Há alguns anos atrás,
numa quarta-feira, celebrávamos a fumata bianca expelida pela chaminé da Capela
Sistina e pouco tempo depois, ansiosos, ouvíamos pela TV secular o secular
anúncio do Habemus Papam. Era o (então desconhecido) cardeal Jorge Maria
Bergoglio, qui sibi nomen imposuit Franciscum.Olhando em retrospectiva, creio
que se pode dizer ao contrário do que parece à primeira vista, que estamos
diante de um dos Papas mais odiados da história da Igreja. Sim, é certo que a
mídia anticatólica, os católicos progressistas e alguns não-católicos enaltecem
[aquilo que acreditam ser] o Papa Francisco; no entanto, só o enaltecem naquilo que lhes agrada e lhes é conveniente.
Os inimigos da Igreja
falam muito do Papa Francisco, é verdade, e falam dele em tom laudatório.Por
que “amam” o Papa Francisco? Estas pessoas não amam realmente o Papa Francisco.
E não o amam por uma razão dupla: primeiro que não se afeiçoam ao Papa de
verdade, senão a uma sua caricatura grotesca; segundo porque atribuem a ele
características idealizadas, e não aquilo que realmente ele é: Pastor universal
da Igreja, e não de grupos. Seja progressistas, tradicionalistas, ou moderados.Não
é portanto verdade que os anticlericais tenham passado a amar o Papa: os
anticlericais continuam odiando o Papa. Apenas o fazem agora por outro meio.
Em contrapartida, muitos dos que
se dizem católicos debandaram tristemente para o ódio escancarado e a
perseguição aberta ao Soberano Pontífice. Engolem
da maneira mais acrítica possível as maiores barbaridades que os inimigos da
Igreja dizem a respeito do Papa: dão mais crédito ao burburinho do mundo que à
oração de Nosso Senhor para que a Fé de Pedro não desfalecesse. Acreditam em
tudo o que se diz de depreciativo sobre o Papa Francisco, e o divulgam e
alardeiam, contribuindo assim para o fortalecimento da má fama de Sua
Santidade. Eis porque o atual Pontífice é um dos mais odiados de todos os
tempos: porque aos odiadores tradicionais que o continuam odiando, somaram-se
multidões de católicos que, fazendo coro aos anticlericais, vêem no Papa mais o
Anticristo que o doce Cristo-na-Terra, como dizia Santa Catarina de Sena, que
viveu uma crise papal pior que a atual, com dois papas na Cátedra de Pedro.Bento
XVI era odiado pelo mundo, mas amado por parte significativa dos católicos
tradicionais. Francisco continua odiado pelo mundo e é também odiado por grande
parte destes católicos que enxergam no
Papa mais um inimigo que um aliado. No final das contas, quem é que ama o Papa
Francisco pelo que ele é, e não pelo que [acredita que] ele representa? Quase
ninguém.
E não se justifique o
próprio ódio sob a alegação de que o Papa não ajuda a desfazer a imagem errada
que têm dele. São Valentino também é um dos santos menos amados do mundo,
apesar de milhões de pessoas celebrarem alegremente o Valentine’s Day a cada 14
de fevereiro. São Francisco de Assis também é um dos santos mais impopulares pelos
tradicionalistas da história, a despeito de a “Oração de São Francisco” ser
mais conhecida que o Hino Nacional. Não é privilégio do Papa Francisco ter uma
imagem pública destoante da que se espera de um católico de verdade.
Além disso, o esforço exigido para desfazer o senso comum é hercúleo e não
pode ser exigido de ninguém, muito menos de um Papa, aliás, a quem
absolutamente ninguém pode ditar a melhor forma de governar a Igreja. Se Sua
Santidade poderia ser mais claro e não o é, disto ele haverá de prestar contas
ao Altíssimo e não aos leigos católicos da internet da corrente
tradicionalista. Eventuais defeitos dos superiores não elidem o dever de
submissão dos subordinados, e nem muitíssimo menos justificam a falta de
respeito cada vez mais generalizada que se tem tristemente observado nos
últimos quatro anos.
Finalmente, para
venderem a imagem do
Papa-que-não-é-católico, os inimigos da Igreja praticam o cherry-picking mais
descarado. Jamais divulgam aquilo que o Papa diz e faz de católico, mas
conferem grande alarde a tudo que se possa mal interpretar. Um exemplo
entre muitos, os que defendem a comunhão dos adúlteros dizem que isto é um ato
de «misericórdia» pastoral, com o qual a Igreja deve temperar a «justiça»
inflexível das normas canônicas. Mas o Papa Francisco, há menos de um mês,
comentando o Evangelho de S. Mateus, deu-nos esta belíssima lição:
“Jesus não responde se é lícito
[para um marido repudiar a própria mulher] ou não; não entra na lógica
casuística deles. Porque eles pensavam
na fé somente em termos de ‘pode’ ou ‘não pode’, até onde se pode, até onde não
se pode. É a lógica da casuística: Jesus não entra nisso. E faz uma
pergunta: ‘Mas o que Moisés vos ordenou? O que está na vossa lei?’. E eles
explicam a permissão que Moisés deu de repudiar a mulher, e são eles a cair na
própria armadilha. Porque Jesus os qualifica como ‘duros de coração’: ‘Foi por
causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento’, e
diz a verdade, sem casuística. Depois, uma pessoa de mentalidade casuística
pode se perguntar: ‘Mas o que é mais importante em Deus? Justiça ou
misericórdia?’. Este também é um pensamento doente.O que é mais importante? Não
são duas: é somente uma, uma só coisa. Em Deus, justiça é misericórdia e
misericórdia é justiça. Que o Senhor nos ajude a entender esta estrada, que não
é fácil, mas nos fará felizes, a nós, e fará felizes muitas pessoas”.
Não existe oposição
entre misericórdia e justiça! A misericórdia verdadeira não pode senão ser
justa, e a justiça verdadeira é ela própria misericordiosa. A idéia de conferir
sacramentos de vivos a pecadores formais sob a justificativa da misericórdia, portanto,
é uma falsa idéia, é «um pensamento doente». Que duro golpe nos divorcistas.Quem,
no entanto, dos “admiradores” do Papa Francisco, prestou atenção a esta
homilia, preocupou-se em divulgar este ensinamento ?...
É preciso entender que o papa não governa com
interesse de agradar a grupos, mas pensando no bem de toda a Igreja a qual é
chamado a pastorear. Desde que George Bush propôs, durante uma entrevista, uma
distinção entre “unificadores” e “divisores”, a mídia norte-americana vem se
perguntando continuamente sobre cada presidente dos Estados Unidos: "Será
que ele é um unificador ou um divisor?".Francisco é um papa impossível
de enquadra-lo em nossos estereótipos pré concebidos, e que pode
desagradar conservadores e progressistas ao mesmo tempo.Muitos católicos que se
identificam como conservadores ou como progressistas vão se decepcionar com o
Papa Francisco, cujo programa de renovação espiritual, continuidade doutrinal e
ênfase nos pobres não se encaixa em nenhum dos moldes tradicionais, disse o
eminente cardeal alemão Walter Kasper, teólogo e presidente emérito do
Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, disse que o Papa
Francisco também vai enfrentar resistência dentro da Cúria, que precisa tanto
de uma renovação organizacional quanto de uma mudança de mentalidade.As
tentativas de reforma irão trazer resistências e dificuldades, "assim como
com todas as grandes instituições", disse ele em uma entrevista ao jornal
italiano Il Foglio:"No entanto, esse papa é muito determinado: ele sabe
o que quer", disse.O cardeal de 80 anos, que era elegível por apenas
cinco dias para ser parte do conclave que elegeu o novo papa, é muito apreciado
pelo Papa Francisco, que chamou o cardeal de um "teólogo em forma".
Durante o seu primeiro discurso público, no Ângelus, o papa se referiu a uma
das obras publicadas recentemente pelo cardeal que "me fez muito
bem".Kasper disse ao jornal italiano que "não é possível enquadrar
(o papa) no clássico debate europeu conservadores-progressistas", que já é
um esquema esgotado.Muitas pessoas estão entusiasmadas com ele: ele é um
pastor de verdade, tem um grande charme e uma abordagem imediata com as
pessoas" e fala de uma forma direta e compreensível, disse Kasper. Há
aqueles "que o acusam de fazer um show, mas, a meu ver, ele está dando um
testemunho autêntico: ele vive o que diz".O fato de o papa tentar viver
simplesmente "lhe dá credibilidade. Ele não vive como um príncipe. Bento
XVI também era uma pessoa simples, mas havia se adequado um pouco com certas
formas que Francisco rejeita", disse o cardeal alemão."Muitos vão
se decepcionar com Francisco", disse ele, presumindo que o chamado ramo
conservador já se sente decepcionado "porque ele não tem a estatura
intelectual de Bento XVI e, depois, porque ele aboliu a corte pontifícia – algo
pelo qual eu lhe sou grato, era um barroquismo anacrônico". O
cardeal prevê também, que a chamada ala progressista não ficará feliz, até
porque, mesmo que o papa tenha dado início a uma mudança de estilo,
"ele não vai mudar o conteúdo". Entre ele e Bento XVI, há
continuidade na doutrina, disse.O Papa Francisco não vai mudar nada no
celibato dos padres e não vai abrir às ordenações das mulheres,nem promover
outras questões "progressistas" que não fazem parte do ensino da
Igreja.O Papa Francisco "não é um conservador nem um progressista. Ele
quer uma Igreja pobre e dos pobres", e está ciente de que uma grande parte
do mundo vive na extrema pobreza, disse o cardeal.Dado o nível de miséria no
mundo, "eu acredito que ele vai mudar a agenda da Igreja" de modo ela
"leve mais a sério os problemas" do mundo em desenvolvimento."O
modelo de civilização ocidental não funciona mais", e "o liberalismo
não responde aos problemas da miséria difusa no mundo", afirmou.O
cristianismo é a única força espiritual e intelectual no mundo de hoje que tem
uma alternativa para o futuro", disse o cardeal. O seu sucesso não depende
da força nos números, mas sim na determinação dos católicos de serem, como
chamou o Papa Bento XVI, uma "minoria criativa", influenciando o
mundo secularizado e conturbado.O chamado do Papa Bento XVI a combater o
secularismo está sendo posto em prática com o seu sucessor, disse Kasper.
"Hoje, com Francisco, abre-se uma temporada de renovação
espiritual".A renovação envolve a própria Igreja, afirmou Kasper,
começando pela Cúria. O Papa Francisco já começou a trabalhar na forma como as
autoridades da Cúria pensam em si mesmas, insistindo que a mentalidade da Cúria
"não deve ser de poder e burocracia, mas sim de serviço".A reforma da
Cúria era um "desejo quase unânime dos cardeais" presentes no conclave
que elegeu o Papa Francisco em março.O maior problema da Cúria, segundo ele, é
a falta de comunicação entre os presidentes de todos os escritórios vaticanos.
"A mão direita não sabe o que faz a mão esquerda"."Os chefes de
dicastério devem se ver frequentemente, ao menos uma vez por mês", e devem
ser capazes de "ter acesso diretamente ao papa, sem passar pela Secretaria
de Estado, que ultimamente funcionava como órgão de governo
intermediário", disse o cardeal.
É
interessante perguntarmos o mesmo sobre o papa Francisco. Ele une ou
divide?
Há quem
considere que ele chegou ao papado para salvar a Igreja católica, com a sua
abertura e com o seu amor. Há quem ache, porém, que ele veio para miná-la,
mexendo rápido e perigosamente demais nas suas regras. Outros pensam que ele
está irremediavelmente preso à doutrina; outros, ainda, opinam que ele não vê a
hora de deixar para trás os ensinamentos tradicionais da Igreja.Eu acho, em
última análise, que Francisco veio para unir,mas de uma forma particular.
Todo papa é um "reunidor de
sonhos": nós projetamos nele os nossos sonhos de unidade ou divisão.A
reputação de um papa não se constrói estritamente em cima do que ele diz e faz;
a sua batina branca funciona como uma tela sobre a qual nós projetamos as
nossas próprias expectativas e desejos.
O papa São João XXIII é um bom exemplo. Ele é citado como uma inspiração pelos dissidentes, mas foi ele o papa que disse:
"Assim como os fiéis estão
sujeitos aos seus sacerdotes, assim os sacerdotes estão sujeitos aos seus
bispos... E cada bispo, também, está sujeito ao Romano Pontífice".
Quando
João XXIII disse "Eu quero abrir as janelas da Igreja", aquilo
significava:
"Eu quero que a Igreja mude
mais as pessoas". Mas houve quem pensasse que ele pretendia dizer "Eu
quero que mais pessoas mudem a Igreja".
Consideremos, também, o papa Bento XVI:
Ele é pintado como um
tradicionalista radical porque favoreceu trajes e liturgia tradicionais. Mas
ele foi o papa cuja primeira encíclica mencionou os "eros" de Deus e
cuja última encíclica fez uma crítica mordaz à economia do Ocidente. Ele foi o
papa que estendeu a mão às vítimas de abusos sexuais cometidos por clérigos: em
seus sinceros encontros com eles, o papa ia às lágrimas. Ele foi o papa cujos
modos gentis conquistaram a sinagoga de Colônia. Ele foi o papa que renunciou
ao próprio cargo, uma das maiores rupturas da tradição já protagonizadas por um
papa em toda a história.
O papa Francisco também está sendo julgado com base em suas roupas e em seu estilo, o que alimenta os desejos de algumas pessoas de que ele ceda em todas as “antiquadas” doutrinas da Igreja. Mas, se você prestar atenção às suas reais palavras, perceberá um homem muito diferente disso.
Sobre o problema da comunhão para os divorciados que se casaram novamente sem passar pela anulação matrimonial, ele declarou com toda a clareza:
"Não existe problema nenhum.
Se eles estão numa segunda união, eles não podem".
Sobre o
motivo de pregar o evangelho, ele explica:
"Não sejam ingênuos. Temos
que aprender com o evangelho a lutar contra Satanás".
Então, por que tanta gente cultiva uma compreensão tão diferente dele?
O papa
“divide” e une ao mesmo tempo porque ele é, acima de tudo, pastor.Desde o
início, a mensagem do papa Francisco foi clara. Jesus nos
disse que um bom pastor dedicaria o seu tempo a ir atrás das ovelhas perdidas,
não a ir atrás das que nunca se desgarraram.
Como
observou o cardeal Raymond Burke, "o Santo Padre, parece-me, quer remover
todo obstáculo concebível que as pessoas possam ter inventado para não
responder ao chamado universal de Jesus Cristo à santidade".
É por isso que muitos críticos estão inquietos quanto a alguns dos movimentos de Francisco no tocante ao casamento. Antes da citação referida acima sobre a comunhão, Francisco falou longamente de estender a mão a quem precisa de um caminho para voltar para a Igreja. E ele está ocupado abrindo esses caminhos: não por meio da alteração da doutrina, mas da ajuda para que mais pessoas acatem as demandas da doutrina.
Há também outra forma de se ver nele um unificador:
O papa
Francisco é aquele homem que desafia as nossas suposições e amplia a nossa
compreensão.Eu já vi esta cena várias vezes. Um católico
"conservador" e um católico "liberal" se encontram num
evento em que têm de ser educados e conversar um com o outro. Passa-se um pouco
de tempo e os dois se veem surpresos com o que descobrem.
O católico de espírito tradicionalista, para grande choque do outro, não é um obcecado em arremessar anátemas para todos os lados. Ao contrário: ele é uma pessoa pensante e cuidadosa. E o católico "progressista", para grande espanto do outro, não é um sujeito que só se preocupa com as últimas modas intelectuais em vez de se interessar honestamente pela verdade. Se os dois forem humanos e tiverem a mente aberta, vão aprender alguma coisa um sobre o outro e sobre si mesmos, além de crescerem no amor e no cuidado pelas almas.
O papa Francisco tem os dois lados:
Ele dá um
rosto amoroso à doutrina, diante daqueles que desejariam mudá-la, e um rosto de
fé à sensibilidade humana, diante de quem enfatiza apenas a doutrina.Um lado
corre o risco de nunca ouvir o outro. Um pode não suportar o outro que denuncia
apaixonadamente os males econômicos e sociais, porque está habituado a tachar
aquela pessoa de marxista mal-disfarçado. O outro pode estar habituado a
ridicularizar quem alerta contra o diabo, quem promove uma forte devoção
mariana e quem cita o catecismo; ele chama essas pessoas de “pietistas”, na
melhor das hipóteses, ou de “fanáticas”, na pior.
Mas quando essas duas pessoas são a mesma pessoa, e essa pessoa veste uma batina branca, então o desafio que o papa Francisco representa para todos nós é o de crescermos muito mais, apesar de nós mesmos.
Alergia
ao Papa Francisco: o sintoma da incoerência de alguns círculos católicos
Alguns
católicos não suportam que o Papa lhes recorde que Jesus Cristo não exige
defensores, mas testemunhas.
Quando o Papa Francisco declarou que
a maioria dos matrimônios católicos não é válida, ele fez um diagnóstico que em
nada modifica uma vírgula que seja da doutrina católica. No entanto, o
comentário se tornou mais um dos vários que provocaram reações histéricas entre
certo número de fiéis.
O fenômeno
é no mínimo curioso. Quem se der ao trabalho de ler a declaração completa – em
vez de citações tiradas de contexto ou francamente truncadas – constatará que a
afirmação do pontífice está em consonância com a doutrina da Igreja sobre o
sacramento do matrimônio: o matrimônio é indissolúvel desde que seja válido
sacramentalmente, o que exige condições bastante claras.
É por isso, aliás, que, em alguns
casos, a Igreja reconhece a posteriori que certos casamentos que se supunham
válidos não o eram na realidade. Trata-se do reconhecimento de nulidade do
matrimônio – e não da “anulação do matrimônio”, coisa que não existe na
Igreja.A declaração do papa sobre o estado de imaturidade afetiva, psicológica
e espiritual de numerosos católicos não é, infelizmente, nem um pouco
surpreendente para quem abre os olhos à realidade. E se isto não fosse verdade,
não teríamos tantos debates sobre a situação dos divorciados em segunda
união.No entanto, quando o papa diz em alto e bom som aquilo que todo o mundo
já sabia (e que poucos se atreviam a manifestar com clareza), certos católicos
se ofendem e outros expressam desaprovação com expedita “surpresa”.
Mas será
que não é ainda mais surpreendente essa “alergia” que certo número de católicos
tem à sinceridade do Papa Francisco?
Quando ele declara que “a Igreja tem
que pedir perdão às pessoas gays a quem ofendeu”, ele não está fazendo nada
além de recordar o Evangelho: está convidando à conversão aqueles que não se comportaram
de forma caridosa para com as pessoas homossexuais – e ele mesmo se inclui no
lote.Por outro lado, nada muda na posição da Igreja a propósito das práticas
homossexuais. Mesmo assim, certos católicos se dizem “desestabilizados”. Ora,
mas não é precisamente a reação deles o que desestabiliza?
O que há
de “desestabilizador” em pregar aos católicos a conversão do coração? O que há
de “desestabilizador” em dizer a eles que, se ofenderam um irmão ou irmã, devem
pedir-les perdão?
As palavras do papa Francisco
correspondem ao espírito e ao sentido do Evangelho. Recriminá-lo, quando se é
supostamente adepto da religião do amor, é uma contradição patente e grotesca –
mas, acima disso, é indício de que algo que não anda bem, pelo menos em certos
ambientes, já que o ceticismo contra o Papa Francisco está longe de ser
generalizado.
As reações histéricas de alguns
setores católicos:
Certos círculos católicos se empenham
em criticar o papa em nome de uma suposta identidade católica que eles
confundem com a soma de maus hábitos, visões parciais e preconceitos herdados
da família ou do entorno. Esta herança eles confundem com o depósito da fé – e
acusam o papa de querer liquidá-la.Não lhe perdoam o fato de nos recordar que a
única identidade do cristão é a de seguir a Cristo e que isto exige, com muita
frequência, mudar muita coisa em si mesmo e ao redor de si mesmo, rompendo,
inclusive, com a “lealdade” a certos entornos.Há católicos que se recusam, “por
herança”, a transformar-se em cristãos por escolha. Insistem em fazer sua
rigidez e dureza de coração se passar por fidelidade ao magistério da Igreja.
Daí o
fenômeno de que tais católicos se remetam mais ao pensamento de Charles Maurras
e Pierre Gattaz, por exemplo, do que ao pensamento dos Padres da Igreja. Daí o
absurdo de que tais católicos se achem mais católicos que o próprio Papa, a
ponto de pretenderem dar ao Papa lições de catolicismo.
Com o pretexto de denunciar erros bem
reais da parcela do clero e do episcopado que usou o Vaticano II para
justificar suas próprias fantasias pastorais, teológicas, litúrgicas e morais –
em suma, sua própria apostasia –, certos círculos católicos querem jogar
responsabilidades sobre os ombros de um Papa que de nada disso tem culpa.Salta aos
olhos de todos, menos deles mesmos, a contradição patente entre o que dizem ser
e o seu real comportamento de protestantes que negam a autoridade intelectual,
espiritual e moral do Papa.
Mas o mais absurdo desse tipo de
comportamento é que eles são deliberadamente ferinos e não se abstêm sequer de
procedimentos desonestos e maliciosos como insultos, calúnias, insinuações,
citações tergiversadas ou descontextualizadas, acusações sem provas e toda a
gama de recursos típicos do manipulador criminoso.Todos esses comportamentos
são o contrário do que Cristo nos pediu: amar o próximo como a nós mesmos.
Quem se
serve desses meios desonestos não rejeita apenas a pressuposição de inocência
do Papa Francisco, mas, acima de tudo, a própria pressuposição da sua bondade.
São o perfeito contratestemunho para os não cristãos: desalentam os bem
intencionados e afugentam todo o resto.
Essa atitude traduz naqueles que a
adotam uma profunda malícia, indissociável de uma forma de orgulho que consiste
em considerar-se uma espécie de “conselho de administração” da Igreja – e ao
Papa Francisco uma espécie de “diretor de empresa”, que deve não só prestar
contas regularmente diante deles como, principalmente, satisfazê-los em
tudo.Acontece que a Igreja é fruto da vontade e do desígnio expresso de Cristo
e que o Papa é escolhido pelo Espírito Santo.Como não podem destituí-lo, tentam
consolar-se questionando-o, como o fez o político francês conservador Alain
Juppé ao dizer, de Bento XVI, que ele “começava a ser um verdadeiro problema” e
que vivia “em situação de autismo total”.
A oposição ao Papa e o desprezo pelo
Evangelho
O que o Papa pede aos católicos é que
sejam fiéis ao Evangelho. Francisco nos põe em guarda contra o risco, ou contra
a tentação, de preferir defender o continente (a cultura cristã) a viver o
conteúdo (Cristo).O que alguns católicos não suportam é que o Papa lhes recorde
que Jesus Cristo não exige defensores, mas testemunhas, e não é a mesma coisa.
O que
esses “ateus piedosos” não suportam é que o Papa diga em voz alta que a missão
dos católicos não é recordar às massas ignorantes as belezas da arte romana,
mas anunciar-lhes a Boa Nova da Redenção por Jesus Cristo, começando por viver
eles mesmos em consonância com essa Boa Nova.Outros o detestam porque ele
recorda que a sua missão é dar testemunho através da vida e da palavra de que
Deus é o Deus do amor e que só Ele pode satisfazer a aspiração do ser humano a
ser amado.E o que detestam acima de tudo é que o Papa Francisco lhes recorde
que esta responsabilidade cabe também a eles como batizados: eles têm o dever
da exemplaridade porque a santidade não é uma alternativa que possam optar por
não seguir; a santidade é a sua única vocação, a sua única razão de ser e a
condição para a sua salvação.
Há quem o odeie porque não querem
entender que a fé cristã é a fé em um Deus onipotente que decidiu operar a
salvação da humanidade tornando-se homem junto conosco. Prefeririam um Deus
muçulmano, que lhes ordenasse usar a força.Aliás, a sua obsessão com o islã é o
reflexo da sua inveja e a expressão do seu pesar por não poderem exaltar a
própria vontade de poder, tal como aqueles muçulmanos que justificam a própria
vontade de dominar invocando a jihad.
Do mesmo modo que o amor nos torna
inteligentes, a maldade nos torna cegos. De tanto atribuir ao Papa o que ele
nunca disse, os inimigos do Papa Francisco se condenam a não entender nada.Ao
fazer um diagnóstico sem complacências sobre a realidade de certos matrimônios
celebrados meramente na forma, o Papa destacou as consequências da apostasia e
da frouxidão dos responsáveis do clero que renunciaram a iluminar consciências
quando as condições de validade para um matrimônio sacramental não eram
cumpridas.
Negando-se a escutar o que o Papa
realmente diz e dando preferência à calúnia, os católicos que desfrutam do
próprio ódio ao Papa se condenam a uma cegueira voluntária.A histeria que o
Papa Francisco desencadeia em alguns não nos diz nada sobre o que o Papa de
fato pensa e fala, mas nos ensina muito sobre o estado interior dos seus
detratores.Deste ponto de vista, a alergia ao Papa Francisco é um sintoma revelador
de incoerências e infâmias em alguns círculos católicos e, por isso mesmo, é uma
boa notícia: Com o papa Francisco as máscaras caem.
Oremos pelo papa como Cristo, para
que a sua fé não desfaleça !!!
----------------------------------------------------------
Apostolado Berakash – Trazendo a Verdade: Se você gosta de nossas publicações e caso queira saber mais sobre determinado tema, tirar dúvidas, ou até mesmo agendar palestras e cursos em sua paróquia, cidade, pastoral, e ou, movimento da Igreja, entre em contato conosco pelo e-mail:
filhodedeusshalom@gmail.com
+ Comentário. Deixe o seu! + 1 Comentário. Deixe o seu!
Perfeito com esse comentário, acerto em tudo o que eu pensava. Sobre o Papa Francisco, no começo eu odiava mas hoje o vejo como Papa. Parabéns pelo assunto.
Postar um comentário
Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados.Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.