(Pergunta enviada ao site Cristão:
Aleteia)
Ora será que um Deus que nos pede para perdoarmos aos outros desta forma, não faria o mesmo com nós ? Ou Seria nosso Deus partidário do faça o que digo, mas não o que eu faço ?
Mateus 18,21-22 : “Então
Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu
irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?Respondeu-lhe Jesus: Não te
digo que até sete; mas até setenta vezes sete...”
Deus sempre perdoa o pecador arrependido. Se o arrependimento
é sincero, não há limite no número de vezes que se pode receber o perdão divino
no sacramento da Confissão. E isso não muda, ainda que a pessoa repita o tipo
de pecado. Com isso, parece que podemos considerar a pergunta respondida, mas
convém fazer alguns esclarecimentos:
O primeiro aspecto consiste em mostrar que, na realidade, não
existe pecado “sem querer”. Sempre há uma intervenção da vontade, consentido
com o pecado; do contrário, não poderíamos falar de “pecado”.
O que acontece, na verdade, é que o ser humano depende muito
(mais do que estamos acostumados a reconhecer) dos hábitos. Estes, conforme
forem bons ou ruins, facilitam ou dificultam o bom comportamento. Quando são
moralmente bons, são chamados de “virtudes”; caso contrário, são “vícios”.
A reiteração no pecado produz vícios
O vício enfraquece a vontade, de forma que inclina à
repetição do pecado; e debilita a capacidade de opor-se a ele. E a reiteração
reforça o vício. Daí a expressão “círculo vicioso”.
No entanto, é possível sair desse círculo, quando se conta
com a graça divina, incluindo, certamente, a recepção do sacramento da
Confissão. É uma luta interior na qual costuma haver altos e baixos, mas,
quando há uma vontade de colocar os meios e a paciência necessária, a pessoa
acaba saindo vitoriosa. Isso sim, é preciso contar com o tempo.
Todo confessor com um mínimo de experiência sabe disso, e
sabe distinguir bem entre a falta de propósito de emenda (que invalidaria a
confissão) e a previsão de que, ainda que a pessoa realmente queira melhorar,
pode haver recaídas. O penitente também precisa entender isso. E precisa
entender também outras duas coisas: a primeira é que não é a confissão
propriamente dita que propicia o perdão dos pecados, mas a contrição da pessoa,
manifestada na acusação.
Em segundo lugar, a contrição não é incompatível com a
fraqueza de vontade produzida pelo vício nem com o prognóstico pouco favorável
devido a ela.
Talvez se poderia acrescentar que, para evitar o autoengano e
o desespero em situações desse tipo (às vezes pode nos faltar objetividade), é
muito recomendável ter um confessor fixo, que verdadeiramente possa nos ajudar.
Pode acontecer de um vício, ao invés de só enfraquecer a
vontade, chegar a anulá-la?
Sim, poderia acontecer, mas aqui já entramos no campo da
patologia, e seria preciso contar com ajuda especializada, sobretudo médica,
para superar o problema.
O alcoolismo e o vício em jogos são exemplos disso. Se as
coisas chegam a este extremo, o desejo sincero de superação exige buscar e
aceitar esta ajuda.
Jeremias 3,21-24: “Quero
trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do SENHOR são a
causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o SENHOR,
diz a minha alma; portanto, esperarei nele...”
Fonte: Aleteia
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