Comentário (apostolado Berakash): O povo africano, mais tarde conhecido pelo
nome de “ioruba”, acreditava que forças sobrenaturais
impessoais, espíritos, ou entidades estavam presentes ou corporificados em
objetos e forças da natureza. Tementes dos perigos da natureza que punham em
risco constante a vida humana, perigos que eles não podiam controlar, esses
antigos africanos ofereciam sacrifícios para aplacar a fúria dessas forças,
doando sua própria comida como tributo que selava um pacto de submissão e
proteção, sedimentando as relações de lealdade e filiação entre os homens e os
espíritos da natureza. Muitos desses espíritos da natureza passaram a ser
cultuados como divindades, mais tarde designadas orixás, detentoras do
poder de governar fenômenos do mundo natural, como o trovão, o raio e a
fertilidade da terra, enquanto outros foram cultuados como guardiões de montanhas,
cursos d’água, árvores e florestas. De acordo com o "Dicionário de Cultos
Afro-Brasileiros de Olga Cacciatore", os orixás são divindades intermediárias
entre Olorum (o deus supremo) e os homens. Na África eram cerca de 600 - para o
Brasil vieram talvez uns 50 que estão reduzidos a 16 no Candomblé.
Por *Armando Araújo Silvestre
Politeísmo é a crença em muitos deuses ou sua adoração. Resulta de crenças em espíritos, demônios e forças sobrenaturais, definidas vagamente em crenças como o animismo, totemismo e culto aos ancestrais. As forças sobrenaturais são organizadas e personificadas em uma família cósmica que é o núcleo do sistema de crenças de um povo ou etnia. O politeísmo se espalhou pelo mundo antigo e em muitas culturas antigas existiu a prática do politeísmo e seus deuses tinham características humanas (antropomorfismo) e funções específicas, como na Grécia e Roma antigas, onde havia um intrincado sistema mitológico e diversas divindades que interferiam nas atividades humanas (mitologia grega): Zeus, Hera, Palas-Atena, Poseidon, Ares, Apolo, Afrodite etc. O Império Romano assimilou o politeísmo grego e de outras culturas que conquistara (mitologia romana): Júpiter, Juno, Minerva, Netuno, Marte, Apolo, Vênus. No Egito antigo os deuses tinham formas híbridas de objetos da natureza, animais e humanos num sistema de crenças bem desenvolvido e que era a base de sua cultura. Os faraós eram as personificações de deuses na terra e seus deuses eram o sol (Amon-Rá), a fertilidade (Isis), a fecundidade (Osíris) e outros.
Conforme os sistemas de crenças politeístas se desenvolviam, se
estabeleciam sistemas de hierarquia entre essas divindades e as famílias de
deuses explicavam os fenômenos naturais e sua relação com o universo. Raramente
admite uma verdade absoluta como no monoteísmo e o politeísmo praticado em
muitas antigas culturas asiáticas, africanas, europeias e entre indígenas nas
Américas, ainda hoje é a crença de muitos povos. Politeístas são as religiões e
crenças popularmente praticadas em todo o mundo atual, ou seja, no Hinduísmo,
Budismo Mahayana, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo e "nas religiões tribais
africanas" e americanas.
As ideias politeístas de moral e ética são relativas à cada cultura e aos seus indivíduos, sendo cada qual livre para adorar os deuses de sua escolha e para agir à sua própria maneira
Faltam aos politeístas responsabilidades, senso de propósito e
esperança como a de salvação e vida eterna, típicas dos monoteístas, com maior
relativismo e flexibilidade entre o relacionamento de pessoas e divindades.
Ainda que se admita que o politeísmo é conciliável com o monoteísmo inclusivo ou outras formas de monismo religioso, a incidência histórica do monoteísmo é tão rara e dificilmente se admite a teoria da evolução natural das religiões do politeísmo ao henoteísmo e monoteísmo.
Mas,
certas doutrinas politeístas modernamente foram chamadas de neopaganismo,
porque combinam elementos de várias religiões anteriores ao cristianismo e há
quem defenda uma graduação entre o politeísmo e o monoteísmo – o henoteísmo -
que adota a crença em vários deuses, mas com a preponderância de um sobre os
outros e que somente este maior é que recebe a adoração dos seus crentes, fiéis
ou seguidores.
Com isso, há antropólogos que defendem a teoria de que as
sociedades antigas passaram do politeísmo para o henoteísmo e finalmente
chegaram ao monoteísmo. Portanto, a distinção entre monoteísmo, henoteísmo e
politeísmo não é objetiva ou clara.
*Armando Araújo Silvestre:
-Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011)
-Doutor em Ciências da Religião (Umesp, 2001)
-Mestre em Teologia e História (Umesp, 1996)
-Licenciado em Filosofia (Unicamp, 1992)
-Bacharel em Teologia (Mackenzie, 1985)
Referências bibliográficas:
-CHARTIER, Roger. A história cultural: entre
práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
-FERNÁNDEZ-ARMESTO, Felipe. Milênio: Uma
história de nossos últimos mil anos. Rio de Janeiro: Record, 1999.
-HAUGHT, James A. Perseguições religiosas.
Trad. Bete Torii. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
Texto originalmente publicado em: https://www.infoescola.com/religiao/politeismo/
Uma das maiores autoridades no
estudo das religiões afro no País, Reginaldo Prandi, autor do livro
"Mitologia dos orixás" reafirma: “O CANDOBLÉ É POLITEISTA SIM!”
“...O candomblé, por exemplo, "é religião
politeísta" (que tem um panteão com vários deuses), como a grega e romana...Existe a ideia de Deus supremo, criador, mas na
maioria dos eventos do dia-a-dia, ele não interfere. Quem cuida do emprego é
Xangô, da fertilidade, Oxum, e sucessivamente. As religiões politeístas têm
facilidade de assimilar deuses estrangeiros e os trata em posição de igualdade.
Embora seja extremamente próprio de cada religião defender a sua verdade como a
única e combater a fé alheia, gerando uma grande possibilidade de conflitos e
perseguições, o candomblé (apesar de ter suas verdades), tem outra prática de aceitar o outro com mais
facilidade. Prova disso é o "sincretismo". Oxalá, por exemplo, foi sincretizado
com Jesus Cristo.” (fonte: https://extra.globo.com/noticias).
REFERÊNCIAS
-CAMARGO, Candido Procopio Ferreira de. Kardecismo e umbanda. São Paulo: Pioneira, 1961.
-CHEVITARESE, A. L.; CORNELLI, G. Judaísmo, cristianismo, helenismo: ensaio sobre interações culturais no Mediterrâneo Antigo. São Paulo: Annablume, 2007.
-MARIANO, Ricardo. Análise sociológica do crescimento pentecostal no Brasil. Tese de doutorado em Sociologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2001.
-MARIZ, Cecília Loreto. Refl exões sobre a reação afro-brasileira à guerra santa. Guerra Santa. Porto Alegre, Debates do NER, n. 1, p. 96-103, 1997.
-NEGRÃO, Lísias Nogueira. Pluralismo e multiplicidades religiosas no Brasil. Sociedade e Estado. Brasília, v. 23, n. 2, p. 261-279, 2008.
-ORO, Ari Pedro. Neopentecostais e brasileiros, quem vencerá esta guerra? Debates NER, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 10-37, 1997.
-PRANDI, Reginaldo. "Os candomblés de São Paulo: a velha magia na metró-pole nova". São Paulo: Hucitec & Edusp, 1991.
-RABELO, Miriam Cristina Marcilio. Rodando com o santo e queimando com o espírito: possessão e a dinâmica de lugar no candomblé e pentecos-talismo. Ciencias sociales y religión. Porto Alegre, v. 7, n. 7, p. 11-37, 2005.
-REIS, João José. Domingos Sodré, um sacerdote africano: escravidão, liberdade e candomblé na Bahia do século XIX. São Paulo, Companhia das Letras, 2008.
-SEGATO, Rita. Santos e daimones: o politeísmo afro-brasileiro e a tradição arquetipal. 2 ed. Brasília: Editora da UnB, 2005.
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