A vida desta santa apresenta-se com uma originalidade toda característica. Foi uma jovem, modelo de pureza e de piedade. Foi esposa e mãe fiel e pressurosa. Foi viúva serena e operosa. Foi Irmã religiosa exemplar. E, finalmente, foi fundadora de uma família religiosa.
Natureza e graça encontraram-se nela, harmoniosamente unidas, atuando a primeira como base, a segunda de arremate, aperfeiçoamento, produzindo efeitos maravilhosos de santidade e de fecundas iniciativas. Joana Francisca nasceu em Dijon, centro da França, em 1572. Como as grandes personalidades, ela se formou no meio de adversidades e graves provações. Sua mãe faleceu quando Joana era criança e dela sentiu uma terrível falta. O pai, homem de caráter íntegro, presidente da Câmara dos Vereadores da cidade de Dijon, por motivos políticos, foi perseguido e sofreu, com a família, pobreza e humilhações. A grande riqueza do lar era a fé profundamente vivida. Conta-se um episódio encantador de Joana Francisca, quando criança de cinco anos. Certo dia, enquanto o pai estava discutindo com um pastor calvinista que negava a presença real de Cristo na Eucaristia, a menina, sem rodeios, declarou ao herege: “O Senhor Jesus Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, porque ele mesmo o disse. Se pretendeis não aceitar o que ele falou, fazeis dele um mentiroso”. Para ser agradável, o calvinista deu-lhe um presente. A menina jogou-o logo no fogo dizendo: “Assim se queimarão no inferno os hereges que não acreditarem no que Jesus Cristo disse”. Joana Francisca, aos vinte anos de idade, contraiu núpcias com o barão de Chantal. Foi um matrimônio feliz. Francisca, contudo, não se apegou ao novo conforto, mas, com todo escrúpulo, cumpria as obrigações do novo estado. Dedicada ao esposo, carinhosa para com os quatro filhos, atenciosa e justa para com os empregados, extremamente caridosa com os pobres, era de todos querida e amada. Triste acidente trouxe-lhe um grande transtorno na vida, imprimindo-lhe nova direção. Numa caçada o marido foi vítima fatal de um disparo casual de uma arma. Profunda foi a dor que lhe dilacerava o coração, mas com a graça de Deus adquiriu conformidade e coragem para perdoar de coração ao causador do acidente mortal. Dedicou-se com afinco à educação dos filhos e iniciou uma vida de maior união com Deus e de caridade para com os pobres. Neste período esteve em Dijon, como pregador quaresmal, o santo bispo Francisco de Sales. Francisca, que não perdia uma só palavra daquelas pregações, abriu sua alma para a direção espiritual ao santo bispo, que daí para frente fora seu guia seguro e iluminado. Joana Francisca que, desde jovem, foi sempre alma privilegiada, com grandes aspirações a uma vida consagrada a Deus, agora, livre dos laços matrimoniais e terminados os cuidados da educação dos filhos, sentia atração para a vida religiosa. São Francisco de Sales notava nela a pessoa ideal para realizar o sonho de uma fundação religiosa mais engajada na vida e atividade da Igreja, que servisse de fermento ao povo, e fosse serva de caridade nas emergências da vida social. Assim se deu, mas não sem graves e dolorosas oposições, sobretudo, por parte do velho pai, dos filhos e parentes; mas a graça de Deus venceu nela os afetos familiares. Sob a direção prudente do grande santo, Francisca fundou o primeiro convento em Annecy sob o título de Irmãs da Visitação de Nossa Senhora. Maria Santíssima, pela caridade e humildade demonstrada em visitar e ajudar a sua parenta Isabel, devia ser a inspiradora da vida das novas religiosas. Por trinta anos, a nossa santa entregou-se de corpo e alma às atividades do novo instituto, tornando-se modelo de observância. Ao falecer no dia 13 de dezembro de 1641, deixava oitenta e três conventos por ela fundados e animados à santidade religiosa. Por decisão da CNBB em 1983, no Brasil a memória litúrgica desta santa foi colocada no dia 9 de dezembro.
SANTA JOANA FRANCISCA DE CHANTAL, ROGAI POR NÓS!
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