Ícone significa Imagem.
É como uma janela aberta para os mistérios de Deus. Diz-se que um ícone é
escrito porque reescreve passagens bíblicas. É escrito com traços simplificados
e cores vivas porque fala da fé e de um jeito novo e diferente de viver, ao
jeito de Deus e do seu Reino. Fala então de outras lógicas, diferentes das
nossas.
-Eikon (grego) = Ícone: Imagem ou Reflexo.
-Eikonostasis (grego) = Iconostase: Parede cheia de Ícones. Numa Igreja é uma
parede que separa o ambiente do altar do ambiente onde fica a comunidade. Pode
ser também uma parede ou canto numa casa de família onde se colocam muitos
Ícones, para orar.
-Iconógrafo: Aquele que escreve o Ícone.
Serve para ler as Boas
Notícias do nosso Deus de maneira mais visual e para assim ajudar a refletir e
a meditar sobre os mistérios e pessoas neles representados. Serve
para orar diante deles como estando verdadeiramente diante do mistério representado, tendo assim para onde olhar e deixar-se olhar por ele.
Uma
janela visível para a realidade Invisível
É uma das expressões
mais usadas pelos nossos irmãos ortodoxos para falar dos Ícones. Uma “escrita”
cheia de profundo simbolismo, expressão de uma fé que acredita verdadeiramente,
até derramar o próprio sangue em nome disso, pois a Beleza é um dos traços mais
visíveis e inefáveis para “falar” do nosso Deus. Uma Beleza que supera a arte e
estética, porque quer “falar” e “escrever” com linhas, cores e olhos Aquele
totalmente Outro diferente de nós, um Outro que está aqui, presente, como quem
cuida, como quem escuta, como quem olha, como quem convida, como quem ama, como
quem vive conosco. A intenção principal do
ícone não é apelar à nossa sensibilidade artística da beleza física. A beleza,
na cultura dos ícones não é determinada pela forma natural das figuras, mas
pelo sua individualidade espiritual, pelo seu ser mais profundo segundo o
mistério da fé ali escrito, ou representado. Diz
João Crisóstomo: “Cada veste, animal ou planta são bons, não por causa da sua
forma ou cor, mas pelo serviço que prestam.”
Principais
características que os ícones apresentam:
1)-Os rostos têm olhos
grandes e em forma de amêndoa, orelhas destacadas, nariz longo e fino, boca
pequena. Tudo para mostrar que a cada órgão dos sentidos foi dada a Graça
Divina, todos esses órgãos são mostrados assim porque já foram santificados e
já deixaram de ter as suas funções orgânicas de ser humano meramente biológico.
2)-Nunca é pretendido
dar uma sensação a três dimensões, as perspectivas são até aparentemente sem
sentido pois apresentam-se completamente invertidas. Tudo para nos
dizer que esta não é a realidade física a que os nossos olhos estão acostumados
a ver no mundo. Normalmente o chamado “ponto de fuga”, o ponto onde
habitualmente todas linhas da perspectiva dos edifícios vão chegar está situado
no lugar de quem contempla o ícone.
3)-Como o ícone representa
uma realidade “interior”, espiritual, não mostra também uma fonte de luz
natural, e a luz que aparece não provoca sombras. A única luz existente
surge do próprio interior das figuras sagradas.
4)-No ícone podem ser
representados vários momentos de um mistério a ser escrito pelo iconógrafo (ou
escritor).
5)-A bordadura presente
em grande parte dos antigos Ícones elaborados na madeira tem um significado
muito importante. É como que a armação de uma janela. E tal como uma janela
serve somente para ver através dela, sem nos determos demasiado nos pormenores
do “vidro”, também o Ícone tem essa finalidade principal, que sirva para se ver
através dele.
(preparação da janela/bordadura iconográfica)
6)-VER: Este é talvez o
verbo que mais irá se repetir ao falarmos sobre os Ícones:
a)- Ver através desta
“janela” a beleza do mundo das coisas de Deus.
b)- Ver a Beleza do
Reino de Deus a acontecer.
c)- Ver a Beleza do
Outro por excelência, que Se deixa Ver
d)- E principalmente, deixar-se
ver pelo olhar do Outro que entra através da janela iconográfica da qual nos
aproximamos.
e)- APRENDER
APREENDENDO: Na perspectiva de Gilles Deleuze (Keywords: Byzantine Iconography;
History of Images; Gilles Deleuze; Eastern Iconologia and Religiosities),
o aprender é mediado pelos signos emitidos pela matéria ou objeto, abertos
à decifração, decodificação, interpretação. Para o filósofo, enquanto o
emissor de signos ensina, quem aprende é o intérprete, o decifrador
(DELEUZE, 2003, p. 4).
Isto posto, é possível então inferir que os
signos iconográficos carregam mensagens sob véus, realidades
implícitas, unidades subjetivadas de um realismo questionável pela
racionalidade; por isso, ensinam, doutrinam, emitem saberes igualmente
anuviados. O ícone bizantino parece ser assim. Para além de ser um objeto
material pensado a partir do século III para a projeção de poder e consolidação
do pensamento estratégico de Bizâncio através das imagens, foi, desde o século
IV, também um artifício que promoveu devoções cristãs e fez despertar práticas
religiosas protocolares. Uma vez captados pelos olhos da fé dos que
ainda se crêem legatários desse patrimônio cultural, são capazes de emitir
signos que necessitam ser decifrados por olhos e mentes treinados para poder
significar. No tempo presente, o sentido religioso derivado do ícone
bizantino então é traduzido por sistemas de referências de quem percebe as
imagens sacras como emitentes de signos, possuidoras de potencialidades de
transmissão de conhecimentos de natureza mística. Via de mão dupla, signo e
decodificação embrulham o composto imagético em um caminho que tanto oferece
quanto retira códigos de intelecção e de crenças. Portadora de signos
abertos, a porção figurativa dos ícones bizantinos não fica alheia a transformar
ambientes e entendimentos sobre realidades intangíveis unicamente pela razão. Porque
imitem signos críveis, produzem deslocamentos de significados entre o receptor
e o emitente que resenham fluxos de compreensão. Decorrente disso, as
imagens têm tarefa infindável no ato de representar à medida que também são
duradouros e intermitentes os critérios de observação. No
tocante às imagens bizantinas, sem cair em transgressões e rupturas de limites,
o ícone religioso, de modo geral, convida-se sem credenciais a irromper
barreiras e se imiscui em oportunidades dedutivas sobre quem a contempla. Uma
vez captados e decodificados, os signos emitidos pelos ícones descansam em uma
inteligibilidade promotora de outas apreensões cognitivas: as de cunho
religioso (religar-se ao Sagrado).A imagem bizantina como
materialidade de um saber testado pelo tempo e pelos intérpretes, representa
para a História também uma fonte eivada de códigos que esconde dizeres. Os
conhecimentos transmitidos a partir deles, se por um lado brotam da
introspecção, remetendo ao transcendente, ao místico, do outro, oportuniza o
pesquisador ao desafio de esmiuçar modos de vivência, pensamentos que norteavam
um grupo social, mentalidades que repercutiam em atitudes coletivas, modos de
percepção do mundo, organizações, estruturas e hierarquias na vida da corte
imperial. O ícone não diz somente sobre as coisas de Deus, mas também, sobre
as coisas dos homens.
ÍCONE: A CRUZ DE SÃO
DAMIÃO
Este ícone é bizantino,
do
século XII, foi encontrado por Francisco de Assis, numa igreja em ruínas
dedicada a S. Damião, daí o nome do ícone ser chamado de Cruz de S. Damião. Pensa-se
ser da autoria de um desconhecido iconógrafo italiano. O ícone foi elaborado em
tela colada sobre madeira de nogueira e mede 1,90 m de altura e 1,20 de
largura. Não é possível
apreender toda a força da Vida que é anunciada e festejada neste ícone sem
antes ter presente o contexto que o antecede. Jesus dentro de um Projeto divino,
no qual o Pai tem o controle e a última palavra, e usa as mediações humanas
como "causas segundas" (conf. Suma
Teológica I, q.105, a. 5). Na dimensão divina, sua morte sacrificial
foi para nos salvar e libertar do pecado, na dimensão humana, sua morte foi
fruto de um processo injusto e forjado, no qual foi condenado à morte unicamente
para servir de exemplo a todos aqueles
que ousassem levantar a voz contra o sistema de dominação Romana e às castas religiosas
Judaicas. Jesus era visto tanto pelas lideranças Romanas como Judaicas, como alguém
perigoso porque cativava multidões, e bem sabemos como a multidão é
influenciável. Na mentalidade daqueles que estavam a frente deste
sistema, bastava uma palavra de Jesus e todos pegariam em armas, para com a violência
expulsar o império que os oprimia, bem como ficaria muito mal também os poderes
religiosos que ocupavam os seus cargos e não queriam perde-los, pois Jesus
poderia colocar no lugar deles seus discípulos, e por isto de certa forma, pactuavam
com essa opressão Romana. Então os dois poderes civil e religioso, sentiram que
era urgente calar Jesus de uma vez para sempre. Jesus foi condenado à morte
pela tortura numa cruz. A cruz era o meio de tortura que conduzia à morte mais
cruel, dolorosa, humilhante daquela época, e considerada maldição para os
Judeus. Muitos não cristãos, morreram assim nas mãos dos romanos. Jesus como o
Cordeiro de Deus, deixou-se livremente se ofertar e imolar-se nesse circuito de
violência, dor e morte. Entregou-se livremente sem fugir, e sem apelar para
seus seguidores que o defendessem ou o tentassem libertar, e para isto os
preparou ao longo de sua vida pública para este momento. Caso fizesse o
contrário, negaria tudo o que tinha vivido, anunciado e ensinado a seus
discípulos, e também, profeticamente, não respondeu à violência contra ele com
a violência, mas deixando-se ser violentado livremente. Esta sua atitude
desconcertante quebrava a espiral da violência que gera violência.
COMO, E
EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS MORREU JESUS O NOSSO SALVADOR E LIBERTADOR?
A execução por parte
das lideranças da época desta maneira humilhante, tinha o objetivo claro de ser
um ato público exemplar para provocar o medo e paralisar qualquer iniciativa
neste sentido. O local era propositadamente escolhido para chocar o maior
número de pessoas, feito exatamente na entrada da cidade. Todos os que
peregrinavam até à cidade santa tinham que assistir àquele “espetáculo” para
perceberem qual era o resultado da rebelião diante do poder romano
estabelecido. Qualquer “herói”/mártir ou malfeitor que fosse condenado a morrer
deste modo era ridicularizado, humilhado ao extremo: os condenados eram
crucificados nus. Com Jesus não podia ser diferente pela sua petulância.O doloroso e brutal
processo de crucifixão podia levar mais de um dia dependendo das condições
físicas do condenado. Em alguns casos era necessário apressar o processo de
morte na cruz, aplicando previamente a flagelação e mal tratos ao longo do
caminho para a crucifixão, bem como quebrando as pernas para que já não
pudessem erguer-se para respirar, morrendo o crucificado por asfixia. Certamente nos
interessa saber como é que morreu alguém que admiramos e que amamos. É
importante saber que o processo foi realmente doloroso, tão humilhante e
vergonhoso que provocou pavor aos seus discípulos os quais fugiram nessa hora,
envergonhados pela humilhação e impotência do Mestre que seguiam a ponto de
ficarem completamente desiludidos com ele. Tendo tudo isto presente podemos
então começar a ler o ícone, porque o que temos diante de nós é o Hoje que
acontece, depois da morte de Jesus.Apocalipse 1,
17-18: “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre
mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; o
que vive e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho
as chaves da morte e do inferno”. - João 21, 4 -14: “Ao
amanhecer, Jesus estava na praia, mas os discípulos não o reconheceram. Ele
lhes perguntou: "Filhos, vocês têm algo para comer? "
"Não", responderam eles. Ele disse: "Lancem a rede do lado
direito do barco e vocês encontrarão". Eles a lançaram, e não conseguiam
recolher a rede, tal era a quantidade de peixes. O discípulo a quem Jesus amava
disse a Pedro: "É o Senhor! " Simão Pedro, ouvindo-o dizer isso,
vestiu a capa, pois a havia tirado, e lançou-se ao mar. Os outros discípulos
vieram no barco, arrastando a rede cheia de peixes, pois estavam apenas a cerca
de noventa metros da praia. Quando desembarcaram, viram ali uma fogueira, peixe
sobre brasas, e um pouco de pão. Disse-lhes Jesus: "Tragam alguns dos
peixes que acabaram de pescar". Simão Pedro entrou no barco e arrastou a
rede para a praia. Ela estava cheia: tinha cento e cinqüenta e três grandes peixes.
Embora houvesse tantos peixes, a rede não se rompeu. Jesus lhes disse:
"Venham comer". Nenhum dos
discípulos tinha coragem de lhe perguntar: "Quem és tu? " Sabiam que
era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e o deu a eles, fazendo o mesmo
com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois
que ressuscitou dos mortos”.
JESUS RESSUSCITADO NA CORTE CELESTIAL
Temos no topo do ícone
alguém a quem não vemos o rosto, só a Mão Direita num semicírculo. É a Mão
Direita de Deus, Aquele que cria e recria, levanta e salva. É a mesma Mão que
tirou o povo de Israel da escravidão do Egito. É a Mão que confirma a vida inteira
de Jesus e o reconhece como Filho, por isso é a Mão que o tira da morte e lhe
dá a Vida da Sua Vida.Vemos no ícone como
Jesus, num permanente movimento de subida para o Pai é acolhido pela Corte dos
anjos em festa, Ele é acolhido no Seio da Família de Deus. O jeito de viver de
Jesus é reconhecido por Deus como o Seu próprio jeito de viver e atuar, Jesus é
o que cumpre o Seu projeto de maneira absoluta. Estes 10 anjos, número
que representa a plenitude, a perfeição, o próprio Deus, reconhecem Jesus e
estão felizes com a sua chegada. Os anjos são a personificação da ação de Deus
na humanidade. Dizer que Jesus foi
ressuscitado por Deus é dizer que o Céu se espalhou por todo o lado e por todos
os tempos. É o Deus que não está só nos Céus como que separado da Humanidade,
mas está espalhado por todo o lado. O círculo em que Jesus
sobe é símbolo também de perfeição e o vermelho vivo é o símbolo da Vida. Leva as vestes
sacerdotais porque ele é o Sumo-Sacerdote definitivo e eterno da Nova Aliança.
JESUS
COM A VESTE DAS FUNÇÕES SACERDOTAIS
Passamos agora a outro
círculo que é o dourado que circunda completamente a cabeça de Jesus como um
Sol que ilumina tudo. Ele é a Cabeça da
Humanidade inteira, a Humanidade que é o seu Corpo, que ele leva consigo para o
Pai. Os círculos aumentam de
tamanho de cima para baixo como se nos conduzissem numa importante sequência,
ao nosso encontro. O Pai (1ºsemi-círculo)
confirma e ressuscita Jesus (2ºcirculo) e fá-lo assim vencedor da morte, plenamente
em comunhão com Ele na Festa da Sua Família. É seu Filho. É assim que nos é
dado pela sua Mão (3ºcirculo) como DOM maior à Humanidade. Jesus que tem uns olhos
largos, abertos, muito vivos, com todo o seu corpo parece sair daquele cenário
que tem atrás e “descola-se” para vir ao nosso encontro, braços abertos para o
abraço. Está presente diante de nós, cada vez mais próximo.
Acima, no círculo
vermelho estava com as vestes de Sacerdote (Ex 28,12) depois vemos que se despojou
delas e veste apenas um pano de linho puro debruado a ouro com um cíngulo
dourado. Esta é também uma veste do Sumo-Sacerdote, aquela com a qual o
sacerdote exerce o culto.
O QUE SIGNIFICA DIZER QUE JESUS É
SUMO-SACERDOTE?
Toda a Carta aos
Hebreus fala disto porque trata da passagem da Antiga Aliança para a Nova
Aliança inaugurada por Jesus. Os Sacerdotes da Antiga Aliança precisavam
de se separar do povo para realizarem a sua função. Mas Jesus, o
Sacerdote da Nova Aliança, não se separa nunca do povo, pelo contrário, ele
comunga plenamente com o povo, com a Humanidade, prova de tudo, experimenta
tudo como nós, menos o pecado. Os Sacerdotes da Antiga Aliança, antes de
exercer as suas funções em favor do povo diante de Deus, precisavam de as
exercer primeiro por si mesmos por serem eles também pecadores. Voltavam-se
para si mesmos antes de se poderem voltar para o povo. Mas na Nova
Aliança inaugurada por Jesus Sumo-Sacerdote, Ele está permanentemente voltado para o
povo, em nenhum momento deixa de estar voltado para nós porque não precisa de
exercer as funções por si mesmo já que não tem pecado. Jesus é uma
nascente contínua de Cura e de Vida. Todos os Sacerdotes da Antiga Aliança eram
transitórios. As suas funções terminavam. MAS a função do Sumo-Sacerdote Jesus,
na Nova Aliança, não acaba nunca e é eficaz, porque ele está vivo, conosco,
SEMPRE. A sua mediação entre Deus e os Homens não acaba nunca. É assim que Jesus
está representado no ícone, em funções:
a)- É o Novo e
definitivo Davi.
b)- É o Novo e
definitivo Sacerdote.
No livro do Êxodo encontramos
o relato de Davi, que sendo Rei e por isso Sumo-Sacerdote, usava o mesmo traje
quando levava, em procissão com todo o povo, a arca da aliança para o Templo. Pelo
caminho paravam várias vezes para fazer o ritual do sacrifício de animais,
degolando-os, e depois aspergindo o sangue no povo. Aspergir sangue era um
gesto de grande bênção, era um grande dom. Como o sangue, naquela cultura,
simbolizava fortemente a vida, receber o sangue aspergido era receber vida (conhecemos
a aspersão pela água batismal, um gesto cuja origem pode ser esta).
Neste
ícone vemos como Jesus asperge do seu próprio Sangue!
Ou seja, da sua própria Vida Ressuscitada
a todos sem exceção, por isso se vê a jorrar vivo através dos sinais visíveis
da sua morte. Ele não está pregado,
avança para nós, um pé a seguir ao outro, devagar, sem nos invadir nem se impor,
e oferece o Dom da sua Vida, o seu Sangue Redentor, em abundância e
continuamente a nós. Vem ao encontro do Abraço, faz lembrar o Abraço do Pai da
parábola do filho pródigo.A Ressurreição de Jesus
não apaga a sua história, nem Jesus se envergonha dos sinais da sua morte. São
feridas que não estão cicatrizadas, tal como aquela ruga na testa representa o
sofrimento que passou e representa agora a plena comunhão com todos os que
sofrem. Esses sinais são, ao mesmo tempo, e de maneira plena, DOM e COMUNHÃO. Dom
de Cura e renovação de Vida, e Comunhão com o nosso sofrimento. Nos dois extremos horizontais da cruz de São
Damião, estão duas figuras não aladas que se dirigem a Jesus. Há discordância
na sua interpretação, algumas interpretações afirmam ser duas colunas da Igreja, que a exemplo de Aarão no Antigo Testamento, que sustentava os braços de Moisés durante a batalha, porém, a dúvida é qual deles são considerados estas colunas: Pedro com Tiago, ou Paulo? já que João já aparece? Quantos aos seres alados abaixo das mãos de Jesus, alguns vêem dois anjos, que estariam no túmulo quando
Maria Madalena e a outra Maria foram preparar o corpo de Jesus com mirra e
foram as primeiras testemunhas da ressurreição.Outros, vêem as santas mulheres. (Os ícones da
ressurreição costumavam representar as “myrrophores”, isto é, as que levavam
mirra).
Hebreus
4,14-16:
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou
nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar
misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”.
O QUADRO DAS TESTEMUNHAS:
Reconhecemos com
facilidade as testemunhas maiores. Estão identificadas em baixo dos pés. Do
lado direito de Jesus está a Mãe de Jesus e o Discípulo Amado, que num gesto
discreto apontam para Jesus e falam entre si de olhos nos olhos. O Discípulo
Amado é aspergido com o Sangue que jorra do peito aberto de Jesus.
Do lado esquerdo de
Jesus estão representadas as mulheres que, nos Evangelhos, foram presença
constante no seguimento de Jesus, até mesmo no momento da cruz. Aqui está Maria
de Magdala e Maria mãe de Tiago que também falam entre si. O gesto da mão junto do
queixo tanto da Mãe de Jesus, como de Maria de Magdala parecem sugerir que
todos estes mistérios as deixam pensativas, a meditar no seu coração em tudo o
que se dizia respeito a Jesus. Está presente também um
Centurião Romano, o único que não apresenta auréola, o único que não tinha convivido
com Jesus mas aqui faz parte das testemunhas principais e é alcançado pela
misericórdia. Estaria talvez responsável pela execução de Jesus. No momento da
morte o Centurião o reconhece de alguma maneira e proclama uma exclamação de
fé: “Verdadeiramente
este homem era Filho de Deus!” O centurião olha diretamente
para Jesus como quem inicia agora uma caminhada de fé de olhos postos Nele.Atrás do centurião vê-se
uma outra figura que olha também fixamente para Jesus e atrás deles uma
multidão de pessoas que se aproximam à espera de entrar no mistério da Vida
Ressuscitada de Jesus para ver e acreditar. Atrás deste Centurião romano,
pagão, está toda a “descendência” de pagãos, onde estamos nós também.
Duas
figuras menores se apresentam abaixo, uma de cada lado:
A esquerda, é o soldado romano que, com a lança trespassou o peito de Jesus depois de já morto, e que segundo a tradição chama-se Longinus. A outra personagem é misteriosa. Não tem nome, é um ancião, e apresenta uma atitude corporal desafiante com o rosto de perfil e é a única personagem em todo o ícone de boca aberta. Parece dizer:Mt 27, 41-43: “E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de Deus.” Nas antigas normas iconográficas, quando um rosto era representado de perfil significava a personificação do Mal, da Divisão. A boca aberta, segundo a tradição dos ícones é escandalosa porque todos os ícones são silenciosos e convidam ao sossego e à meditação. Esta personagem parece cheia de ruído!
O GALO presente no ícone:
O galo é claramente o
símbolo das três negações de Pedro. Está representado sobre um circuito negro. O
negro simboliza o mal e o pecado. Vemos como este circuito circula por todo o
ícone, mas não se completa. A vitória de Jesus sobre a Morte, o Mal e o Pecado
quebra os seus circuitos negros não os deixando atingir o seu fim último. Vemos circuitos
completos, a toda à volta, de cor vermelha e dourado. Vermelho, mais uma vez
símbolo da Vida. Dourado símbolo da Luz e da Vida de Deus.
Apocalipse
5, 11-12:
“Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de
milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, e
cantavam em alta voz: "Digno é o Cordeiro que foi morto, de receber poder,
riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor! "
Apocalipse
7, 9-12: “Depois
disso olhei, e diante de mim estava uma
grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e
línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando
palmas. E clamavam em alta voz: "A salvação pertence ao nosso Deus, que se
assenta no trono, e ao Cordeiro". Todos os anjos estavam de pé ao redor do
trono, dos anciãos e dos quatro seres viventes. Eles se prostraram com o rosto
em terra diante do trono e adoraram a Deus, dizendo: "Amém! Louvor e
glória, sabedoria, ação de graças, honra, poder e força sejam ao nosso Deus
para todo o sempre. Amém!"
Apocalipse
19, 6-9:
“E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas
águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor
Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória;
porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E
foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o
linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem aventurados aqueles
que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as
verdadeiras palavras de Deus.
Os "Santos Desconhecidos" Embaixo dos pés de Jesus!
Os pés de Jesus estão acima de uma base negra também. É Jesus que caminha ao nosso encontro vitorioso sobre o Mal e não é engolido por ele! Tal como no relato em que Jesus caminha sobre as águas (que é outra simbologia do Mal).Jesus é o Cordeiro de Deus, Vencedor, e Deus nos dá a sua Vitória em nosso favor!
O SANGUE das chagas dos pés de jesus EM FORMATO DE FLOR!
Fonte:Eikonosthasis.blogspot.com
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