Vale a pena conferir
os que os gigantes da Igreja têm a dizer sobre o tema: Teresa de Jesus, João
Paulo II, Bento XVI, Teresa de Calcutá e São Bento.
Em um mundo cada vez
mais ativo, é comum opor a oração à ação, como se nota na pergunta que dá nome
a este texto, e a desvirtuar o significado e o sentido da contemplação. Mas
estas atividades não são contrapostas, e sim absolutamente complementares. Mais
ainda, pois uma depende da outra: a primeira é a oração, depois vem a ação,
como resultado da oração.
Da união com Deus,
consequência da verdadeira oração, brota a força sobrenatural que torna a ação
apostólica eficaz. Ao faltar estadimensão espiritual, o apostolado pode se
tornar mero ativismo, sem sentido sobrenatural, ou simples filantropia, sem
alcance redentor.
O caminho da oração leva necessariamente à ação, e esta ação será mais
fecunda quanto mais intensa for a vida de oração.Quanto mais oração, mais ação.
Nos santos, é
possível observar que, quanto mais cresciam em sua vida de oração, mais
atendiam às necessidades do próximo. Em Santa Teresa de Jesus, por exemplo,
coincidem sua vida de oração contemplativa com sua vida de escritora e
fundadora, quando, depois de ter sido freira durante 20 anos, torna-se
contemplativa, ou seja, percebe que Deus não está esperando as obras que ela
possa realizar (sua ação apostólica), e sim que dê a Ele a oportunidade de
fazer suas obras nela e através dela.
É por isso que São
João Paulo II, em seu pontificado, nos ensinou que:
“para conhecer Cristo no pobre, é preciso encontra-lo e conhece-lo
primeiramente na oração”.
E também disse:
“A capacidade de contemplação se torna capacidade de influência
evangelizadora; a capacidade de silêncio se transforma em capacidade de escuta
e doação aos irmãos. Lembrem-se de que a atividade inclusive a mais santa e
benéfica em favor do próximo, nunca dispensa da oração”.
Ele nos convida a equilibrar ação e oração, Marta e Maria
(referindo-se a Lucas 10, 39):
“estar sentados aos pés do Mestre é, sem dúvida, o início de toda
atividade autenticamente apostólica” (cf. JPII, 04/10/1986).
“A missão continua sendo sempre, primariamente, obra de Deus, obra do
Espírito Santo, que é seu indiscutível protagonista, recordando-nos que, ainda
que sejam muito necessários os esforços humanos, o êxito não depende de nós,
pois a missão é obra de Deus.”
Também Ratzinger, quando era encarregado de preservar a
fé na Igreja Católica, ao falar sobre a nova evangelização, nos disse:
“Todos os métodos estarão vazios se não tiverem a oração em sua base. A
palavra do anúncio sempre deve conter uma vida de oração”. E nos recordou:
“Jesus pregava durante o dia e rezava durante a noite”.
O exemplo da Madre Teresa de Calcutá
“Somos contemplativas, pois
‘rezamos’ o nosso trabalho... Rezamos quatro horas por dia”, contou ela, na
última entrevista que deu à imprensa antes de passar à vida eterna. “Quanto
mais recebemos na oração de silêncio, mais podemos dar em nossa vida ativa.
Precisamos do silêncio para poder chegar às almas.”
“Na oração vocal, nós falamos a
Deus. Na oração do silêncio, é Ele quem fala a nós. No silêncio, é-nos dado o
privilégio de ouvir sua voz”.
Frases como estas
explicam qual é o fundamento de ser contemplativos.Esta união com Cristo, que
mantém viva a graça de Deus em nós, é indispensável para realizar qualquer
atividade apostólica, na medida em que deixamos que Deus seja quem trabalhe em
nós e através de nós.
Assim, quanto mais
recebemos na oração de silêncio, mais poderemos dar em nossa vida ativa. Nisso
consiste o “rezar o trabalho” da Madre Teresa de Calcutá:
“não somos nós agindo: é Deus agindo através de nós.”
A Regra de São Bento
(em latim, Regula Benedicti ou RB), escrita por Bento de Núrsia no século VI, é
um conjunto de preceitos destinados a regular a vivência de uma comunidade
monástica cristã, regida por um abade. Escrita numa altura em que pululavam, por
toda a Cristandade, inúmeras regras, começou a ter sucesso sobretudo a partir
do século VIII, quando os Carolíngios ordenaram que fosse a única regra
monástica autorizada nos seus territórios,e a partir daí, esse preceito
estendeu-se ao resto da Europa, sobretudo com o advento da reforma gregoriana.
Foi também adoptada, com igual sucesso, pelas comunidades regrantes femininas.
Pode-se dizer que a regra tem sido um guia, ao longo da sua existência, para
todas as comunidades cristãs da Cristandade Católica e, desde a Reforma
Protestante, também aplicável às tradições Anglicana e Protestante.O espírito
da Regra de São Bento resume-se em dois pontos: o lema da Ordem de São Bento
(pax - «paz»), que nasceria séculos mais tarde, como resultado da agremiação de
vários mosteiros que partilhavam a mesma regra; e ainda o tradicional ora et labora («reza
e trabalha»), súmula da vida que cada monge deve levar.
Conclusão:
Vemos então como,
longe de serem questões contrapostas, a ação, para ser fecunda, requer do
silêncio da oração.Foi assim com os santos. A Madre Teresa também viveu isso e
nos ensinou. Da mesma maneira, João Paulo II, que dizia:
“Também hoje a oração deve ser cada vez mais o meio primário e
fundamental da ação missionária na Igreja”, porque “a autêntica oração, longe
de centrar o homem em si mesmo ou a Igreja nela mesma, os prepara para a
missão, para o verdadeiro apostolado”.
Fonte: Aleteia
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