Como adquirir
fama instantânea, o aplauso unânime das rodas mundanas e ainda boas patacas,
além de uma aura de grande artista, ou pensador dotado de espírito agudo e
destemido, com pouco ou nenhum esforço? Foi o demagogo
Voltaire quem lançou a moda, há mais de 250 anos. É muito fácil.
Basta atirar lama à Igreja Católica. A fórmula nunca falha, embora já repetida
milhares de vezes, com entediante monotonia, em todos os países do Ocidente,
precisamente aqueles que devem sua fundação cultural à mesma Igreja Católica. Basta lembrar agora na vertente teatral os escroques intelectuais Bertolt Brecht e
Rolf Hochhuth, cujas falsificações históricas “Galileo Galilei” e “O Vigário”,
à custa de renovadas encenações, acabaram penetrando no consenso coletivo e até
nos livros de História como fatos incontrastáveis.
“A mentira, mil vezes
repetida, torna-se verdade”.
A frase é de
Goebbels, mas a idéia é muito mais antiga, remontando provavelmente ao próprio
“Pai da Mentira”.
QUEM FOI O DEMAGOGO E CONTRADITÓRIO VOLTAIRE ?
François Marie Arouet nasceu em uma família abastada, burguesa e aristocrata, em Paris, em 21 de novembro de 1694.
Foi um defensor aberto
da reforma social apesar das rígidas leis de censura e severas punições para
quem as quebrasse ( Incluindo a nada tolerante Guilhotina).
Um polemista satírico, ele frequentemente usou suas obras para criticar nem sempre de forma tolerante como pregava a Igreja Católica e as instituições francesas do seu tempo.
"Não concordo com
nem uma das palavras que me dizes, mas lutarei até com minha vida se preciso for,
para que tenhas o direito de dizê-las..."
Por fim,
destaca-se que Voltaire, em sua vida, também foi "conselheiro" de
alguns reis, como é o caso de Frederico II, o grande, daPrússia, um déspota
esclarecido. Em 1753,
depois de um conflito com o rei, retirou-se para uma casa perto de Genebra.
Ali, chocou ao mesmo tempo os católicos (A donzela de Orléans, 1755), os
protestantes (Ensaio sobre os costumes, 1756) e criticou o pensamento de
Rousseau (Poema sobre os desastres de Lisboa, 1756). Voltaire foi
um teórico sistemático, mas um propagandista e polemista, que atacou com
veemência alguns abusos praticados pelo Antigo Regime. Tinha a visão de que não
importava o tamanho de um monarca, deveria, antes de punir um servo, passar por
todos os processos legais, e só então executar a pena, se assim consentido por
lei. Porém, usou um peso com duas medidas quando se tratava da Igreja ou
dos que lhe contradiziam em suas posições ditas tolerantes.
As ideias presentes nos escritos de Voltaire estruturam uma teoria coerente, mas por vezes contraditória, que em muitos aspectos expressa a perspectiva do Iluminismo.
Tal texto traz, no número de abril de 1778,
páginas 87-88, o seguinte relato literal de Voltaire:
"Eu, o que escreve, declaro que havendo sofrido um
vômito de sangue faz quatro dias, na idade de oitenta e quatro anos e não
havendo podido ir à igreja, o pároco de São Suplício quis de bom grado me
enviar a M. Gautier, sacerdote. Eu me confessei com ele, se Deus me perdoava,
morro na Santa Religião Católica em que nasci esperando a misericórdia divina
que se dignará a perdoar todas minhas faltas, e que se tenho escandalizado a
Igreja, peço perdão a Deus e a ela. Assinado: Voltaire, 2 de março de 1778 na casa do marqués de
Villete, na presença do senhor abade Mignot, meu sobrinho e do senhor marqués
de Villevielle. Meu amigo."
Este relato
foi reconhecido como autêntico por alguns, pois seria confirmado por outros
documentos que se encontram no número de junho da mesma revista, esta de cunho
laico, decerto, uma vez que editada por Grimm, Diderot e outros
enciclopedistas.
O QUE POUCA GENTE SABE SOBRE O CONTRADITÓRIO
VOLTAIRE:
1)- De fato,
Voltaire se confessou, como conta esse documento. Só que, depois, ele melhorou
de saúde e voltou a atacar a Igreja.Há uma tendência sentimental em pretender
que todos os inimigos da Igreja, na ultima hora, se salvem.Creio bem que grande
número de pessoas se salva na hora da morte, pela misericórdia de Deus, que é
infinita. Tendo até a considerar que o número dos que se salvam é bem maior do
que normalmente se pensa. Mas, no caso de Voltaire, isso não foi tão piedoso
como diz o documento citado.Quando Voltaire melhorou de saúde, após a sua
confissão, ele voltou a todas as suas infâmias. Estando de
novo à morte, os seus companheiros de sacrilégios impediram que ele se
confessasse de novo. Consta então que ele teve morte desesperada. Oxalá que ele, de fato, tenha se arrependido e que Deus o tenha salvo.
2)- Voltaire, que os maçons e iluministas citam como defensor da LIBERDADE, era sócio de comerciantes que faziam o comércio negreiro. Logo Voltaire, o campeão da LIBERDADE !!! ???
3)- VOLTAITE
ESCREVEU: "Descendo sobre este montículo de lama e não tendo maiores noções
a respeito do homem, como este não tem a respeito dos habitantes de Marte ou de
Júpiter, desembarco às margens do oceano, no país da Cafraria, e começo a
procurar um homem. Vejo macacos, elefantes e negros. Todos parecem ter algum
lampejo de uma razão imperfeita. Uns e outros possuem uma linguagem que não
compreendo e todas as suas ações parecem igualmente relacionar-se com um certo
fim. Se julgasse as coisas pelo primeiro efeito que me causam, inclinar-me-ia a
crer, inicialmente, que de todos esses seres o elefante é o animal racional.
Contudo, para nada decidir levianamente tomo filhotes dessas várias bestas. Examino
um filhote de negro de seis meses, um elefantezinho, um macaquinho, um leãozinho,
e um cachorrinho. Vejo, sem poder duvidar, que esses jovens animais possuem
incomparavelmente mais força e destreza, mais idéias, mais paixões, mais
memória do que o negrinho e que exprimem muito mais sensivelmente todos os seus
desejos do que ele. Entretanto, ao cabo de certo tempo, o negrinho
possui tantas idéias quanto todos eles. Chego mesmo a perceber que os animais
negros possuem entre si uma linguagem bem mais articulada e variada do que a
dos outros animais. Tive tempo de aprender tal linguagem e, enfim, de tanto
observar o pequeno grau de superioridade que a longo prazo apresentam em
relação aos macacos e aos elefantes, arrisco-me a julgar que efetivamente ali
está o homem. E forneço a mim mesmo esta definição: O homem é um
animal preto que possui lã sobre a cabeça, caminha sobre duas patas, é quase
tão destro quanto um símio, é menos forte do que outros animais de seu tamanho,
provido de um pouco mais de idéias do que eles e dotado de maior facilidade de
expressão. Ademais, está submetido igualmente às mesmas necessidades que os
outros, nascendo, vivendo e morrendo exatamente como eles. Após ter
passado certo tempo entre essa espécie, desloco-me rumo às regiões marítimas
das Índias Orientais. Surpreendo-me com o que vejo: os elefantes, os leões, os
macacos e os papagaios não são exatamente como eram na Cafraria; mas o homem,
esse parece-me absolutamente diferente. Agora são homens de um belo tom
amarelo, não possuem lã, mas têm a cabeça coberta de grandes crinas negras.
Parecem ter sobre as coisas idéias totalmente contrárias às dos negros. Sou,
portanto, forçado a mudar minha definição e a classificar a natureza humana sob
duas espécies: a negra com lã e a amarela com crina. Mas, na
Batávia, em Goa e em Surata, ponto de encontro de todas as nações, vejo uma
grande multidão de europeus. São brancos, não possuem lã ou crina, mas cabelos
louros bem soltos e barba no queixo. Mostram-me também muitos americanos, que
não possuem barba. Eis minha definição e minhas espécies de homem bastante
ampliadas. Em Goa
encontro uma espécie ainda mais singular do que todas essas. Trata-se de um
homem vestido com uma longa batina negra, dizendo-se feito para instruir os
outros. Todos esses homens que vedes, diz-me ele, nasceram de um mesmo pai. E,
então, conta-me uma longa história. No entanto, o que diz esse animal soa-me
bastante suspeito. Informo-me se um negro e uma negra, de lã negra e nariz
chato, engendram algumas vezes crianças brancas, de cabelos louros, nariz
aquilino e olhos azuis, se nações imberbes vieram de povos barbados e se os
brancos e as brancas engendraram povos amarelos. Respondem-me que não, que os
negros transplantados, por exemplo, para a Alemanha continuam produzindo
negros, a menos que os alemães se encarreguem de mudar a espécie, e assim por
diante. Acrescentam que um homem instruído nunca diria que as espécies não
misturadas degeneram, a não ser o Padre Dubos, que disse tal besteira num livro
intitulado Reflexões sobre a Pintura e sobre a Forma etc. Quer me parecer que
agora estou muito bem fundamentado para crer que os homens são como as árvores:
assim como as pereiras, os ciprestes, os carvalhos e os abricoteiros não vêm de
uma mesma árvore, assim também os brancos barbados, os negros de lã, os
amarelos com crina e os homens imberbes não vêm do mesmo homem... " (Voltaire,
Tratado de Metafísica, cap. I (Os Pensadores). São Paulo: Abril, 1978, p.62,63).
Obs: Eis aí,
uma "boa" contribuição do Iluminismo ao racismo.
Fontes: Wikipedia e Montfort
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