Por *Francisco José Barros
Araújo
Mateus
21,31:
“Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes
Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de
vós no reino de Deus...”
Esta é uma das frases
mais duras de Jesus: "Os cobradores de impostos e as
prostitutas vos precedem no Reino de Deus". Aqueles que pretendem
serem perfeitos, bons observadores da lei serão antecipados no Reino por
aqueles que eles julgam e condenam como os maiores violadores das leis os pecadores
públicos. A lei que Jesus exige é colocar em prática a vontade do Pai que ama
toda pessoa e, em especial os mais necessitados e desprezados. Jesus nos ensina
a reconhecer a justiça das pessoas que não têm boa fama, mas praticam a justiça
de forma gratuita, ou seja, não esperando nada em troca, ou para desencargo de
consciência para justificar pecados deliberadamente praticados. Ensina-nos
a denunciar, para o bem delas e de todos aqueles(as) que têm boa fama, os
considerados santos, mas não praticam a justiça e a caridade fraterna conforme
a vontade do Pai. Jesus é o filho que diz " sempre sim"
e faz o que o Pai decidiu. Todas
as pessoas que acolhem e seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai.
No mundo, sempre
há dois filhos: alguns, no Batismo, dizem "sim", mas depois, na vida
concreta transformam o "sim" em muitos não". Por outro lado, há
muitas pessoas que nunca disseram um "sim" explícito para Deus, mas
na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam
muitas obras de caridade até maiores e meritórias do que aqueles que se dizem
Cristãos. Neste ponto sentimo-nos tentados a catalogar os membros da nossa
comunidade em um dos dois grupos. Não façamos isso! Não vale a pena e não está
certo! Cada um de nós, em verdade, às vezes se comporta como o primeiro filho e
às vezes como o segundo. Melhor seria se fôssemos aquele filho que diz
"sim" e vai mesmo, mas que não aparece nesta parábola, mas que esta
seja a meta de todos aquele(as) que carregam no nome de Cristãos.
Por que a Tradição da igreja afirma que "Maria Madalena" era uma prostituta?
Lucas
8,1-2: “E aconteceu, depois disto,
andava de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o
evangelho do reino de Deus; os doze iam com Ele, e algumas mulheres que haviam
sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: entre
elas Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios...”
A resposta está no
próprio nome: Uma coisa é dizer: Maria de Magdala (Magdala= Cidade da Torre do
Quartel), outra coisa é chamar esta mesma Maria de Maria Magdalema (Magdalena= "Quarteleira").
Uma coisa é dizer: Fulana é da cidade da fofoca (apenas nasceu na cidade), outra
é dizer desta mesma fulana: Fulana é Fofoqueira. Maria antes de seu
encontro transformador com Jesus, era aquilo que rotulamos hoje de
"Prostituta de Luxo". Maria de Magdala era uma mulher de posses
porque seus "clientes" eram provavelmente Sacerdotes e altos militares comandantes romanos do Quartel, por isto a rotularam-na de Magdalena: "a quarteleira". O mais interessante
de tudo isto, é como Jesus a trata após a ressurreição, aparecendo primeiramente
a ela, Jesus não a chama nem Maria de Magdala, e muito menos Maria Magdalena, mas simplesmente Maria,
sem rótulos, e ela imediatamente reconhece a vós do amado de nossas almas e
responde: Raboni! Pois era assim que Jesus sempre a chamava:
Simplesmente Maria!
Desde
junho de 2016, Maria de Magdala, ou Maria Madalena é santa no calendário romano
com o nome de Santa Maria Madalena. Foi o que estabeleceu a Pontifícia
Congregação para o Culto Divino, por desejo e ordenança do Papa Francisco.
Magdala ("torre") foi uma
pequena aldeia, aparentemente situada na Galileia, visto que parece ter sido o
local de nascimento de Maria Madalena, chamada a Madalena, ou "Maria de
Magdala".O nome que aparece Mateus 15,39 para Magdala é
"Magadan". É provavelmente outro nome para o mesmo lugar, ou então
era outra aldeia tão próxima que a costa a que Jesus acostou poderia ter
pertencido a qualquer uma das duas terras. O Talmude menciona dois lugares com
o nome de Magdala. Um deles situava-se no leste, no Jarmuque perto de Gadara
(na Jadar medieval, hoje Mukes), recebendo assim o nome de Magdala Gadar.
Existia outra Magdala, mais conhecida, perto de Tiberíades, Magdala Nunayya
("Magdala dos Peixes"), o que a colocaria na costa do lago. O historiador Flávio
Josefo, menciona uma cidade galileia destruída pelos romanos na "A Guerra
dos Judeus" (III, X) com o nome grego de Taríqueas (Taricheæ; Josefo não
fornece o nome hebraico), muito rica devido às suas prósperas pescarias (Conf. "Magdala" na edição de
1913 da Enciclopédia Católica).
De
acordo com uma tradição hebraica que remonta pelo menos à era rabínica, Jó estava
em Migdal Ṣabʿayya quando recebeu a notícia de seus sucessivos infortúnios (cf.
Jó 1; cf. Pesiq. Rab Kah. 7:10; Lev. Rab 17 : 4; Rute Rab. 2:10, Pesiq. Rab.
17: 6). Possivelmente a tradição árabe que chama uma
das fontes da vizinha Tabgha de "Eyn Ayub" (fonte de Jó) reflete essa
tradição. De acordo com outra tradição do período rabínico, a madeira de acácia
com a qual Moisés mandou construir a Arca da Aliança veio de Migdal Ṣabʿayya. Jacó e seus filhos cortaram madeira de acácia
de Migdal Ṣabʿayya e a trouxeram com eles para o Egito; ao deixarem seus descendentes do cativeiro,
eles os teriam dado a Moisés quando ele os pedisse (cf. Q. R. 1: 12: 1 (12a),
comentando Êx 36). Por esse motivo, por respeito à arca da aliança, as acácias de
Magdala na era rabínica não podiam ser usadas para extrair madeira delas (cf. e. Pesah. 4: 1, 30d e y. Ta'an. 1 : 6, 64c). Embora as
fontes literárias não falem da fundação da cidade, a arqueologia mostra que
Magdala foi fundada em meados dos anos s. II aC, que coincide com a conquista da
Galiléia por Alexander Janeo . As belas construções portuárias, que incluíam uma grande torre
(talvez a que deu origem à cidade: Magdala = a Torre), algumas fontes termais e provavelmente um pátio (o quadrupolo)
parecem indicar que o rei tinha interesse nessa cidade. Poderia ser um porto para facilitar o
transporte de mercadorias entre a estrada real, que ia da Arábia, passando por
Petra até Damasco, com o porto de Acre no Mediterrâneo. Aparentemente, nessa época, em Magdal
Nunnaya, vivia uma das 24 ordens sacerdotais da Galiléia.No início dos tempos romanos (meados do século
I aC), a cidade se expandiu para o norte. Nessa parte existem casas muito bem
construídas, com pedras de silhar e piso de basalto muito bem esculpido. Até quatro banhos rituais (miqwe) são
encontrados em algumas casas, que foram preenchidas do chão por filtração. Um pouco mais ao norte, ainda era construída
uma sinagoga, embora não esteja claro que desde o início o prédio funcionou
como sinagoga, é evidente que, nos anos subsequentes, por cerca de um século,
esse edifício terá um significado religioso claro. Durante esse período, o porto será expandido:
não apenas uma plataforma será criada em frente à torre e será adaptada para
obter maior funcionalidade: o píer se estenderá por mais de cem metros ao
norte. A cidade já era conhecida como
Tariquea, pois em 7 de março de 43 aC Cayo Cassius Longinus escreveu uma
carta a Cícero "do campo de Tariquea (ex castris Tarichaeis)". Segundo dados arqueológicos, esta cidade foi abandonada por volta de 70 dC, coincidindo
com a rebelião dos judeus contra Roma. Há
poucos sinais de combates pesados, exceto uma barricada construída que fecha o
acesso a uma rua ao norte. Essa barricada é construída com materiais da sinagoga, que aparentemente
não foram destruídos, mas desmontados. Flavio Josefo descreve vários episódios da
guerra que aconteceu em Tariquea ; se é a mesma cidade, os romanos realizaram um tremendo massacre. A arqueologia mostra que, após a guerra, a
população retorna à cidade, embora a parte norte não seja mais
habitada.Aparentemente, no terremoto de 376, Magdala ficou arrasada e
permaneceu em ruínas por cerca de um século.Alguns peregrinos medievais passam por Magdala
e testemunham um culto a Santa Maria Madalena. San Burcardo ,
no sec. VIII, diz que viu a casa de Maria Madalena e lá entrou nela. No sec. IX Epifânio diz que a três quilômetros de
Tabgha existe uma igreja que contém a casa de Madalena. A vida apócrifa de
Elena e Constantino atribui esta construção à santa mãe do imperador; embora este trabalho seja por volta do sec. X,
indica que naquela época a Igreja de Magdala já era venerada. Portanto, embora
a data da construção da Igreja não seja conhecida, é claro que ela já existia
pelo menos antes do Sec.IX - Após o tempo das cruzadas, no sec. XIII Ricoldo
afirma que a Iglesia de la Magdalena ainda estava de pé, embora tivesse sido
"stabulata" (transformada em um estábulo) ou "tabulata" (bloqueada
com barras de madeira), O que causou as lágrimas e os gritos de seus peregrinos
e de seus companheiros, no entanto, os peregrinos cantaram e proclamaram o
Evangelho de Madalena.
Maria Madalena, parece ser uma mulher rica
desta cidade, pois, juntamente com outras mulheres, ela ajudou Jesus e seus seguidores
"com seus bens" (Lucas 8, 3); talvez fosse uma maneira de mostrar sua gratidão Àquele que a libertara de sete demônios (cf. Lucas 8, 2). Maria Madalena será a primeira entre os discípulos de Jesus a ver
o túmulo de Jesus vazio e ele ressuscitou: "Levantou-se ao amanhecer no
primeiro dia da semana, apareceu pela primeira vez a Maria Madalena, de quem expulsara
sete demônios" (Mc 16, 9).
SANTA MARIA MADALENA: "apostola apostolurum" (a apóstola dos apóstolos)
Sua festa litúrgica é
no dia 22 de julho de cada ano, para “exaltar a importância desta mulher que
mostrou um grande amor a Cristo e que foi tão amada por Cristo, e para
ressaltar a especial missão desta mulher, exemplo e modelo para toda mulher convertida na
Igreja”. Assim o Vaticano sentenciou já no sec. XXI. A prostituta se eleva,
desde então, como "apostola apostolurum" (a apóstola dos apóstolos).
“Alguns disseram que Jesus havia
expulsado sete demônios de minhas entranhas, mas tampouco isso é verdade. O que Ele fez, sim, foi despertar os sete
anjos que dormiam dentro de minha alma, esperando que Ele viesse em meu socorro...”
escreveu Bedoya como epílogo a um de seus grandes livros, O Evangelho
segundo Jesus Cristo, de 1991.
Alguns católicos legalistas e puritanistas, pouco informados, ainda se surpreendem quando, sem muitas explicações, veem
elevada aos altares e idealizada como “a apóstola dos apóstolos” aquela a quem
ainda a consideram uma prostituta com o SETE pecados capitais.
“Aquela
a quem o evangelista Lucas chama de mulher pecadora é a Maria da qual são
expulsos os sete demônios, e o que significam esses sete demônios, senão todos
os vícios?”, proclamou o Papa Gregório Magno, no
ano 591.
Maria Madalena
financiou e sustentou, junto a outras muitas mulheres, os três anos do ministério de Jesus, antes de sua morte. “Ajudou o Mestre com seus bens”, diz o
Evangelho de Lucas:
“Depois disso, Jesus ia
passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus.
Os Doze estavam com Ele, e também
algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças, entre elas, Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher
de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas
mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas
8,1-3).
É muito provável que você conheça Maria Madalena
como uma prostituta ou uma mulher pecadora, até porque foi assim que ela foi
retratada pela tradição da Igreja desde 591. Essa foi uma interpretação do papa Gregório I, que utilizava o seguinte trecho bíblico para fundamentar
(Lucas 7,37ss):
“E eis que uma mulher da cidade, que era uma
pecadora, quando soube que Ele estava à mesa na casa do fariseu, trouxe um vaso
de alabastro com bálsamo e colocou-se a seus pés por trás d'Ele, chorando,
lançou-se a seus pés com lágrimas, e os
enxugava com os cabelos de sua cabeça; beijou seus pés, e os ungiu com o
unguento... E Ele disse a ela: Os teus pecados estão perdoados...”
A classificação de prostituta surgiu no século
VI durante um sermão do papa Gregório Magno pregando aos fiéis sobre o arrependimento
que era condição primeira para o perdão dos pecados pessoais. Santa Maria
Madalena, torna-se assim a Padroeira dos pecadores arrependidos, dos pecadores convertidos, das
mulheres, das pessoas ridicularizadas por sua condição, dos boticários, dos
cabeleireiros, dos curtumeiros, dos fabricantes de perfumes, da vida
contemplativa e contra a tentação sexual. Maria Madalene,
na verdade, é um apelido pejorativo e nada elogioso, e significa " a quarteleira" que vinha de Magdala, cidade que ficava às margens do Lago de Genesaré, perto de
Cafarnaum, na Terra Santa. Por este apelido sabemos que esta Maria veio de
Magdala. No tempo de Jesus, Magdala era uma cidade importante. Para se ter uma
ideia, tintureiros e pescadores tinham bairros específicos na cidade. Ali havia
indústrias de barcos e de peixes em conserva. Além disso, sabe-se que um
excelente tipo de lã era vendida ali em mais de oitenta lojas. A
palavra “Magdala” significa “cidade da torre”. Achados recentes
indicam, de fato, uma torre nas ruínas de Magdala. Os arqueólogos acreditam que
se tratava de um farol, ou de vigilância de guarnição de uma legião de soldados
Romanos. Sabemos
que Maria Madalena foi uma pecadora convertida, ou seja, ela não
chegou pronta e santa para o seguimento de Cristo. Além disso, sabemos que ela era uma mulher de posses,
contada entre as mulheres que ajudavam o grupo de Jesus e os doze com suas
posses, ao lado da mulher de um procurador de Herodes entre outras. (Lucas 8,
2-3). Além disso, antes da ressurreição do Senhor, Maria Madalena e outras duas
mulheres compraram aromas para ungir Jesus (Marcos 16,1). Estes aromas usados na preparação
dos defuntos eram artigos caros e poucos tinham dinheiro para comprá-los. Se
Maria Madalena foi, de fato, uma prostituta, deve ter sido famosa e muito
bonita, porque poucas mulheres em Israel tinham posses como ela. O
admirável nisso tudo é que, após conhecer Jesus e ter sido salva por Ele, Santa
Maria Madalena colocou suas posses, conseguidas, talvez, com o dinheiro da
prostituição, a serviço do Reino de Deus, mostrando que a conversão
chegou a todas as áreas da vida desta grande santa. Outra
característica marcante de Santa Maria Madalena foi a fidelidade a Nosso Senhor
Jesus Cristo. Três versículos do Evangelho de São Mateus que, por vezes, passam
despercebidos, revelam-nos esta fidelidade. Primeiro, aos pés da cruz de Jesus,
quando todos os discípulos (menos João) tinham fugido, ela estava lá junto com
Maria, Mãe de Jesus:
"Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria,
mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" ( Mt 27,56).
Depois, quando Jesus tinha sido sepultado, "Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas defronte
do túmulo" (Mt 27,61). E, por fim, "Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana,
Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo" (Mt
28,1). Tudo isso revela o amor e a fidelidade de Santa Maria Madalena. Não é à
toa que seu nome figura entre os primeiros da Ladainha de Todos os Santos. Outro
dado marcante sobre Santa Maria Madalena é o fato de ela ter sido a primeira
testemunha ocular de Jesus ressuscitado. Sim, segundo os Evangelhos,
ela foi a primeira a ver e a falar com Jesus na madrugada do domingo, logo após
a ressurreição do Mestre, como vemos no Evangelho de São João 20, 1-18.Além de
ter sido a primeira testemunha de Jesus ressuscitado, ela foi também a primeira
a anunciar o milagre da ressurreição de Jesus. Este primeiro anúncio, chamado
“Kerigma”, tão prezado pelos Apóstolos, foi, antes de tudo, feito por uma
mulher, em contraponto à mentalidade machista da época. O fato evidencia que
Nosso Senhor Jesus Cristo preza a fidelidade e o amor, antes das convenções
sociais. A Tradição Cristã também atesta que Santa Maria Madalena foi uma
grande anunciadora do Evangelho depois de Pentecostes. Seu exemplo é
maravilhoso. Ela foi discípula de Jesus e, depois, evangelizadora. Por tudo
isso, Santa Maria Madalena é grande e seu exemplo deve ser seguido por todos
nós.
Talvez você já tenha lido o relato de Lucas 8,1-3 e se perguntado: “Por que Jesus aceitou ser sustentado pelas contribuições de mulheres?”
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(O abraço da Misericórdia divina com a miséria humana) |
Afinal, Ele não multiplicou pães por duas vezes
e alimentou uma multidão de milhares de pessoas? Ele não fez o milagre da pesca
maravilhosa? Ele não fez Pedro achar uma moeda na boca de um peixe para
consegui pagar imposto? Diante de todo esse poder, por que Jesus precisaria de
contribuições?
Seguramente, Ele não precisava de contribuição alguma. Contudo, ao
permitir que pessoas contribuíssem para o seu ministério, Jesus estava
proporcionando uma oportunidade para que essas pessoas expressassem sua
gratidão, sua fé e sua generosidade. O poder de Jesus era suficiente
para sustentá-lo, mas o seu amor e seu propósito em nos transformar nos concede
a oportunidade de sermos gratos, generosos e de exercitarmos nossa fé em
Deus.Lucas registra que as mulheres que serviam a Jesus com seus bens tinham
uma característica em comum: elas haviam sido curadas de enfermidades de
libertas de espíritos malignos. Quando lemos esse registro, não há como não
perceber que contribuição dessas mulheres partia de um coração grato pela libertação
que haviam recebido. E Jesus de forma alguma limitaria essa expressão de
gratidão. Curiosamente, no capítulo anterior (Lucas 7,36-50), é relatada a
história de uma mulher que ungiu com perfume os pés de Jesus. Ao olhos de
alguns, essa oferta poderia parecer desnecessária, uma excentricidade. Porém, o
Mestre não apenas a recebe como também destacou que a motivação da daquela
mulher era o seu amor e sua gratidão por saber que havia sido muito
perdoada (Luc. 7,36-50). Jesus não poderia impedir aquela mulher de demonstrar
seu coração grato. O Antigo Testamento nos conta que, durante um
período de extrema seca em Israel, e após ter sido alimentado pelos corvos, o
profeta Elias recebeu a seguinte ordem do Senhor: “Vá imediatamente para a cidade de Sarepta
de Sidom e fique por lá. Ordenei a uma viúva daquele lugar que lhe forneça
comida” (I Reis 17, 9). Contudo, em vez de levá-lo à casa de
uma viúva rica, o Senhor conduziu o profeta à casa de uma mulher que não tinha
sequer um pedaço de pão, mas uma quantidade de farinha e azeite
suficiente apenas para preparar a última refeição para si e seu filho, e assim
ambos morrerem. Contudo, aquela mulher creu na palavra, e tendo servido
primeiramente ao profeta, viu o azeite e a farinha se multiplicarem, garantindo
assim o alimento por muitos dias. Alguém poderia pensar que oferta da viúva de
Sarepta ao profeta Elias era uma loucura. Mas, na verdade, foi um ato de fé,
uma expressão de confiança no Deus que é poderoso para suprir qualquer
necessidade. E embora no primeiro momento tenha servido ao profeta, a maior
beneficiada pela oferta foi a própria viúva.No mesmo sentido, Paulo, ao
agradecer pela oferta que havia recebido dos filipenses, destaca que estes
estavam sendo beneficiados pela oportunidade de ofertar:
“Não que eu esteja
procurando ofertas, mas o que pode ser creditado na conta de vocês. Recebi
tudo, e o que tenho é mais que suficiente. Estou amplamente suprido, agora que
recebi de Epafrodito os donativos que vocês enviaram. Elas são uma oferta de aroma
suave, um sacrifício aceitável e agradável a Deus. O meu Deus suprirá
todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em
Cristo Jesus” (Filipenses 4,17-19).
O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
A avareza é idolatria. É só há uma forma de combater essa mal: pela
prática da generosidade. E gesta é uma prática necessária aos ricos e também
aos pobres.Sobre os ricos Paulo diz:
“Ordene-lhes que
pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e prontos para repartir. Dessa
forma, eles acumularão um tesouro para si mesmos, um firme fundamento para a
era que há de vir, e assim alcançarão a verdadeira vida” (I
Timóteo 6,18-19).
Acerca dos cristãos pobres da Macedônia que
ofertaram em socorro dos irmãos da Judéia, Paulo destaca:
“No meio da mais severa
tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica
generosidade. Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e
até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram
insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos. E
não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se primeiramente a si
mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus” (II Coríntios 8,2-5).
Portanto, diante do que foi exposto até aqui,
podemos concluir que Jesus aceitou a contribuição
das mulheres em Lucas 8,1-3, não porque precisava, mas porque isso fazia parte
de sua obra transformadora naquelas vidas, dando-lhes uma
oportunidade para expressarem gratidão, fé e generosidade. Da mesma forma,
hoje, todas as vezes que contribuímos para a obra de
Deus, abençoamos o serviço da comunidade local em que congregamos, ou
simplesmente servimos um copo de água para um discípulo de Jesus, estamos
demonstrando ao Senhor nossa gratidão, nossa fé de que Ele é quem nos sustenta
e que nosso coração não está preso ao dinheiro:
“E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes
pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua
recompensa” (Mateus10,42).
QUE LIÇÕES PODEMOS TIRAR PARA NÓS, DA
VIDA E MISSÃO DE MARIA DE MAGDALA?
1)-Maria de Magdala foi uma mulher que conheceu
a verdade em pessoa e se tornou livre: A Bíblia menciona que ela fora
liberta de sete demônios. Ou seja, ela precisou ser libertada de suas correntes
para só então pode caminhar com Jesus. Embora seu passado não seja mencionado
nas Escrituras, podemos ter certeza que ela teve um encontro verdadeiro
encontro com Jesus (Lc 8,2).
2)- Maria de Magdala era uma mulher leiga, não era diaconisa, que colaborava com a Obra de Deus com sua Comunhão de bens: Não sabemos quem
era a família de Maria Madalena, se ela tivera filhos ou marido em algum
momento, porém, ela ajudava a manter o ministério de Jesus com seus recursos
financeiros (Lc 8,2-3).
3)- Maria de Magdala foi uma autêntica e
exemplar discípula e serva de Cristo até a Cruz. Ela caminhava com
Jesus junto com os discípulos e outras mulheres. No momento da morte de Cristo ela
foi reconhecida como aquela que estava com Jesus desde a Galileia (Mt 27,56) ou
como a mulher que tinha subido para Jerusalém como Jesus, sobre outra
perspectiva (Mc 15,41).
4)-Maria de Magdala era uma mulher adoradora: após a
ressurreição de Jesus, junto com outras mulheres, ao ver o Mestre (Raboni),
Maria de Magdala O adorou (Mt 28,9).
5)-Maria de Magdala era uma mulher
sensível, espiritual e apaixonada por Jesus: Deus criou a mulher com
uma capacidade absurda para perceber e sentir as emoções e com Maria de Magdala
não foi diferente, ela era sensível. Não é à toa que ela chorou à entrada do
sepulcro. Seu sofrimento foi tão intenso porque ela sentiu a dor de perder o seu
Mestre (assim ela imaginou). Ela tinha um coração puro e sensível, era uma
mulher apaixonada pelo amado de sua alma Jesus Cristo (João 20,10-15).
6)-Maria de Magdala era uma mulher íntegra
e de confiança: foi dada à Maria de Magdala a missão e a
responsabilidade de contar aos discípulos que Jesus ressuscitou e que voltaria
ao Pai (Jo 20,17-18). Não era qualquer
missão! Mas, por que logo para uma mulher? Podemos imaginar a emoção, o
cuidado ao escolher as palavras, os detalhes da aparição. A maioria das
mulheres (senão todas!) gostam de contar histórias com muita riqueza de
detalhes.
7)- Maria de Magdala era uma mulher íntima de
Jesus: Embora
o termo “Madalena” segundo alguns exegetas seja algo pejorativo na cultura
Judaica da época, quando Jesus a chamou, Ele apenas disse “Maria!” (Jo 20,16).
Podemos até visualizar esse momento. Mesmo que a questão não fosse o nome em
si, tenho certeza que Jesus não precisou dizer mais nada para ela. É isso o que
acontece quando temos intimidade com uma pessoa que amamos, e sabemos ser
amados por ela.
8)-Para finalizar, a
característica mais intensa de todas - Maria
de Magdala era uma líder: em nenhum dos evangelhos nós
podemos citar qual versículo diz isso com todas as letras, porém, Maria Madalena recebe
certa importância nos relatos.
Maria Madalena tem seu nome colocado sempre em “primeiro lugar”
nas narrativas bíblicas - Vejamos:
a)-No livro de Mateus aparece a expressão
“Muitas mulheres” e depois as mulheres são citadas: Maria Madalena, Maria (mãe
de Tiago e José) e a mãe dos filhos de Zebedeu (que nem tem seu nome
mencionado), exatamente nesta ordem (Mt 27,55). Ainda, aparece também da
seguinte forma: “Maria Madalena e a outra Maria (Mt 28,1)”.
b)-Em Marcos, encontramos “Maria Madalena, Salomé
e Maria, mãe de Tiago (Mc 16,1)”.
c)-Já o evangelho de Lucas, apenas menciona “as
mulheres” no começo do capítulo 24 e depois cita “Maria Madalena, Joana e
Maria, mãe de Tiago, e as outras que estavam com elas" (Lc 24,10)”.
d)-Ainda, sob o ponto de vista de João, apenas
Maria Madalena é citada no episódio da ressurreição de Jesus (João 20,1.10-18).
CONCLUSÃO:
Ao analisarmos os textos acima, podemos
perceber que Maria de Magdala é a única citada nos quatro
evangelhos e mais, seu nome é sempre o primeiro a ser lembrado. Seria apenas
uma coincidência? Com certeza não! Ao lermos e conhecermos a
história de Maria Madalena nós podemos entender sua importância na sociedade
cristã. Mas, e quanto a nós? O que a nossa vida tem a ver
com a vida de Maria de Magdala? Como posso melhorar como pessoa ao olhar para
esse lindo testemunho de conversão e seguimento de Cristo? Meu testemunho e
liderança tem impactado vidas positivamente? Como as pessoas me veem: como a
Maria Madalena antes da libertação ou como a Maria Madalena transformada,
sensível, íntegra, íntima de Jesus e toda de Deus? Que Deus nos faça
pessoas melhores todos os dias para que honremos seu santo nome aqui nesta terra
e cumpramos a nossa missão como filhos e filhas de Deus, pois como dizia Santa
Teresinha: Senhor, só tenho hoje para te amar!
Oração a Santa Maria Madalena
“Santa Maria Madalena, o Deus Todo
Poderoso, cujo Filho vos purificou de corpo e alma, fostes chamada para ser
testemunha da Sua ressurreição. Misericordiosamente
vos foi concedida a graça de serdes purificada de todas as enfermidades físicas
e morais. Fazei com que também eu, pobre pecador, conheça o poder da vida
infinita. Trazei até mim a bênção do Espírito Santo que vive e reina, o
poder do Deus único e de Seu Filho Jesus Cristo. Agora, e para sempre. Amem.”
*Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
BIBLIOGRAFIA:
-Bauckham,
Richard (2018). "Magdala como a conhecemos agora"
-Bauckham, Richard, ed. "Magdala
da Galiléia: uma cidade judaica no período helenístico e romano" (Waco, TX:
Baylor University Press).
-Taylor,
Joahn (2014). "Magala ausente e o nome de Maria 'Madalena" - Palestine
Exploration Quarterly
-Bagatti,
Camillo Bellarmino (1971). "Antichi Villaggi Cristiani di Galilea" (em italiano)
-https://www.magdala.org/es/
-https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-santa-maria-madalena/99/102/
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