O principal
objetivo dos secularistas nos tempos modernos tem sido o de "livrar"
todos nós da influência (do peso, segundo dizem) do cristianismo.
A maneira como
eles começaram a destruir essa influência sobre o curso dos assuntos humanos é
habilmente descrita no novo livro do Dr. Benjamin Wiker: "Worshipping the
State: how liberalism became our state religion" ("Adorando o Estado:
como o liberalismo tornou-se nossa religião estatal"). Wiker, que
lecionou na Universidade Franciscana e na Faculdade Tomás de Aquino, afirma que
a raison d'être dos filósofos seculares tem sido
reduzir o cristianismo na cultura ocidental e subordinar a Igreja ao Estado, ou
estabelecer uma religião civil rival, que tornaria a Igreja irrelevante – ou
impotente.
Segundo conta Wiker, foi
Maquiavel (1469-1527) quem "inventou a absoluta separação entre Igreja e
Estado, que é a marca do liberalismo". Sua esperança era de negar à Igreja
qualquer poder moral e subordiná-la ao soberano secular.
Maquiavel
insistiu em que, para um príncipe sobreviver, ele deve "aprender a ser
capaz de não ser bom"; por isso, deve estar livre das restrições morais
que aIgreja impõe, mesmo a um chefe de Estado. Maquiavel
indica, no entanto, que o príncipe cruel deve aparentar ser piedoso e, se
necessário, usar a Igreja para controlar as massas ignorantes. Vinte e três
anos após a sua morte, as noções de Maquiavel sobre a relação entre Estado
eIgreja foram utilizadas na Paz de Augsburgo (1555).
Os monarcas europeus
concordaram em um compromisso conhecido cuius regio, eius religio, "cujo
reino, sua religião".
O filósofo
inglês Thomas Hobbes (1588-1679), autor de "Leviatã", construiu suas
ideias a partir da filosofia política de Maquiavel, para minar a influência
"sediciosa" da religião. Para Wiker,
Hobbes "chegou à conclusão de que o problema político era a existência de
qualquer noção de religião independente do poder político. O próprio cristianismo
teve de ser reformado de forma maquiavélica para que apoiasse o Estado, ao
invés de desafiá-lo continuamente". Hobbes, o primeiro proponente do Estado
totalitário, rejeitou a doutrina daIgreja sobre o pecado, insistindo:
"Não houve pecado, e não há certo e
errado, enquanto o soberano não declarar que é assim". (qualquer
semelhança com algum governo Tupiniquim, não é mera semelhança...)
Os direitos
naturais não vêm de Deus, mas do Estado. Se for haver Igreja, esta será
controlada pelo Estado!
Wiker afirma
persuasivamente que os liberais modernos adotaram a noção de Hobbes sobre o
relativismo moral, e sobre uma fundação materialista inteiramente secular para
a política.A diferença? Em vez de o
rei soberano determinar o que é certo ou errado, o indivíduo soberano poderia
definir seus próprios valores.
O filósofo seguinte a defender o Estado secular
foi Spinoza (1632-1677):
Os líderes da
fé judaica excomungaram Spinoza, principalmente porque ele era um panteísta,
que "fez um deus deste mundo e, portanto, prejudicou completamente toda a
compreensão judaico-cristã da realidade que brota do Criador".
Na visão de Spinoza, o Estado secular é "a
maior manifestação do divino"
Uma Igreja
patrocinada pelo Estado estaria disponível apenas para promover a agenda do
Estado para os "plebeus", o mudo povo comum. Tal Igreja seria livre
de dogmas e sua crença central seria reduzida a "amar o próximo",em
outras palavras, ser agradável. O conceito de
amor de Spinoza, escreve Wiker, "significava que cada um deveria cuidar
das suas coisas e não incomodar os outros, apenas tratando-os bem,em uma
palavra, tolerância. Spinoza consagrou a tolerância doutrinária como a virtude
suprema na igreja liberal secular". Enquanto Maquiavel,
Hobbes e Spinoza incentivaram o soberano a usar a Igreja para alcançar os
objetivos seculares, foi Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) quem achava
"que o cristianismo é totalmente incompatível com a nova ordem secular, e
deve ser substituído por uma religião inteiramente nova, completamente definida
pelo projeto político secular".
Para Rousseau, não existe um "Corpo de
Cristo", mas apenas um "corpo político"
Ele
incentivava uma religião civil pagã, que exigiria a completa devoção de seus
cidadãos.
A base da sua religião igualitária radical é a sra. absoluta e infalível "tolerância"
A sexualidade
é liberada das restrições da Igreja, o casamento não é sancionado por Deus, mas
é definido pelo Estado em um contrato civil
De acordo com Rousseau, "os
que se atrevem a dizer que não há salvação fora da Igreja deveriam ser expulsos
do Estado, a menos que o Estado seja a Igreja, e o príncipe seja o
pontífice".Wiker conclui que esses quatro filósofos lançaram
as bases para a revolução secular liberal nos Estados Unidos. Sua influência conjunta
reduziu a moralidade ao hedonismo. Direitos foram redefinidos como desejos. O
mal seria o resultado de um ambiente ruim, não de escolhas erradas. O autor do
livro justamente afirma que o liberalismo secular tem crenças morais
definitivas, bem diferentes da moralidade cristã, que os liberais estão
tentando impor pela força governamental:
“contracepção, aborto,
infanticídio, libertinagem sexual, divórcio, redefinição contínua de casamento,
a eutanásia, e assim por diante".
A tentativa do
governo Obama de obrigar a Igreja a fornecer cobertura de seguro para a
contracepção e o aborto é apenas o mais recente exemplo do Estado tentando
impor seus pontos de vista em nome da "tolerância".
Wiker prova que, de fato, "ideias têm
consequências!"
1)- No Estado
secular, a liberdade não significa escolher o que é certo ou justo; ela agora
significa realizar o que nos faz sentir-nos bem. O ato de escolha é tudo que
importa.
2)- A escolha
em si mesma se torna o valor final.
3)- Sem
verdades absolutas para medir as ações, a vontade se torna valor absoluto por
si mesma.
O que seria
uma ação irracional segundo o ensinamento judaico-cristão já foi elevado à
categoria de princípio necessário.
*Artigo originalmente publicado em "The Catholic
Thing" e reproduzido com autorização
Fonte:http://www.aleteia.org/pt/politica/documentos/adorando-o-estado-como-o-liberalismo-se-tornou-a-nossa-religiao-1791003
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