No livro dos Atos dos Apóstolos encontramos os testemunhos dos primeiros cristãos (Cf. At 2,42), aqueles que deram continuidade à ação de Cristo, e vemos que eles se reuniam como comunidade para a “fração do pão” (nome usado nos primeiros séculos para denominar a celebração da Eucaristia). Ou seja, temos o testemunho que, desde os primeiros séculos, celebrava-se a Eucaristia entre os apóstolos.Também, São Paulo (cf. 1Cor 11, 23-34), fazendo memória da Ceia do Senhor, nos testemunha que recebeu o mandato de celebrar a ceia em sua memória e, agora, transmite essa mensagem às suas comunidades. Além desses testemunhos da Escritura, também podemos enxergar alguns detalhes no livro do Apocalipse. A Eucaristia é a celebração do sacrifício de Cristo, mas também da sua ressurreição. A linguagem apocalíptica de João nos mostra que o céu é composto de uma grande liturgia (Cf. Ap 19-22). Lá, os santos e os anjos estão diante do Cordeiro e entoam o cântico novo, o cântico dos remidos. Lá também, existe uma liturgia e, aqui, pela celebração da Santa Missa, antecipamos a liturgia que celebraremos no Céu, por toda a eternidade! Por isso, se aprofundarmos na leitura do livro do Apocalipse e no Rito da Liturgia da Missa, vamos perceber que eles se entrelaçam. Muitas das partes da missa estão descritas no livro do Apocalipse, como também na carta aos Hebreus.
A Missa, segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), é a memória do sacrifício de Cristo na cruz e o banquete sagrado, onde podemos comungar de Seu corpo e de Seu sangue:“A celebração do sacrifício eucarístico está toda orientada para a união íntima dos fiéis com Cristo pela comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo, que Se ofereceu por nós.” (CIC, 1382.)
ONDE SE ENCONTRA NAS ESCRITURAS A INSTITUIÇÃO DA MISSA, OU "SANTA CEIA EUCARISTIA" E TODO APARATO LITÚRGICO?
Lucas 22, 7-20: “Chegou, porém, o dia dos ázimos, em que
importava sacrificar a páscoa. E ordenou a Pedro e a
João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles
lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que,
quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água;
segui-o até à casa em que ele entrar. E
direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que
hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele
vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo
eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a
hora, pôs-se à mesa, e com Ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito
comer convosco essa páscoa, antes que Eu padeça; Porque vos digo que não a
comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças,
disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do
fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado
graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou
o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu
sangue, que é derramado por vós.”
Na perícope acima vemos duas ordenanças de Jesus Cristo:
1ª)- A preparação lítúrgica e mobiliária do local para a a celebração desejada ardorosamente por Jesus, em Lucas 22,12: "Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos".
2ª)- O momento ápice da Santa Ceia, que é a revelação de sua presença Real na espécie consagrada, após a benção de ação de graças ( não meramente simbólica), e a ordenança para doravante, fazer tudo isso, "in memoriam": Lucas 22,19: "E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto É o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim!"
Os ritos atuais da Missa foram constituídos com o passar do tempo, conforme a Sagrada Tradição apostólica. Hoje podemos encontrá-los no Missal Romano e vivenciá-los a cada Celebração Eucarística. Mas, você sabia que podemos encontrar nas Sagradas Escrituras passagens que fundamentam todos os momentos nos quais participamos durante a Missa?
Confira alguns exemplos:
1)- Ato penitencial (Senhor, Tende Piedade):
-Salmo 6,3: "Tende piedade de mim, Javé: perdi as forças; curai-me, Javé: meus ossos estremecem."
-Salmo 31,10: "Piedade de mim, Javé, pois me sinto angustiado; definham de tristeza meus olhos, meu corpo e minha alma".
- Salmo 51, 3-6: "Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa! 5 Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, e pratiquei o que é mau aos vossos olhos!"
-Mateus 15,22: "Uma mulher cananeia, daquela região, veio gritando: “Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim!"
2)-Glória:
-Apocalipse 15,3: “Grandes e maravilhosas são vossas obras, Senhor, Deus todo-poderoso; justos e verdadeiros são vossos caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá, Senhor, e não glorificará vosso nome? Pois só vós sois santo; e todas as nações virão prostrar-se diante de vós, porque vossas justas decisões se manifestaram”.
Lucas 2,14: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados"
3)- Hosana
-Mateus 21,9: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!"
O canto do Hosana é feito em homenagem ao messianismo de Jesus, quando Ele entrou em Jerusalém. A palavra Hosana é uma aclamação de origem hebraica que significa "salva-nos, agora", e era um grito de júbilo e súplica ao mesmo tempo.
4)- Liturgia da palavra:
-Atos 2,42-47: "E perseveravam na doutrina dos
apóstolos, na comunhão, no partir do pão, e nas orações".
5)-Liturgia Eucarística:
-1 Coríntios 11, 23-26: "Com efeito, eu recebi do Senhor aquilo que, por minha vez, vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que era traído, tomou pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: 'Isto é meu corpo, que é por vós. Fazei isto em memória de mim'. Do mesmo modo, ao fim da ceia, ele tomou o cálice, dizendo: 'Este cálice é a nova aliança em meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim'. De fato, toda vez que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor até que ele venha".
6)-Santo
-Apocalipse 4,8-11: "Cada uma delas tinha seis asas e era cheia de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite dizem sem cessar: Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus Todo-poderoso, que era, que é e que há de vir. Toda vez que as criaturas viventes dão glória, honra e graças àquele que está assentado no trono e que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram ao que vive pelos séculos dos séculos. Eles lançam as suas coroas diante do trono e dizem: Digno és tu, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”.
7)-Cordeiro
-João 1,29: "No dia seguinte, ao ver Jesus que vinha em sua direção, ele disse: “Aí está o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!"
Por isso,
como disse Santa Teresinha do Menino Jesus, devemos comungá-lo e estabelecer
união com Ele:
“Não é para ficar numa âmbula de ouro, que Jesus desce cada dia do
céu, mas para encontrar um outro céu, o da nossa alma, onde ele encontra as
suas delícias”.
Para que a Sagrada Eucaristia não se constitua em um mero rito mecânico, onde as pessoas só “copiam” o que as outras fazem (gestos, sinal da cruz, genuflexão, etc.) sem entender exatamente o que está acontecendo, é bom que cada fiel católico entenda um pouco melhor a Santa Missa (apesar de não entendermos plenamente, mas apenas parcialmnete, o maior mistério da fé!), pois só amamos aquilo que conhecemos. A missa é igual para toda a Assembléia, mas, a maneira de cada um participar pode ser diferente, pois depende da fé que as pessoas têm e também do grau de formação nos mistérios da fé.
As vezes vamos fazendo, dizendo e repetindo muitas coisas, que nem papagaio, sem saber "por
quê"?
Para participar da missa com fé e alegria, além da sua formação catequética básica, o fiel deve conhecer todas as etapas da liturgia da missa pois ninguém ama o que não conhece!
O sentido de cada
parte da Santa Missa?
A palavra MISSA vem do latim missio, que significa envio (confr.Marcos 16,15), ou despedida, pois quando nos primeiros séculos da igreja, os catecúmenos saíam antes do início da Liturgia Eucarística o celebrante os despedia. Desta forma, toda a Celebração Eucarística acabou por ser denominada missa.
A missa é
dividida em quatro partes principais:
-Ritos Iniciais,
-Liturgia da Palavra,
-Liturgia Eucarística
-Ritos
Finais.
I - RITOS INICIAIS
1. Monição Ambiental
-Ao entrar e sair de uma igreja com um sacrário, procedemos à genuflexão, que é um gesto de adoração a Jesus Eucarístico, e ao altar do sacrifício.
-O comentarista, ao lado do altar, faz um convite à Assembléia para participarem de corpo de alma da Celebração, criando um clima de oração e fé. Solicita que todos, de pé, recebam o celebrante e equipe de liturgia.
2. Canto de Entrada e Sinal da Cruz
Durante o canto, o padre, os ministros e/ou acólitos dirigem-se ao altar. O padre faz uma inclinação profunda e deposita o beijo no altar, endereçado a Cristo. Em seguida, faz o sinal da cruz e o povo faz com ele (não precisa beijar a mão após o sinal), mas sem dizer nada. Ao final, todos respondem o “Amém”. A expressão “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” quer dizer a pessoa, não apenas o “nome”. Iniciamos a Missa colocando nossa vida e toda a nossa ação invocando a Santíssima Trindade.
3. Acolhida e Saudação
É o “bom dia/tarde/noite” de inspiração divina dado
pelo Presidente à Assembléia. Em uma das formas litúrgicas, o padre saúda o
povo com as palavras de São Paulo aos Coríntios (2Cor 13,11-13):
– A graça de Nosso Senhor Jesus
Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco!
Independente da forma utilizada, todos
respondem:
– Bendito seja Deus que nos reuniu no amor
de Cristo!
4. Ato Penitencial
“Se estás diante do altar para apresentar a tua oferta e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tua oferta lá diante do altar. Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois volta para apresentares tua oferta.” (Mt 5,23-24). Convite para cada um olhar para si (reconhecer os próprios pecados e não os dos outros), buscando um arrependimento sincero. Precisamos pedir que Jesus purifique nosso coração para termos parte com ele. A absolvição geral que o padre dá no Ato Penitencial é uma purificação das faltas leves (as graves, somente com a confissão sacramental), e realmente nos purificam para participarmos da Ceia do Senhor. Os pecados graves necessitam de uma confissão sacramental.
5. Hino de Louvor (Glória)
É um cântico solene, uma das mais perfeitas
formas de louvor à Santíssima Trindade, porque se dirige ao Pai e a Jesus
Cristo, na unidade do Espírito Santo. Vem logo após o Ato Penitencial, porque o
perdão de Deus nos faz felizes e agradecidos.
Inspirado
no canto dos anjos que louvaram a Deus no nascimento de Jesus:
“Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na
terra aos homens de boa vontade.” (Lc 2,14)
Obs.: O Glória não é cantado (nem
recitado) na Quaresma e no Advento, tempos que não são próprios para se
expressar alegria.
6. Coleta
Do latim “collígere”, que quer dizer reunir, recolher, coletar. Tem o sentido de reunir, numa só oração, todas as orações da Assembléia.Por isso, começa com o “Oremos um convite aos presentes para que se ponham em oração seguida de uma pausa, para que cada um faça mentalmente a sua oração pessoal.A seguir, o padre eleva as mãos assumindo as intenções dos fiéis e elevando-as a Deus e profere a oração em nome de toda a Igreja.Por fim, todos dizem “Amém” para dizer que a oração do padre também é sua.É uma oração presidencial, feita apenas pelo padre, como representante de Cristo. Todas as orações presidenciais são compostas por: invocação, pedido e conclusão. As orações são dirigidas ao Pai, em nome de Jesus nosso mediador , na unidade do Espírito Santo.
II - LITURGIA DA PALAVRA
Após o “Amém” da Coleta, a comunidade senta-se, aguardando, antes, o Presidente dirigir-se à sua cadeira. A Eucaristia é o “mistério de nossa fé” e a fé vem pela Palavra de Deus (cf. Rm 10,14). Daí a importância da pregação, abrangida pela Liturgia da Palavra. “Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt 4,4).A Palavra de Deus não é para ser apenas “lida”, mas “proclamada” solenemente. “A fé entra pelo ouvido.”
As leituras das missas dominicais variam a
cada ano, repetindo-se a cada três anos. São os chamados ANOS A, B e C.
Em cada ano meditamos o Evangelho segundo Mateus, Marcos e Lucas respectivamente. O Evangelho segundo João intercala-se durante o ano em momentos fortes. Os 3 primeiros Evangelhos fazem como que uma sinopse dos fatos acerca da vida de Jesus são, por isso, chamados de “sinóticos”. O Evangelho escrito por São João focaliza outros fatos e palavras de Jesus, destacando Sua divindade e penetrando mais o Mistério do Filho de Deus. A Liturgia da Palavra é tão importante quanto a Liturgia Eucarística e deve ter um lugar reservado para a proclamação, a MESA DA PALAVRA.
1. Primeira Leitura
A Primeira Leitura, em geral, é tirada no
Antigo Testamento, onde se encontra o passado remoto da História da Salvação.
Em alguns tempos litúrgicos também são tiradas de outros livros do Novo
Testamento que não sejam os Evangelhos.
2. Salmo Responsorial
É uma resposta cantada ou recitada à
mensagem proclamada. Ou ainda, uma “oração” da Leitura, ajudando o povo a rezar
e a meditar na Palavra de Deus que acabou de ser proclamada. Não pode ser
substituída por outros cânticos que não sejam inspirados no salmo previsto.
3. Segunda Leitura
Em geral, é uma carta, retirada do Novo Testamento. Só é proclamada em missas dominicais ou de dias festivos, não nas missas feriais (no meio da semana). Assim, a Liturgia da Palavra, no decorrer das missas do ano, nos dá uma visão de toda a História da Salvação, recordando quase toda a Bíblia.
4. Canto de Aclamação ao Evangelho
Aleluia significa “louvai a Deus” ou “louvai ao Senhor”. A palavra "Aleluia" é uma transliteração do termo hebraico "Hallelujah" e significa "Louvai a Deus" ou "Adorai a Deus". A palavra "Hallelujah" é composta por duas partes: "Hallelu" que significa "louvai", "adorai" ou "elogio" "Yah" que é uma forma abreviada do nome de Deus em hebraico, Jahweh, o nome sagrado do Deus bíblico. A palavra "Aleluia" é usada em cultos e orações da maioria dos cristãos para louvar a Deus. Era também usada para chamar a congregação a participar dos cânticos e louvar em grupo. É expressão de profunda alegria e exultação em Deus. Através do Aleluia cantado a assembléia dos fiéis acolhe o Senhor que lhe vai falar no Evangelho, saúda-o e professa sua fé pelo canto. É cantado por todos, de pé, primeiramente pelo grupo de cantores ou cantor, sendo repetido, se for o caso; o versículo, porém, é cantado pelo grupo de cantores ou cantor (cf. IGMR, n. 62). O Aleluia é cantado em todo o tempo, exceto na Quaresma.Depois da leitura, que precede imediatamente o Evangelho, canta-se o “Aleluia” ou outro cântico, indicado pelas rubricas (rubrica corresponde a uma anotação em vermelho, nos livros religiosos, para orientação litúrgica), conforme o tempo litúrgico. Deste modo, a aclamação [Aleluia] constitui um rito ou um ato, com valor por si próprio, por meio do qual a assembléia dos fiéis acolhe e saúda o Senhor, que lhe vai falar no Evangelho, e professa a sua fé por intermédio do canto. Ele deve ser cantado por todos em pé, iniciado pela schola ou por um cantor, e poderá ser repetido se for conveniente; no entanto, o versículo deverá ser cantado pela schola (uma schola cantorum é uma escola de canto coral e um coro de jovens para acompanhar as funções religiosas da Igreja Católica) ou pelo cantor.O “Aleluia” é cantado em todos os tempos fora da Quaresma. Os versículos são tomados do Lecionário ou do Gradual. Na Quaresma, em vez de cantar o “Aleluia”, canta-se o versículo antes do Evangelho que vem no Lecionário. Também se pode cantar outro salmo ou trato, como é indicado no Gradual.
No caso de haver uma só leitura antes do Evangelho:
a) Nos tempos em que se diz “Aleluia”, pode escolher-se o salmo aleluiático ou o salmo e o “Aleluia” com o seu versículo;
b) No tempo em que não se canta o “Aleluia” pode escolher-se o salmo e o versículo antes do Evangelho.
c) O “Aleluia” ou o versículo antes do Evangelho, se não forem cantados, poderão ser omitidos. A sequência, que é facultativa exceto nos dias da Páscoa e do Pentecostes, deve ser cantada antes do “Aleluia”.
Jesus Cristo é a Palavra de Deus! A palavra da Salvação! Ele se torna presente na proclamação do Evangelho. Aclamar é aplaudir com alegria, então o canto de Aclamação ao Evangelho é uma espécie de “aplausos” para o Senhor que vai nos falar. Pode ser antecedido por um breve comentário (não é uma homilia, que não deve antecipar o que vai ser dito no Evangelho), convidando e motivando a Assembléia para ouvir o Evangelho. Na Quaresma e no Advento, o canto não tem “Aleluia”.
5.
Proclamação do Evangelho (diácono, presbítero, ou o bispo)
Antes da proclamação do Evangelho, pode-se fazer uma procissão com a Bíblia ou Lecionário e as velas. Para se dar mais destaque ao anúncio da Palavra de Jesus, dois ministros ou acólitos podem segurar uma vela em cada lado do ambão. O diácono, e na falta deste o padre, proclama em um lugar mais elevado, para ser visto e ouvido por toda a Assembleia, que deve estar em pé, numa atitude de expectativa para ouvir a Mensagem. É como se o próprio Jesus se colocasse diante de nós para nos falar do que mais nos interessa.
O
diácono/padre saúda a Assembléia:
– O Senhor esteja convosco!
– Todos: Ele está no meio de nós!
– Diácono/Padre: Evangelho de Jesus Cristo, escrito por …
– Todos: Glória a vós, Senhor!
E, ao final do Evangelho:
– Diácono/Padre: Palavra da Salvação! (E beija a Bíblia)
– Todos: Glória a vós, Senhor!
– Diácono/Padre: "Pelas palavras do santo Evangelho sejam perdoados os nossos pecados."
- Todos: Amém!
Em seguida, faz-se a homilia, que compete exclusivamente, ao sacerdote ou diácono; ela é obrigatória em todos domingos e festas de preceito, e recomendada também, brevemente, nos outros dias.
6. Homilia (Pregação)
É a interpretação de uma profecia ou a explicação dos textos bíblicos das leituras proclamadas. Os próprios Apóstolos, depois de ouvirem as parábolas, pediam a Jesus que lhes explicasse o que elas queriam dizer. Assim também é o Povo de Deus, que precisa de alguém que lhes explique as Escrituras, do mesmo modo que Filipe explicou ao ministro da Rainha Candace, da Etiópia, uma passagem do AT:
“Ouvindo que lia o profeta Isaías, disse-lhe: Porventura entendes
o que lês? Ele respondeu: Como é que vou entender se ninguém me explicar?..." (At 8,30b-31a)
As Escrituras não são de simples
compreensão e não estão sujeitas a interpretações particulares, mas tão somente
da Igreja que Cristo fundou, sob o Primado de Pedro:
“Pois, antes de tudo, deveis saber que
nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal, porque jamais uma
profecia se proferiu por vontade humana, mas foi pelo impulso do Espírito Santo
que homens falaram da parte de Deus.” (2Pd 1,20-21)
“É o que ele faz em todas as epístolas em
que vem a tratar do assunto. Nelas há alguns pontos de difícil inteligência,
que homens ignorantes e sem firmeza deturpam, não menos que as demais
Escrituras, para sua própria perdição.” (2Pd 3,16)
Além do que, a Bíblia não é a única fonte
de doutrina para o cristão, mas, inclusive, a Tradição (Oral e Escrita) e o
Magistério da Igreja fundada por Jesus:
“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se
fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os
livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)
“Assim, pois, irmãos, ficai firmes e
conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras seja por
carta.” (2Ts 2,15)
7. Creio (Profissão de Fé)
Crer em Deus é confiar Nele, na sua ação,silêncio e providência. Com o Creio, a comunidade afirma que crê na Palavra de Deus que foi proclamada e está pronta para pô-la em prática. É como um juramento público.Há dois textos diferentes para a Profissão de Fé: o Símbolo Apostólico e o Símbolo Niceno- Constantinopolitano. O primeiro vem do tempo dos Apóstolos. É um resumo das verdades de fé professada pelos primeiros cristãos. É também mais curto e mais recitado nas missas no Brasil. O Símbolo Niceno-Constantinopolitano surgiu no séc. IV, a partir da heresia de Ário, que, em sua heresia (negação de verdades de fé), disse que Jesus era apenas homem, não Deus (como hoje o fazem os espíritas e os “Testemunhas de Jeová”). Então a Igreja, no Concílio de Nicéia (ano 325), colocou no “Creio” algumas palavras a mais, acentuando a divindade de Jesus:
“Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro…” Alguns anos depois, Macedônio, outro herege, negou a divindade do Espírito Santo. A Igreja reafirmou essa divindade, a partir do Concílio de Constantinopla (ano 381): “Senhor que dá a vida e procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado; Ele que falou pelos profetas.”
Assim se formou esse Símbolo, surgido após os Concílios de Nicéia e Constantinopla. É uma síntese das verdades fundamentais da fé, para manter os cristãos unidos, à medida que iam se espalhando pelo mundo.No Brasil, o Símbolo Niceno-Constantinopolitano é recitado apenas em alguns domingos, geralmente quando se fala de Jesus como Messias, o Filho de Deus. Eis o símbolo completo:
“Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da
terra; de todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus
Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus
de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado,
consubstancial ao Pai. Por ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens,
e para nossa salvação desceu dos céus: e se encarnou pelo Espírito Santo no
seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio
Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as
Escrituras, e subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há
de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá
fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do
Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos
profetas. Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica. Professo um só
batismo para remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos e a vida
do mundo que há de vir. Amém!”.
8. Oração
dos Fiéis (Oração Universal)
No início da missa existe a Oração Coleta uma oração presidencial breve, a fim de colocar a Assembléia em clima de fé para ouvir a Palavra de Deus. A Oração dos Fiéis é um espaço mais abrangente para que os fiéis coloquem publicamente suas intenções. Após ouvirmos a Palavra de Deus e de professarmos nossa fé nessa Palavra, nós colocamos em Suas mãos as nossas preces de modo oficial e coletivo. Nessa oração, o povo exerce sua função sacerdotal, suplicando por todos os homens, incluindo as seguintes intenções:
–Primeiramente, pelas elas necessidades da Igreja e do papa;
–Pelos governantes, legisladores e magistrados; (pois eles têm um poder temporal, e devem servir ao povo)
–Pelos que sofrem qualquer necessidade, especialmente pelos doentes;
– Pelas necessidades da comunidade local.
A Equipe de Liturgia deve tomar a iniciativa de ver as intenções da comunidade incluídas na oração, possibilitando que a fé expresse algo mais concreto e vivencial.O que não se pode fazer na missa são as orações particulares, como leitura de livros piedosos, novenas e o terço.
Na Oração dos Fiéis, a introdução e a conclusão são feitas pelo Presidente da celebração Eucarística!
As outras preces são feitas pelos fiéis, em voz alta, expressando a fé viva e alegria de toda a comunidade, unidade num só coração e numa só alma. Durante a Oração dos Fiéis, todos ficam de pé a posição própria do orante e como rezavam os primeiros cristãos.
III - LITURGIA EUCARÍSTICA
O Sacrifício redentor de Cristo é universal. Destina-se a toda a humanidade. Seu valor é espiritual e infinito para todos. A Eucaristia, como Sacramento, renova a Ceia Pascal; como Sacrifício, renova a ato redentor de Cristo na Cruz. Todos os gestos, palavras, preces e cantos da Liturgia da Palavra devem levar a Assembléia a participar da Ceia que o Senhor desejou “ardentemente” celebrar com seus discípulos.
1. Preparação das Oferendas (Ofertório)
a) Canto e Procissão das Oferendas - Durante e preparação das oferendas, canta-se o Canto do Ofertório. As principais ofertas são o pão e o vinho. Podem-se trazer outras coisas, como ramos de trigo, cachos de uva, água, flores. O ato de levar ao altar as ofertas significa que o pão e o vinho estão saindo das mãos do homem que trabalha. As outras oferendas representam também a vida do povo: a flor, símbolo de amor e gratidão; a coleta em dinheiro, fruto do trabalho e da generosidade dos fiéis.O dinheiro para o ofertório é a nossa oferta para a conservação e manutenção da casa de Deus. Não é uma “esmola”, pois Deus não é mendigo, mas o Senhor de nossa vida. Outra condição para Deus aceitar a nossa oferta é que estejamos em paz como nossos irmãos. A fé pede nossa comunhão com Deus e com os irmãos (cf. Mt 5,23-24).A procissão é opcional. Quando houver, deve haver alguma colocação do comentarista, explicando o sentido das ofertas, sobretudo quando se leva algo que não seja o pão e o vinho. As ofertas devem ter um significado e ajudar a participação da comunidade na Liturgia.As pessoas que trazem as oferendas em procissão não as trazem apenas em seu nome, mas representando toda a comunidade. No início da Missa, o Presidente e seus Ministros ficam nas cadeiras em frente ao altar. Eles não vão para o altar, porque este representa a mesa da Ceia, que começa na Liturgia Eucarística. Ao fim da Oração dos Fiéis, o Presidente e os Ministros vão para o altar para preparar as oferendas: corporal estendido no centro (como uma toalha), missal aberto, o cálice e a patena com a hóstia grande do sacerdote (que pode vir junto com as hóstias dos fiéis, na âmbula sentido de unidade do Presidente com a Assembléia).
b) Apresentação do Pão e do Vinho - Na Missa, oferecemos a Deus o pão e vinho que, pelo poder do mesmo Deus, mudam-se no Corpo e no Sangue do Senhor. Deus aceita nossa oferta e a transforma numa dádiva de valor infinito a própria Divindade! O Presidente recebe as ofertas da comunidade e, por sua vez, oferece o pão a Deus, dizendo:
-“Bendito
sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos de vossa bondade,
fruto da terra e do trabalho do homem, que agora vos apresentamos e para nós se
vai tornar pão da vida!”
E a Assembléia responde:
-“Bendito seja Deus para sempre!”
Então o padre coloca a hóstia (de trigo puro, não fermentado) sobre o corporal e prepara o vinho para oferecê-lo do mesmo modo. Antes, ele põe um pouco de água no vinho e diz: “Pelo mistério desta água e deste vinho, possamos participar da divindade de vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade.” A mistura da água no vinho (puro, de uva) simboliza a união da natureza humana com a divina. Nós (água), na Missa, nos unimos a Cristo (vinho) para formar um só Corpo com Ele. Em seguida, o Presidente eleva o cálice e diz:
-“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que
recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem, que agora
vos apresentamos e para nós se vai tornar vinho da salvação!”
E a Assembléia bendiz a Deus:
-“Bendito seja Deus para sempre!”
Abençoar é bendizer! Bendizemos a Deus nessa hora porque o pão comum que oferecemos vai se tornar para nós o “Pão da Vida” e o vinho, o “Vinho da Salvação”. E porque recebemos muito mais do que oferecemos. O cálice com o vinho e a âmbula com as hóstias para a comunidade ficam sobre o corporal, no centro do altar, junto da hóstia grande do Presidente, que é colocada sobre a patena.
c) Presidente lava as mãos - A oração seguinte fala que nosso sacrifício é aceito por Deus quando temos um coração purificado e humilde. Após colocar o cálice sobre o corporal, o padre inclina-se diante do altar e reza em voz baixa:
“De coração contrito e humilde, sejamos,
Senhor, acolhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que
vos agrade, Senhor, nosso Deus!”
Essa oração é tirada do Livro de Daniel. Deportado para a Babilônia, o Povo de Israel estava longe do Templo e não podia oferecer a Deus os sacrifícios de cordeiros e bois. Então Azarias fez essa bela oração, oferecendo a Deus o seu sacrifício espiritual. Quando a missa é festiva, costuma-se incensar o altar, o Presidente da Celebração e a Assembléia. O incenso significa que aquele sacrifício deve subir até Deus, como a fumaça.
Antigamente a comunidade levava para o altar ofertas como alimentos e outros objetos que poderiam sujar as mãos do padre, que, por isso, lavava as mãos.
Hoje, além da purificação das mãos, há
também o sentido da purificação espiritual. Ao lavar as mãos, o padre reza em voz
baixa:
“Lavai-me, Senhor, das minhas faltas e
purificai-me do meu pecado.” (Sl 50,4)
Essa oração lembra Davi pedindo perdão de
seu pecado.
d) Orai, irmãos (ãs)! - O sacerdote intercede por toda a Assembléia, que deve responder ativamente. Assim, o padre se volta ao povo e pede:
-“Orai, irmãos, para que o nosso sacrifício seja aceito por Deus
Pai Todo-Poderoso!”
Ao que a Assembléia responde:
-“Receba o Senhor por tuas mãos este
sacrifício, para glória de seu nome, para nosso bem e de toda a santa Igreja!”
Em primeiro lugar, está sempre a glória de Deus!
e) Oração sobre as Oferendas: Tem por fim colocar nas mãos de Deus os dons que trouxemos para o sacrifício. É um modo de insistir a mesma coisa diante de Deus, como nas parábola que Jesus contou (cf. Lc 11,5-8 e 18,1-8).
2. Oração Eucarística ou Anáfora
Inicia o centro, o “coração” da Celebração
o Mistério da presença real de Jesus no pão e vinho consagrados. Não é “mais
uma oração” da missa é a própria Missa.
Para os judeus, santo era todo o lugar onde Deus se manifestava. De modo especial, o Templo era santo. Dentro do Templo, havia uma parte santíssima o “santo dos santos”, uma sala que continha a Arca da Aliança ou Tabernáculo. Lá só o sumo sacerdote entrava, e uma vez por ano apenas, para o sacrifício expiatório. Só depois de se purificar é que o sacerdote podia entrar ali. Hoje, em termos de presença de Deus, o mais simples templo católico é mais importante que o Templo de Jerusalém, porque tem dentro de si mais que a Arca da Aliança: o próprio Cristo, Deus Vivo, no sacrário, com a luz acesa ao lado. Ele é o verdadeiro “Santo dos Santos”. Antes do Concílio Vaticano II, havia uma só forma de Oração Eucarística. Atualmente, para que cada povo possa participar mais e utilizarem sua própria cultura existem várias fórmulas que são aprovadas pela Igreja. No Brasil existem 14 formas.
a) Prefácio e “Santo” - O Prefácio é um hino de “abertura”, que nos introduz no Mistério Eucarístico. Nele, o padre convida o povo a elevar seus corações a Deus e proclamar a santidade de Deus, dando-lhe graças. No Prefácio, o Presidente sempre reza de braços abertos. Ele inicia com o diálogo:
Padre: O Senhor esteja convosco!
Povo: Ele está no meio de nós!
Padre: Corações ao alto!
Povo: O nosso coração está em Deus!
Padre: Demos graças ao Senhor nosso Deus!
Povo: É nosso dever e nossa salvação!
O trecho seguinte do Prefácio compreende algumas palavras próprias, dependendo do Tempo Litúrgico ou da festa que se celebra. O final do Prefácio é sempre igual. Termina com o cântico:
“Santo, Santo, Santo, Senhor, Deus do universo! O céu e a terra proclamam a vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!” O “Santo” é tirado de Is 6,3. A repetição, dizendo 3 vezes “Santo” significa o máximo de santidade, “Santíssimo”.
Às vezes, quando o “Santo” é cantado,
mudam-se algumas palavras, mas o sentido deve ser o mesmo. O Santo deveria ser
sempre cantado.
b) Invocação do Espírito Santo - Momentos antes da Consagração, o padre estende as mãos sobre o pão e o vinho e pede ao Pai que os santifique, enviando sobre eles o Espírito Santo. Toda invocação do Espírito Santo é feita de pé.Na liturgia cristã, esse momento chama-se "Epiclese", que é uma invocação ao Espírito Santo, feita durante a Missa, após a consagração eucarística. A palavra vem do grego epi-kaleo, que significa "chamar sobre".
c) Narrativa da Ceia e Consagração do Pão e do Vinho - Neste momento a Assembléia se ajoelha, ou mesmo de pé (normalmente aqueles que por algum problema não podem ajoelhar-se) porém em posição de adoração (cabeça baixa, em posição de reverência). A Ceia Eucarística celebrada por Jesus com os Apóstolos teve origem na Ceia Pascal Hebraica, que também não é celebrada como uma simples recordação, mas como um acontecimento que se faz presente. Dentro da missa, esta é a hora da TRANSUBSTANCIAÇÃO do pão e do vinho, que se tornam o Corpo e o Sangue do Senhor. Por ordem de Cristo, o Presidente recorda o que Jesus fez na Última Ceia. Ele pega o pão, o apresenta ao povo e pronuncia as palavras de Consagração: “Tomai, todos, e comei, isto é o meu corpo que será entregue por vós.” (Lc 22,17ss)
Após a consagração do pão, o padre levanta a hóstia à vista da Assembléia!
A seguir, genuflecte para adorar Jesus presente no Santíssimo Sacramento. A mesma coisa faz o padre com o cálice de vinho. Ele recorda que Jesus tomou o cálice em suas mãos, deu graças novamente e o deu a seus discípulos, dizendo:“Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu Sangue, o Sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos, para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim.” Novamente, o padre genuflecte para adorar o Cristo presente após a consagração do vinho. Na Consagração do pão e do vinho o povo deve ajoelhar-se ou ainda fazer uma profunda inclinação de cabeça no momento em que o padre eleva a hóstia e o cálice. Durante as palavras de Consagração é que há a transubstanciação a transformação das espécies no Corpo Eucarístico. Nessa hora, o silêncio deve ser total não deve haver nem mesmo fundo musical. Lembremos que na missa o padre age “in persona Christi”, ou seja, em lugar da pessoa de Cristo. É como se Jesus estivesse pessoalmente presidindo a Celebração. A Igreja celebra a Missa para cumprir a vontade de Jesus, que mandou celebrar a Ceia:
“Fazei isto em memória de mim!”
No início das primeiras comunidades cristãs, eles não falavam “missa”, mas “fração do pão” (cf. At 2,42).
São Paulo também fala de missas celebradas em algumas comunidades (cf 1Cor 11,17-34), inclusive celebradas por ele (cf. At 20,7-11). A Eucaristia não é simplesmente uma das coisas que Jesus fez por nós: é a grande surpresa que Ele nos preparou durante toda a sua vida. Ele já havia prometido nos dar “pão vivo descido do céu” e que esse pão seria a sua carne “para a nossa salvação” (cf. Jo 6,35-69).
d) “Eis o Mistério da Fé!” - Terminada a Consagração, o Presidente proclama solenemente, mostrando o Sacramento: “Eis o Mistério de nossa fé!”
e) Lembrança da Morte e Ressurreição de Jesus - A Assembléia, levanta-se no mesmo momento em que o padre (logo depois da consagração do vinho ele genuflectiu e se levantou) e responde:
“Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus!”
Há outras formas de resposta. O que é
importante é que todos respondam com fé! O Mistério só é aceito por quem crê!
Assim, as palavras do celebrante soam como que um “desafio à fé”: “Eis o
Mistério da fé!” No Emaús temos o costume de cantar o Maranatha que é
perfeitamente litúrgico para o momento, é um clamor ao Jesus que vem!
f) Orações pela Igreja - A Igreja é o “Corpo Místico de Cristo”. Nela circula a vida da Graça. É o que chamamos de Comunhão dos Santos, dita no “Creio”. Entre todos os membros da Igreja, no céu ou na terra, existe a intercomunicação da Graça. Uns oram pelos outros, pois somos todos irmãos, membros da grande Família de Deus. Assim, na Missa, dentre as orações pela Igreja, a primeira é pelo Papa e pelo Bispo Diocesano, pelas suas grandes responsabilidades. Pedimos também pelos evangelizadores e evangelizados, pela conversão dos pagãos e pela perseverança dos cristãos. Oramos também pelos falecidos um ato de caridade. Na Bíblia há um elogio a Judas Macabeu pela sua intercessão e oferecimento de um “sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2Mac 12,45-46).
Finalmente, pedimos por nós como “povo santo e pecador”, para que estejamos um dia reunidos com a Virgem Maria, os Apóstolos e todos os bem- aventurados no céu, para louvarmos e bendizermos a Deus!
A oração termina “por Jesus Cristo nosso Senhor”, que nos disse: “Em verdade, em verdade, vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, ele vos dará. Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis.” (Jo 16,23-24)
g) Louvor Final (“Por Cristo…”) - É dito pelo sacerdote e somente por ele. Esse é o verdadeiro ofertório, pois é o próprio Cristo que oferece e é oferecido. É por meio de Jesus que damos graças e louvores ao Pai. Ele é o nosso Pontífice, isto é, a nossa “ponte” entre o céu e a terra, como Ele disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jo 14,6) Por isso, encerra-se a Oração Eucarística proclamando:
Padre: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós, Deus Pai Todo-Poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda a glória, agora e para sempre!” Depois disso a Assembléia responde o chamado GRANDE AMÉM, que é o principal de toda a missa! Devia ser festivamente dito ou cantado com uma profunda devoção pois é o Amém Síntese da Missa.
Esse ato de louvor é dito de pé, sendo que
o Presidente levanta a hóstia e o cálice.
3. Rito da Comunhão
a) Pai-Nosso e Oração Seguinte - Começa a preparação para a Comunhão Eucarística. É a síntese do Evangelho. Para bem rezá-lo, precisamos entrar no pensamento de Jesus e na vontade do Pai. É uma oração de sentido comunitário que, mesmo rezada só, deve-se proferi-la em intenção de todos.Para comungar o Corpo do Senhor na Eucaristia, preciso estar em comunhão com meus irmãos membros do Corpo Místico de Cristo. A oração do Pai Nosso é rezada da seguinte forma:
“Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome;
venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no
céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal...”
O primeiro céus aparece no plural na versão em português do Pai-Nosso por significar TODO LUGAR e um estado de espírito, de alegria de VIDA. O segundo céu aparece no singular em oposição a terra, significando realmente o céu no sentido da Vida Eterna. Dizemos perdoai-NOS com a partícula NOS pois pedimos que Deus perdoe a NÓS e não as nossas ofensas, assim como perdoamos AQUELES que nos ofenderam e não os pecados deles.
ATENÇÃO! Dentro da missa, o Pai Nosso não tem o AMÉM final.
A oração do Pai Nosso se estende até o final da oração que o sacerdote
reza a seguir, pedindo a Deus que nos livre de todos os males. Porque só quando
estamos libertos do mal é que podemos experimentar a paz e dar a paz. Assim
como só Deus pode dar a verdadeira paz, também só quem está em comunhão com
Deus é que pode comunicar a seus irmãos a paz.
Sac.: Livrai-nos de todos os males, ó Pai,
e dai-nos hoje a vossa paz. Ajudados pela vossa misericórdia, sejamos sempre
livres do pecado e protegidos de todos os perigos, enquanto, vivendo a
esperança, aguardamos a vinda do Cristo salvador.
O “Amém” do Pai Nosso, dentro da missa é
substituído pela oração: “Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre!”,
que é dito logo após a oração anterior.
b) Saudação da Paz - A paz é um dom de Deus, que só ele pode dar: “Deixo-vos a paz. Dou-vos a minha paz. Não a dou como o mundo a dá.” (Jo 14,27). Antes de o Presidente convidar a Assembléia para que se saúdem mutuamente no amor de Cristo, ele recorda as palavras de Jesus, fazendo este diálogo com o povo:
-Padre: Senhor Jesus Cristo, dissestes aos vossos Apóstolos: Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz. Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima a vossa Igreja; dai-lhe segundo o vosso desejo, a paz e a unidade. Vós, que sois Deus, com o Pai e o Espírito Santo.
-Povo: Amém!
-Padre: A paz do Senhor esteja sempre convosco!
-Povo: O amor de Cristo nos uniu.
c) Fração do Pão - Ao fim da saudação entre os fiéis, o celebrante parte a hóstia grande e coloca um pedacinho dela dentro do cálice com vinho consagrado. Esse ato tem o sinal da fraternidade, da repartição do pão, como Jesus o fez para seus discípulos na Ceia, além do reconhecimento de Cristo, por parte dos discípulos de Emaús, ao partir o pão em sua casa.
d)- Cordeiro de Deus - Logo após, o Presidente põe um pedaço da Hóstia no cálice e reza em voz baixa: “Esta união do Corpo e do Sangue de Jesus, o Cristo e Senhor, que vamos receber, nos sirva para a vida eterna!” Ao mesmo tempo, a Assembléia canta o “Cordeiro de Deus”. Embora no Ato Penitencial todos já se tenham purificado, ao aproximar-se do momento da Comunhão os fiéis sentem-se indignos de receber o Corpo do Senhor e pedem perdão mais uma vez, dizendo: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós! Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz!” Enquanto isso, o padre se inclina diante do Santíssimo Sacramento e pede a Jesus que aquela comunhão seja para a sua salvação.
"Ninguém se atreva a receber o Corpo do Senhor indignamente!Quem
assim o faz, come a própria condenação!" (1 Coríntios 11,27-29)
No AT e no NT Jesus é apresentado como o “Cordeiro de Deus”. Sete séculos antes de Cristo, o profeta Isaías predisse que o Messias seria levado à morte, “sem abrir a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro” (cf. Is 53,7). João Batista, ao ver Jesus passando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). São Paulo disse: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7b). E, de fato, na hora em que Jesus morria na cruz, era imolado no Templo o cordeiro pascal para os judeus comemorarem a Páscoa. São Pedro também disse que não fomos resgatados pelo preço vil de ouro ou de prata, mas “pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha” (cf. 1Pd 1,18-19).
e) Felizes os Convidados!
Terminado o “Cordeiro de Deus”, o Presidente levanta a Hóstia consagrada e a apresenta à Assembléia, dizendo: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor! Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! ” Pelo sangue de Cristo fomos salvos. Jesus é o nosso Libertador. Dele nos aproximamos com alegria. Daí o Presidente nos convidar à comunhão, dizendo “Felizes os convidados”. Ao que o povo responde:
“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.” Essa resposta é tirada da resposta do oficial romano, o centurião, dada a Jesus (cf. Mt 8,8).
Na verdade, ninguém é digno de comungar. É por bondade de Jesus que Ele vem a nós. Por isso, nos aproximamos da Comunhão com fé e humildade. A comunhão eucarística não é um “prêmio” para os justos que já se libertaram de todos os pecados, mas um Alimento que fortalece os pecadores na sua caminhada em busca da libertação de todo o mal.
f)- Distribuição da Comunhão - Comungar é receber Jesus Cristo, Rei dos reis, para alimento de vida eterna. Quem comunga deve meditar um pouco nesse Mistério da presença real do Senhor em sua vida. E não comungar e já ir saindo da Igreja, ou ficar conversando e se distraindo. Não convém nem mesmo ir rezar diante de alguma imagem, pois Jesus deve ser o centro da atenção e piedade nessa hora. Ele é o Hóspede divino que acaba de ser recebido. Após dizer “Felizes os convidados…”, com a resposta da comunidade, o padre reza em voz baixa: “Que o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna.” Em seguida, comunga o Corpo e o Sangue do Senhor. Depois o padre e os ministros dão a comunhão para os fiéis. Mostrando a Hóstia a cada um, diz:
“O Corpo de Cristo!”
E quem comunga responde: “Amém!”
Quanto ao modo de receber a comunhão, na boca ou na mão, é de competência do Bispo. Quem comunga, recebendo a Hóstia na mão, deve elevar a mão esquerda aberta, para o padre colocar a comunhão na palma da mão. O comungante, imediatamente, pega a Hóstia com a mão direita e comunga ali mesmo, na frente do padre. Não pode sair com a Hóstia na mão e comungar andando.Para comungar é preciso estar na Graça de Deus (sem pecado grave) e em jejum (uma hora antes da comunhão). Por uma questão prática, normalmente se dá apenas a Hóstia e não o Vinho Consagrado. Porém, na Hóstia está o Cristo inteiro e vivo, com seu corpo, sangue, alma e divindade.
g) Canto de Ação de Graças - Após a Comunhão do povo, convém haver alguns momentos de silêncio para interiorização da Palavra de Deus e ação de graças. Pode-se também recitar algum salmo ou cantar algum canto de ação de graças. Não é o momento de dar avisos, fazer pedidos, ou prestar homenagens a alguém. A Ação de Graças é de toda a Assembléia e não apenas dos cantores ou de algum solista. Ação de graças não é o nome mais apropriado, pois toda a missa é Ação de graças.
h) Oração após a Comunhão - Apenas após terminada esta oração, que é presidencial, podem-se dar avisos e fazer convites. Se for algo breve, a Assembléia pode ouvir de pé, caso contrário, pode sentar-se.
IV - RITOS FINAIS da santa missa
1. Comunicados e Convites da Comunidade local.
2. Bênção Final
Solene, dada pelo Presidente. Antes da bênção, o Presidente da Celebração saúda a Assembléia, dizendo: “O Senhor esteja convosco!” E todos respondem: “Ele está no meio de nós.” Nesta hora, se a comunidade estiver sentada, deve levantar-se. Aí vem a bênção, que pode ser com uma fórmula simples ou solene. Por exemplo, uma fórmula é: “Abençoe-vos Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo!” E todos respondem “Amém!” Ao dar a bênção, o padre traça uma cruz sobre a Assembléia e todos devem inclinar a cabeça. É muito importante a bênção de Deus dada solenemente na Missa! Essa bênção é para cada pessoa presente! É preciso valorizar mais e receber com fé a bênção solene dada no final da Missa. A Missa termina com a bênção! Em seguida, vem o canto final, que deve ser alegre, pois foi uma felicidade ter participado da Missa.
3. Despedida (diácono se tiver)
ATENÇÃO! Todos devem esperar o sacerdote sair do
altar para depois se retirarem.
Bibliografia:
-https://pt.aleteia.org/2018/07/02/o-sentido-de-cada-parte-da-santa-missa/
-A Missa Parte por Parte -Pe. Luiz Cechinato, 18ª ed., Ed. Vozes, 1992
-Celebrar a Vida Cristã – Ed. Vozes
-Catecismo da Igreja Católica
-Riquezas da Mensagem Cristã – Ed. Lumen Christi
-Fé Explicada/Emaús Nacional
-CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Missal Romano. 12 ed. São Paulo: Paulus, 1997.
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