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O Cristão na era do “pós verdade” – Origens e Consequências

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 17 de maio de 2020 | 21:39





João 17,17-19: “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade! Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade”.











Na cultura política, se denomina política da pós-verdade (ou política pós-factual) aquela na qual o debate se enquadra em apelos emocionais, desconectando-se dos detalhes da política pública, e pela reiterada afirmação de pontos de discussão nos quais as réplicas fáticas — os fatos — são ignoradas. Vivemos tempos dos pós: pós-moderno, pós-capitalista, pós-neoliberal, pós-comunismo, pós socialismo, pós-democracia, pós-religioso, pós-cristão, pós-humano e recentemente pós-verdade. Praticamente tudo tem o seu pós. Tal fato denota apenas que não encontramos ainda o nome que define o nosso tempo. Contudo, assomam, aqui e acolá, sinais de que algum nome adequado está por vir. Em outras palavras, não sabemos ainda como definir a identidade de nosso tempo. Assim ocorre com a expressão pós-verdade. Ela foi cunhada por um dramaturgo servo-norte-americano, Steve Tesich num artigo da revista The Nation de 1992 e retomada por ele depois ao referir-se ironicamente ao episódio da Guerra do Golfo (não vamos aqui entrar no mérito da questão). O dicionário Oxford de 2016 a escolheu como a palavra do ano. Assim a define:“O que é relativo a circunstância na qual os fatos objetivos são menos influentes na opinião pública do que as emoções e crenças pessoais”













"Não importa a verdade, só a minha verdade conta!"

 




O jornalista britânico Matthew D’Ancona dedicou-lhe todo um livro com o título “Pós-verdade: a nova guerra contra os fatos em tempos de fake news (Faro Editorial 2018), onde mostra como se dá a predominância da crença e convicção pessoal sobre o fato bruto da realidade.






O ROMANTISMO E O RENASCIMENTO COMO PRIMÓRDIOS E FUNDAMENTOS DA ERA DA POS VERDADE!











A Revolução Romântica: A Beleza separada da Verdade!

 






Assim como o Renascimento negou o bonum na obra de arte, o Romantismo negou o verum. Porque se o Belo é o bem claramente conhecido, não havendo bem, nada há para ser conhecido.O Renascimento separou a arte da moral, mas respeitou muito as leis da estética, pois super exaltou a relação entre beleza e a razão.Deste modo, o Romantismo nada fez mais do que tirar as conseqüências lógicas dos princípios estéticos do Renascimento. Ele é uma conseqüência do Renascimento e, além dessa relação lógica com ele, ele tem também as mesmas fontes e princípios doutrinários.Tanto quanto a Renascença, o Romantismo é gnóstico e panteísta. Nele também se podem encontrar as duas serpentes as duas serpentes enroscadas do caduceu de Hermes. No romantismo lírico e simbolista se oculta a serpente gnóstica irracional e mágica. No Romantismo racionalista do Naturalismo e do Realismo se encontra a serpente do Panteísmo.O Romantismo vai levar mais adiante o processo revolucionário na estética, declarando que a beleza nada tem a ver com a verdade. A beleza não deveria ser nem moral nem lógica, mas apenas agradável, satisfazendo então apenas à sensibilidade e não à inteligência (pela verdade) e à vontade (pelo bem). E era lógico que o romantismo recusasse a união da beleza com a verdade, dado que para a filosofia que o gerou - o idealismo - a verdade objetiva não existe.Para os idealistas, assim como para os românticos, na correspondência da idéia do sujeito ao objeto conhecido, o elemento determinante era a idéia do sujeito. Era a idéia que criava o objeto. Portanto, a verdade era subjetiva. Cada um tinha a sua verdade particular, não existindo verdade objetiva. Conseqüentemente, a beleza nada tinha que ver com a verdade. Belo era o que agradava, ainda que fosse objetivamente feio. O artista deveria pois se deixar levar por seu agrado pessoal e não pela razão. A arte não teria que obedecer a nenhuma lei racional e objetiva. A estética caía no subjetivismo e no relativismo, pois se a arte não devia sujeitar-se aos dez mandamentos, porque deveria acatar as leis da estética? Negadas as leis morais, porque se obedeceriam as regras lógicas na arte?












São conhecidas as três raízes do Romantismo: O esoterismo, o pietismo e o idealismo filosófico, que eram irracionalistas






1)- Os esotéricos do século XVIII condenavam a razão e defendiam o sonho como meio de apreensão do real. O mundo concreto seria falso. Ele era o produto do pensamento - sonho da razão. O universo real só podia ser atingido pela anulação da razão através do sonho, da hipnose magnética, do "êxtase", enfim, das drogas. A anulação e a destruição da razão acabariam com a dualidade sujeito-objeto, permitindo a unificação do eu com o mundo. E, nesta união, seria reconstituída a própria divindade.





2)-Os pietistas - seita protestante de caráter pentecostal e místico - fundada por Spenner - inspiraram-se nas doutrinas cabalísticas de Jacob Boehme. Eles praticavam a alquimia tendo em vista mais a transmutação do homem em Deus, do que a do chumbo em ouro. Admitiam a dialética do ser, isto é, cada coisa seria resultante de princípios opostos e iguais. Daí sua defesa da androginia de Adão. Esperavam para breve um reino de Deus na terra - que Boehme denominava o "tempo dos lírios", Lilienzeit - reino do Amor, no qual a Lei seria abolida. Esse messianismo cabalista repercutiu no sonho romântico de um futuro Reino do Amor, no qual ressoavam ecos das teorias milenaristas do abade Joaquim de Fiore.





3)-Todos os filósofos idealistas alemães foram seguidores dos ideais gnósticos de Boehme, dos esotéricos e dos pietistas. Quando eles descobriram as obras de Mestre Eckhart, viram nelas a expressão de seu pensamento mais profundo. A visão dialética do ser da gnose, de Eckhart e Boehme, será adotada por Schelling, por Hegel e, depois, pelo próprio Marx. De todo modo, esotéricos, pietistas, idealistas repudiavam a razão e levantavam contra ela a intuição - espécie de capacidade mágica e não discursiva de que o homem seria dotado, e que lhe permitiria alcançar o mundo invisível, passando por cima dos dados dos sentidos e dos raciocínios lógicos.











Georges Lefebvre, em sua obra sobre a Revolução Francesa, diz que nenhum país foi tão dominado pelo misticismo quanto a Alemanha, pátria de origem do Romantismo. Diz ele que o misticismo "anima o luteranismo, e, pelo pietismo e pelos irmãos morávios, há filiação entre Jacob Boehme, o sapateiro teósofo do século XVII, e os românticos" (Cfr. Geoges Lefebvre, L Révolution Francaise - p. 613 - Paris, P.U.F. 1951). Na página seguinte da mesma obra, falando das origens do Romantismo, diz Lefebvre: "A década não findara ainda quando um grupo, separando-se de Goethe, e mais ainda de Schiller, tomou como sinais de "ralliement" as palavras romântico e romantismo, que o grupo fez triunfar. Em 1798, Frederico Schlegel, com a ajuda de seu irmão Augusto, lançava em Berlim uma revista chamada Athenaeum, que durou três anos. Primeiro em Dresde, depois em Iena, em 1799, eles se uniram a Novalis, cujo verdadeiro nome era Barão de Hardenberg, com Schelling e com Tieck, que acabava de publicar "As expansões de um irmão leigo amigo das artes", deixado por seu amigo Wackenroder, morto prematuramente. Eles esboçaram uma filosofia que jamais tomou forma coerente e sistemática (bem ao estilo confuso Paulofreiriano). Discípulos dos clássicos, eles conceberam inicialmente o mundo como um fluxo inesgotável e perpetuamente cambiante das criações da força vital; sob a influência dos clássicos e de Schelling, eles aí introduziram uma "simpatia universal" que se manifestava, por exemplo, na afinidade química, no magnetismo e no amor humano; as efusões religiosas de Schleiermacher tendo-os impressionado, acabaram por tomar emprestado a Boehme a idéia do Centrum, alma do mundo e princípio divino. De qualquer modo, é o artista de gênio que, sozinho, pela intuição, ou mesmo pelo sonho, entra em contato com a verdadeira realidade, e, nele, esta experiência misteriosa se transforma em obra de arte. O poeta é um sacerdote e esta filosofia confia no milagre" (Aut. cit., op. cit., p. 615).Fizemos questão de colocar esta longa citação de um autor que nada tem de católico, muito pelo contrário, para mostrar, por meio de uma fonte insuspeita, que o romantismo tem uma doutrina gnóstica e mágica que provém de Jacob Boehme.G. Gusdorf, em sua importante obra a respito do Romantismo afirma explicitamente que:"O Romantismo é uma renascença gnóstica. Schelling é um gnóstico, cujas convicções se desenvolvem à medida que ele avança em idade, da mesma forma Baader; a Naturphilosophie impôe à pesquiza científica códigos gnósticos. NaFrança, em seqüência a de Saint Martin e de Fabre D’Olivet, a Gnose triunfa nos escritos de ballanche; ela sustenta o gênio poético de Victor Hugo’ela está presente no Lamartine das Visões e no Nerval dos Iluminados" G. Gusdorf, Le Romantisme, Payot, Paris, 1111993, I vol. p. 512).











Também Simone de Pétrement acusou a Gnose escondida sob os véus sonhadores e as brumas misteriosas do Romantismo. Disse ela:"Pode-se dizer que reina, desde o romantismo, uma espécie de dualismo pessimista e sentimental, análogo ao dos gnósticos. Ele consiste sobretudo no sentimento que o homem está mal adaptado em sua própria condição, que ele se acha angustiado, que ele precisa de outra coisa (como se ele fosse estranho a si mesmo e ao mundo em que ele se acha, como s sua verdadeira natureza não estivesse nesse mundo). Nós dissemos que os gnósticos são românticos; nós poderíamos dizer igualmente que o Romantismo é gn’sotico" (Simone de Pétrement, Le Dualisme chez Platon, les Gnostiques et Manichéens", PUF , Paris, 1947, p. 344).












E uma confirmação de que também o panteísmo está por trás do Romantismo foi dada por Graça Aranha, na conferência de Abertura da Semana de Arte Moderna a 13 de fevereiro de 1922, em São Paulo:"Foi depois da filosofia natural do século XVII que o movimento panteístico se estendeu à Arte e à Literatura, e deu à Natureza a personificação que raia na poesia e na pintura de paisagem" (Apud Gilberto Mendonça Teles, Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro, Ed. Vozes. Petrópolis, 1977).Gnose e cabala, tais são as fontes religiosas e doutrinárias do Romantismo, que Victor Hugo definiu como o "liberalismo na arte".Com efeito, o que a Revolução Francesa foi para a política, o Romantismo foi para a arte, porque ambos, o Romantismo e a Revolução, são filhos do liberalismo. Ora, para o liberalismo não existe verdade objetiva. Em criteriologia o liberalismo é subjetivista: Verdade é o que o sujeito considera como tal. A idéia que o homem tem de um objeto variaria de sujeito para sujeito.Não havendo verdade objetiva, o certo e o errado, o bem e o mal, o belo e o feio passam a ser conceitos subjetivos. Belo é o que a pessoa considera tal. Belo é o que agrada a um sujeito. Não haveria, portanto, beleza objetiva e nem regras de beleza.










O subjetivismo do romântico é uma revolta contra o racionalismo clássico e, ao mesmo tempo, uma conseqüência dele, que não se deu de forma instantânea!








1º)-Lutero pregou o livre-exame subjetivista da Bíblia, negando o magistério.




2º)-O Renascimento "endeusou" a razão humana, negando por consequência a bíblia e Deus.




3º)-Desses dois erros nasceu o subjetivismo, que nega por último a verdade objetiva, pois que, sobre uma certa questão, então, todas as opiniões são certas e verdadeiras, ainda que contraditórias.






O Romantismo foi o triunfo da imaginação sobre a razão, do subjetivo sobre o objetivo, do sensível sobre o abstrato!

 






Belo era o agradável, o que causasse emoções sentimentais profundas. Devia-se apenas sentir a beleza, e não tentar compreendê-la. Havia nisso uma negação de qualquer valor transcendental e sacral ainda maior do que no Renascimento. Não só o sacral foi negado, como também todo o arquétipo. Por isso, o Romantismo tinha como heróis os homens comuns, prefiria os burgueses aos nobres, e as palavras corriqueiras ao vocabulário mais elevado. O Romantismo, como a Revolução de 1789, foi anti-aristocrático, burguês e igualitário. O Romantismo é o sonho. É a imaginação tentando negar a realidade e os sacrifícios que a vida traz consigo.O romântico sonha que na natureza não há nem espinhos nem lama. Seus heróis - filhos de Rousseau - não têm pecado original, nem defeitos, nem tentações. O Romantismo é uma tentativa de negar que o homem foi expulso do Paraíso terrestre, ou de voltar a ele clandestinamente pela porta do sonho.






O romântico é sentimental, não racional (faça o que seu coração diz)!















Ele busca sentir de modo exacerbado. Ora, nossos sentimentos mais profundos são de tristeza e não de alegria. Daí o gosto romântico pela dor e pela derrota, continuamente ruminadas para sentir novamente o que já foi sentido. Por isso, os diários íntimos, os heróis fracassados, os poetas tuberculosos, os amores perdidos, as folhas mortas, etc. E também, o comprazimento nas separações, o amor pelo que está mitificado pela distância, no tempo ou no espaço. Shakespeare, esse romântico "avant la lettre" fala da "sweet sorrow" da separação (Romeu e Julieta).Numa primeira fase, durante a Revolução Francesa e o Império Napoleônico, o Romantismo foi heroico:É o tempo da Marselhesa e de Beethoven. Esta fase heróica foi necessária para servir de transição gradual da concepção grandiosa do homem, típica do barroco, para a concepção sentimental. O heroísmo romântico se distingue por uma ânsia de exibição que inexiste no verdadeiro heroísmo, que exige a humildade. O heroísmo romântico é aparatoso, fanfarrão, sem noção real do perigo, audacioso, ou então lamuriento. É um heroísmo de palco e de parada, e não de campo de batalha. Ele forma tenores sentimentalóides, e não heróis.







Numa segunda fase, o Romantismo se mostrou em toda a sua natureza:

 








Foi o romantismo lírico das mocinhas feitas de açúcar e mel, impolutamente virtuosas, dos mancebos perfeitos, dos amores piegas e chorosos. É o triunfo do homem bom de Rousseau. É o império do sentimentalismo. Não é mais a inteligência que dirige o homem, mas o coração.A exacerbação dos sentimentos devia naturalmente redundar em sensualismo e, por isso, do lirismo pseudo-angelical, se caiu no sexualismo do realismo e do naturalismo. "Qui fait l’ange, fait la bête" - Quem quer bancar o anjo, acaba se mostrando animal. O próprio exagero do Romantismo lírico, que sonhava com uma natureza sem defeitos, levou a cair num exagero oposto.





O realismo e o naturalismo tinham uma visão pessimista do homem e da natureza!

 






Para essas escolas o homem é sempre baixo, e a mulher é sempre desonesta. A vida só tem amarguras ou sexo, e a natureza só tem lama e espinhos.Essas duas escolas tinham pretensões a serem "científicas" procurando no organismo ou na sociedade as raízes dos males humanos. O naturalismo chegava agora ao materialismo. Uma nova revolução se preparava, a qual se diria científica e materialista.Se o Romantismo lírico só dava satisfação à sensibilidade, deixou um grande vazio na alma pela negação do bem e da verdade, o realismo e o naturalismo, materialistas, só visavam satisfazer a sensualidade e o corpo.A alma ficou inteiramente vazia, e o desespero a conduziu ao abismo da gnose declarada. Ela começou a buscar no mistério, na simbologia subjetiva, um substitutivo do teológico e teofânico. As correntes estéticas que se sucederam, haja visto o Simbolismo, procuraram nos símbolos esotéricos e herméticos a saída para o mundo criado pelo Deus que odiavam.












Seria de surprender que o Simbolismo romântico não desaguasse no satanismo de Baudelaire e Carducci.Desde sua primeira encíclica, Deus caritas est, o Papa Bento XVI tem salientado como a palavra amor tem sido deturpada em nosso tempos:“O termo «amor» tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas, à qual associamos significados completamente diferentes” (Bento XVI, Deus caritas est, Nº 2).Mais ainda do que abusado, o termo amor foi sendo prostituído em nossos dias. Sobretudo nos sermões de padres Progressistas e da TL, quando amor passou a ser simples filantropia.




Como principiou essa “prostituição” do termo amor?














Como se processou essa deturpação semântica, pensada e planejada, a fim de levar a confundir amor com filantropia ou com mera solidariedade? Como se passou do conceito católico de amor - virtude teologal da Caridade - até reduzi-lo ao nível puramente animal, depois de o ter feito passar pela confusão de amor com mero sentimento? Certamente, o processo de deturpação do sentido da palavra "amor" foi longo.Bento XVI, em sua aula magistral de Regensburg, apontou a origem de toda a derrocada metafísica na Cristandade com filosofia voluntarista de Duns Scoto. De fato, o voluntarismo da filosofia de Duns Scoto fez colocar o querer, isto é, o amor acima do conhecer, iniciando um processo que culminaria no Romantismo e no modenismo atuais.Não se pode negar que Pascal e o Romantismo prosseguiram esse processo de deturpação da caridade, amor sobrenatural, desvinculando o querer do conhecimento.É bem conhecida a frase do jansenista Pascal de que “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Para os românticos subjetivistas, o amor era completamente separado da razão.Mais ainda, os românticos consideravam que o amor necessariamente devia ser irracional. Devia ser uma paixão desprovida de racionalidade. Devia ser mero sentimento.Por isso Rousseau, para citar um sentimental romântico dos mais explícitos e dos mais conhecidos, o homem devia se deixar levar só pelo coração, pelo sentimento, não pela razão:Existir, para nós, é sentir; incontestavelmente nossa sensibilidade é anterior à nossa inteligência, e nós antes tivemos sentimentos do que idéias” (Jean-Jacques Rousseau, La profession de foi du Vicaire Savoyard, Nº 1036).Rousseau irá mais longe ainda em seu repúdio à racionalidade, ao escrever:“Ouso quase assegurar que o estado de reflexão é um  estado contrário a natureza, e que o homem que medita é um animal depravado (Jean-Jacques Rousseau, Discurso sobre a Origem da desigualdade entre os homens, I Parte, In Os Pensadores, XXIV,  Abril Cultural, p.247).E, no Romantismo alemão, Novalis defenderá a mesma tese irracionalista:“O pensamento é apenas o sonho do sentir, é um sentir entorpecido” (Apud Gerd  Bornheim, A Filosofia do Romantismo, in J. Guinsburg, O Romantismo, ed. Perspectiva, Sâo Paulo, 1978, p. 96).Essa equivocada primazia do sentimento, típica do Romantismo, vai ser adotada até por autores que se apresentam como católicos tradicionalistas, como Plinio Corrêa de Oliveira, o fundador da TFP. Plínio valorizava antes o sentir do que o compreeder. Por exemplo, no artigo “O Senso Comum e a Procura do Absoluto” (In Revista “Dr. Plínio”, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27 -30), ele afirma que o primeiro passo para “saborear os bens espirituais“  consiste em sentir:“Não se trata apenas, ou sempre, de fazer a explicitação das coisas percebidas pelos sentidos. O passo inicial indispensável é uma espécie de sentir do qual nascerá mais tarde a explicitação. Esta seria o segundo estágio, menos imprescindível, enquanto o primeiro é o mais precioso, porque dele depende o resto do processo” (Plínio Corrêa de Oliveira, O Senso Comum e a Procura do Absoluto”, in Revista “Dr. Plínio”, ano VII, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27. Os destaques são meus).Portanto, o fundamental e o mais precioso seria o sentir. Explicitar seria menos importante do que o sentir. E ele insiste nesse ponto como fundamental:“Insisto na importância desse primeiro sentir: sem uma espécie de vivência muito rica do objeto ou situação apreendidos pelos sentidos, as etapas posteriores serão nulas...” (Plínio Corrêa de Oliveira, O Senso Comum e a Procura do Absoluto”, in Revista “Dr. Plínio”, ano VII, N0 71, Fevereiro de 2.004, p. 27, O destaque é nosso).Portanto, conforme a doutrina pessoal e equivocada de Plinio Corrêa de Oliveira, o fundador da TFP, um primeiro sentir “vivencial” seria o essencial para a compreensão. Já no fim do século XIX, amar  se confundiu com o agir. Em Blondel, filósofo do Modernismo, o querer permitiria o conhecer. Daí sua defesa da “ação”. Depois dele, houve uma difusão pandêmica do voluntarismo e do puro agir confundido com o fazer, resultados:Sorrel defendeu a ação sindical. Lenin fez do marxismo uma ação revolucionária profissional. Mussolini exaltou a ação. Marinetti, nos Manifestos do Futurismo, pediu o incêndio das bibliotecas, cantou o valor do soco, a mística da violência, a força do motor à explosão.Essa exaltação da vontade vai triunfar posteriormente nos movimentos totalitários de direita e de esquerda. E Infelizmente, por culpa da infiltração modernista na Igreja, até nos movimentos católicos triunfou a mística da ação. A Acão Católica, lançada por Pio XI, fundamentou-se mais no agir do que no conhecimento da verdade. Portanto, mais ação do que Fé. E a caridade se transformou em ativismo político. Com o tempo, essa capitulação fez com que os movimentos de ação “católica” acabassem por se unir ao movimento comunista internacional, passando a agir até mesmo em guerrilhas marxistas, a reboque do Partido Comunista. Esta nova práxis na Igreja consagrou a possibilidade de existir o amor e a caridade, sem a Fé.Ora, é impossível amar sem conhecer! Ninguém pode querer xoró no avesso. Porque ninguém pode conhecer xoró, pois xoró não existe. Imagine-se, então, como seria possível amar, querer xoró — ser inexistente — no avesso! É o conhecimento da inteligência que move a vontade a querer. Por isso não pode haver caridade sem a Fé.Infelizmente como disse o Papa Paulo VI a fumaça de satanás começa a entrar na igreja já se colocando contra a doutrina de sempre, que poderia haver caridade verdadeira e que se poderia amar a Deus sem crer nEle. Isso foi admitir a possibilidade de gostar de xoró no avesso.Depois com a Conferência de Medellin sancionaram a caridade como ação revolucionária. Daí é que nasceu a Teologia da Libertação que confunde redenção católica com “libertação” comunista do proletariado. Essa teologia marxista fez da agitação política “amor”. Confundiu caridade com ação revolucionária e fez de Cristo um rebelde, renegando o redentor e sua Cruz.











Nas paróquias menos ideologizadas, o amor passou a ser simplesmente distribuir comida para favelados, a reboque dos revolucionarios. As Campanhas da Fraternidade se tornaram idênticas à filantropia maçônica. Houve até um  Cardeal que lançou uma campanha de coleta de agasalhos para os pobres, no inverno, usando como mote, como canção-símbolo, uma musiquinha completamente pagã que cantarolava satanicamente:“Quero que você me aqueça nesse inverno, e que tudo o mais vá para o inferno”.Versos que se referiam ambiguamente a um amor físico, unido ao desejo de que tudo o mais - “caridosamente” - fosse para o inferno. Hoje, esse amor sem verdade, esse querer sem conhecer, levou ao triunfo do egoísmo e da violência.Que tudo vá para o inferno, desde que eu tenha prazer, como um Cardeal fez cantar nas paróquias. Hoje, infelizmente, tudo está indo realmente a passos largos “para o inferno”.Agora, ainda que apresentando a Caritas in veritate como continuadora da Populorum progressio, Bento XVI condena, graças a Deus, a falsa caridade, o falso amor sem a verdade. Veja-se o que diz Bento XVI nesta encíclica épica e basilar para toda Igreja:“Só na verdade é que a caridade refulge e pode ser autenticamente vivida. A verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. Esta luz é simultaneamente a luz da razão e a da fé, através das quais a inteligência chega à verdade natural e sobrenatural da caridade: identifica o seu significado de doação, acolhimento e comunhão. Sem verdade, a caridade cai no sentimentalismo. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa cultura sem verdade; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A verdade liberta a caridade dos estrangulamentos do emotivismo, que a despoja de conteúdos relacionais e sociais, e do fideísmo, que a priva de amplitude humana e universal. Na verdade, a caridade reflete a dimensão simultaneamente pessoal e pública da fé no Deus bíblico, que é conjuntamente «Agápe» e «Lógos»: Caridade e Verdade, Amor e Palavra” (Bento XVI, Caritas in veritate, Nº 3).














Não se poderia dizer melhor! Todo o falso amor, que atualmente é ensinado nos sermões sentimentalóides progressistas, fica condenado por essa palavras de Bento XVI. Nunca se falou tanto de amor, nas homilias. Nunca o verdadeiro amor foi tão esquecido como em nosso dias. Quando muito, amor é emotividade, sentimentalismo, filantropia. Jamais ele se identifica com a verdadeira caridade, que só pode existir com a verdade, isto é, com a Fé. Pois ensina o Apóstolo que “Sem fé, é impossível agradar a Deus” (Heb.11, 6).E o Apóstolo dos gentios diz ainda:“Tudo o que não é segundo a fé, é pecado”(Rom 14,23).Portanto, que se tenha a coragem de concluir que em nenhuma seita herética contrária ao evangelho pode haver verdadeira santidade, que é sinônimo de caridade iluminada pela Fé. E toda heresia, negando a Verdade revelada, destrói a Fé. E sem a Fé não há verdadeira caridade. Não há amor. Não pode haver amor e virtude sobrenaturais. É o que ensina São Paulo.Bento XVI insiste que a caridade não é sentimentalismo:“O amor não é apenas um sentimento” (Bento XVI, Deus caritas est, Nº 17).E o Papa salienta que “Os sentimentos vão e vêm”(idem), mas a caridade permanece. O verdadeiro amor é constante e fiel à verdade que o gerou. E nem a caridade católica é mero assistencialismo:“Por isso, é muito importante que a atividade caritativa da Igreja mantenha todo o seu esplendor e não se dissolva na organização assistencial comum, tornando-se uma simples variante da mesma...”(Bento XVI, Deus caritas est, Nº 31).A caridade não deve ser exercida apenas individualmente. A caridade exige a justiça também na sociedade.Na sociedade moderna - integralmente humanista, isto, é totalmente pagã, pois retirou Deus do centro de tudo — não há Fé e, portanto, não pode haver verdadeira caridade. Por isso, no mundo moderno não há paz. E Bento XVI recorda o que andava bem esquecido: “Só a defesa da Verdade permite que haja verdadeira caridade. A caridade na verdade, que Jesus Cristo testemunhou com a sua vida terrena e sobretudo com a sua morte e ressurreição, é a força propulsora principal para o verdadeiro desenvolvimento de cada pessoa e da humanidade inteira. O amor — « caritas » — é uma força extraordinária, que impele as pessoas a comprometerem-se, com coragem e generosidade, no campo da justiça e da paz. É uma força que tem a sua origem em Deus, Amor eterno e Verdade absoluta. Cada um encontra o bem próprio, aderindo ao projeto que Deus tem para ele a fim de o realizar plenamente: com efeito, é em tal projeto que encontra a verdade sobre si mesmo e, aderindo a ela, torna-se livre (cf. Jo 8, 22). Por isso, defender a verdade, propô-la com humildade e convicção e testemunhá-la na vida são formas exigentes e imprescindíveis de caridade. Esta, de fato, « rejubila com a verdade » (1 Cor 13, 6) (Bento XVI, Caritas in veritate, Nº 1).






Não existe santidade sem caridade! E não pode existir a caridade sem a verdade!










Ora, assim como só se pode dar a saúde combatendo a doença, também só se pode defender e ensinar a verdade, demonstrando e condenando o erro oposto a ela.A caridade exige que se critique e corrija os erros do próximo. O Catecismo Católico ensina que corrigir ensinar os ignorantes são obras de misericórdia espiritual, portanto, obras de caridade, de amor verdadeiro. Não exercer esta obra de misericórdia tão necessária,  e obrigatória para um Católico é faltar com a caridade ao próximo e deixa-lo entregue aos seus próprios erros, ou à ditadura da arbitrariedade com bem disse Bento XVI.Por isso, hoje se pensa erradamente, que o amor proíbe corrigir e ensinar, mas deixar a pessoa entregue ao seu livre arbítrio sem conhecer os três lados da moeda para poder realmente usar de seu livre arbítrio consciente. Hoje infelizmente a era da Pós Verdade contrapondo-se ao “é proibido proibir” aderiu ao “Tudo é permitido”








A FALSA DOUTRINA DO MODERNISMO (COMO IDEOLOGIA)













Na encíclica Pascendi, São Pio X afirma que:“O Modernismo é a cloaca para onde confluíram todas as heresias. Diz ainda que essa heresia penetrou na Igreja de tal modo que, os inimigos dela já não deveriam ser buscados fora, mas dentro dela, especialmente nas fileiras do Clero (Pascendi, no. 2). E a esses Modernistas - especialmente do Clero - São Pio X chama de  “os mais perigosos inimigos da Igreja” (Pascendi, no. 3).O Papa demonstra que os Modernistas, para melhor ocultar sua ação deletéria, não apresentavam sua doutrina de modo sistemático, mas, “com astucioso engano” apresentam seu pensamento de modo não coordenado (bem ao estilo confuso de Paulo Freire), um defendendo o Modernismo apenas no campo exegético (o Padre Alfred Loisy); outro, no terreno teológico (Padre Laberthonière, Padre Georges Tyrrell e Padre Ernesto Bonaiutti, o amigo do futuro João XXIII e que lançou o Manifesto dos Modernistas); outro no campo místico (o Barão Von Hügel); outro na Filosofia (Maurice Blondel); outro numa Arqueologia e Antropologia “Gnóstico-Mística” (Padre Teillhard de Chardin);outro na literatura (Antonio Fogazzarro); outros na política (Marc Sangnier, Padre Romolo Murri); outros enfim, dentro do Vaticano, exercendo uma ação discreta mas decisiva, na política eclesiástica, protegendo os modernistas, ou mesmo defendendo suas ideias (como Della Chiesa, Gasparri, Radini Tedeschi, Cardeal Bea, etc).É claro que o espírito furta cor e camaleôntico do Modernismo não permite detectar - por vezes - claramente a heresia em muitos de seus defensores, tanto mais quando se sabe que eles, como lembrou São Pio X, muitas vezes negam numa página o que afirmam noutra...” (Cfr. Pascendi, no. 3).O sistema Modernista, diz o Papa São Pio X:“Parte de uma posição agnóstica. Para eles a razão só pode estudar e examinar os fenômenos perceptíveis pelos sentidos e pela ciência. Daí afirmarem, inicialmente, que Deus e a Fé serem assuntos alheios à Ciência experimental moderna. Para os Modernistas então todas as provas da existência de Deus são elocubrações intelectualistas que nada comprovam. Eles rejeitam assim o que definiu o Concílio Vaticano I: que os católicos devem ter como demonstrável pela razão a existência de Deus. Como rejeitam o que diz São Paulo que ”após a criação as qualidades invisíveis de Deus se tornaram cognoscíveis através das coisas criadas” (Rom. 1, 20). Deste modo, os Modernistas se inclinam para a Gnose, ao rejeitarem a analogia do ser: o mundo criado não refletiria a Deus criador (Pascendi, Nº. 6).Esse agnosticismo radical, do qual partiam os Modernistas, os levava a afirmar que a Ciência e a História tem que desconhecer o papel de Deus, já não seria possível provar sua existência. Ciência e História deveriam ser atéias ou agnósticas. Que é exatamente como se ensinam, hoje, História e Ciências totalmente desconectadas de uma fonte Criadora Inteligente, mas mera obra do Sr acaso, como se fosse possível jogar o alfabeto para cima e esperar que ele ao cair ele formasse, por pura obra do acaso, um livro completo. Entretanto, se conforme os Modernistas, não se podem conhecer senão os fenômenos, há que constatar que a religião é um fenômeno existente na História, e que se deve estudá-la apenas enquanto fenômeno histórico, comum a tantas civilizações e culturas.A causa do fenômeno religioso, visto que não se pode provar a existência ou inexistência de Deus, deve ser buscada no próprio homem. A religião seria uma forma de vida que tem raiz na própria vida do homem. Daqui procede o que os modernistas chamam de "Princípio de Imanência Religiosa".Tal princípio manifestaria uma necessidade profunda do homem, que se exprime num movimento do coração, a um sentimento(note-se: do coração e não da razão). O Modernismo, como o Romantismo e toda a Gnose, odeia a inteligência e a razão, colocando acima dela o coração e o sentimento. Como o Romantismo, o Modernismo manifestará uma antipatia pelo intelecto e pela capacidade do homem em conhecer a realidade e a verdade.Este sentimento do coração seria uma manifestação de uma necessidade da divindade que nasceria do subconsciente do homem. (Note-se aí uma influência direta do Freudismo, ele também negador da capacidade do conhecimento racional do homem).Como o sentimento do coração, nascido das profundezas do inconsciente humano, desabrocha em religião, estaria fora do âmbito do conhecimento científico. Isso estaria na esfera do incognoscível. “Este misterioso sentimento nascido do inconsciente humano seria, de fato, a própria Divindade imanente ao homem, a realidade substancial de Deus imanente nas profundezas do ser humano, eis aí a Gnose manifestada,  produziria a revelação divina no interior de cada homem, gerando a Fé. Esta seria o sentimento interior do divino que une o homem a Deus. Toda revelação seria interior. O que leva à negação da revelação encarnada em Cristo.O sentimento interior do coração seria então a própria realidade divina, imanente no mais profundo do ser humano, manifestando-se no interior de cada homem. Este sentimento seria, ao mesmo tempo, Deus revelante e a revelação de Deus, Deus revelado. Daí toda revelação seria, ao mesmo tempo natural, porque provindo da natureza humana, e sobre natural, porque provindo de uma divindade misteriosa aprisionada no interior do homem, e imanente a todas as coisas existentes” (Cfr. Pascendi, Nº 8).“O sentimento religioso, que por imanência vital surge dos esconderijos da subconsciência, é pois o germe de toda religião e a razão de tudo o que tem havido e haverá ainda em qualquer religião” (Pascendi, Nº 10).






DEDUÇÕES DO MODERNISMO:






1)-Sendo a revelação interior ao homem, deveria haver plena liberdade de consciência, porque cada um sente a Deus de modo pessoal, e o manifesta a seu modo.





2)-A Igreja Católica então deveria então render-se a tese da liberdade de consciência, negando a própria evangelização, que é baseada na verdade de Cristo. Uma tese de falsa liberdade que é defendida pelo Liberalismo, pela Maçonaria e que foi promulgada como direito natural do Homem pela Revolução Francesa.





3)-Portanto, liberdade absoluta de praticar qualquer religião, incluindo a bruxaria, feitiçaria e satanismo. E a condenação de qualquer religião que queira, como a Igreja Católica, afirmar ser a única dotada da revelação plena.





4)-A Divindade imanente a todas as coisas seria absolutamente incognoscível pela inteligência humana. O homem não seria capaz de traduzir seu sentimento interior de Deus em palavras e conceitos racionais, os quais deformariam a revelação interior. A revelação interior e a Fé que dela decorre seriam inefáveis, incapazes de serem postas em termos conceituais e traduzidas pela palavra humana.





5)-As religiões, em suas manifestações e crenças, não passam de exteriorizações do sentimento divino interior e inefável. Daí, nenhum Credo seria verdadeiro. Inclusive o católico.





6)-A religião católica teria nascido do sentimento interior que se manifestou em Cristo, apenas um homem de consciência privilegiada. Cristo teria sido deformado pelos evangelhos e cartas apostólicas, traduzindo-o em afirmações religiosas necessariamente falsas, porque incompletas ou imperfeitas.





7)-A Divindade interior e imanente era chamada pelos Modernistas de Incognoscível (o grande arquiteto). Este, porém, sempre se manifesta num sentimento do coração, aproveitando-se de um fato ou fenômeno qualquer.





Daí se seguiriam duas outras coisas:






1ª)-Uma Transfiguração do fenômeno.





2ª)-Uma Desfiguração Mítica do fenômeno.







Aplicando toda esta teoria a Jesus Cristo, diziam os Modernistas que a Ciência e a História (agnósticas) encontravam nele apenas um homem, excluindo propositadamente tudo o que pretendesse ser divino ou sobrenatural nele. Esta figura histórica foi transfigurada e mitificada ou desfigurada pela Fé, então é preciso separar o Cristo histórico, do Cristo da fé. Embora a Fé seja absolutamente inefável, incapaz de ser colocada em conceitos e palavras, porque o sentimento não é conhecimento, o homem teria que ”pensar a sua fé”, diziam os Modernistas, mas valem os sentimentos deles como verdades incontestes.







DESCONSTRUÇÃO DO DOGMA















Inicialmente, o homem exprime a noção que lhe adveio de seu sentimento interior com uma proposição simples ou vulgar. Depois, ele elabora seu pensamento. Faz afirmações mais sutis. Quando estas formulações mais elaboradas são sancionadas e tornadas obrigatórias, nasce um dogma. Entretanto, sendo a revelação inefável, toda fórmula dogmática é inadequada, imprecisa, imperfeita e incapaz de transmitir o conteúdo real da revelação e da Fé. Os dogmas seriam, segundo os Modernistas, meros símbolos do sentimento interior inefável. Seriam instrumentos inadequados para comunicar, até certo ponto, o que se pensou sentir, mas que jamais exprimem uma verdade absoluta, tal e qual fosse revelada por Deus. Como a revelação interior é inefável, os dogmas estariam sujeitos a explicitações e formulações variáveis no tempo. O dogma seria modificável, aperfeiçoável, sem jamais chegar a exprimir corretamente o sentimento interior e a Fé. O dogma e a Fé jamais seriam estáveis ou definitivos: pelo contrário, estariam em constante evolução. Enfim, no frigir dos ovos, eles quere, afirmar que não haveria verdade absoluta e objetiva. “Ousadamente afirmam os modernistas, e isso, mesmo se conclui das suas doutrinas, que os dogmas não somente podem, mas positivamente devem evoluir e mudar-se” (O modernista filósofo, Pascendi, no. 13). Para eles, os dogmas, as fórmulas religiosas, porque não são resultantes de especulações intelectuais, e sim produtos do sentimento religioso, que é vivo, devem ser vitais e mutáveis como ele. O crivo que as faz mudar vitalmente não é a inteligência, e sim o coração. Se as fórmulas vitais perderem sua relação com a vida do sentimento, elas teriam que ser mudadas para serem adaptadas ao homem e à vida.Resultado: o dogma deveria estar sempre evoluindo, e a religião sendo constantemente reformada.Como se vê, o espírito evolucionista e bergsoniano marcou o Modernismo com sua nota de instabilidade.O anti intelectualismo romântico da filosofia da ação de Maurice Blondel formou a doutrina da heresia Modernista. O filósofo modernista, estudando o que se passa na alma do crente, verifica apenas como se dá e como se desenvolve o sentimento religioso e a Fé, identificando este sentimento com Deus, mas não se manifesta se, de fato, este Deus existe fora da alma do crente. O crente tem consciência da existência imanente de Deus nele por meio da experiência religiosa individual.Para a ideologia do crente Modernista, o sentimento religioso é uma espécie de intuição do coração que coloca o homem em contato direto com a realidade divina imanente no homem. Esta experiência pessoal daria uma certeza experimental muito superior à certeza intelectual.Como se vê, o Modernista recusa a convicção racional, preferindo a ela a experiência mística do coração. Ora, como esta experiência religiosa interior se dá em qualquer homem, pouco importando a religião positiva a que ele pertença, segue-se que se deve aceitar qualquer religião, até mesmo a dos hereges e idólatras como verdadeira.Toda experiência religiosa seria válida, não importando o credo que dela nascesse, visto que os credos são deformadores da experiência religiosa inefável.Para a ideologia Modernista, todas as religiões seriam igualmente válidas, e nenhuma pode se arrogar o monopólio da verdade.Desta atitude nasce o falso ecumenismo modernista, que já manifestara sua tolerância liberal, maçônica e relativista no Congresso das Religiões de Chicago, em 1894, organizado pelos hereges Americanistas.“Os Modernistas de fato não negam, ao contrário, concedem, uns confusa e outros manifestamente, que todas as religiões são verdadeiras” (O modernista crente, Pascendi, no. 14).Os mais moderados, quando muito, dizem que a Religião Católica tem apenas mais verdades que as outras, porque é mais viva. São Pio X, na Pascendi, diz que é “absurdíssimo que católicos e sacerdotes, que, como preferimos crer, tem horror a tão monstruosas afirmações, se ponham quase em posição de admiti-las” (Pascendi, no 14). Desgraçadamente, hoje, esta crença monstruosa tonou-se corrente em algumas paróquias e dioceses mundo afora. Quem não defende, hoje, entre os católicos, o ecumenismo relativista para não ser considerado como aquele que está faltando com a unidade eclesial?Émile Poulat, historiador do Modernismo e simpatizante dele, confessa que:“Após um século da polêmica modernista passamos de um modernismo restrito a um modernismo generalizado" (E. Poulat, Histoire, Dogme et Critique dans la Crise Moderniste, Albin Michel, Paris, 1996, p. VII).E Poulat confessa que:"As ciências históricas não revolucionaram apenas nosso conhecimento do passado, como também, no total, o espírito dos historiadores e a consciência dos crentes, uma revolução na revolução. Neste sentido, nós todos somos modernistas. Que aqueles que duvidam disso ou o contestam releiam os documentos pontifícios, o Decreto Lamentabili e a Encíclica Pascendi (1907). O fato é que o longo juramento anti modernista instituído por São Pio X em 1910 foi revogado, abreviado, reduzido a algumas linhas) por Paulo VI depois de pouco mais da metade de um século" (E. Poulat. op. cit. p. XVII).Esta idéia da experiência religiosa interior, diz São Pio X, se opõe e destrói a tradição católica. De fato, para os Modernistas, a Tradição é simplesmente a transmissão ou comunicação da experiência original feita através da fórmula intelectual imperfeita. Esta fórmula, porém, teria uma capacidade de sugestão para tornar a despertar o sentimento religioso, tanto em quem pronuncia a fórmula, quanto em quem a ouve, produzindo, de novo ou pela primeira vez, a experiência religiosa pessoal. Assim se propagaria no tempo a experiência religiosa de um modo vivo. Quando esta experiência se propaga e transmite vitalmente, ela seria verdadeira.“O viver, para os Modernistas, é a prova da verdade; e a razão disto é que verdade e vida para eles são uma e mesma coisa. E daqui mais uma vez se infere que todas as religiões existentes são verdadeiras, do contrário já não existiriam (O modernista crente, Pascendi, no. 15).












Para a ideologia Modernista, a tradição tem que ser dinâmica, ou não é verdadeira. Uma tradição dinâmica e viva significa ser mutável e evolutiva como a vida, como a verdade e as leis da física sendo fixas, fosse algo muito chato, não produz sentimentos agradáveis, portanto, não são verdadeiras.Os Modernistas separam de modo absoluto Fé e Ciência e Confundem ideologia Modernista com os avanços Modernidade Científica e Tecnológica.A Fé teria por objeto algo incognoscível de modo científico. A Ciência se ocupa apenas dos fenômenos. A Fé, resultante da experiência interior mística, inefável, seria incognoscível pelo intelecto e pela Ciência, mas atingível apenas pelo coração. Desta separação absoluta entre Fé e Ciência, que atuariam em campos absolutamente incomunicáveis - resultaria também uma impossibilidade absoluta de conflito real entre elas, porque jamais elas podem se encontrar. Os conflitos ocorridos no passado entre a Igreja e a Ciência teriam resultado de uma incompreensão da Igreja, que não tinha verdadeiro entendimento do que era realmente a Fé. Desses conflitos a Igreja deveria pedir perdão à Ciência moderna.Entretanto, embora atuando em campos diferentes e absolutamente separados, a Fé teria que subordinar-se à Ciência:Primeiro, porque a religião enquanto fenômeno, pode e deve ser estudada pela Ciência.Segundo, se a realidade divina está fora do âmbito da Ciência e dentro do âmbito da Fé, a ideia de Deus permanece sob dependência da Ciência.Por isso, dizem os Modernistas que a evolução da religião deve ser coordenada com a evolução moral e intelectual da humanidade controlada pela Ciência. Portanto, a Fé deveria estar subordinada à Ciência. Esta subordinação deveria ser o objeto do trabalho do teólogo, que procuraria conciliar o pensamento religioso com as novas descobertas da Ciência.“Diz o filósofo que o princípio da Fé é imanente; acrescenta o crente que esse princípio é Deus; conclui pois o teólogo: logo, Deus é imanente no homem. Disto se conclui a imanência teológica“ (O modernista teólogo, Pascendi, no. 19).Embora haja, entre os modernistas, quem ponha certas distinções ao princípio de imanência teológica, os mais coerentes deles propugnam diretamente o panteísmo. Ou a Gnose.São Pio X mostra que, para os modernistas moderados, essa imanência significaria uma verdadeira indistinção entre a ordem natural e a ordem sobrenatural. São Pio X explica que:“Os modernistas moderados empenham-se em convencer o homem que nele mesmo e nos íntimos recantos de sua natureza e de sua vida se oculta o desejo e a necessidade de uma religião, não já de uma religião qualquer, mas da católica; porquanto esta, dizem, é requerida (postulata) pelo perfeito desenvolvimento da vida” (São Pio X, Pascendi, no 37, Vozes, Petrópolis, pp. 40-41).Por outro lado os modernistas mais radicais, que São Pio X denomina de Modernistas integralistas:“Pretendem que se deve mostrar ao homem que ainda não crê, como se acha latente dentro dele mesmo o germe que esteve na consciência de Cristo e que Cristo transmitiu aos homens”. (São Pio X, Pascendi, no. 37, p. 41. O negrito é nosso).







E quando Cristo teria transmitido esse misterioso Germe?






Há quem diga que foi no momento da Encarnação, ou no Natal, ou ainda na hora de sua morte na cruz. Com qualquer que seja esse momento, Cristo teria redimido e salvado todos os homens, porque, todos possuindo tal germe, já estariam naturalmente salvos. A identificação na Ideologia Modernista entre natureza e sobre naturalidade exige admitir a salvação universal. E não só a salvação universal, mas também a tese de que todas as religiões são vias de salvação, já que esta provém do germe de origem divina depositado no “coração” do homem.Segundo a Ideologia Modernista, este seria o “mistério do homem”:“O homem possui, em sua natureza, um germe divino através do qual ele é necessariamente salvo. A Revelação que Cristo traz ao homem, essa revelação que brotaria do coração e do sentimento interior, provém deste germe divino, e é a tomada de consciência do homem de que há, no seu íntimo, a própria divindade em germe.Ainda segundo a ideologia Modernista, a Ciência não pode constatar nenhuma intervenção de Deus na História.Para os adeptos da Ideologia Modernista, Isto seria objeto da Fé, nunca da Ciência. Por esta razão pretendiam que a Sagrada Escritura fosse examinada apenas com os métodos científicos modernos, excluindo que nela se pudesse admitir a intervenção divina. A aceitação das Escrituras como revelação de Deus seria uma mera conclusão da experiência religiosa dos homens que as escreveram, ou daqueles que as lêem. Diziam que os Evangelhos, por exemplo, não haviam sido realmente registros históricos dos discípulos de Cristo, mas que eram produto das experiências religiosas dos primeiros cristãos, que haviam mitificado a figura de Jesus histórico transformando-o em Messias e Redentor. De fato, os Evangelhos teriam sido escritos até séculos depois de Cristo, o que a Ciência hoje provou ser uma falsidade da parte dos Modernistas. Admitiam que nos livros sagrados pudessem existir erros e contradições. Por exemplo:




1)-Loisy ironizava que Cristo havia predito, para logo, a vinda do Reino, e o que chegou não foi o Reino, mas sim a Igreja.


2)-A pessoa de Jesus Cristo é, para eles, puramente humana, capaz de erros, desconhecendo o futuro, e até mesmo a sua própria missão e essência divinas.


3)-Foi a experiência religiosa dos primeiros cristãos que transformou e mitificou a pessoa de Cristo. Daí distinguirem eles o Cristo histórico, do Cristo da Fé.


4)-O Cristo histórico teria sido um puro homem, certamente dotado de qualidades não comuns, mas permanecendo sempre puro ser humano.



5)-Este Jesus histórico, mero filho de carpinteiro, teve uma experiência religiosa pessoal extraordinária que o levou, pouco a pouco, a conceber-se como filho de Deus. Após a sua morte, seus discípulos completaram sua mitificação, transformando-o em Deus Homem.“A divindade de Jesus Cristo não se provaria pelos Evangelhos; ela é um dogma que a consciência cristã deduziu da noção de Messias” (Decreto Lamentabili, erro XXVII da Cristologia de Alfred Loisy).“Jesus, quando exercia o seu ministério, não falava com o intuito de ensinar que era o Messias, nem os seus milagres tinham por fim demonstrá-lo” (Lamentabili, erro XXVIII).“Em Cristo teve, desde o princípio, consciência de sua dignidade messiânica” (Lamentabili, erro XXXV).



6)-Até mesmo a ressurreição de Cristo era negada pelos modernistas porque não a consideravam um fato histórico.






Tais erros, hoje, são propalados por muitos “teólogos” de fama internacional. E, por isso, são repetidos, nas homílias, nos folhetos dominicais, em catecismos populares etc. Recentemente, um teólogo que negou, em livro, a Ressurreição de Cristo, que Jesus é Filho de Deus, monsenhor Kasper, foi elevado ao cardinalato, e nomeado membro da Congregação da Doutrina da Fé. Seria como nomear um lobo como guardião do redil.Todos esses erros contra a Fé provinham da falsa idéia dos Modernistas sobre o que é a Fé e da colocação da Ciência acima da Fé. Por isto, eles estavam prontos a interpretar os primeiros capítulos do Gênesis, como mero relato simbólico, aceitando o que afirmava o evolucionismo meramente teórico e cheio de lacunas de Darwin como realmente científico.








OUTRAS HERESIAS DA "IDEOLOGIA MODERNISTA":





1)-Para os modernistas, a Igreja não fora fundada por Cristo, nem Ele dera o poder supremo da Igreja a Pedro. A Igreja seria resultante da consciência coletiva dos crentes. Por isso o poder nela derivaria do povo fiel, e não de Deus. A autoridade eclesiástica emanaria do povo crente. Daí ser necessário, segundo os modernistas, uma democratização da Igreja.




2)-Toda a autoridade eclesiástica deveria se desvestir da pompa que a tem cercado. Toda a pompa que cercou as manifestações da autoridade eclesiástica seria alheia ao espírito da religião. A Igreja deveria ser simples, pobre, igualitária e democrática. Por essas razões, todo o culto deveria ser reformado, perdendo as cerimônias pompa e buscando ser simples e pobres.




3)-De nenhum modo o Papa deveria ter um poder soberano, nem poderia ter um território. Face ao Estado, a Igreja deveria ser separada dele, e não gozar de privilégio algum, porque Ela não pode se arrogar orgulhosamente a posse da Verdade. Todas as religiões deveriam ter iguais direitos no Estado democrático.













4)-Também o Magistério eclesiástico deveria ser mudado, assumindo feições democráticas porque, no fundo, ele nasceria das consciências individuais. Seria um abuso tirânico alguém se considerar fonte do Magistério. O Papa deveria aceitar a verdade que nasce das bases, e que é expressa pelos “teólogos” subordinados, estes também, ao povo, como fonte original da Revelação.




5)-Uma Instituição como a Congregação para a Doutrina da Fé seria a expressão da tirania de um poder monárquico sobre o povo, única fonte de verdade.A concepção do Papa como soberano que decide o que é dogma, o que é verdade, e o que é heresia, seria uma deformação absurda do fenômeno religioso que reside no fundo das consciências individuais.










6)-Como a manifestação da consciência religiosa é inefável, e como ela está sujeita, como tudo, à lei da evolução, a religião, como fenômeno vivo deve evoluir continuamente, o que é impedido e tiranizado pelo estabelecimento de uma autoridade magisterial tida como “infalível”.






7)-Assim como a Igreja deveria estar separada do Estado -- porque ela não se pode arrogar a posse única da verdade -- assim todas as religiões deveriam ser aceitas quer pelo Estado, quer pela própria Igreja. Afinal, toda religião seria produto do sentimento interior de cada ser humano, em cuja inconsciente profundo jaz imanente, a Divindade.





8)-Sendo todas as religiões igualmente verdadeiras, e igualmente falsas por serem todas incompletas, a verdadeira Igreja seria constituída por todos aqueles que houvessem tomado consciência da imanência divina em seu inconsciente profundo.





9)-A “Igreja” verdadeira não seria nenhuma das religiões positivas e estruturadas. A IGREJA seria absolutamente espiritual, sem estruturas, sem dogmas, ecumênica, relativista, igualitária, pobre e democrática.





10)-A IGREJA verdadeira não existe na História. Ela estaria continuamente sendo gestada no fundo das consciências. As Igrejas estruturadas, e em primeiro lugar a Igreja Católica, deveriam se esforçar para tender para esta IGREJA espiritual, que vive secretamente no fundo das consciências, buscando vir à luz, num parto doloroso, em busca da Unidade.





11)-Culto também deveria perder toda pompa e todos os símbolos de majestade com que foi carregado e deturpado, nas épocas monárquicas. Deveria perder todo o caráter autoritário, hierárquico e elitista, tornando-se democrático. Para isto, o culto deveria estar voltado em conformidade não com a vontade de Deus revelada nas escrituras, mas com a do povo em cuja consciência inacessível se daria a manifestação da revelação e da divindade.





12)-Todos os sacramentos seriam meros sinais ou símbolos, cuja eficácia consistiria apenas na capacidade de despertar o sentimento religioso nas consciências individuais, nutrindo a Fé.





14)-A Hóstia consagrada não seria verdadeiramente o corpo, sangue, alma e divindade de Cristo. Ela seria apenas um símbolo da união das consciências. Cristo não estaria na Hóstia consagrada pelo sacerdote, mas estaria imanente nas almas. Estaria “no meio de nós” e não nas espécies eucarísticas. A Missa deveria ser a Missa do Povo, e nunca a renovação do sacrifício do Calvário. Quem rezaria, de fato, a Missa, seria o Povo, e não sacerdote. Por estas razões, a Missa deveria ser conforme o rito, cultura e a vontade do Povo, já que o povo é fato o sacerdote.










15)-Não se deveria mais fazer a apologética tradicional, com argumentos, defendendo uma verdade objetiva, pois não há verdade objetiva. A apologética não deveria visar a conversão de alguém a uma suposta doutrina verdadeira -- já que ninguém, e nenhuma religião possui sozinha a verdade -- mas deveria procurar despertar a consciência adormecida para que “ouvisse” a revelação do sentimento interior, para que afinal intuísse a voz da divindade imanente no homem. A verdadeira apologética deveria levar cada um a ter a sua experiência do divino. A tomar consciência da imanência da divindade no coração do Homem.









16)-Propugnavam o abandono da filosofia escolástica e tomista, adotando a filosofia moderna. Conseqüentemente, recusavam a antiga teologia, defendendo uma Nova Teologia, tal qual aquela que era proposta pelos teólogos jesuítas de Lyon e que triunfou no Concílio Vaticano II, apesar da crítica e condenação a ela feita pela encíclica Humani Generis de Pio XII. Desejavam a extinção dos Seminários.




17)-Os catecismos deveriam ser modernizados, tal qual o foram nestes últimos tempos. Queriam reformar a Missa. Queriam acabar com as devoções externas.




18)- A Igreja toda deveria ser democratizada, tomando-se todas as decisões, doutrinárias ou de direito, em assembléias. Exigiam uma reforma do governo da Igreja, especialmente por meio de uma democratização da Cúria Romana, e pela extinção do Santo Ofício, a fim de haver maior liberdade para os teólogos exprimirem suas “teorias”.




19)-Em Moral, defendiam as teses do americanismo, afirmando uma falsa distinção entre virtudes ativas e virtudes passivas, como se fosse possível uma virtude ser passiva. Outros defendiam uma reforma da doutrina moral, que levava, de fato, à abolição de toda a lei moral.












Toda esta baboseira apologética da Ideologia Modernista nasceu das doutrinas de Maurice Blondel (1861 – 1949). Todas estas heresias levavam os Modernistas a propugnar amplas e profundas reformas na Igreja Católica.










O evolucionismo radical do Modernismo exigia que eles amassem as novidades pelas novidades e que odiassem tudo o que é tradicional na Igreja.2 Timóteo 4,3-5: “Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para fábulas.Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério...”






Por Orlando Fedeli - Montfort











A busca da resposta à pergunta mais simples “qual é a verdade?” aparentemente, resultou numa criação digna dos melhores sofistas: A Pós-Verdade!














*Por Wanda Camargo





A disseminação das redes sociais produziu alguns efeitos negativos, mas se sobrepõem os positivos tais como: o acesso de muito mais pessoas à informação e possibilidade de comunicação global é um deles. No entanto, a verdade, essa frágil planta de difícil definição, é bombardeada por todos os lados; divulgam-se com rapidez astronômica fatos e versões acerca de absolutamente tudo, com ou sem relação com a realidade ou possibilidade de comprovação. Parte da imprensa preocupa-se com a enxurrada de factoides e procura criar filtros que a protejam de divulga-los inadvertidamente, mas nem sempre consegue tal intento.A questão milenar “o que é a verdade?” ainda não foi respondida satisfatoriamente e a busca de resposta à pergunta mais simples “qual é a verdade?” aparentemente resultou numa criação digna dos melhores sofistas, a pós-verdade.O termo (post-truth) é usado para situações em que os fatos objetivos são ignorados na argumentação, declaração ou persuasão. Em qualquer telejornal assistimos esta técnica chegar a paroxismos, com as afirmações absurdas dos suspeitos, indiciados, réus e condenados, que apesar de todas as provas, continuam a afirmar o que não disseram, o que disseram não fizeram, que não roubaram o que roubaram e que não estavam onde foram vistos, mesmo tendo sido fotografados e filmados.Atribui-se ao filósofo Friedrich Hegel a declaração de que a História é um mito consentido, e se pensarmos nas diversas intepretações dos acontecimentos, tendemos a concordar: cada povo, cada corrente ideológica, cada grupo de interesse, contará a história de acordo com sua versão e será esta versão que prosperará e será aceita por algumas, ou muitas, pessoas.




UM EXEMPLO CLÁSSICO:





O evento que nós brasileiros denominamos “Guerra do Paraguai” é narrado aqui como um conflito provocado pelo “sanguinário ditador Solano Lopez” que teria invadido parte de nosso território. Já os paraguaios e alguns outros historiadores a contam como um genocídio cometido pela tríplice aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) instigada pela Inglaterra para conter o “modernizador humanista Solano Lopez” que pretenderia implantar algum tipo de socialismo em seu país. Evidentemente, duas versões tão divergentes não podem ser concomitantemente verdadeiras, o mais próximo da verdade pode estar em algum ponto entre uma e outra.É dito popular que a história é, efetivamente, escrita pelos vencedores, e suas versões tenderão a prevalecer, tão ou mais fantasiosas quanto maior for a necessidade de justificativa para os atos cometidos ou a necessidade de utilização autopromocional em ambições futuras. Não por coincidência, comunicólogos nazistas afirmavam que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade, e embora saibamos que não, isso será consentido pela maior parte das pessoas a que se destina, ou seja, tudo o que os manipuladores desejam.Apenas o conhecimento da verdade nos libertaria, disse um apóstolo referindo-se às verdades da crença que pregava, e a procura pela verdade é de fato libertadora. Ainda que muito difícil e por vezes dolorosa, a retirada das escamas que recobrem os olhos torna-se condição para amadurecimento e é quando realmente começa o aprendizado.Esta é a profissão de fé e missão de milhares de professores, mesmo numa época de tantas pós-verdades e pré-mentiras, e ainda que o processo educativo seja reflexo e refletor das atitudes e valores sociais, sofrendo dos mesmos males que afetam a época e sistema de crença da comunidade em que se insere.






*Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.














CONCLUSÃO:






É doloroso verificar que toda a tradição filosófica do Ocidente e do Oriente que significou um esforço exaustivo na busca da verdade das coisas, sendo agora invalidada por um inaudito movimento histórico que afirma ser a verdade da realidade e da dureza dos fatos algo irrelevante. O que conta serão minhas crenças e convicções: só serão acolhidos aqueles fatos e aquelas versões que se coadunam à estas minhas crenças e convicções, sejam elas verdadeiras ou falsas.Se Sócrates que dialogava incansavelmente com seus interlocutores sobre a verdade da justiça, da beleza e do amor, constatasse a predominância da pós-verdade, seguramente não precisaria ser obrigado a tomar a sicuta. Morreria de tristeza.A pós-verdade denota a profundidade da crise de nossa civilização. Representa a covardia do espírito que não consegue ver e conviver com aquilo que é. Tem que deformá-lo e acomodá-lo ao gosto subjetivo das pessoas e dos grupos geralmente políticos.Aqui valem as palavras do poeta espanhol, António Machado, fugido da perseguição de Franco:“A tua verdade, não, A verdade. A tua guarde-a para ti. Busquemos juntos a verdade”.Agora vergonhosamente não se precisa mais buscar juntos a verdade. Poucos se enfrentam com a verdade “verdadeira” e se deixam medir por ela. Mas a realidade resiste e se impõe e nos dá duras lições. A pós-verdade não se identifica com as fake news: estas são mentiras e calúnias difundidas aos milhões pelas mídias digitais contra pessoas ou partidos. Aqui vale o descaramento, a falta de caráter e o total descompromisso com os fatos. Na pós-verdade predomina a seleção daquilo, verdadeiro ou falso, que se adequa à minha visão das coisas. O defeito é a falta de crítica e de discernimento para buscar o que de fato é verdadeiro ou falso.









Não creio que estamos diante de uma era da “pós-verdade”. O que é perverso não tem sustentação própria para fundar uma história. A palavra decisiva cabe sempre à verdade cuja luz nunca se apaga. Não há duvidas de que cedo ou tarde a verdade factual acabará por se impor.Se fosse diferente, as ideias totalitárias, em suas diferentes versões, teriam prevalecido. Foram desmascaradas e, seus protagonistas, se tornaram desacreditados. Basta saber em quanto tempo e qual o grau do dano causado por uma notícia falsa.No mundo de difusão imediata de informação, onde toda notícia é imediatamente acessada por todos, a busca pela informação correta e verdadeira é uma arte; afirma-la, em tempos de manipulação e de furiosas paixões que se elevam sobre o tribunal da razão e sobre a capacidade de pensar, é um embate constante e pernicioso entre o real e a irrealidade. Pós-verdade pode perfeitamente ser entendido como a manipulação da opinião pública vestida em trajes de gala. Ou a velha mentira de roupa nova. E ainda como uma forma de narrativa que privilegie um tema de interesse, sem mostrar os diferentes ângulos.












A novidade que vai inspirar, e já inspira a bem da verdade (sem trocadilhos), é uma maior responsabilidade e atenção sobre o que se publica ou se põe em circulação com o nome de “notícia”. Fica evidente, nesses tempos de pós-verdade, que não é suficiente apenas informar rapidamente, mas informar bem, com atenção para a veracidade dos fatos e seus processos. Pois fatos são teimosos e exigentes. Processos são como peças de um quebra-cabeça que vão se somando, se completando. É verdade que fatos podem ser acompanhados de comentários críticos, úteis para a compreensão dos acontecimentos e para formar a opinião e o saber público. Nunca será demasiado, contudo, a atenção para a veracidade dos fatos. E fatos são fatos, são os melhores antídotos contra as inverdades e a manipulação. Prova disso, é o próprio Dicionário da Universidade de Oxford. Existe desde 1857 e acompanha as palavras desde a sua origem à utilização atual. Existiria melhor exemplo de que a verdade dos fatos sempre vence as especulações e artifícios de narrativas? Steve Tesich foi ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original em 1979 para o filme A Gangue dos Quatro. Escreveu o romance Karoo, editado postumamente em 1998, dois anos da sua morte. Usou o termo pós-verdade em ensaio de 1992 referindo-se ao episódios na Guerra do Golfo:“Nós, como um povo livre, escolhemos livremente que queremos viver em um mundo de pós-verdade”, ele registrou.O “pós” não se refere simplesmente a “depois”. O sentido está relacionado a palavras como “pós-nacional” ou “pós-racial”, em que os conceitos se tornaram irrelevantes. A “política de pós-verdade” seria, assim, uma política marcada pela irrelevância da verdade, soterrada pela emoção como já explicamos suas origens acima.













O antídoto para aqueles que carregam honrosamente o nome de Cristãos, o antídoto para tudo isto é vida nova com Cristo, fruto da nossa consagração pelo Pai, que é oferecida a todo o que acredita que Jesus é o Filho de Deus, como repete insistentemente o quarto Evangelho. Com a força dessa fé e vida nova seremos capazes de transformar tudo, dentro de nós e à nossa volta: trabalho, estudo, vida familiar, problemas pessoais, compromisso social, solidão, doença e morte. Temos de provar, de gostar e de ensaiar com entusiasmo a nossa vida pascal, convertendo o coração aos bens do Alto, ainda que sem nos desinteressarmos das pessoas e do mundo. Consideremo-nos mortos para o pecado e suas obras e ressuscitados com Cristo para Deus. Dois tempos ou movimentos de uma mesma melodia, com aparência negativa o primeiro e com nome positivo o segundo, mas inseparáveis e, no fundo, iguais. Para vencer o ódio do mundo, no meio do qual temos que viver, não há meio melhor e mais convincente que o testemunho da verdade pelo amor!











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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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