Por virtudes se entendem aqueles hábitos bons que tornam as "potências da alma"(*Sindérese) capazes de executar com prontidão, facilidade e deleite tudo que, na ordem natural, é postulado pela reta razão e tudo a que, na ordem sobrenatural, somos convidados por Deus. Apesar de ser o princípio e fundamento da vida interior, a graça santificante é estática, ou seja, não é imediatamente operativa. Em teologia a virtude é denominada hábito entitativo, não operativo. Pelo fato de haver no homem uma perfeita analogia entre a estrutura natural e a sobrenatural, tornar-se-á mais acessível à nossa compreensão esta última, se considerarmos a primeira, que está mais a nosso alcance. A alma humana não é, por sua própria essência, imediatamente operativa.A graça santificante não é dada ao homem com vistas à ação, mas ao ser. Considerada acidente, ela faz entretanto o papel substancial na ordem sobrenatural, e para agir, necessita como todas as substâncias, de potências sobrenaturais que são infundidas por Deus na alma de um cristão, no momento do Batismo. Na de Nossa Senhora, porém, o foram desde o primeiro instante de sua conceição em estado de graça original, em virtude de sua missão: Conceber Aquele que não tinha e não conheceu pecado: Jesus, o Cristo(messias) esperado.
*Sindérese: No Aristotelismo e especialmente na escolástica, é a capacidade espiritual inata (lei natural), espontânea e imediata, para a apreensão dos primeiros princípios da ética, capaz de oferecer intuitivamente uma orientação adequada para o comportamento moral.
Deus é a fonte de tudo! “A primeira filosofia é a ciência da verdade; mas não de qualquer verdade, mas
da que é origem de toda a verdade, ou seja, a que pertence ao primeiro
princípio pelo qual tudo o demais existe; e por isso sua verdade é o princípio
de toda a verdade; porque em todas as coisas sua verdade corresponde a seu ser”
(Metafísica, II,1). Deus como Fonte de toda ordem Civil e Comunitária foi
tratado pela Escolástica, sobretudo Santo Tomás de Aquino e a Escola Espanhola.Deus é a Causa Final –
A causa final é a primeira das causas. Assim, pois, o ser divino é a causa
agente e causa final. Mas quando dizemos que Deus é o Fim Último de todas as
cosias é no sentido de que Deus é o Fim ao qual todos devem alcançar. Portanto
Deus é o Fim das coisas não como algo feito ou realizado em nós, mas somente
enquanto os seres possam alcançá-lo.(Cfme. Suma Teológica, I, q.45, 1, ad. 3. 8
Cfme. Suma Teológica, I , q. 45, e c. 9 Cfme. Suma Teológica, I, q. 44, art. 1,
sol. 10 Cfme. Suma Teológica, I, q. 44, art. 1).Deus é a primeira causa
exemplar de todas as coisas. Antes da criação nada havia que pudesse servir de
exemplo. Então, o mesmo Deus foi modelo para a sua obra. A mesma essência
Divina, participável analogicamente por ação de seu entendimento e vontade.
Deus cria por vontade e não por necessidade natural. Deus é o Ato Puro,
portanto, consiste na Perfeição. Ora, seria contraditório que um ser infinitamente
perfeito necessitasse algo por natureza. Tal asserção vai de encontro a tudo o
que se entende por Deus. No entanto, nada impede que nele se estudem coisas
baixo diversos aspectos, segundo a ordem que se dá em nosso entender.Todas as coisas criadas
tem em Deus sua causa eficiente, exemplar e final. As criaturas também são
causas, mas com a característica de causa segunda, atuando sempre baixo a moção
divina. Considerando-se a identificação que se dá entre essência e o
entendimento divino, esse exemplo único, quando se reproduz em imitações
parciais, resplandece a belíssima variedade dos seres criados. De onde se
conclui que as criaturas refletem analogicamente em suas limitadas perfeições a
imagem perfeita do Criador. A criação como toda a
operação com a que Deus, causa eficiente, produz alguma coisa fora de si , é
comum as três pessoas da SS. Trindade, das que como um só princípio procede
todo o universo criado. O mistério de Cristo se inscreve no mistério de Deus
Trino. Cristo é a Palavra na que tudo foi criado e na que expressa juntamente o
Pai e o Espírito Santo. O Prólogo do Evangelho de São João, nos fala: “No
princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No
princípio, ele estava com Deus Tudo foi feito por meio dele (grifo nosso) e sem
ele nada foi feito” (Cfme. Suma Teológica, q. 44, art. 3, sol. 12 Cfme. Suma
Teológica, I, q. 44.art. 4, sol. E resposta a 4ª objeção. Evangelho de São
João, cap. 1, 1-3).O texto reproduz o
relato da criação, escondido pelos verbos: Deus disse... e assim se fez: Deus
criou mundo por seu Verbo, isto é, por sua Palavra. A Palavra de Deus é
substância, é realidade subsistente. O evangelista constrói de maneira muito
adequada a expressão “tudo foi feito por meio dela”. Pois qualquer que faz
algo, convém que o preconceba em sua Sabedoria, que é forma e razão da coisa
feita, assim como a forma foi preconcebida na mente do artífice como razão da
fabricação da arca. Assim, então Deus nada faz senão por meio do conceito de
seu intelecto, que é a sabedoria concebida desde o eterno, é dizer, Palavra de
Deus e Filho de Deus; e por isso é impossível que haja algo senão por meio do
Filho, e somos imagem e semelhança de Deus, no Filho. Por conseguinte todas
as criaturas não são senão uma expressão e representação real de todas as
coisas compreendidas no conceito de verbo Divino; por isso se afirma na
Escritura que tudo foi feito pelo Verbo. Dessa forma concluímos que a criação,
seja de coisas corpóreas ou incorpóreas, é obra exclusiva de Deus Uno e Trino,
não competindo a qualquer criatura o poder de criar (verdades, ou virtudes) mas
só e exclusivamente ao Esse Subsistens. Esse entendimento
incidindo sobre a moral traz como consequência o reconhecimento de seu caráter
metafísico e criacional, pois não compete ao homem “criar” uma verdade ou
virtude mas reconhece-la enquanto comunicado revelada por Deus através da
natureza e economia da Salvação.
ESTRUTURA DO ORGANISMO
SOBRENATURAL
O homem é um composto
de corpo e alma. A pessoa humana resulta da composição substancial desses dois
elementos. Embora a alma seja a forma do corpo e lhe transmita toda a sua
perfeição, não é por si mesma imediatamente operativa, necessitando das
potências da inteligência e da vontade para que possa obrar. Elas, apesar de
terem na alma sua raiz, se distinguem dela, assim como se distinguem mutuamente
entre si. Assim, a alma depende de todo um princípio formal, a graça
santificante (elemento estável) e das potências, virtudes infusas e dons , que
residem nas faculdades com o fim de elevar-las a ordem sobrenatural,
proporcionando ao homem o aproveitamento máximo de sua antropologia. Através da
graça santificante, se dá uma participação estável de Deus no homem, produzindo
neste uma orientação para seu fim último, que é o mesmo Deus. O principal
efeito da graça santificante consiste em fazer-nos partícipes da natureza
divina. Lembramos aqui o exposto sobre participação. A graça santificante se
constitui no único elemento de ordem estável e de caráter estático do organismo
sobrenatural. Como elemento de ordem estável e de caráter dinâmico deve-se
assinalar as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo. Estes fluem da
essência da graça santificante, a fim de dar-lhes operação, uma vez que a mesma
carece de princípios imediatamente operativos (Conforme Marin A. R.: “las
virtudes infusas son hábitos operativos infundidos por Dios en las potencias
del alma para disponerlas a obrar según el dictámen de la razón iluminada por
la Fe”).A divisão das virtudes
infusas é análoga a dos hábitos naturais. Umas ordenam as potencias a seu fim ,
outras as dispõem com relação aos meios. O primeiro especifica as virtudes
teologais, o segundo as morais. As primeiras respondem, na ordem da graça ao
que são no da natureza os princípios morais, que ordenam o homem a seu fim
sobrenatural; as segundas respondem as virtudes adquiridas, que lhe aperfeiçoam
com relação aos meios. Os dons do Espírito Santo se constituem em perfeições
infundidas por Deus na alma humana, e que são transcendentes a simples razão
natural.
São muitas as diferenças que se dão entre os dons e as virtudes
infusas!
A primeira distinção se
dá em relação a causa motora. Primeiramente lembramos que não se deve confundir
causa motora com causa eficiente. A causa eficiente é a mesma, tanto para os
dons como para as virtudes, ou seja, o mesmo Deus, enquanto Autor de toda a
obra sobrenatural. Já a causa motora das
virtudes infusas é a razão humana. No caso dos dons, a causa motora, é o
próprio Deus, na Pessoa do Espírito Santo, atuando diretamente sobre o agente.A imagem natural de
Deus existe em todo o homem, bom ou mau, justo ou injusto. Mas, nos justos
mediante a graça se dá uma imagem muito mais perfeita, que alcança o Sumo grau
de perfeição para os que alcançam a visão beatífica.
Tomás de Aquino explica que a imagem de Deus no homem pode ser considerada de três modos:
1) Primeiro, enquanto
que o homem possui uma atitude natural para conhecer e amar a Deus, atitude que
consiste na natureza da mente;
2) Segundo, enquanto
que o homem conhece e ama atual ou habitualmente a Deus, mas de um modo
imperfeito; esta é a imagem procedente da conformidade pela graça.
3) Terceiro, enquanto
que o homem conhece atualmente a Deus de um modo perfeito; esta é a imagem que
resulta da semelhança da glória.
Este homem criado para
a glória divina vive em uma ordem moral na qual está contido o Direito, ou
seja, o justo natural, aquilo que é seu, propriamente seu, pelo fato de que
existe uma lei anterior que o determina, ou seja , a lei natural.
A lei de Deus conforme
o Aquinate, de duas formas conduz o homem para a santidade:
1)-Internamente,
através da graça santificante.
2)-E externamente,
através dos preceitos divinos.
A graça se constitui em
um elemento de caráter sobrenatural destinada a santificar internamente o
homem. As leis direcionam o comportamento humano externo por meio de regras que
lhe determinam o que pode ser feito e o que deve ser evitado. O Doutor Angélico
ensina que a lei consiste em uma prescrição da razão em ordem ao bem comum,
promulgada por aquele que tem o cuidado da comunidade (“ Lex ninhil aliud est
quam quaedam rationis ordinatio ad bonum commun, ab eo quí cuam communitatis
habet, promulgata”. 18 Cfme. Suma Teológica, I q. 93, art.4).Aqui, retomamos a
teoria da causalidade aristotélica já referida anteriormente no tema da
criação. Ainda que a existência da lei eterna encontre oposição no mundo moderno
por aqueles sistemas que prescindem da existência de Deus, o pensamento antigo
sempre admitiu a existência de uma lei eterna imutável responsável por toda a
admirável ordem do mundo. O pensamento cristão concebe e lei eterna,
como consequência da divina providência. É a razão mesma de Deus. É o próprio
Deus.Sem
a providência divina não seria inteligível a ordem universal. Deus, autor do universo,
o governa por sua providência divina, que é sua prudência governativa. Por meio
de sua providência, segundo sua inteligência e vontade, Deus conduz a ordem das
coisas para seus fins próprios e fim último de todo o universo. Tomás de Aquino
define a lei eterna como “a razão da divina sabedoria divina enquanto princípio
diretivo de todo o ato e todo o movimento”.A lei eterna é
concebida como verdadeira lei. Se chama lei porque é um ditame da razão divina
e eterna, porque em Deus nada tem fim. Ao admitirmos que a lei eterna é o mesmo
Deus reconhecemos sua sobreposição sobre as demais. Esta ideia é comum entre os
Santos Padres:“Assim, pois, sendo a lei eterna a
razão ou o plano de governo existente no supremo governo, todos os planos do
governo existentes nos governos inferiores necessariamente hão de derivar da
lei eterna E estas razões ou planos dos governantes inferiores são todas as
demais leis menos a lei eterna. Por conseguinte, toda lei, na medida em que
participa da razão , se deriva da lei eterna. Por isso disse Santo Agostinho em
I De lib. Arb. Que nada há justo e legítimo na lei temporal que não tenham
tomado os homens da lei eterna” . Cabe acrescentar que as leis criadas funcionam
como causas segundas em dependência de Deus, sua primeira causa motiva que dá
moção as demais leis, e que na verdade não são outra coisas que a mesma lei
eterna. A lei eterna tem em si algo de absolutamente íntimo e imediato a cada lei
inferior, que encontra sua razão de ser. Dessa afirmação chegamos a seguinte conclusão:
a lei humana, em verdade, está muito mais intimamente ligada a lei eterna que a
lei natural, ainda que aparentemente nos pareça o contrário.O
exercício das virtudes nos impulsionam a viver conforme a vontade e o plano
perfeito de Deus para a humanidade, embora Deus respeite a nossa liberdade em
aderir ou não. O desacordo com a lei eterna produz a desordem e o desequilíbrio
porque em todas as causas ordenadas, o efeito depende mais da primeira que da
causa segunda, porque a causa segunda só atua em virtude da causa primeira.Retornando a teoria da
causalidade aristotélica (causa não causada de todas as causas), podemos
observar que a lei eterna é causa eficiente, exemplar e final de todas as
demais leis. Se diz que é causa eficiente, uma vez que todas as leis
são movidas pela lei eterna, e só assim podem regular matéria própria e também
porque depende dela a autoridade que vem de Deus. Se diz que é causa exemplar
uma vez que toda lei deve imitar em sua regulação sua verdade e justiça. Também
dizemos afirmamos a causalidade final porque todos os fins especificados pelas
leis estão ordenados ao bem comum que por essência é objeto próprio da lei
eterna. A participação da lei eterna na criatura racional chamamos lei natural,
a qual caracteriza-se por ser única, universal, imutável e indelével Da
sequência lei eterna, lei natural deve surgir a lei humana. Partindo do suposto
que a existência da lei humana não deixa dúvidas, nos aprece conveniente uma
justificação racional das mesmas.O
homem chega a necessidade da lei humana devido a necessidade de determinar
normas particulares, a partir dos primeiros princípios ditados pela lei
natural. Estas leis, bem como o exercício das virtudes no entanto, devem sempre
constituir-se em conclusões racionais dos princípios morais. Enquanto
prolongamento da lei natural deverá obviamente ser justa, uma vez que a virtude
da justiça é produto da razão, elemento essencial a caracterização da lei.Assim se conclui que o
Direito Natural e o Direito Positivo, a lei natural e a lei positiva não
deveriam se contrapor, mas se complementarem. O reconhecimento de Deus como
fonte da Justiça nos leva a concluir que o primeiro princípio que sustenta e da
qual depende todo o Direito consiste em “Amar a Deus sobre todas as coisas”. A sentença se justifica porque:
1 – Deus é o Criador de
tudo quanto é e existe;
2 – Deus é o Governador
Universal;
3 – Existe uma
dependência absoluta e ontológica de todo o ser criado ao Ser Divino;
4 – Deus está no mais
íntimo de toda a criatura;
5 – Deus se constitui
no Bem por excelência, para o qual o homem tende e deseja ainda que
inconscientemente.
A hierarquia natural da caridade por justiça, põe em primeiro lugar o Amor a Deus, do qual depende a manutenção da vida em todos os seus aspectos. O amor ao próximo está condicionado e subordinado ao amor a Deus, e não o contrário, que se constitui em uma inversão da ordem. E isto porque, se por um lado Deus é infinitamente mais perfeito; por outro, a relação entre a criatura e o Criador é infinitamente mais íntima e necessária que qualquer relação entre criaturas. O homem desperto pelo amor divino procura exercitar todas as virtudes a fim de colocar-se ao serviço de Deus por amor a Ele e para o bem comum dos outros. O amor divino estimula a prática de toda s as demais virtudes. Pelo amor divino o homem pode compreender e empreender coisas grandes. E por compreender o sentido o sentido das coisas, o homem pode praticar a justiça e com isso, obter a paz e o gozo espiritual. ATENÇÃO! O homem que põe em primeiro plano o amor ao próximo comete a primeira grande injustiça, que abre espaço para todas as demais. Se a consideração a Deus não for absoluta, toda a lei divino-positiva passaria a ser relativa. Daí surgem os adultérios, as calúnias, os abortos, libertinagem, homicídios, etc. O melhor exemplo se encontra no divórcio. Se o homem não vê no matrimônio uma consideração sobrenatural, muito facilmente passa a defender o divórcio. Portanto, o entendimento e devido cumprimento da lei de Deus é imprescindível para o bom ordenamento de tudo. No entanto, isso não significa que Deus seja implacável. O paradoxo está em que Deus perdoa os erros e os homens que não o temem. Porém, é muito profunda a diferença entre perdão e aprovação. Vejamos agora, sucintamente, como agiram na belíssima alma de Maria, esses hábitos operantes sobrenaturais infusos: virtudes e dons, com seus perfeitos atos correspondentes, os frutos e as bem-aventuranças. Maria Santíssima praticou de maneira admirável todas as virtudes convenientes à sua condição humana. Convenientes, disse, porque é claro que nem todas as virtudes são praticáveis por todos. Com efeito, a virtude, que em si mesma significa perfeição, porque é o hábito de operar o bem, nem sempre supõe perfeita a pessoa que a possui. Assim, há virtudes que tendem a liberar o homem do pecado ou das conseqüências deste, virtudes que somente podem aflorar numa consciência antes maculada pela iniqüidade. Claro está que tais virtudes não se poderiam encontrar nem em Jesus nem em Maria. Por exemplo, não diremos que Ela tenha praticado a penitência, pois sempre foi inocente, nem as outras virtudes pelas quais o homem domina suas paixões, porque essas lutas interiores nunca perturbaram a serena e tranqüila liberdade de espírito da Mãe de Deus. Exceção feita dessas virtudes, a Virgem Santíssima praticou todas as demais, de maneira extraordinária. Infelizmente, pouco conhecemos da vida de Maria para podermos nos deliciar na contemplação detalhada de todos os atos virtuosos por Ela praticados.
Todavia, as breves notícias que temos a respeito
nos Evangelhos, podem nos dar pelo menos uma idéia de suas exímias virtudes. (*Atenção! Virtude é diferente de graça: A Graça é dada, porém
a virtude é exercitada!)
1)- Profunda humildade: Maria sabia
reconhecer-se como humilde serva, sentia-se nada diante do Senhor, sem vaidade
nenhuma oferecia ao Senhor os louvores que recebia e não havia nada em seu
coração que centrasse nela própria. Ela era simples, todos seus atos eram feitos
no silêncio e no escondimento. A humildade de Maria é a principal virtude que
esmaga a cabeça do demônio. Nossa Senhora nunca se esqueceu que tudo nela era
dom de Deus (Tiago 4,6;João 3,27; I Cor 4,7).Ela se alegrava em servir ao próximo e se colocava sempre
em último lugar.Imitando essa virtude: Devemos buscar a humildade, pensando sempre que se temos
qualidades e potenciais tudo devemos a Deus, tudo isso é dom de Deus.
Compreendamos que o homem sem Deus não é nada e nada possui. Nunca se deixar
levar pelo orgulho, pela vaidade e soberba. Ser modestos, comedidos, sem
vaidade, sempre dispostos a servir aos outros, ter simplicidade na maneira de
se apresentar e quando receber um elogio dar os créditos a Deus. A humildade se
opõe a soberba. “Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva.” (Lc. 1,48)
“Derrubou os poderosos de seus tronos E exaltou os humildes.” (Lc. 1,52).
2)- Paciência: Nossa Senhora passou por muitos
momentos estressantes de provação, de incômodo e de dor, durante toda sua vida,
mas suportou tudo com paciência. Sua tolerância era admirável! Nunca se
revoltou contra os acontecimentos, nem mesmo quando viu o próprio filho na
Cruz! Sabia que tudo era vontade de Deus e meditava tudo isso em seu coração.
Maria, nossa mãe, teve sempre paciência, sabendo aguardar em paz aquilo, que
ainda não se tenha obtido, acreditando que iria conseguir, pela espera em Deus. Imitando essa virtude: Ter paciência é não perder a calma, manter a
serenidade e o controlo emocional. Além disso é saber suportar, como Maria, os
desabores e contrariedades do dia a dia, saber suportar com paciências nossas
próprias cruzes. Devemos saber ouvir as pessoas com calma e atenção, sem
pressa, exercitando assim a virtude da caridade. Fazer um esforço para nos
calarmos frente aquelas situações mais irritantes e estressantes. Quando houver
um momento de impaciência pode-se rezar uma oração, como por exemplo, um
Pai-nosso, buscando se acalmar para depois tentar resolver o conflito. Devemos
nos propor, firmemente não nos queixarmos da saúde, do calor ou do frio, do
abafamento no autocarro lotado, do tempo que levamos sem comer nada… Temos que
renunciar, frases típicas, que são ditas pelos impacientes: “Você sempre faz
isso!”, “De novo, mulher, já é a terceira vez que você…!”, “Outra vez!”, “Já
estou cansado”, “Estou farto disso!”. Fugir da ira, se calando ou rezando
nesses momentos. A paciência se opõe à ira! “Não só isso, mas nos gloriamos até
das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência
prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança.”(Rom. 5,3-4)
“Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão
estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará
sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao
inferno de fogo.”(Mat 5,22).
3)-
Oração contínua: Nossa
Senhora era silenciosa, estava sempre num espírito perfeito de oração. Tinha a
vida mergulhada em Deus, tudo fazia em Sua presença. Mulher de oração e
contemplação, sempre centrada em Deus. Buscava a solidão e o retiro pois é na
solidão que Deus fala aos corações. “Eu a levarei à solidão e falarei a seu
coração (Os 2, 14)” Em sua vida a oração era contínua e perseverante, meditando
a Palavra de Deus em seu coração, louvando a Deus no Magnificat,
pedindo em Caná, oferecendo as dores tremendas que sentiu na crucificação de
Jesus, etc. Imitando essa virtude: Buscar uma vida interior na presença de
Deus, um “espírito” contínuo de oração. Não se limitar somente as orações ao
levar, ao se deitar e nas refeições, estender a oração para a vida, no
trabalho, nos caminhos, em fim, em todas as situações, buscando a vontade de
Deus em sua vidas. “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3,17). e “Não vos inquieteis
com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações,
mediante a oração, as súplicas e a acção de graças. E a paz de Deus, que excede
toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em
Cristo Jesus.”(Fil 6,6-7).
4)- Obediência: Maria disse seu “sim” a Deus e ao
projeto da salvação, livremente, por obediência a vontade suprema de Deus. Um
“sim” amoroso, numa obediência perfeita, sem negar nada, sem reservas, sem
impor condições. Durante toda a vida Nossa Mãezinha foi sempre fiel ao amor de
Deus e em tudo o obedeceu. Ela também respeitava e obedecia as autoridades,
pois sabia que toda a autoridade vem de Deus. Imitando essa virtude: O Catecismo da Igreja Católica indica que a
obediência é a livre submissão à palavra escutada, cuja verdade está garantida
por Deus, que é a Verdade em si mesma. Esforcemo-nos para obedecer a requisitos
ou a proibições. A subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de
uma instrução, o cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é
proibido, nos faz crescer. Rezar pelos superiores. Obedecer sempre a Deus em
primeiro lugar e depois aos superiores. Obedecer a Deus é obedecer seus
Mandamentos, ser dócil a Sua vontade. Também é ouvir a palavra e a colocar em
prática. “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo
a tua palavra.” (Luc 1, 38).
5)- Suprema Caridade Maternal: Nossa Mãe cheia de graça ama toda
a humanidade com a totalidade do seu coração. Cheia de amor, puro e
incondicional de mãe, nos ama com todo o seu coração imaculado, com toda
energia de sua alma. Nada recusa, nada reclama, em tudo é a humilde serva do
Pai. Viveu o amor a Deus, cumprindo perfeitamente o primeiro mandamento. Fez
sempre a Vontade Divina e por amor a Deus aceitou também amar
incondicionalmente os filhos que recebeu na cruz. Era cheia da virtude
da caridade, amou sempre seu próximo, como quando visitou Isabel, sua prima,
para a ajudar, ou nas bodas de Caná, preocupada porque não tinham mais vinho.Imitando essa virtude: Todos os homens são chamados a crescer no
amor até à perfeição e inteira doação de si mesmo, conforme o plano de Deus
para sua vida. Devemos buscar o verdadeiro amor em Deus, o amor ágape, que nos
une a todos como irmãos. Praticar o amor ao próximo, a bondade, benevolência e
compaixão. O amor é doação, assim como Maria doou sua vida e como Jesus se doou
no cruz para nos salvar, também devemos nos doar ao próximo, por essa razão o
amor é a essência do cristianismo e a marca de todo católico. “Por ora subsistem
a fé, a esperança e o amor – estes três. Porém, o maior deles é o amor.” (I
Cor. 13,13).
6)- Mortificação: Maria, mulher forte que assume a
dor e o sofrimento unida a Jesus e ao seu plano de salvação. Sabe sofrer por
amor, sabe amar sofrendo e oferecendo dores e sacrifícios. Sabe unir-se ao
plano redentor, oferecendo a Vítima e oferecendo-se com Ela. Maria
empreendeu, e abraçou uma vida cheia de enormes sofrimentos, e os suportou, não
só com paciência, mas com alegria sobrenatural. Nada de revolta, nada de
queixas, nada de repreensões ou mau humor. Pelo contrário, dedicou-se à
meditação para buscar entender o motivo que leva um Deus perfeito a permitir
aqueles acontecimentos. Pela meditação, pela submissão, pela humildade,
Ela encontrou a verdade. Imitando essa virtude: Muitas vezes Deus nos envia provações que
não compreendemos, portanto devemos seguir o exemplo de Nossa Senhora e meditar
os motivos que levam um Deus perfeito a permitir essas provações, aceitá-las e
saber oferecer todas as nossas dores a Jesus em expiação dos nossos pecados,
pelos pecados de todos e pelas almas, unindo nossos sofrimentos aos sofrimentos
de Jesus na Cruz. Não devemos oferecer somente os grandes sofrimentos, devemos
oferecer também o jejum, fugir do excesso de conforto e prazeres e, na medida
do possível, oferecer alguns sacrifícios a Deus, seja no comer (renunciar de
algum alimento que se tenha preferência ou simplesmente esperar alguns
instantes para beber água quando se tem sede), nas diversões (televisão
principalmente), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.),
sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo. É indispensável sorrir
quando se está cansado, terminar uma tarefa no horário previsto, ter presente
na cabeça problemas ou necessidades daquelas pessoas que nos são caras e não só
os próprios. Oferecer os sofrimentos, desconfortos da vida, jejuns e
sacrifícios a Deus pela salvação das almas. “Ó vós todos, que passais pelo
caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta.”
(Lamentações 1,12).
7)-
Doçura: Nossa Senhora, é a Augusta
Rainha dos Anjos, portanto senhora de uma doçura angelical inigualável.
Ela é a cheia de graça, pura e imaculada. Ela pode clamar as Legiões Celestes,
que estão às ordens, para perseguirem e combaterem os demônios por toda a
parte, precipitando-os no abismo. A Mãe de Deus é para todos os homens a
doçura. Com Ela e por Ela, não temos temor.Imitando essa virtude: A doçura é uma coragem sem violência, uma
força sem dureza, um amor sem cólera. A doçura é antes de tudo uma paz, a
manifestação da paz que vem do Senhor. É o contrário da guerra, da crueldade,
da brutalidade, da agressividade, da violência… Mesmo havendo angústia e
sofrimento, pode haver doçura. “Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos,
revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura,
paciência.” (Col. 3,12).
8)- Fé viva: Feliz porque acreditou, aderiu
com seu “sim” incondicional aos planos de Deus, sem ver, sem entender, sem
perceber. Nossa Senhora gerou para o mundo a salvação porque acreditou nas
palavras do anjo, sua fé salvou Adão e toda a sua descendéncia. Por causa desta
fé, proclamou-a Isabel bem-aventurada: “E bem-aventurada tu, que creste, porque
se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1,45). A
inabalável fé de Nossa Senhora sofreu imensas provas: – A prova do invisível:
Viu Jesus no estábulo de Belém e acreditou que era o Filho de Deus; – A prova
do incompreensível: Viu-O nascer no tempo e acreditou que Ele é eterno; – A
prova das aparências contrárias: Viu-O finalmente maltratado e crucificado e
creu que Ele realmente tinha todo poder. Senhora da fé, viveu intensamente sua
adesão aos planos de Deus com humildade e obediência. Imitando essa virtude: A fé é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, uma
virtude, devemos pedir a Jesus como fizeram os apóstolos para aumentar a nossa
fé. Porém ter fé não é o bastante, é preciso ser coerente e viver de acordo com
o que se crê. “Porque assim como sem o espírito o corpo está morto, morta é a
fé, sem as obras” Tg (2,26). Ter fé é acreditar que se recebe uma graça muito
antes de a possuir e é, acima de tudo, ter uma confiança inabalável em Deus!
“Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta
amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.” (Luc 17,6).
9)- Pureza Divina: Senhora da castidade, sempre
virgem, mãe puríssima, sem apego algum as coisas do mundo, Deus era o primeiro
em seu coração, sempre teve o corpo, a alma, os sentidos, o coração, centrados
no Senhor. O esplendor da Virgindade da Mãe de Deus, fez dela a criatura mais
radiosa que se possa imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua na alma e
no corpo de Maria Santíssima, envolve a concepção Virginal de Jesus por obra do
Espírito Santo, assim como sua maternidade virginal. Para resgatar o mundo, Cristo
tomou o corpo isento do pecado original, portanto imaculado, de Maria de
Nazaré. Imitando essa virtude: Esta preciosa virtude leva o homem até o
céu, pela semelhança que ela dá com os anjos, e com o próprio Jesus Cristo. Nossa Senhora disse, na aparição de Fátima,
que os pecados que mais mandam almas para o inferno, são os pecados contra a
pureza. Não que estes sejam os mais graves, e sim os mais frequentes. Praticar
a virtude da castidade, buscando a pureza nos pensamentos, palavras e ações! Os
olhos são os espelhos da alma. Quem usa seus olhos para explorar o corpo do
outro com malícia perde a pureza. Portanto, coloque seus olhos em contemplação,
por exemplo na Adoração, e receba a luz que santifica. Quem luta pela castidade deve buscá-la por três meios: o jejum, a
fugida das ocasiões de pecado(Como dizia Pe Pio: Só os covardes vencem os
pecados e as tentações), e a oração. “Celebremos, pois, a festa, não com o
fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os pães
não fermentados de pureza e de verdade” (I Cor.5,8).
10)- Sabedoria divina: Desde a criação do mundo até a plenitude dos
tempos, só a Virgem de Nazaré encontrou graça diante de Deus, para si e para
todo gênero humano, a ponto de ser considerada digna de trazer ao mundo Jesus
Cristo, a Sabedoria encarnada. Ainda hoje, só a Mãe de Deus tem o poder, por
virtude do Espírito Santo, de “encarnar” a Sabedoria nos predestinados. Pela
sublimidade de suas virtudes, [Maria] mereceu esse bem infinito, de “tornar-se
Mãe, Senhora e Trono da divina Sabedoria” (SÃO LUÍS MARIA GRIGNION
DE MONTFORT. O Amor da Sabedoria Eterna, 203)e continua a sua missão
materna até a consumação eterna de todos os eleitos (Constituição Dogmática Lumen
Gentium, 62). A Virgem Maria é Mãe da Sabedoria porque a encarnou e a
colocou no mundo como fruto de suas entranhas. “Onde quer que esteja Jesus – no
Céu ou na Terra, nos tabernáculos ou nos corações – poder-se-á sempre afirmar
com verdade que Ele é fruto e obra de Maria, que só Maria é a Árvore da vida e
que Jesus é o seu único Fruto". Por
isso, se quisermos trazer esse Fruto maravilhoso em nosso coração, devemos
trazer em nós a Árvore que O produziu; se queremos possuir Jesus, devemos
possuir Maria; “se queremos […] ser cristãos, devemos também ser marianos, isto
é, devemos reconhecer [a sua maternidade divina] a relação essencial, vital e
providencial que une Nossa Senhora a Jesus e que nos abre o caminho que leva a
Ele”A Santíssima Virgem é senhora da Sabedoria, não porque ela esteja acima da
Sabedoria divina ou que Lhe seja igual – pensar ou afirmar uma ou outra como
verdade de fé seria blasfêmia – “mas porque Deus Filho, a Sabedoria eterna,
submeteu-se perfeitamente a Maria, como sua Mãe; deu-lhe sobre si mesmo um incompreensível
poder materno e natural, não apenas durante a vida terrena, mas também no Céu,
já que a glória não só não destrói a natureza, mas até a aperfeiçoa. Isso faz
com que, no Céu, Jesus seja, mais do que nunca, filho de Maria, e Maria, mais
do que nunca, Mãe de Jesus”.O Senhor Jesus é submisso a Nossa
Senhora porque, dessa forma, lhe agrada. Por suas poderosas preces e graças ao
dom da maternidade divina, a Virgem Maria “obtém de Jesus tudo o que deseja,
comunica-o a quem quer e O gera, cada dia, nas almas que ela quer” (Cf. SÃO
LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima
Virgem, 27, 29, 164-165). Jesus Cristo veio ao mundo por meio de Maria e é
por meio dela que podemos obter a Sabedoria divina. No entanto, para receber
dom tão grandioso como a Sabedoria, quem somos nós para oferecer-Lhe uma casa,
ainda que esta seja o nosso coração? Não podemos receber a Sabedoria num
coração manchado, impuro, carnal, cheio de paixões e, por isso, indigno de
Deus. Mas, foi o próprio Jesus quem construiu para si uma casa, conforme nos
revelou o Senhor pelo profeta Natã: “É ele que me construirá uma casa e
firmarei seu trono para sempre” (1 Cr 17, 12). Para tornar nosso coração digno da
Majestade divina, “eis aqui o grande conselho, o segredo admirável: façamos
entrar Maria em nossa casa(Cf. Jo 19, 27: “E desde aquela hora, o discípulo
recebeu-a em sua casa”), consagrando-nos a Jesus por meio dela, sem qualquer
reserva, na qualidade de seus servos e escravos!”.Devemos nos desapegar de
tudo, nada reservando para nós, para que a Mãe de Jesus se entregue
inteiramente a nós, de maneira incompreensível, mas autêntica. Desse modo, “a
Sabedoria eterna virá morar nela como em seu trono real mais glorioso” (Cf. SÃO
LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da
Verdadeira Devoção
à Santíssima Virgem,
68-77).Imitando esta
virtude: Portanto, se conseguirmos acolher a Virgem Maria em nosso coração, no
mais íntimo de nosso interior, facilmente e em pouco tempo, por seu intermédio,
alcançaremos a divina Sabedoria. Já dizia
SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT:“Dentre todos os meios para alcançar Jesus
Cristo, Maria é o mais seguro, o mais fácil, o mais curto[o mais perfeito]e o
mais santo”. Ainda que fizéssemos as mais duras penitências, os
trabalhos mais fatigantes, ou até chegássemos a derramar nosso próprio sangue,
sem a devoção e a intercessão da Mãe de Deus, estes esforços seriam inúteis e
incapazes de nos obter a Sabedoria. “Porém, se Maria disser uma simples palavra
em nosso favor, se em nós reinar o seu amor, se estivermos marcados com o sinal
de seus fiéis servos, que andam pelos seus caminhos, alcançamos logo e sem
fadiga a divina Sabedoria”. Por todas essas razões, nos consagremos
inteiramente a Santíssima Virgem Maria, para alcançar Jesus Cristo, a Sabedoria
eterna, e O acolher mais dignamente em nossos corações. Nossa Senhora, Mãe de
Deus e Mãe da Sabedoria, rogai por nós!
CONCLUSÃO:
O Doutor Angélico
ensina que os preceitos divinos, incluindo a vivencia e exercício das virtudes,
consiste em uma prescrição da razão em ordem ao bem comum...(Lex ninhil aliud est quam quaedam
rationis ordinatio ad bonum commun, ab eo quí cuam communitatis habet,
promulgata”. - Cfme. Suma Teológica, I q. 93, art.4).A graça divina
infundida por Deus aos homens, dá sentido a lei divina e conduz a santidade,
que somente a reta razão não pode chegar por si mesma. Deus é o Fundamento
Ultimo da Justiça. O homem que rende culto a Deus participa da Sabedoria
Divina, aplicando-a as exigências da vida humana. “No temor de Deus se encontra
o princípio da sabedoria”, diz o salmista, porque em Deus não existe
possibilidade de erro. O ponto máximo do Direito está na caridade que santifica
a justiça. No entanto, ao homem não se pode exigir a satisfação plena da vida
jurídica, senão somente que atue virtuosamente, sem esquecer o fim mediato e
imediato do Direito. A plenitude mesma da justiça não se dará senão por Deus,
que sendo Autor do homem, da lei, da natureza e de tudo quanto existe, com
justiça e misericórdia de uma vez, dará a cada um o que lhe é devido em sua
perfeita medida.Por meio da lei
natural, se dá a participação da lei eterna na criatura racional. A lei natural
dita princípios universais que constituem o Direito Natural sobre o qual deve
fundamentar-se o Direito Positivo. A chave do sistema tomista é o chamado
direito objetivo, que é o justo, a coisa justa. Direito objetivo é a “ ipsa res
iusta”. O direito normativo é a lei escrita, a norma, o
costume. A concepção tomista de direito é
a mais ampla possível, pois não está restrita a uma lei humana escrita, mas a
lei natural que nunca se opõe ao concreto. Abrange não somente as
coisas corpóreas, mas todas as coisas, faculdades e relações consequentes da
lei natural. É o justo natural. A lei enquanto causa do direito, encontra em
Deus, a causa primeira de nossas obrigações, impondo sua execução. Podemos
definir direito natural como a subordinação da razão humana intimamente
relacionada a natureza, independente do legislador ou do Estado. Seu caráter
ético está na coisa mesma, válida universal e absolutamente em todos os tempos
e lugares. Porém, a concepção metafísica do Direito vem sofrendo
ataques, não só por parte do positivismo como também pelas mais variadas
escolas de Direito Natural que surgem a partir de Hugo Grócio. O desprezo pelo
Ser Divino destrói a possibilidade de uma correta compreensão do Direito
Natural.A concepção de natureza
independente de Deus altera o sentido de toda justiça, seu conteúdo e sua
finalidade. Entendemos que não é possível chegar a uma sã compreensão do
Direito Natural, senão a partir de um conhecimento fundamental de seu Autor,
incluindo seus mistérios e sua mesma intimidade.Este conhecimento não deve
partir do particular ao universal, mas do Contrário, para isto temos a
segurança da Tradição e Magistério Universal da Igreja. Em Deus estão as
verdades de todas as coisas e o homem ao participar do Ser Divino,
compreendendo sua obra e seu designo.É da intimidade entre o
homem e o Criador que brota a sabedoria humana. De todo o exposto não resta
dúvida quanto ao fato de que o Esse Subsistens é o fundamento último da justiça.
Através da teoria da participação aristotélica chegamos a conclusão de que tudo
o que existe está no Ser e seguindo os ensinamentos de Tomás de Aquino, a pessoa
humana a quem está destinado o direito possui um organismo com elementos de
ordem natural e sobrenatural. Somente com a admissão desta realidade o homem
terá conhecimento da verdade, uma vez que o alcance desta pressupõe o uso da
dimensão transcendente do homem, que teve sua natureza elevada pela Encarnação
do Verbo, Palavra Criadora.
Para reflexão:
1)- Como está meu relacionamento com Maria Santíssima, mãe do Deus encarnado e nossa Mãe?
2)- Tenho suplicado com ardente convicção por meus irmãos, autoridades legitimamente constituídas, e por suas necessidades junto a
Maria?
3)- Tenho desejado crescer nas virtudes de Maria? (Conheço e exercito essas
virtudes? Que são diferentes de graças?)
4)-Tenho ajudado meus irmãos (ãs) a conhecer esta mãe amorosa, e a crescerem nas virtudes de Maria?
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4)-Tenho ajudado meus irmãos (ãs) a conhecer esta mãe amorosa, e a crescerem nas virtudes de Maria?
BIBLIOGRAFIA
-CLÁ DIAS, JOÃO. Pequeno
Ofício da Imaculada Conceição Comentado. Artpress. São Paulo, 1997, pp.
473-476
-AQUINO, Tomás de. Suma
Teológica. IIª Seção da IIª Parte, Introdução e notas das virtudes teologais
por Antonin-Marcel Henri e da prudência por Albert Raulin.
São Paulo: Loyola, 2004.
-AQUINO, Tomás de.
Suma Teológica. Volume I, III e IV. São Paulo: Loyola, 2004
-ALBERTUNI, Carlos Alberto.
Tese: O conceito de Sindérese na moral de Tomás de Aquino. Campinas:
UNICAMP, 2006.
-http://www.acnsf.org.br/article/3938/I—As-virtudes-teologais-e-cardeais-de-Maria.html
-ARISTÓTELES. Ética a
Nicomaque.
DERISI, O. Os fundamentos metafísicos
e da orden moral - Buenos Aires: Universidad de Buenos Aires, Instituto de
Filosofi, 1941.
A Doutrina sobre a Inteligência
de Aristóteles a Santo Tomás. Buenos Aires: Cursos de Cultura Católica: 1945.
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