condição de cuidarem da criança e em 1020 (com sete anos) o entregaram para a Abadia de Reichenau, onde ele ficou o resto de sua vida. Contam que, no dia do seu nascimento, ao constatarem o raquitismo e má formação do bebê, seus pais caíram em prantos. Sua mãe Miltreed, mulher muito piedosa, ergueu-se então do leito e, lá mesmo, consagrou o menino à Mãe de Deus. 











Consagrado a Ela, foi educado no amor e na confiança em relação a Ela! E, anos mais tarde, foi levado de maca, por ser deficiente físico, até o mosteiro de Reichenan, onde com o tempo chegou a ser mestre dos noviços, pois o que tinha de inapto seu corpo, tinha de perspicaz seu espírito. Muito inteligente se tornou monge beneditino com a idade de 20 anos. Era um gênio, estudou e escreveu vários livros sobre astronomia, teologia, matemática, história e poesias em latim, grego e árabe. Professor aos 20 anos ficou conhecido pelos seus colegas na Europa.  Construiu alguns instrumentos musicais e equipamentos de astronomia. Ficou cego e com isso parou de escrever. É o mais notável poeta de seu tempo e ainda ficou  famoso ao escrever a oração da “Salve Rainha” e ainda o “Alma Redemporis Mater”. Faleceu em 21 de setembro de 1054 em Reichenau de causas naturais. Beatificado e culto confirmado em 1863. Sua festa é celebrada no dia 25 de setembro. Foi no fundo de todas essas misérias, que a alma de Frei Contractus elevou à “Rainha dos Céus” esta prece, mescla de sofrimento e esperança, que é a “Salve Rainha”. Nos versos “gememos e choramos neste vale de lágrimas” percebemos como foi doloroso o percurso da vida para ele, mas ele nunca perdia a esperança. Tornou-se um astrônomo, matemático, físico, teólogo, poeta e músico, um verdadeiro exemplo de superação. Ele acreditava que Deus reservaria para ele um final feliz, e por isso termina a oração com preces de confiança, de amor e de certeza que Deus jamais nos abandonará!





A ORIGEM DA ORAÇÃO DA AVE MARIA













A Ave Maria é sem dúvida a oração mariana mais conhecida em todo o mundo! Ela é rezada todos os dias por milhões de católicos e muitos chegam a recitá-la até duzentas vezes, quando reza o rosário ao longo do dia. Esta oração, que na época medieval era conhecida como “Saudação angélica”, é o resultado de um longo processo. É uma oração composta de duas partes: uma de louvor e a outra de súplica. A sua primeira parte é tirada do evangelho de São Lucas: consiste na saudação do Anjo Gabriel a Maria: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28b), e na saudação de Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! (Lc 1,42b). Inicialmente esta união entre as duas saudações era encontrada somente na liturgia, e só mais tarde tornou-se uma oração popular. O seu uso como fórmula de oração começou nos mosteiros, em torno do ano 1000 e foi aos poucos se difundindo, tornando-se universal após o século XIII. O texto, porém, compreendia somente a primeira parte sem o nome de Jesus. Foi somente no século XV que se acrescentou a segunda parte da Ave Maria: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém.” E foi nesta época também que se acrescentou o nome “Jesus” no final da primeira parte. Esta segunda parte é de origem popular-eclesial e também foi surgindo aos poucos.













Vale a pena lembrar o sermão no qual S. Bernardino de Senna (+ 1.444) ao comentar a Ave Maria disse que ao final desta se poderia acrescentar: 




“Santa Maria, rogai por nós pecadores”











A súplica a Maria começa com a adjetivo Santa, porque Maria é a primeira entre todos os santos venerados pela Igreja, pois somente Ela é “cheia de graça”!












A fórmula atual da Ave Maria, que se difundiu lentamente, foi divulgada no breviário publicado em 1568, por ordem do papa São Pio V, o papa que livrou a Europa da invasão Muçulmana!








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