O Pequeno Príncipe é um livro infanto-juvenil escrito por Antoine de Saint-Exupéry no ano de 1943, ou seja, durante o período da Segunda Guerra Mundial. Apesar de ser categorizado como livro infantil, as frases do Pequeno Príncipe são carregadas de reflexões profundas e existenciais. O livro conta a história da amizade entre um homem adulto e frustrado, o próprio narrador. Que, um dia, acaba caindo do seu avião no meio do deserto do Saara e lá encontra o pequeno príncipe. Nasce então uma amizade entre os dois, e o pequeno príncipe acaba passando vários ensinamentos para o narrador. O livro, como dito, contém muitas frases marcantes e trechos que podem ser tomados como verdadeiros ensinamentos de vida para os leitores. Nesse artigo, traremos as frases do Pequeno Príncipe que se tornaram mais marcantes, segundo o nosso ponto de vista, e também um pouco do aprendizado que cada uma pode proporcionar. Confira abaixo:
1. “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser
conhecer as borboletas.”
Esta é uma citação do Pequeno Príncipe que
reforça que a vida é feita de momentos. Momentos bons e ruins e precisamos
aprender a passar por cada um deles. Pois, são os momentos difíceis que nos
fortaleceram para que possamos aproveitar os bons momentos quando eles
chegarem. De maneira que precisamos estar dispostos a enfrentar as dificuldades
para alcançar nossos objetivos.
2. “A
gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.”
O medo de sofrer ao estabelecer laços e
relacionamentos, sejam eles de amizade ou amorosos, está sempre presente. Porém
é preciso estar dispostos a correr riscos para que seja possível viver a vida
por completo. O amor corre riscos! Mas é isso que o torna belo e atraente e cativante! Nunca poderemos saber se o outro vai ou não nos fazer sofrer, mas
sabemos que para sermos cativados, devemos aprender a lidar com esse risco.
Esta é uma das frases do Pequeno Príncipe que nos prova quanto vale a pena a
beleza das relações humanas. Já dizia o grande poeta Vinícius de Moraes:
"Quem já passou por essa vida e não viveu,
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu!
Porque a vida só se dá pra quem se deu,
Pra quem amou,
pra quem chorou, pra quem sofreu.
Quem nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada, não!
Não há mal pior do que a descrença,
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão..."
3. “Todas as pessoas grandes foram um dia
crianças – mas poucas se lembram disso.”
A seriedade da vida adulta acaba por aniquilar o pouco da essência infantil existente dentro de cada um. Essa é uma das frases do pequeno príncipe que nos incentiva a conservar esse lado criança sempre vivo dentro de nós. Ou seja, apesar da vida e responsabilidades de adultos, não devemos deixar os sonhos e a alegria da criança que há dentro de nós morrer. Disse Jesus com relação a isso em Mateus 18,3:
“Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.”
4. “É
loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou.”
O medo de se magoar muitas vezes é
paralisante. Opta-se então a não se envolver com ninguém para não correr esse
risco, principalmente em relacionamentos amorosos. Isso pode gerar uma pessoa
frustrada e infeliz. Cure seu coração e se permita sentir novamente! Cada ser é
único no mundo, não devemos ter preconceitos.
5. “As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de
pontes.”
Como dito anteriormente, o medo pode se
tornar uma barreira diante do convívio com o outro. Tal fator, pode gerar ou
alimentar problemas, como a depressão, por isso, o isolamento nunca é a melhor
saída. Os laços que criamos com outras pessoas podem ajudar e nos fortalecer em
momentos de dificuldade.
6. “É
preciso exigir de cada um o que cada um pode dar.”
Muitas das cobranças que fazemos podem ser exageradas não corresponder às condições do outro. Isso pode gerar frustração tanto para o que cobra e não é atendido, como para o que é cobrado e não consegue atender o que se espera dele.
7. “Quando a gente anda sempre para
frente, não pode mesmo ir longe.”
As vezes na caminhada pelo desertos da vida vemos miragens de oásis à nossa frente, sem esforço para chegar até eles. Mas às vezes eles estão fora do caminho, precisamos parar neles, nos restabelecer, e retortar ao caminho para continuar a caminhada. A vida é cheia de altos e baixos e quando tomamos decisões, surgem diante de nós diferentes e
novas possibilidades. Portanto, é necessário estar preparados para os desvios temporários de rotas. Em algumas situações de guerra é preciso recuar, reagrupar, dar dois passos para trás, como uma flecha que recua para se projetar para frente com toda força e energia.
8. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
cativas.”
As relações que estabelecemos com o outro
são de nossa responsabilidade. Sendo assim, é importante manter essas relações
bem e saudáveis. Cultivando-as como uma flor para que as mesmas possam crescer
cada dia mais. Sem dúvida, este é um dos trechos do Pequeno Príncipe mais
recorrente em nossas conversas sobre o livro e de que mais nos lembramos.
9. “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos
olhos.”
Essa é uma das frases do pequeno príncipe
que se tornou mais marcantes. É preciso enxergar além das aparências para que
se veja aquilo que realmente importa. Seja para conhecer verdadeiramente alguém
ou até a si mesmo.
10. “Se tu choras por ter perdido o sol, as
lágrimas te impedirão de ver as estrelas.”
Os momentos difíceis existem, mas eles não
podem fazer com que a vida pare. É preciso entender que esses momentos fazem
parte da vida e que vão passar. Porém, para que eles passem é necessário que
saibamos lidar com eles e seguir em frente.
11. “O Amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte”.
O amor, segundo o pequeno príncipe, é um
ato de doação. A partir dessa doação o amor, então, se multiplica, ou seja,
quanto mais se distribui amor, mais amor existirá para ser distribuído. A
temática do amor está presente entre as mais tocantes frases do Pequeno
Príncipe.
12. “O
amor verdadeiro começa lá onde não se espera nada em troca.”
Como dito, o amor é doação. Portanto, para
se amar de verdade é necessário se doar sem expectativas. Por exemplo: Uma mãe
ama incondicionalmente seu filho recém-nascido sem esperar que ele a ame de
volta. Ela o ama, e esse sentimento lhe basta para fazê-la feliz.
13. “Não lhe direi as razões que tens para
me amar, pois elas não existem. A razão do amor é o amor.”
Esta frase do Pequeno Príncipe reforça a
ideia de que o amor existe apenas pelo amor. Não se pode, então, convencer
alguém de que você é digno do seu amor! O amor existirá apenas por si próprio.
14. “Para enxergar claro, bastar mudar a
direção do olhar.”
Quantas vezes você já tentou mudar a
direção das coisas, mas focando apenas em um caminho? Refletimos, anteriormente, que a vida é cheia
de caminhos para trilhar. Sendo assim, às vezes é necessário apenas olhar para
uma nova direção, tomar um novo rumo. Insistir cegamente naquilo que não está funcionando
pode não ser a melhor solução. Fazer as mesmas coisas esperando resultados diferentes, não é muito inteligente.
15. “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão
importante.”
Essa citação pode ser ligada, num primeiro
momento, às relações interpessoais, mas pensemos nela de modo diferente! Se
entendermos a rosa como um problema, por exemplo, poderemos perceber que é a
atenção e o tempo que dedicamos às coisas que dão a elas poder para nos
atingir. Como também, contrariamente, elogiar, ou motivar alguém que está com alta estima baixa, a faz se sentir importante!
16. “Para os vaidosos, os outros homens são sempre admiradores.”
Essa frase nos lembra do conceito de
Narcisismo, pessoas que se sentem o centro do mundo, e acham que tudo gira em torno dele para satisfazê-lo(a). As frases do Pequeno Príncipe,
muitas vezes, nos alertam para o fato de que o amor e a amizade só se nutrem a
partir da empatia e da pureza de sentimentos, pois quando um não quer, dois não se bicam.
17. “É bem mais difícil julgar a si mesmo
do que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um
verdadeiro sábio.”
Entendemos que é muito mais simples e
conveniente tapar os olhos para o nosso próprio eu. E enxergar apenas aquilo
que o outro faz, quando nos disponibilizamos a prestar atenção e julgar nossas
próprias atitudes, então, será possível enxergar a verdade de maneira mais
ampla. Madre Teresa de Calcutá dizia que: " é muito fácil bater nem nosso próprio peito e listar nossos defeitos, o difícil é quando o outros nos aponta os nossos verdadeiros defeitos..."
18. “O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em
olhar juntos para a mesma direção.”
Para o pequeno príncipe, o amor é sinônimo
de companheirismo e união. Não sendo apenas o egoísmo de olhar para si mesmo ou
a negligência de olhar apenas para o outro e esquecer-se de si, pois ao contrário do Narcisismo, isso descamba em masoquismo e complexo de inferioridade.
19. “Só os caminhos invisíveis do amor
libertam os homens.”
A maior liberdade humana é o homem livremente, e por amor, submeter-se a Deus. Um jovem perguntou a Santa Teresinha na Clausura: "o que você tão jovem e tão bela faz presa ai dentro?...E teve como resposta uma outra pergunta: " E você, tão jovem e tão belo, faz o que preso ao fora?..." Muitas vezes por não experimentar do verdadeiro amor, nos tornamos escravos de nossa própria liberdade, basta fazer uma visita às cracolândias da vida para constatarmos isso.
20. “Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam
sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
O amor deixa marcas! As de Jesus são suas chagas gloriosas. O pequeno
príncipe ressalta que somos fruto das experiências que vivemos e das
relações que temos. Deixamos nossas marcas por onde passamos e levamos também, as marcas daqueles(as) que conviveram conosco.
As cinco melhores frases do Pequeno
Príncipe escolhidas são:
1)Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
2)-Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante.
3)-Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
4)-Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.
5)-É bem mais difícil julgar a si mesmo do que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.
E você?
Qual das frases do Pequeno Príncipe mais lhe marcou?
Deixe um comentário abaixo, contando sua experiência com a leitura deste livro clássico “O Pequeno Príncipe”, do autor francês Antoine de Saint-Exupéry. Você colocaria alguma outra mensagem do livro Pequeno Príncipe como sua favorita?
alguns LIVROS clássicos PARA se LER ANTES DE MORRER!
1. O Conde de Monte Cristo – Alexandre
Dumas
O marinheiro Edmond Dantés é preso injustamente, vítima de um complô. Anos depois, consegue escapar da prisão, enriquece e planeja uma vingança mirabolante. A galeria de personagens criada por Dumas faz um retrato da França do século XIX, um mundo em transformação, em que passou a ser possível a mudança de posições sociais. O livro é longo, mas vale cada segundo!
2. Cem Anos de Solidão – Gabriel García
Márquez
Em Cem anos de solidão, Gabriel Garcia
Márquez narra a incrível e triste história dos Buendía – a estirpe dos
solitários para a qual não será dada uma segunda oportunidade sobre a terra. O
livro também pode ser entendido como uma autêntica enciclopédia do imaginário. O autor explora diversos papéis sociais femininos e seus estigmas, problematiza relações e lança um olhar crítico à dinâmica familiar tão comum à sua época: pais distantes, diálogos escassos e uma casa cheia de desconhecidos. Extrapolando as questões individuais observadas, percebemos claramente a representação da problemática macro no universo micro dos Buendía se estendendo à pesadas críticas sociais, culturais e políticas.
3. A Insustentável Leveza do Ser – Milan
Kundera
Quatro personagens protagonizam essa história – Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la. Publicado pela primeira vez em 1984, “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera, é um romance rico e simplesmente delicioso de ser lido. O livro é ao mesmo tempo uma história de amor, um tratado metafísico, um comentário político, um estudo psicológico, uma lição sobre kitsch, uma composição musical em palavras, uma exploração estética e uma atenção sobre a existência humana. O romance abre com uma reflexão sobre a ideia do eterno retorno do filósofo Friedrich Nietzsche, em contraste com a noção de einmal ist keinmal; isto é: “Tomas repete para si mesmo o provérbio alemão: einmal ist keinmal, uma vez não conta, uma vez é nunca. Poder viver apenas uma vida é como não viver nunca.” (pg 14) Segundo Nietzsche, o eterno retorno é o mais pesado dos fardos. A ausência desse fardo, no entanto, torna a vida inconsequente. A oposição binária de peso e leveza continua ao longo do livro. “O eterno retorno é uma ideia misteriosa e, com ela, Nietzsche pôs muitos filósofos em dificuldade: pensar que um dia tudo vai se repetir como foi vivido e que tal repetição ainda vai se repetir indefinidamente! O que significa esse mito insensato?” (pg 9) O eterno retorno afirma que o tempo se move em um ciclo em vez de em uma linha reta linear. Nessa ideia, todos os eventos ao longo da existência aconteceram antes e acontecerão novamente em um loop infinito. Com o eterno retorno, cada erro ou sucesso na vida de uma pessoa é repetido inúmeras vezes, dando até mesmo aos menores elementos da vida uma enorme importância. Nietzsche considerava esse peso o “mais pesado dos fardos”. Esse peso para criar significados é uma das principais lutas que os personagens de “A Insustentável Leveza do Ser” enfrentam. Kundera contrasta a ideia de peso de Nietzsche com a ideia de leveza do antigo filósofo grego Parmênides. No século V a.c., Parmênides argumentou que o mundo poderia ser dividido em opostos: escuro/claro, grosso/fino, pesado/leve, quente/frio,o ser/o não-ser.
4. A Revolução dos Bichos – George Orwell
A Revolução dos Bichos é uma fábula sobre o
poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos.
Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva
que a dos humanos. Um dos melhores livros que já li na vida!
5. Fahrenheit 451 – Ray Bradbury
A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre (alguma semelhança com as bolhas da atualidade?...).
6. 1984 – George Orwell
Retrata o cotidiano de um regime político
totalitário de modelo comunista. No livro, Orwell mostra como uma sociedade
oligárquica é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. O romance
tornou-se famoso por seu retrato da difusa fiscalização e controle de um regime
coletivista-socialista na vida dos cidadãos, além da crescente invasão sobre os
direitos do indivíduo. Desde sua publicação, muitos de seus termos e conceitos,
como “Big Brother”, “duplipensar” e “Novilíngua” entraram no vernáculo popular.
7. O Morro dos Ventos Uivantes – Emily
Brontë
Essa é uma história de amor e obsessão. E de crueza, devastação e purgação. No centro dos acontecimentos estão a irascível voluntariosa Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo Heathcliff. Rude nos afetos e modos, humilhado e rejeitado, ele aprende a odiar, mas com Catherine desenvolve uma relação de paixão e simbiose, e também perversidade. Nada destruirá a essência desse laço, porém, quando ela se casa com outro homem, por convenções sociais, as consequências são irreparáveis para todos em volta. Amar ou odiar é quase um detalhe quando se trata de O morro dos ventos uivantes. Isso porque o clássico de Emily Brontë pode causar uma extensa gama de sentimentos – da raiva à comiseração, do choque à resignação. Mas dificilmente irá deixar seu leitor indiferente ou impassível. O morro dos ventos uivantes conta a história de Catherine Earnshaw e seu irmão adotivo, Heathcliff. Ela, uma garota autêntica e intempestiva. Ele, um menino rústico, cuja capacidade de odiar foi moldada pela crueldade humana. Juntos, porém, Cathy e Heathcliff desenvolvem uma relação única, que nos faz questionar: pode a mesma alma habitar dois corpos diferentes? Diferente do que muitos leitores imaginam, O morro dos ventos uivantes não narra uma história de amor. Ou, pelo menos, já se trata de um amor que foi transfigurado em obsessão, ressentimento, raiva e vingança. Talvez por isso o clássico divida tanto as opiniões. No entanto, quando enxergamos a obra por sua verdadeira proposta, passamos a compreender o verdadeiro objetivo de Emily Brontë: as críticas sociais, que, apesar de serem condizentes com a época, se aplicam também aos dias de hoje, ainda que com adaptações. No fim das contas, a personalidade desprezível e as atitudes condenáveis de Heathcliff foram, de certa forma, produtos das convenções sociais e do preconceito. Nada disso tem o poder de justificar o comportamento do personagem, mas é o contexto que provoca inúmeras reflexões. Então, sim, amar ou odiar é um detalhe quando se fala sobre O morro dos ventos uivantes. Mas é impossível negar o valor da obra de Emily Brontë.
8. Orgulho e Preconceito – Jane Austen
Neste clássico da literatura mundial, Jane
Austen constrói alguns dos mais perfeitos diálogos sobre a moral e os valores
sociais da pseudo-aristocracia inglesa. Na Inglaterra do final do século XVIII,
as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote.
Elizabeth Bennet, de vinte anos, no entanto, é um novo tipo de heroína, que não
precisará de estereótipos femininos para conquistar o nobre Fitzwilliam Darcy e
defender suas posições com a perfeita lucidez de uma filósofa liberal da
província. O romance criado por Jane Austen, não precisou ser retratado com beijos ou cenas extremamente descritivas (até porque seria um verdadeiro alarde na época), para apaixonar o leitor. A autora retrata tão bem, descreve e envolve tanto com sua escrita que é possível sentir cada angustia, cada palavra e atitude interpretada da forma errada, até chegarmos enfim a todo desfecho e redenção desta história. Jane Austen com apenas seis romances publicados deixou um legado sem tamanho para o mundo, abordando crítica feminina e criando personagens tão críveis. Uma obra mais do que completa, que destaque as imprevisibilidades da vida e do amor.
9. O Som e a Fúria – William Faulkner
O Som e a Fúria, de 1929, é considerada a obra mais importante do escritor norte-americano ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1949. William Faulkner investiu num estilo ousado, tecido por quatro vozes narrativas distintas e saltos inesperados no tempo. É dessa forma, permeada por tons bíblicos e ecos de tragédias gregas, que o escritor retrata a violenta decadência dos Compson, família aristocrática do sul dos Estados Unidos, que parece viver num desnorteante presente em estado bruto. Considerado um clássico da literatura norte-americana, sempre presente nas listas dos melhores romances já escritos, “O Som e a Fúria” (The Sound and the Fury, 1929) persiste como uma das obras mais influentes da literatura moderna. Seu autor, William Faulkner (ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1949), havia sido rejeitado por diversas editoras e, em um período de isolamento, concebeu a sua obra definitiva. Trata-se de um romance complexo, de difícil leitura, principalmente para alguém sem muita experiência literária. Utilizando-se da técnica do fluxo de consciência, o autor nos apresenta a decadência da família Compson, através de uma narrativa repleta de saltos temporais, cronologia não linear, neologismos. O grande objetivo de Faulkner é nos colocar na mente de cada um dos narradores, num intrincado conjunto de pensamentos, sentimentos e sensações. Cabe aqui uma breve pausa para descrever a técnica do fluxo de consciência. Nela, procura-se transcrever o complexo processo de pensamento de um personagem, com o raciocínio lógico entremeado com impressões pessoais momentâneas e exibindo os processos de associação de ideias. A característica não-linear deste processo leva frequentemente a rupturas na sintaxe e na pontuação. Diversos autores, além de William Faulkner, utilizaram-se da técnica em sua obra, sendo o exemplo mais famoso James Joyce em Ulysses. “O Som e a Fúria” divide-se em quatro partes: as três primeiras são narradas em primeira pessoa, sob a perspectiva de personagens diferentes e a última parte em terceira pessoa, por meio de um narrador observador. Todas as partes estão interligadas, embora isso não seja muito fácil de ser percebido por um leitor inexperiente já que, por conta da técnica narrativa utilizada, muitas vezes parecendo desconexa. Entretanto, a cada novo elemento que é acrescentado à história, vai sendo formado o sentido da trama, como se fossem peças de um quebra-cabeça que o leitor deve “montar” ao longo da leitura.
10. O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald
Uma crítica ao Sonho Americano. O Grande Gatsby é original e grandioso ao
narrar a história de amor de Jay Gatsby e Daisy. Ela, uma bela jovem de
Lousville e ele, um oficial da marinha no início de carreira. Apesar da grande
paixão, Daisy se casa com o insensível, mas extremamente rico, Tom Buchanan.
Com o fim da guerra, Gatsby se dedica cegamente a enriquecer para reconquistar
Daisy. Já milionário, ele compra uma mansão vizinha à de sua amada em Long
Island, promove grandes festas e aguarda, certo de que ela vai aparecer. A
história é contada por um espectador que não participa propriamente do que
acontece – Nick Carraway. Nick aluga uma casinha modesta ao lado da mansão do
Gatsby, observa e expõe os fatos sem compreender bem aquele mundo de
extravagância, riqueza e tragédia iminente.
11. O Pequeno Príncipe – Antoine de
Saint-Exupéry
Como compreender que uma história aparentemente tão ingênua seja comovente para tantas pessoas? O Pequeno Príncipe devolve a cada um o mistério da infância. De repente retornam os sonhos. Reaparece a lembrança de questionamentos, desvelam-se incoerências acomodadas, quase já imperceptíveis na pressa do dia a dia. Voltam ao coração escondidas recordações. O reencontro, o homem-menino.
12. O Senhor dos Anéis – J.R.R. Tolkien
A luta entre as tentações do reino das trevas e a beleza do reino da luz. A história começa como seqüência de um
livro anterior de Tolkien, O Hobbit, e logo se desenvolve numa história muito
maior. Tolkien deu vida a um universo e eu sei que ele está perdido entre os muitos multiversos que existem por aí. A Terra-média é rica em detalhes, construção e ambientação; é o tipo de mundo literário que salta das páginas e ganha vida conforme você o conhece mais. É fácil acreditar que o Condado está por aí. Que as colinas de Rohan ou as torres de Minas Tirith podem ser vistas ao longe. É assustador pensar que a ascensão de Sauron e a união das Duas Torres ameaça tudo isso. Desde o momento em que conheci essa história, que começa simples lá no Condado, apresentando os hobbits e seu jeito pacato e desatento ao mundo de viver - bem interiorano - para então colocar uma tarefa importante nas mãos de um deles. Ao herdar o Anel de seu tio Bilbo, Frodo é colocado em um caminho sem volta. É uma peça de grande poder que precisa encontrar sua ruína. E, para isso, precisa entender para onde levá-la. Ao lado dele, seus três amigos fieis: Merry, Pippin e Sam resolvem tomar a estrada para ajudá-lo. A Sociedade se forma por acaso ou por destino; com a demanda de levar o Anel ao seu fim, nas terras de Mordor onde as sombras descansam - porque ele só pode ser destruído onde foi criado - Frodo encontra aliados em diferentes povos. Dos Elfos, recebe a ajuda de Legolas. Dos Anãos, de Gimli. E dos Humanos, Aragorn e Boromir. Por fim, e não menos importante, o mago a quem tudo se deve, dos mistérios às mais completas explicações, Gandalf é o líder da companhia.A Sociedade do Anel começa no Condado, a região rural do oeste da Terra-média onde vivem os diminutos e pacatos hobbits. Bilbo Bolseiro, um dos raros aventureiros desse povo, cujas peripécias foram contadas em O Hobbit, resolve ir embora do Condado e deixa sua considerável herança nas mãos de seu jovem parente Frodo. O mais importante legado de Bilbo é o anel mágico que costumava usar para se tornar invisível. No entanto, o mago Gandalf, companheiro de aventuras do velho hobbit, revela a Frodo que o objeto é o Um Anel, a raiz do poder demoníaco de Sauron, o Senhor Sombrio, que deseja escravizar todos os povos da Terra-média. A única maneira de eliminar a ameaça de Sauron é destruir o Um Anel nas entranhas da própria montanha de fogo onde foi forjado. A revelação faz com que Frodo e seus companheiros hobbits Sam, Merry e Pippin deixem a segurança do Condado e iniciem uma perigosa jornada rumo ao leste. Ao lado de representantes dos outros Povos Livres que resistem ao Senhor Sombrio, eles formam a Sociedade do Anel. Alguém uma vez disse que o mundo dos leitores de língua inglesa se divide entre os que já leram O Senhor dos Anéis e os que um dia lerão o livro.
13. O Estrangeiro – Albert Camus
O narrador-personagem é o argelino Meursault, que mata um árabe por impulso. Meursault é o anti-herói que assassina um homem “por causa do sol” e sobe ao cadafalso afirmando que “fora feliz e que o era ainda”. Publicado em 1942, este livro ganha repercussão com a visionária inquietação do autor. Suas obras são muito marcadas pela incerteza e pelo absurdo da existência. Albert Camus foi um escritor, filósofo, romancista, dramaturgo, jornalista franco-argelino. O seu trabalho inclui peças de teatro, novelas, notícias, filmes, poemas e ensaios, onde ele desenvolveu a filosofia do absurdo da condição humana e na revolta como uma resposta a esse absurdo. Para Camus, essa revolta leva à ação e fornece sentido ao mundo e à existência. O estrangeiro é um dos livros da trilogia do absurdo, de Albert Camus. O livro conta a história de Mersault, um homem que vive completamente alheio à importância das coisas ao seu redor. O protagonista é indiferente a tudo, sendo que uma das palavras mais usadas por ele é: “tanto faz”. Albert Camus desenvolve uma história simples, escrita em frases curtas, evidenciando conceitos segundo o qual o homem é livre e seus atos são responsáveis por seu destino. Meursault, é descrito como “um cidadão da França, homem do Mediterrâneo, um homem que dificilmente compartilha da cultura mediterrânea tradicional”. Semanas após o funeral de sua mãe, ele mata um homem árabe na Argel francesa, que estava envolvido em um conflito com um dos vizinhos de Meursault. Mersault é julgado e condenado à morte. A história é dividida em duas partes, apresentando a visão narrativa em primeira pessoa de Mersault antes e depois do assassinato, respectivamente. Camus se serve deste personagem principal para mergulhar no absurdo existencial. A vida banal de Mersault até o momento em que ocorre um crime processa-se dentro do clima do absurdo da vida humana, que não pode ser logicamente explicado, mas simplesmente apreendido e vivido. Para Camus, a vida é absurda e filosoficamente, isso quer dizer que a situação existencial humana é caracterizada essencialmente pela ausência de sentido e, dessa forma, não existem consistências, certezas e/ou garantias. Não há finalidade última e não há causas primeiras no mundo absurdo. Para uma melhor compreensão do absurdo é necessário fazer uma análise do próprio cotidiano. As loucuras do dia-a-dia, o corre-corre e a busca do sentido para as coisas e acontecimentos já são indícios do absurdo. O homem cria uma rotina de vida, uma monotonia e acaba deixando levar-se pelo absurdo, perde o sentido da sua existência, passando a não dar mais importância aos fatos e acontecimentos em seu trabalho, com os amigos, na família, etc., tudo se torna comum, rotineiro. Outro ponto que ilustra o absurdo é o fato do homem já não conseguir mais dar conta dos acontecimentos e tudo lhe foge da percepção e ele mesmo constata que o mundo não tem sentido nem razão, e que a vida é absurda e fantasiosa. Buscar valorizar e criar sonhos para o futuro é uma forma de querer sair do absurdo, mas é necessário também criar coragem e buscar inovações e outros caminhos para as atividades do dia-a-dia.
14 – O Sol é Para Todos – Harper Lee
Um livro emblemático sobre racismo e
injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de
estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta
represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha
do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência, e
conceito de justiça. A escritora americana ganhou o Prêmio Pullitzer de Ficção em 1961 por causa dessa obra. O livro O sol é para todos ficou em primeiro lugar na pesquisa na América do Norte, mas também é um dos preferidos dos advogados brasileiros, é considerado um clássico para quem trabalha na área do Direito. Apesar de ser contado por uma criança o livro é crítico, e aborda as injustiças de um julgamento no tribunal do júri em que os jurados movidos pelo clamor público e pelo preconceito enraizado da região condenaram o acusado, um negro, pelo crime de estupro. A história é sobre um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca na década de 1930 nos Estados Unidos. Por essa breve sinopse é possível perceber que o tema central da obra é o racismo e a injustiça social. A narradora da história é a filha do advogado, que percebe o contraste social e o preconceito do Sul dos EUA. Por essa breve sinopse é possível perceber que o tema central da obra é o racismo e a injustiça social. A narradora da história é a filha do advogado, uma criança de menos de 10 anos que percebe o contraste social e o preconceito do Sul dos EUA. O negro fora acusado injustamente por estupro com uso de violência, crime este que poderia levá-lo à pena de morte. A sociedade da época, extremamente preconceituosa e racista, já o considerava culpado antes mesmo de acontecer o tribunal do júri. Como foi nos EUA o crime foi para júri. O acusado ficou preso até o julgamento e após os jurados o condenar retornou à cadeia, mesmo com a brilhante defesa de seu advogado, que acreditava fielmente em sua inocência. Assim, os jurados, movidos pelo clamor público e pelo preconceito enraizado da região, condenaram o acusado pelo crime de estupro. O advogado Atticus o visita na prisão e diz que continuará com sua defesa para o Tribunal Superior e pedir sua liberdade ou um novo júri, porém não tinha como garantir as coisas. O advogado então pede calma ao acusado e diz que está fazendo o possível para sua libertação ocorrer, porém, não podia dar certeza das coisas, o que fez o acusado ficar desiludido e cansado. Tom Robson, desacreditado da "justiça", tenta fugir, e no momento da fuga, no pular o muro é morto a tiros por guardas da penitenciária. A escritora ressalta no livro que os guardas não sabiam que Tom Robson era inocente, teriam atirado em qualquer outro fugitivo. Tom Robson era visto por todos da penitenciária como qualquer outro detento, ou seja, como culpado, como bandido, como estuprador, mesmo sendo inocente. Se formos pensar no princípio da presunção de inocência a história se complica ainda mais pois não havia ocorrido o trânsito em julgado. Alguns estudiosos do direito chegam a afirmar que na dúvida quanto aos indícios de autoria e materialidade não deveria sequer haver decisão de pronúncia. No caso do livro houve uma desídia do Estado que tinha o dever de resguardar a vida do preso e cumprir com sua função, não apenas punitiva, mas também de trazê-lo de volta a sociedade, ressocializá-lo. A autora do livro Harper Lee mostra a dificuldade dos filhos do advogado, duas crianças, de entenderem como pode um homem branco condenar um homem pela sua cor de pele tendo uma delas exclamado: será que elas não pensam que podiam ser elas no lugar dele?...
15. Antes do Baile Verde – Lygia Fagundes
Telles
Reunião de narrativas escritas entre 1949 e
1969, Antes do baile verde é considerado por muitos críticos o livro de contos
literariamente mais bem-sucedido de Lygia Fagundes Telles. Com sua prosa segura
e elegante, alternando com desenvoltura gêneros e vozes narrativas, a autora
expõe aqui no mais alto grau sua capacidade de seduzir e emocionar o leitor.
16. Dois Irmãos – Milton Hatoum
Dois Irmãos é a história de como se
constroem as relações de identidade e diferença numa família em crise. É a
história de dois irmãos gêmeos – Yaqub e Omar – e suas relações com a mãe, o
pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e seu filho.
Esse menino – o filho da empregada – narra, trinta anos depois, os dramas que
testemunhou calado. Buscando a identidade de seu pai entre os homens da casa,
ele tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como quem
ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros.
17. Reparação – Ian McEwan
Tudo começa no verão de 1935, na
Inglaterra. A adolescente Briony Tallis, comete um crime com efeitos devastadores na vida de toda a família e
passa o resto de sua existência tentando desfazer o mal que causou.
18. Não há Silêncio que Não Termine – Ingrid Betancourt
A autora de Não Há Silêncio Que Não Termine, passaria mais de seis anos em poder das Farc. Sua visível agonia, documentada
por cartas e “provas de vida” em vídeo, bem como sua libertação numa célebre e
cinematográfica operação do Exército colombiano, em 2008, chamaria novamente as
atenções do mundo para o conflito que atualmente ameaça a paz no continente
Sul-americano. Este livro é o relato contundente de sua experiência como
prisioneira da guerrilha narcotraficante, em meio à fome, à doença e às
humilhantes condições impostas pelos sequestradores.
19. Sapiens:
Uma Breve História da Humanidade – Yuval Noah Harari
O que possibilitou ao Homo sapiens subjugar
as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos
avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras? Nossa
capacidade imaginativa. Somos a única espécie que acredita em coisas que não
existem na natureza, como Estados, dinheiro e direitos humanos. Partindo dessa
ideia, Yuval Noah Harari, doutor em história pela Universidade de Oxford,
aborda em Sapiens a história da humanidade sob uma perspectiva inovadora.
Explica que o capitalismo é a mais bem-sucedida religião, que o imperialismo é
o sistema político mais lucrativo, que nós, humanos modernos, embora sejamos
muito mais poderosos que nossos ancestrais, provavelmente não somos mais
felizes. Um relato eletrizante sobre a aventura de nossa extraordinária espécie
de primatas insignificantes a senhores do mundo. Leia a resenha aqui.
20. Não me Abandone Jamais – Kazuo Ishiguro
A Academia
Sueca anunciou o escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro como o vencedor do
Prêmio Nobel de Literatura por “seus romances de grande força emocional, que
revelaram o abismo sob nossa sensação ilusória de conexão com o mundo”. Se
acertaram ou não no prêmio, é uma questão polêmica, mas não há dúvidas de que
definiram com acurácia sua obra. Não Me Abandone Jamais conta a história de
três amigos de infância, Kath (a narradora), Ruth e Tommy. Eles cresceram em
Hailsham, uma espécie de internato, que, à primeira vista, parece um colégio
comum, mas, na verdade, esconde vários mistérios. Aquelas crianças têm algo de
especial, que só é revelado a elas, e aos leitores, à medida que a história
avança.Kathy H. tem 31 anos e está prestes a
encerrar sua carreira de cuidadora. Enquanto isso, ela relembra o tempo que
passou em Hailsham, um internato inglês que dá grande ênfase às atividades
artísticas e conta, entre várias outras amenidades, com bosques, um lago
povoado de marrecos, uma horta e gramados impecavelmente aparados. No entanto,
esse internato idílico esconde uma terrível verdade.
21. O Conto da Aia – Margaret Atwood
Escrito em 1985, o romance distópico - O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses. A ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA.
22. A Fogueira das Vaidades – Tom Wolfe
Nesta primeira obra de ficção, Tom Wolfe
segue a trajetória trágica de Sherman McCoy, jovem executivo de 38 anos, para
mostrar o avesso do sucesso. O preço da difícil convivência entre a extrema
riqueza, a extrema pobreza e as convenções muito particulares que as regem e
fornecem munição para a alta e a baixa politicagem. Ao atropelar o jovem Henry
Lamb, McCoy se torna vítima da polícia, da justiça, da mídia e da família (a
sua e a dos outros). E A fogueira das vaidades narra sua via-crucis.
23. Crônica de uma Morte Anunciada –
Gabriel Garcia Márquez
Neste livro, no sonho que Santiago Nasar
acaba de ter, Plácida Linero – sua mãe, especialista em interpretar sonhos
alheios – não pressentiu nada macabro. No entanto, de madrugada, Santiago vai
ao encontro de uma morte certa. Passou uma noite de vinho e mulheres, rindo e
compartilhando da devassidão com aqueles que serão seus carrascos. Assistiu às
bodas de Angela Vicario, a noiva devolvida por não ter se mantido virgem até o
casamento, e que mencionou o nome de Santiago quando quiseram saber, dela, a
verdade.Crônica de Uma Morte Anunciada é um livro do escritor colombiano Gabriel García Márquez, publicado em 1981 – apenas um ano antes de ele ser reconhecido com o Prêmio Nobel de Literatura. A história se passa em uma pequena cidade fictícia na Colômbia, onde Santiago Nasar é brutalmente assassinado pelos irmãos Vicário que buscavam reparar a honra de sua irmã. A narrativa é construída em torno do tema da inevitabilidade do destino e da falta de controle humano sobre os acontecimentos. Crônica de uma Morte Anunciada, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, é uma obra literária que trata de temas como honra, tradição, justiça e culpa. A obra é construída de forma a explorar as várias facetas da sociedade em que a história se passa. Através de um narrador onisciente, que relata os acontecimentos e conversas dos personagens, o leitor é levado a compreender as relações sociais e familiares da cidade, bem como os valores e crenças que norteiam as ações dos personagens. Além disso, a obra também aborda a questão da culpa, já que muitos personagens se sentem responsáveis de alguma forma pela morte de Santiago Nasar, mesmo que não tenham sido diretamente envolvidos no crime. A culpa é vista como algo coletivo, que afeta toda a sociedade, e não apenas os autores materiais da morte.
24. O Livro Amarelo do Terminal – Vanessa
Barbara
A escritora Vanessa Barbara faz sua estréia
editorial com um livro-reportagem sobre a rodoviária do Tietê, em São Paulo. O
livro amarelo do Terminal empreende uma viagem singular ao que seria uma versão
condensada do mundo. Valendo-se de recursos narrativos variados, que vão da
reportagem clássica ao humor nonsense, o olhar da escritora pinça, em meio ao
tumulto, os tipos que passam por lá todos os dias – vendedores, crianças,
velhinhas, surfistas -, e registra uma história oral do local a partir dos
fragmentos de conversas colhidas ao acaso.
25. A Hora da Estrela – Clarice Lispector
A história da nordestina Macabéa é contada
passo a passo por seu autor, o escritor Rodrigo S.M. (um alter-ego de Clarice
Lispector), de um modo que os leitores acompanhem o seu processo de criação. À
medida que mostra esta alagoana, órfã de pai e mãe, criada por uma tia,
desprovida de qualquer encanto, incapaz de comunicar-se com os outros, ele
conhece um pouco mais sua própria identidade. A descrição do dia-a-dia de
Macabéa na cidade do Rio de Janeiro como datilógrafa, o namoro com Olímpico de
Jesus, seu relacionamento com o patrão e com a colega Glória e o encontro final
com a cartomante estão sempre acompanhados por convites constantes ao leitor
para ver com o autor de que matéria é feita a vida de um ser humano.
26. A Redoma de Vidro – Sylvia Plath
Dos subúrbios de Boston para uma
prestigiosa universidade para moças. Do campus para um estágio em Nova York. O
mundo parecia estar se abrindo para Esther Greenwood, entre o trabalho na
redação de uma revista feminina e uma intensa vida social. No entanto, um verão
aparentemente promissor é o gatilho da crise que levaria a jovem do glamour da
Madison Avenue a uma clinica psiquiátrica. A obra foi publicada na Inglaterra sob o pseudônimo Victoria Lucas, para preservar as pessoas que inspiraram seus personagens. Assim como a protagonista, a autora foi uma estudante com um histórico exemplar que sofreu uma grave depressão. Muitas questões de Esther retratam as preocupações de uma geração pré-revolução sexual, em que as mulheres ainda precisavam escolher se priorizavam a profissão ou a família, mas "A redoma de vidro" segue atual. Além da elegância da prosa de Plath, o livro extrai sua força da forma corajosa como trata a doença mental. Sutilmente, a autora apresenta ao leitor o ponto de vista de quem vivencia o colapso. A história de A redoma de vidro é narrada em primeira pessoa por Esther Greenwood, uma jovem simples que entra para uma universidade reconhecida e consegue um estágio em uma revista feminina durante um verão. Lá, em meio ao glamour de Nova Iorque, começa a se perguntar qual o sentido daquilo e da própria vida. Descobre que já não se interessa por aquilo que se interessava antes; perde o encanto pelo cara de quem gostava; e percebe que não realiza bem uma porção de coisas. Até aí lembra a vida de muitos de nós, que vivemos uma eterna insatisfação, uma busca permanente por novos sentidos para a nossa existência. É muito comum perseguirmos um objetivo por anos e, ao alcançarmos, não sabermos mais por que o buscávamos. Mas o sofrimento de Esther é mais profundo. Quando o estágio termina e ela volta para casa, começa a afundar em uma falta de esperança e de vontade de fazer qualquer atividade (até mesmo a higiene pessoal). Na época em que a história se passa, as cobranças voltadas às mulheres eram ainda maiores do que são hoje, e isso ajudou a piorar o quadro da garota. Afinal, esperava-se dela que encontrasse um bom marido, enquanto ela desejava independência e sucesso na carreira de escritora. Se hoje, mesmo com a compreensão que temos sobre a depressão, muitas pessoas diagnosticadas com esse mal ainda são olhadas com desconfiança, imagine-se naquele tempo. Por isso, a protagonista vai parar em uma clínica psiquiátrica, onde recebe tratamento de choque. Ao ler o romance e alguns trechos dos diários, sente-se que Sylvia Plath usou a obra ficcional para dar vazão às dores da alma, para pedir socorro. Sylvia Plath escreve de um jeito sincero, revelando-se completamente no texto. A redoma de vidro é mais que um romance; é um relato verdadeiro de alguém que viveu o mal contemporâneo deste nosso tempo, a falta de sentido, ou seja, a depressão.
27. O Iluminado – Stephen King
Em O iluminado, quando Jack Torrance
consegue o emprego de zelador no velho hotel, todos os problemas da família
parecem estar solucionados. Não mais o desemprego e as noites de bebedeiras.
Não mais o sofrimento da esposa, Wendy. Tranquilidade e ar puro para o pequeno
Danny livrar-se das convulsões que assustam a família. Só que o Overlook não é
um hotel comum. O tempo esqueceu-se de enterrar velhos ódios e de cicatrizar
antigas feridas, e espíritos malignos que ainda residem nos seus corredores. O hotel é
uma chaga aberta de ressentimento e desejo de vingança. É uma sentença de
morte. E somente os poderes de Danny podem fazer frente à disseminação do mal.
28.
Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa
Nesta obra de Guimarães Rosa, o sertão é
visto e vivido de uma maneira subjetiva e profunda, e não apenas como uma
paisagem a ser descrita, ou como uma série de costumes que parecem pitorescos.
Sua visão resulta de um processo de integração total entre o autor e a
temática, e dessa integração a linguagem é o reflexo principal. Para contar o
sertão, Guimarães Rosa utiliza-se do idioma do próprio sertão, falado por
Riobaldo em sua extensa e perturbadora narrativa.
29. Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago
Uma terrível “treva branca” vai deixando
cegos, um a um, os habitantes de uma cidade. Com essa fantasia aterradora,
Saramago nos obriga fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o
afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos
tempos e do que se perdeu. Um motorista parado no sinal se descobre subitamente
cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha
incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão
reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. A história retrata a vida das pessoas de uma cidade qualquer, que de repente começam a ficar cegas, sem causa ou motivo aparente. E ao contrário da cegueira a qual estamos habituados, onde a pessoa que está cega enxerga tudo preto, a cegueira retratada por Saramago em seu livro, é uma cegueira branca, como se a pessoa que cegou, ficasse imersa em um “mar de leite”. Como medida de segurança, os primeiros a cegarem, são enviados a um antigo sanatório, abandonado, isolados do resto do mundo, onde permaneceriam em quarentena e sob a vigilância do exército. Mas o fato dessa cegueira ser contagiosa, fez com que em pouco tempo, o número de pessoas vítimas da “cegueira branca” aumentasse drasticamente, tanto dentro do próprio hospício, como pela cidade inteira, tornando as ruas lugares tomados por pessoas cegas e desorientadas, a procura de comida e condições básicas de sobrevivência. O comportamento humano regride às margens da barbárie. Leis e normas deixam de fazer sentido, multidões de cegos invadem mercados e lojas à procura da comida que já quase não existe mais, pois tanto quem transporta como quem produz já está cego. O governo deixou de existir, grandes e pequenas empresas, bancos, ricos e pobres, todos reduzidos a selvageria. Mas por incrível que pareça, todo esse caos é assistido de perto por uma única testemunha ocular: uma mulher, capaz de enxergar com os próprios olhos tudo o que está acontecendo ao seu redor. Publicado em 1995, Ensaios sobre a cegueira rendeu em 1998 o prêmio Nobel de literatura à José Saramago, único autor português a ganhar esse Prêmio, além também de dar origem a um filme dirigido por um brasileiro. Toda essa fama reside no fato da história, apesar de fictícia, possuir um pé na realidade, pois faz uma alegoria à cegueira na qual todos nós estamos imersos no nosso dia a dia. Esclarece a nossa incapacidade de enxergar o mundo a nossa volta e de compreender a magnitude dos seus problemas. Isto fica claro com a fala de uma das personagens, quando esta diz: “Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, cegos que veem, cegos que vendo, não veem”. Por fim, esta obra não deve ser tratada como apenas um livro que conta a história de uma multidão de cegos na luta pela sobrevivência, mas sim, como uma obra que mexe com algumas das questões básicas da humanidade, de uma maneira crua e direta. É um livro que mostra a importância e a responsabilidade de se ter olhos, quando os outros já perderam!
30. Americanah – Chimamanda Ngozi Adichie
Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze
vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um
governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais,
paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados
Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela
primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher
e negra. Por basear-se nas memórias da protagonista, Americanah pode ser descrito como um romance épico, apesar de acontecer na época atual. A obra oferece uma nova perspectiva àqueles que acreditam que os países da África são compostos por tribos, ou pensam que todos os africanos são pobres e que a região é o berço do preconceito racial. Um ponto curioso da obra é que Ifemelu não é a única narradora da história. Obinze, seu antigo namorado, também conta alguns capítulos, mostrando a força e a frustração dos negros que saíram da Nigéria em direção à Inglaterra. Um dos pontos interessantes da obra é quando, ao retornar para casa, Ifemelu é atingida por um duplo choque: Lagos, a capital da Nigéria, não está como ela se lembrava (óbvio) e tão pouco se parece com as cidades norte-americanas. Esse é mais um momento de estranheza na vida da personagem, sem querer, ela se aculturou ao se adaptar a vida americana. Apesar de muitos terem dito que Americanah é um livro incômodo e/ou criado para incomodar aqueles que estão alheios ao racismo, não sentimos isso. No mais, recomendamos Americanah a todos que querem ser desafiados a ler pelas entrelinhas. Um livro gostoso, irônico e revelador, que toca o leitor com seu senso de humor, crítica social, e romance.
31. Anna Kariênina – Tolstói
“Todas as famílias felizes se parecem, cada
família infeliz é infeliz à sua maneira.” Esta é uma das aberturas mais famosas
de todos os tempos, e ainda hoje impressiona a sabedoria concisa com que
Tolstói introduz o leitor no universo de Anna Kariênina, clássico escrito entre
1873 e 1877. Muito do que o romance vai mostrar está contido nesta frase. A
personagem-título, ao abandonar sua sólida posição social por um novo amor, e
seguir esta opção até as últimas consequências, potencializa os dilemas
amorosos, vividos dentro ou fora do casamento, de toda a ampla galeria de
personagens que a circunda. O amor, aqui, não é puro idealismo romântico. Em fins da década de 1866, Leon Tolstoi escreveu "Anna Karenina", que também obteve grande repercussão. Aos poucos, suas inclinações se voltaram para a religião. Leon Tolstoi se tornou pouco a pouco um cristão evangélico, uma espécie de apóstolo, pregando para os seus. Ao renegar a religião ortodoxa, acabou excomungado pela Igreja. Quando escreveu “Anna Karenina”, Tolstoi entrou em crise prolongada. Para ele, o sentido da vida consistia em viver em função de uma "bondade interior", concluiu. Somente através do compromisso emocional e religioso se poderia descobrir esta verdade natural. Ao interpretar os Evangelhos, Tolstoi descobriu que toda a mensagem de Cristo estava contida na idéia de que “vós não resistais ao mal”. Essa doutrina da "não-resistência" se tornou a base de Tolstoi: um sistema de idéias em que se prioriza viver de acordo com a natureza, renunciando aos refinamentos artificiais da sociedade. Suas posições políticas também se radicalizaram, tendendo ao anarquismo. Tolstoi criou uma escola alternativa para a qual chegou a redigir os livros didáticos. Suas convicções cada vez mais exaltadas atraíam a atenção de místicos do mundo inteiro. Ao mesmo tempo, ampliava-se sua fama de grande romancista. Distanciando-se cada vez mais de sua família, Tolstoi decidiu entrar para um mosteiro. Planejou a fuga e, no dia 31 de outubro de 1910, finalmente embarcou num trem, acompanhado apenas da filha Alexandra e de um criado. Com a saúde abalada, foi obrigado a descer na cidadezinha de Astapovo, sendo acolhido pelo próprio agente da estação. O fato tornou-se público e telegramas e visitas começaram a chegar de toda a Rússia e de outras partes da Europa. Leon Tolstoi resistiu apenas alguns dias, falecendo pouco depois.Anna Karenina" é um romance psicológico no qual o uso do "monólogo interior" de todos os personagens é constante. Cada personagem principal, através do auto-discurso, expõe sua vida interior recapitulando suas motivações, suas experiências anteriores, seus planos para o futuro. O monólogo interior dá definição verbal para os processos semi-articuladas de consciência dos personagens nesse romance. Outro ponto que merece ser observado neste romance formidável é a descrição que Tolstoi nos oferece dos padrões de casamento sem esperança, na sociedade urbana. Apesar de exibir a união feliz de Kitty e Levin, Tolstoy, em última análise, afirma que os casamentos baseados apenas no clamor do sexo enfraquecem a busca do indivíduo para a "bondade imanente". Enquanto Tolstói escreveu Anna Karenina, no entanto, ele ainda exultava com o sucesso de seu próprio casamento. O casamento é um compromisso, porque a família representa parte integrante de sua busca da realidade essencial. Seus interesses externos e seu amor são veículos que ajudam a descobrir a verdade da bondade interior. Se em "Guerra e Paz", Tolstoi dá atenção especial para as forças da consciência de massa e mudança cultural em um contexto histórico, ‘Anna Karenina’, em um nível muito mais íntimo, ilustra as forças que permitem aos indivíduos enfrentar os desafios. Eles devem superar a crise e a estagnação com o compromisso ou então sucumbir. Concupiscência carnal, vestuário ornamental, alimentar fantasias são outros sintomas da influência corruptora da civilização. De acordo com suas crenças, Tolstoi renunciou a todos os direitos autorais de suas obras desde 1881, repartiu sua propriedade entre os seus familiares e vestido de camponês, comia apenas vegetais. Desistiu de bebidas alcoólicas e tabaco, envolvidos em trabalho manual e mesmo em aprender a fazer as suas próprias botas. Renunciando a arte criativa de seus refinamentos corruptos, Tolstoi escreveu trechos polêmicos e contos que incorporavam a sua nova fé. Enquanto Anna é a figura central e simbólica da história, Konstantin Levin é o seu herói. Anna e aqueles ao seu redor derivam sua experiência de vida dos padrões altamente desenvolvidos da civilização urbana, enquanto Levin é um produto das circunstâncias menos rígidas e individualistas que fazem parte das origens primais da Rússias. Seus valores derivam de sua ligação profunda à propriedade ancestral, enquanto Anna depende de seu papel social como uma dama da alta sociedade. Apesar de suas origens opostas, ambos os protagonistas buscam um significado mais profundo para a vida além das restrições definidas pela sociedade contemporânea. Anna e Levin procuram o amor como sua essência de vida. Mas como veremos, por caminhos diferentes. Enfim, em “Anna Karenina”, encontramos um Tolstoi extremamente crítico aos padrões sociais da época e que nos coloca diante de personagens que estão dispostos a viver, amar e buscar o amor e suas verdades pessoais. Um clássico é uma história que atravessa o tempo. E mesmo com sua linguagem datada, os dramas e as escolhas pessoais de seus personagens nos fazem refletir acerca do que existe de mais complexo e mais envolvente – as relações humanas dentro do mundo que criamos ou somos obrigados a viver. Anna Karenina é um clássico universal, uma obra que deve ser lida. E merece um lugar na sua estante e entrar para a lista de seus melhores livros.
32. O Lobo da Estepe – Herman Hesse
Temos a história de Harry Haller, um
outsider, um misantropo de cinquenta anos, alcoólatra e intelectualizado,
angustiado e que não vê saída para sua tormentosa condição, autodenominando-se
“lobo da estepe”. Mas alguns incidentes inesperados e fantásticos o conduzem
lenta porém decisivamente ao despertar de seu longo sono: conhece Hermínia,
Maria e o músico Pablo. E então a história se desenvolve, guiando-nos num
êxtase febril ao seu surpreendente desenlace final.
33. Mrs. Dalloway – Virginia Woolf
Considerado uma obra-prima, Mrs. Dalloway
conta uma história das mais simples, que poderia ser resumida de forma banal na
expressão “um dia na vida de uma mulher”. Através da percepção do que se passa
em torno e dentro de Clarissa Dalloway, Virginia Woolf escreveu, na verdade, a
história da crise de um indivíduo, de uma classe, de uma sociedade e a do
próprio romance.
34. It – A Coisa – Stephen King
Durante as férias escolares de 1958, em
Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e
Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e… do medo.
O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira
vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue
em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova
onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em
Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e
eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só
eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de
Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa.
35. Carmen: Uma Biografia – Ruy Castro
Carmen é a maior biografia de um artista já
publicada no Brasil. Ano a ano, o autor acompanha a vida da brasileira mais
famosa do século XX – do nascimento da menina Maria do Carmo, numa aldeia em
Portugal (e a vinda ao Rio de Janeiro, em 1909, com dez meses de idade), à consagração
brasileira e internacional de Carmen Miranda e sua morte em Beverly Hills, aos
46 anos, vítima da carreira meteórica e dos muitos soníferos e estimulantes que
massacraram seu organismo em pouco tempo. Mas Carmen não é apenas uma
biografia. Enquanto entrelaça a intimidade e a vida pública da maior estrela do
Brasil, Ruy Castro nos leva a um passeio pelo Rio dos anos 20 e 30, e por Nova
York e Hollywood dos anos 40 e 50 – cenários em que é especialista. E ainda
resgata a história da música popular brasileira, da praia, do Carnaval, da
juventude do passado, da Rádio Mayrink Veiga, do Cassino da Urca, da Broadway,
dos gângsters que dominavam os nightclubs americanos e dos bastidores dos
estúdios de cinema – numa época em que para estrelas como Carmen, as noites não
tinham fim.
36. Hiroshima – John Hersey
A mais importante reportagem do século XX –
um retrato de seis sobreviventes da bomba atômica escrito um ano depois da
explosão. Quarenta anos mais tarde, o repórter reencontra seus entrevistados. A
bomba atômica matou 100 mil pessoas na cidade japonesa de Hiroshima, em agosto
de 1945. Naquele dia, depois de um clarão silencioso, uma torre de poeira e
fragmentos de fissão se ergueu no céu de Hiroshima, deixando cair gotas imensas
– do tamanho de bolas de gude – da pavorosa mistura. Um ano depois, a
reportagem de John Hersey reconstituía o dia da explosão a partir do depoimento
de seis sobreviventes.
37. O Perfume – Patrick Süskind
França, século XVIII. O recém-nascido
Jean-Baptiste Grenouille é abandonado pela mãe junto a restos de peixes em um
mercado parisiense. Rejeitado também pela natureza, que lhe negou o direito de
exalar o cheiro característico dos seres humanos, pelas amas-de-leite e por
instituições religiosas, o menino Grenouille cresce sobrevivendo ao repúdio, a
acidentes e doenças. Ainda jovem descobre ser dotado de imensa sensibilidade
olfativa e parte em busca da essência perfeita, do perfume que lhe falta para
seduzir e dominar qualquer pessoa. Nessa busca obsessiva, ele usurpa a essência
dos corpos de suas vítimas.
38. Misto Quente – Bukowski
O que pode ser pior do que crescer nos
Estados Unidos da recessão pós-1929? Ser pobre, de origem alemã, ter muitas
espinhas, um pai autoritário beirando a psicopatia, uma mãe passiva e
ignorante, nenhuma namorada e, pela frente, apenas a perspectiva de servir de
mão-de-obra barata em um mundo cada vez menos propício às pessoas sensíveis e
problemáticas. Esta é a história de Henry Chinaski, o protagonista deste
romance que é sem dúvida uma das obras mais comoventes e mais lidas de Charles
Bukowski (1920-1994).Provavelmente, quem nunca leu Misto-Quente está pensando que ele seja um relato amargo. Longe disso, me peguei rindo várias vezes durante a leitura. Chinaski não se fazia de coitadinho, ele sacaneava todo mundo a sua volta, com seu famoso sorrisinho de escárnio. Alguns trechos são mais hilariantes que livros que se dão ao trabalho de fazer seus leitores rirem. Mas há os momentos tocantes e melancólicos também, mas certamente Bukowski é bem conhecido pelo seu humor. São trocadilhos, comentários sarcásticos e trechos em que ele ironiza a sua situação difícil. Ele não perdoa nada nem ninguém. A adolescência em Misto-Quente não é falsa e artificial como em Malhação. Os jovens se comportam como são na realidade. Sacaneiam uns aos outros, contam piadas sujas, bebem e fumam, falam palavrões, enrolam professores e discutem com a maior importância sobre a aluna mais gostosa da sala. São coisas que a maioria dos adolescentes homens fazem ou fizeram. Bukowski, que morreu aos 74 anos, como uma celebridade, convivendo com artistas e sendo a leitura favorita de pessoas que nunca haviam encontrado prazer nas páginas de um livro. Até herdeiros do seu estilo surgiram, no cinema e na literatura, sem, porém, superá-lo.
38. Por quem os sinos dobram – Hemingway
Esta comovente história, cujo pano de fundo
é a Guerra Civil Espanhola, narra três dias na vida de um americano que se
ligara à causa da legalidade na Espanha. O autor conseguiu que seus leitores
sentissem que o ocorrido no país ibérico, em 1937, era apenas um aspecto da
crise do mundo moderno. A trama gira em torno de Robert Jordan, americano
integrante das Brigadas Internacionais, que luta ao lado do governo democrático
e republicano, recebendo a missão de dinamitar uma ponte. Com ele está um grupo
de guerrilheiros/ciganos, integrado por Pilar, mulher com extraordinária força
de vontade, o perigoso Pablo e a bela Maria. A relação entre Robert e Maria
acabou por se tornar uma das mais inesquecíveis histórias de amor da literatura
moderna.
39. Memória do fogo – Eduardo Galeano
Um grande trabalho poético, histórico,
épico, fantástico, no qual Eduardo Galeano traça um painel vivo e emocionante
da história latino-americana nos últimos quinhentos anos.A imprensa mundial
fala da trilogia Memória do fogo: “Esplêndido. Um livro que se lê com paixão e
curiosidade, pois ao mesmo tempo que arrebata o leitor com seu fôlego épico,
aprisiona-o pela beleza de cada fragmento.”- O escritor uruguaio Eduardo Galeano nasceu em 1940, em Montevidéu em uma família de classe média. Começou no jornalismo na década de 60, como chefe de redação e diretor dos jornais Marcha e Época, ambos na capital uruguaia. Em 1971, Galeano publica sua obra mais conhecida, As Veias Abertas da América Latina, que se torna referência para compreensão das mazelas do Continente. Clássico entre os intelectuais da esquerda latino-americana, o livro analisa a América Latina desde sua origem. Na obra, Eduardo Galeano explica como a riqueza e a fartura de toda uma região tornaram-se sua ruína. “Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia. Nossa riqueza gerou sempre nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos...o bem-estar de nossas classes dominantes – dominantes para dentro, dominados para fora – é a maldição de nossas multidões, condenadas a uma vida de bestas de carga”, diz o escritor. Após o golpe no Uruguai, em 1973, Galeano foi preso. Ao sair da cadeia, exilou-se na Argentina, onde dirigiu a revista Crisis, de viés político e cultural. Em 1976, mudou-se para a Espanha, com medo da repressão do regime militar do general argentino Jorge Videla. Na Europa, começou a escrever a trilogia Memória do Fogo, com os livros Os Nascimentos, as Caras e as Máscaras e O Século do Vento. Com o fim da ditadura uruguaia, em 1985, ele retornou a Montevidéu. Poucos são aqueles que, décadas depois de entregar ao mundo uma grande criação, lembram dela e simplesmente dizem que “foi uma etapa que está superada”. Eduardo Galeano é um desses. E nem isso faz com que sua obra-prima, As veias abertas da América Latina, seja menos reverenciada. O escritor lançou mais de 40 obras. A trilogia Memória do Fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai em 1982, 1984 e 1986, anos de lançamento de cada um dos três livros. Nos Estados Unidos, o escritor e jornalista foi homenageado com o American Book Award, em 1989, e com o Prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation, em 1999. Em 2001, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade de Havana, em Cuba. Galeano esteve no Brasil em 2014, quando abriu a 2ª Bienal do Livro de Brasília. Na ocasião, ele surpreendeu todos ao informar que não leria novamente “As Veias Abertas...Para mim, a prosa da esquerda tradicional é pesadíssima. Meu físico [atual] não aguentaria. Eu cairia desmaiado”, brincou.
40. A cidade e os cachorros – Mario Vargas
Llosa
História de fundo autobiográfico, sua
história se desenvolve no Colégio Militar Leoncio Prado, em Lima, onde um
violento código de conduta permeava o cotidiano dos cadetes – experiência
vivida pelo próprio autor, enviado para lá ainda menino pelo pai autoritário.
Vindos de todos os pontos do Peru, a maioria de origem humilde, com seus
próprios problemas familiares e inseguranças, os jovens internos retratados
neste romance são obrigados a sobreviver em meio a um ambiente brutal e hostil,
onde a justiça quase nunca prevalece e os superiores, apesar de rígidos com a
disciplina, mal sabem o que ocorre nos alojamentos.
41. Os Miseráveis – Victor Hugo
Um clássico da literatura mundial, esta
obra é uma poderosa denúncia a todos os tipos de injustiça humana. Narra a
emocionante história de Jean Valjean ― o homem que, por ter roubado um pão, é
condenado a dezenove anos de prisão. Os miseráveis é um livro inquietantemente
religioso e político, com uma das narrativas mais envolventes já criadas.
42. Eu sei por que o pássaro canta na gaiola – Maya Angelou
RACISMO. ABUSO. LIBERTAÇÃO. A vida de
Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra,
criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi
aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer:
conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente
chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram
colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou
estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e necessária, dando
voz aos jovens que um dia foram, assim como ela, fadados a uma vida dura e
cheia de preconceitos. Com uma escrita poética e poderosa, a obra toca,
emociona e transforma profundamente o espírito e o pensamento de quem a lê.
43. Matadouro-Cinco – Kurt Vonnegut
Assim como Billy Pilgrim, o protagonista de Matadouro-Cinco, Vonnegut testemunhou como prisioneiro de guerra, em 1945, a morte de milhares de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que destruiu a cidade alemã. Billy tinha sido capturado e destacado para fazer suplementos vitamínicos em um depósito de carnes subterrâneo, onde os prisioneiros se refugiaram do ataque dos Aliados. Salvo pelo trabalho, depois de ter visto toda sorte de mortes e crueldades arbitrárias e absurdas, Billy volta à vida de consumo norte-americana e relata sua pacata biografia, intercalando sua trajetória aparentemente comum com episódios fantásticos de viagens no tempo e no espaço. Ao capturar o espírito de seu tempo e a imaginação de uma geração — afinal, o livro foi publicado originalmente em 1969, em plena guerra do Vietnã e de intensos protestos e movimentos culturais —, o livro logo virou um fenômeno e sua história e estrutura inovadoras se tornaram metáforas para uma nova era que se aproximava. Ao combinar uma escrita cotidiana, ficção científica, piadas e filosofia, o autor também falou das banalidades da cultura do consumismo, da maldade humana e da nossa capacidade de nos acostumarmos com tudo. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência. Matadouro-Cinco é um dos grandes clássicos da ficção científica! Um livro com um tema que nunca sai de moda - a guerra e sua futilidade - é uma obra carregada com sátira e análise crítica de um dos mais mortais bombardeios da Segunda Guerra Mundial: o da cidade de Dresden, na Alemanha. Como um sobrevivente em primeira mão do evento, Kurt se valeu da experiência no conflito para compor uma obra que conversa, diverte e informa os leitores.
44. A Metamorfose – Franz Kafka
A Metamorfose é a mais célebre novela de Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da literatura. O texto coloca o leitor diante de um caixeiro-viajante – o famoso Gregor Samsa – transformado em inseto monstruoso. A partir daí, a história é narrada com um realismo inesperado que associa o inverossímil e o senso de humor ao que é trágico, grotesco e cruel na condição humana – tudo no estilo transparente e perfeito desse mestre inconfundível da ficção universal.
45 – A Montanha Mágica – Thomas Mann
Neste clássico da literatura alemã, Mann
renova a tradição do Bildungsroman – o romance de formação – a partir da
trajetória do jovem engenheiro Hans Castorp. Durante uma inesperada estadia em
um sanatório para tuberculosos, Hans relaciona-se com uma miríade de
personagens enfermos que encarnam os conflitos espirituais e ideológicos que
antecedem a Primeira Guerra Mundial. Um dos grandes testamentos literários do
século xx e uma das obras inesgotáveis da ficção ocidental.
46 – Dom Quixote – Miguel de Cervantes
Dom Quixote de La Mancha não tem outros inimigos além dos que povoam sua mente enlouquecida. A obra narra as aventuras e desventuras de Dom Quixote, um homem de meia idade que resolveu se tornar cavaleiro andante depois de ler muitos romances de cavalaria. Providenciando cavalo e armadura, resolve lutar para provar seu amor por Dulcineia de Toboso, uma mulher imaginária. Consegue também um escudeiro, Sancho Pança, que resolve acompanhá-lo, acreditando que será recompensado. Quixote mistura fantasia e realidade, se comportando como se estivesse em um romance de cavalaria. Transforma obstáculos banais (como moinhos de vento ou ovelhas) em gigantes e exércitos de inimigos. É derrotado e espancado inúmeras vezes, sendo batizado de "Cavaleiro da Fraca Figura", mas sempre se recupera e insiste nos seus objetivos. Só volta para casa quando é vencido em batalha por outro cavaleiro e forçado a abandonar a cavalaria. Longe da estrada, fica doente e acaba morrendo. Nos seus momentos finais, recupera a consciência e pede perdão aos seus amigos e familiares.
47 – Crime e Castigo – Dostoiévski
Publicado em 1866, Crime e castigo é a obra
mais célebre de Fiódor Dostoiévski. Neste livro, Raskólnikov, um jovem
estudante, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petersburgo até
cometer um crime que tentará justificar por uma teoria: grandes homens, como Moisés, César e Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História. Este ato
desencadeia uma narrativa labiríntica que arrasta o leitor por becos, tabernas
e pequenos cômodos, povoados de personagens que lutam para preservar sua
dignidade contra as várias formas da tirania.
48 - Otelo - William Shakespeare
Ciúme, intrigas e o peso das aparências - Otelo, o Mouro de Veneza é uma das mais comoventes tragédias shakespearianas. Por tratar de temas universais – como ciúme, traição, amor, inveja e racismo –, ela pode ser ponto de partida para diversas reflexões e interpretações. A peça estreou em 1604 e levou para os palcos um casamento inter-racial – assunto polêmico para a época! Na trama, Otelo é um general mouro a serviço do reino de Veneza, casado com Desdêmona, moça de pele clara e filha de um rico senador. Eles se uniram às escondidas e o genro só é aceito pelo sogro porque o casamento já está consumado. E aqui temos a primeira provocação de Shakespeare.
49. AS CRÔNICAS DE NÁRNIA – C. S. LEWIS
As Crônicas de Nárnia foram originalmente escritas para crianças – por isso a linguagem simples e personagens cativantes, entre crianças e seres fantásticos. Mas, acho que se pretende mais que tudo ser lida por adultos, em função da quantidade de referências que são feitas. Lewis era grande amigo de Tolkien – que também escreveu para crianças. E foi por influência de Tolkien que Lewis abraçou o cristianismo – daí a quantidade de analogias encontradas. Um fator interessante que encontramos no livro é a reafirmação de que tudo tem seu tempo. As crianças vêm e vão, e em algum momento terão de aceitar que seu tempo findou. Mas, mais que isso, entender que em algum momento poderão “experimentar” Aslam, acima de tudo – olha aí uma referência à espera do paraíso. Essa é uma ideia reconfortante, e é o que dá força para os garotos seguirem a vida. Outras mensagens que vamos descobrindo ao longo das estórias é de ter esperança, de se superar, de perseguir seus objetivos, do perdão – Ficamos condoídos por Edmundo, que carregou uma culpa muito grande, mas não foi o único que errou. Mas, que o perdão, dos outros e de nós mesmos, é o tônus do personagem, não podemos negar. É uma fantasia, mas é uma alegoria implícita à bíblia. É uma estória com um final feliz, mas muito diferente de qualquer final feliz que tenhamos lido até então. É uma leitura marcante e inesquecível em nossas vidas!
50. Ortodoxia - G. K. Chesterton
Qual é o resumo de Ortodoxia? Inicialmente,
Chesterton descreve sua busca pela verdade. Ele passou por diversos pensamentos
e, quando viu a visão de mundo que criara, notou que ela era igual à do
cristianismo. Para resumir Ortodoxia, basta dizer que o autor mostra que procurou diversas filosofias e pensamentos,
mas que acabou retornando ao bom e velho Cristianismo. Através de uma série de
argumentos, ele mostra que muitos conceitos contemporâneos estão equivocados e
que a religião cristã é quem está com a razão. Por exemplo:
negamos a existência do pecado original, pois não achamos correta a visão de
alguém nascer pecador. Mas, ao negar a existência do pecado, o que se está
fazendo é aceitar a existência da sanidade. O autor mostra como
todas as filosofias modernas, como materialismo, existencialismo e outras,
demonstrar estar repletas de erros sobre o que é o ser humano, como certas
concepções de amor e caridade erradas, como mostra o livro Os Quatro Amores (C.
S. Lewis). Ele mostra como diversos desses filósofos acabam isolando pontos
muito restritos de informação e interpretando-os de forma equivocada. Por outro
lado, o cristianismo permite uma visão completa da verdade. Assim, as
ideologias modernas, provenientes de materialismo, existencialismo, marxismo e
outras escolas, acabam por explicar a realidade de forma muito simplista, sendo
completamente falsas.
51. A Divina Comédia - Dante Alighieri
Dante, alter ego do poeta, se encontra perdido em uma selva escura. Ao amanhecer, ele chega a uma montanha iluminada, onde é assediado por três animais simbólicos: um leopardo, um leão e uma loba. A alma de Virgílio, o poeta latino, vem em seu auxílio e lhe informa que sua amada Beatriz lhe encomendou levá-lo até as portas do paraíso. Para isso, eles deverão primeiro passar pelo inferno e pelo purgatório. Na primeira parte da jornada, Virgílio acompanha o peregrino através de nove círculos infernais, nos quais Dante vislumbra os castigos que os pecadores ímpios sofrem. Na segunda parte, o poeta peregrino conhece o Purgatório, um lugar onde as almas pecadoras, mas arrependidas, purificam seus pecados para ascenderem ao céu. Na terceira parte, Dante é recebido por Beatriz nas portas do paraíso, já que Virgílio tem a entrada proibida por ser pagão. Dante conhece o firmamento e testemunha a vitória dos santos e a glória do Altíssimo. Iluminado e convertido pela revelação, o poeta peregrino retorna à Terra e decide dar testemunho de sua jornada em um poema para advertir e aconselhar a humanidade. Os personagens principais da Divina Comédia são essencialmente: Dante, o poeta peregrino, que representa a condição humana. Virgílio, poeta da antiguidade clássica que representa o pensamento racional e a virtude. Beatriz, o amor adolescente de Dante, que representa a fé. Além desses, Dante menciona ao longo do poema vários personagens da história antiga, bíblica e mitológica, além de figuras reconhecidas da vida florentina do século XIV.
52. A REBELIÃO DAS MASSAS - José Ortega y Gasset
A Rebelião das Massas foi escrito pela
primeira vez em 1929, pelo filósofo espanhol José Ortega y Gasset. O livro é
uma crítica aos movimentos de massa na Europa, o bolchevismo e fascismo, e o
iminente perigo dessas aglomerações para a Democracia liberal e os valores da
civilização moderna. Ele detectou uma decadência da vida pública,
principalmente desde o século XIX, que envolveu a esfera política, intelectual,
moral, econômica e religiosa. Essa degradação colocou a massa em pleno poderio
social, ganhando muita força. Pôde constatar a emergência de regimes
totalitários, anos depois, e a implantação de ditaduras, como a espanhola,
solapando as instituições liberais e democráticas. O foco desta resenha são os
capítulos I, VI, VII e VIII da primeira parte do livro. Em outra oportunidade
irei adentrar em outros capítulos. A ascensão das massas ou multidões não foi
exclusivo daquele período histórico de Gasset. De tempos em tempos, em momentos
de crise, as massas tornam-se desgovernadas e são capazes de destruir qualquer
coisa. Rebelam-se. A novidade do século XX é a incessante aglomeração das
maiorias, em todos os lugares, de forma permanente, engolindo as minorias (não
no sentido identitário contemporâneo). O autor se incomodava com o as
aglomerações na esfera política, nas lotações de teatros, museus, hotéis,
cafeterias, transportes. Essa multidão seria inculta e ignorante. Não tinha
sido preparada para esses lugares. Por que essas aglomerações não eram frequentes
e passaram a ser? Porque ocorreu uma mudança gradual, nos pilares principais da
sociedade pós - medieval, incapaz de moderar o espírito comum. Este se vê agora
com ímpetos ilimitados. Multidão é um conceito quantitativo. Assemelha-se à
massa social. Em qualquer sociedade existe minorias e maiorias. As primeiras
são pessoas e grupos organizadas, seletas e pouco uniformes. Os últimos são
desorganizados e desqualificados; são maiorias e horrorizam-se com
singularidades. A massa é o homem médio, medíocre. Não tem a ver com classe
social, mas com classes de homens. A multidão ou massa social é a reunião das
massas. Ganham poder e passam a ter uma qualidade: de ser genérico. Fator
psicológico da massa: “ele não se dá valor – bom ou mau - por motivos especiais,
que se sente como todo mundo, e, no entanto, não se angustia e gosta de se
sentir idêntico aos demais” (p.81). Portanto, a massa adota a homogeneidade. O
homem massa ascendeu aos postos que eram reservados às minorias. Suplanta-as. E
esse é um grande perigo eminente à civilização. Na política, houve o império
político das massas. As minorias, os representantes políticos, deixaram de ser
os protagonistas e passaram a ser malvistos. As massas acreditam que elas podem
ditar os rumos da sociedade, através de suas aspirações e gostos universais. “O
característico do momento é que a alma vulgar, sabendo-se vulgar, tem a audácia
de afirmar o direito à vulgaridade e o impõe em toda parte [...] a massa sufoca
tudo que é diferente, magnânimo, individual,
qualificado e seleto. Quem não for como todo mundo, quem não pensar como
todo mundo, corre o risco de ser eliminado. E é claro que esse ‘todo mundo’ não
é ‘todo mundo’ (p.84-85). O súbito desenvolvimento material do século XIX, fez
o homem massa adquirir e resolver problemas econômicos com mais facilidade do
que outrora. O homem médio, ao ver melhoras no padrão de vida, sem tanto
esforço, começa a enxergá-la sem impedimentos. Sem limites. As barreiras
sociais, os estamentos e as classes, que antes limitavam as pessoas, perderam
força, e isso possibilitou rompimentos fáceis. O desenvolvimento da técnica
(ciência e indústria) e sua efetiva força no século XIX, autorizou que o ser
medíocre desfrutasse, sem nenhum controle, dos ganhos materiais criados nos
séculos anteriores. Com isso, o mundo para ele deixa de ter algum sentido de
contenção. Acredita que tudo irá ser melhor, que tudo o mais irá favorecê-lo.
Coloca-se sempre na posição de privilegiado por Deus ou pela natureza. Não lhe
passa pela cabeça as coisas que foram construídas, com muito esforço e
dedicação, por homens e mulheres geniais que permitiram uma vida material e
social mais confortável.
53. A Festa do Bode - Mario Vargas Llosa
A festa do Bode é um dos romances mais
importantes de Mario Vargas Llosa, laureado com o Nobel de Literatura em 2010 .
Com uma pesquisa histórica rigorosa e uma preocupação flaubertiana pelos
detalhes, ele recria uma República Dominicana de meados do século XX para
recontar a história do general Rafael Leonidas Trujillo Molina - o
"Bode" - e a implacável ditadura que implantou no país durante seus
31 anos de governo. Ao entrelaçar três histórias - a volta de Urania a Santo
Domingo, após 35 anos, para visitar o pai doente; o círculo mais próximo a
Trujillo, com suas intrigas e execuções; e um grupo de insurgentes que prepara
um atentado ao ditador -, Vargas Llosa relata o fim de uma era e discute a
natureza insaciável dos regimes totalitários.
54.“Notas” - Nicolás Gómez Dávila
A obra de Nicolás Gómez Dávila demonstra que "viver é o ato mais filosófico de todos" - Discutir questões como: Há quanto tempo a filosofia é sentida e compreendida como um oásis distante ao qual apenas intelectuais e estudiosos importantes podem ter acesso? O que aconteceria se provássemos que a filosofia não é diferente da vida cotidiana? Este livro é uma parte representativa da grande contribuição de um proeminente filósofo colombiano ao pensamento do século XX.
55. "Os Ungidos" - Thomas Sowell
Em "Os Ungidos", o bestseller
americano Thomas Sowell apresenta uma crítica aguçada às bases das fracassadas
políticas sociais esquerdistas. Pautado em uma análise política e filosófica
minuciosa da mentalidade que cimenta o modus operandi autoritário do
progressismo moderno, o economista negro, contrário ao COITADISMO, e crítico social, mostra-nos como a esquerda
ocidental ressuscitou a autoridade pseudorreligiosa dos ungidos, uma espécie de
casta intelectual e política que se permite balizar os costumes, as leis e até
mesmo as moralidades sexuais dos indivíduos sob uma retórica pueril de
"bem-estar social geral" e "controle de danos". Uma obra
inesquecível escrita por um dos maiores pensadores contemporâneos.
56. "Beleza" - Roger Scruton
Nesta obra instigante, Roger Scruton nos
convida a refletir a respeito da beleza e do lugar que esta ocupa em nossas
vidas. Como deixa bem claro, sua abordagem não é histórica nem psicológica: é
filosófica. Assim, nos conduz por questionamentos como: a beleza é subjetiva?
Existem critérios válidos para julgar uma obra de arte? Há algum fundamento
racional para o gosto? Qual a relação entre tradição, técnica e gosto? Pode o
belo ser imoral? Frente àqueles que consideram que juízos de beleza são
meramente subjetivos, Scruton, com sua verve polêmica, questiona tal
relativismo: "por que estudarmos a herança de nossa arte e cultura numa
época em que o julgamento de sua beleza não possui nenhum fundamento
racional?". E com sua contundência característica, declara: "Neste
livro, defendo que [a beleza] é um valor real e universal ancorado em
nossa natureza racional [e que] o senso do belo desempenha papel indispensável
na formação do nosso mundo". Concorde-se ou não com o autor, o fato é que
não se pode passar com indiferença por seus argumentos. Se a intenção era fazer
o leitor refletir a respeito do assunto, certamente os objetivos se cumpriram.
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