A nova teologia herética do padre italiano Alberto Maggi: “Pecado e culpa são invenções das religiões”
Por *Francisco José Barros
Araújo
Nem toda heresia surge necessariamente mal-intencionada, ou seja, com desejo destruir a igreja. Muitas vezes, parte de uma boa intenção sincera, porém sinceramente equivocada, e se agarra a ela de forma absoluta, sem permitir ser questionado.
Falta aquela "humildade teológica" de quem faz a "Teologia de Joelhos" não para exaltar a si mesmo, como um Santo Agostinho, que escreveu suas Retratações, e de São Tomás de Aquino, que ao fim de seus escritos submetia tudo ao juízo da Santa Mãe Igreja. Assim se pode compreender a postura do padre italiano Alberto Maggi, cuja proposta teológica — ao sustentar que “pecado e culpa são invenções das religiões” — revela uma leitura subjetivista e incompatível com a fé católica.
Ao negar a objetividade do pecado, reduzindo-o a uma construção sociocultural, Maggi ignora tanto o testemunho das Escrituras (cf. Rm 3,23; 1Jo 1,8-10) quanto o ensinamento constante do Magistério, especialmente no que toca à necessidade universal da graça redentora de Cristo (Catecismo da Igreja Católica, nn. 1849-1851).
ANALISEMOS e comparemos A "NOVA
TEOLOGIA MORAL" (HERÉTICA) DO PE. **ALBERTO MAGGI COM A DOUTRINA CATÓLICA!
“Os homens, por mais perversos que fossem, jamais chegariam a imaginar que certas ações naturais fossem pecaminosas! Foi a religião que inventou o pecado, e o inventou para inculcar nas pessoas um sentimento de culpa e, assim, dominá-las! Se você inventa o pecado e o institui, você inculcou um sentimento de culpa no outro, e só você pode livrá-lo desse pecado! Assim fez a religião: ela criou uma capa (o pecado) que impede a Deus de fazer chegar ao mundo seu amor. Se os homens estão sempre sob a capa do pecado, se os homens estão sempre com medo de ter pecado, como eles podem sentir o amor de Deus? Por isso Jesus Cristo nos libertou do pecado inventado pela religião. Quando eu digo que o pecado é uma invenção da religião, significa que é a religião que lhe diz quais atitudes e ações que nenhuma pessoa em sã condição mental veria como uma ofensa a Deus, são pecados...Jesus morreu pelos nossos pecados. Não só pelos nossos, mas também por aqueles homens e mulheres que viveram antes dele e, portanto, não o conheceram e, enfim, por toda a humanidade vindoura. Sendo assim, é inevitável que olhando para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, qualquer um se sinta culpado … o Filho de Deus acabou no patíbulo pelos nossos pecados! Corre-se o risco de sentimentos de culpa infiltrarem-se como um tóxico nas profundezas da psiquê humana, tornando-se irreversíveis, a ponto de condicionar permanentemente a existência do indivíduo, como bem sabem psicólogos e psiquiatras, que não param de atender pessoas religiosas devastadas por medos e distúrbios. (Pe. ALBERTO MAGGI -https://www.brasildefato.com.br/2018/03/31/artigo-or-jesus-nao-morreu-pelos-nossos-pecados-e-sim-por-enfrentar-o-sistema/)
*"...Jesus não morreu pelos nossos pecados, e muito
menos por ser essa a vontade de Deus, mas pela ganância da instituição religiosa, capaz de eliminar
qualquer um que interfira em seus interesses, até mesmo o Filho de Deus: Este
é o herdeiro: vamos! Matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança (Mt 21,38). O verdadeiro inimigo de Deus não é o pecado, que o Senhor em sua misericórdia
sempre consegue apagar, mas o interesse, a conveniência e a cobiça que tornam
os homens completamente refratários à ação divina".
*(Artigo: "Jesus não morreu pelos nossos pecados e sim por enfrentar o sistema" – Tradução de Francisco Cornélio. Fonte -https://www.brasildefato.com.br/2018/03/31/artigo-or-jesus-nao-morreu-pelos-nossos-pecados-e-sim-por-enfrentar-o-sistema/#:~:text=Jesus%20n%C3%A3o%20morreu%20pelos%20nossos,(Mt%2021%2C38).
**Alberto Maggi, biblista italiano, frade da
Ordem dos Servos de Maria, É autor de diversos livros, como: A loucura de Deus, o Cristo de
João, Nossa Senhora dos heréticos.

A verdadeira teologia e a dignidade do homem: uma crítica a Alberto Maggi à luz da tradição católica
Alberto Maggi, em algumas de suas obras, propõe uma abordagem da teologia que, segundo críticos da tradição, não se enquadra naquilo que se considera autêntica teologia. A Igreja, seguindo a linha de São Tomás de Aquino, define a teologia como o estudo de Deus feito com oração, humildade e abertura à graça, que visa à salvação integral do homem (Suma Teológica, I-II, q. 1, a. 1).
O próprio Catecismo da Igreja Católica reforça que a teologia “é a reflexão sobre a fé com a inteligência iluminada pela razão e pela oração” (CIC, 158–159), ou seja, uma teologia que é feita na humildade e de joelhos.
Maggi, em contraste, é acusado de produzir o que pode ser chamado de simulacro de teologia, ou “achologia”, conforme alguns autores críticos. Esta abordagem reduziria o ser humano a seus instintos, negando sua capacidade racional e moral, e, portanto, aprisionando-o em uma forma de libertinagem ética e espiritual, distante da libertação integral que a verdadeira teologia proporciona. Como observa Santo Agostinho, a razão humana, ainda que debilitada pelo pecado, permanece capaz de discernir o bem do mal e de se orientar para Deus (De Doctrina Christiana, I, 1-3). O homem, diferentemente dos animais, possui razão, consciência e livre-arbítrio, podendo deliberar sobre o bem e o mal, avaliar consequências e planejar sua ação em vista de um bem superior. Lucas 14,28-32 nos recorda a necessidade de planejamento e discernimento na ação humana: “Pois qual de vós, querendo construir uma torre, não se assenta primeiro e calcula os custos, para ver se tem o suficiente para completá-la?” A razão, portanto, é o que distingue o homem do animal e o coloca no topo da ordem da criação, conferindo-lhe dignidade única e responsabilidade moral. O Concílio Vaticano II, em Gaudium et Spes (12), reafirma essa distinção: “O homem é capaz de conhecer e amar a Deus, de obedecer à verdade e de orientar a própria vida segundo a razão e a lei de Deus.” A verdadeira teologia, ao contrário da achologia de Maggi, orienta o homem a transcender os instintos, educando-o na virtude e na justiça, permitindo-lhe colaborar com Deus na obra da criação e na santificação da própria vida.
Enquanto os animais agem predominantemente por instinto e vivem no presente imediato, o homem, pela razão e experiência, pode construir conhecimento, antecipar consequências e formar hábitos virtuosos.
A responsabilidade sobre a criação e sobre os próprios atos, portanto, não é opcional; é um dever que deriva de sua natureza racional (Suma Teológica, II-II, q. 47, a. 1). Infelizmente, como observa João Paulo II em Redemptor Hominis (10):
O homem moderno muitas vezes se comporta de forma animalesca, ignorando os limites morais e espirituais que lhe conferem dignidade: “A dignidade da pessoa humana é inviolável. Ela é a base de toda a ordem moral e social.”
A crítica a Maggi se torna, portanto, não apenas acadêmica, mas moral e espiritual:
Reduzir o homem aos seus instintos e ao prazer imediato é negar-lhe a capacidade de santidade, a qual exige uso correto da razão, disciplina moral e abertura à graça divina.
A verdadeira teologia liberta o homem de si mesmo, guiando-o à comunhão com Deus e à promoção do bem comum. Como Santo Tomás ensina, “o fim último do homem é a felicidade perfeita, que consiste na visão de Deus” (Suma Teológica, I-II, q. 1, a. 8).
Diante da destruição moral, ambiental e social contemporânea, é imperativo reafirmar a dignidade e a responsabilidade humanas, lembrando que o Criador nos chamará a prestar contas de nossa vida e ações, perguntando-nos sobre injustiça, violência e falta de humanidade. Somente a verdadeira teologia, fundamentada na razão, na fé e na tradição da Igreja, pode orientar o homem para a realização plena de sua natureza e para a salvação eterna, distinguindo-o dos instintos animalescos e aproximando-o do bem supremo.
Referências
-Concílio Vaticano II. Gaudium et Spes, 12.
-João Paulo II. Redemptor Hominis, 10. Libreria Editrice Vaticana, 1979.
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, q. 1, a. 1; II-II, q. 47, a. 1; I-II, q. 1, a. 8.
-Santo Agostinho. De Doctrina Christiana, I, 1-3.
-Catecismo da Igreja Católica, 158–159.

VEJAMOS UM POUCO DA "AUTENTICA TEOLOGIA MORAL" DA IGREJA:
“Nenhum pecado é grande demais! Como se equivocam aqueles que "não
esperam" poder cantar as misericórdias do Sr! Judas cometeu um grande
despropósito no dia em que vendeu Cristo por 30 moedas de prata, mas cometeu um
muito maior quando pensou que o seu pecado era grande demais para ser perdoado.
Nenhum pecado é grande demais, pois uma miséria finita, por mais enorme que
seja, sempre poderá ser coberta por uma misericórdia infinita". (Papa
Paulo VI).

A Instância Moral Universal e a Via da Salvação
A Igreja Católica reconhece que a instância moral possui uma profundidade que atinge todos os homens, independentemente de seu conhecimento explícito de Cristo, do Evangelho ou mesmo de Deus. Conforme ensina o Concílio Vaticano II:
“Aqueles que ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna” (Gaudium et Spes, 16).
Este ensinamento reforça que a salvação não é restrita apenas aos que professam explicitamente a fé cristã, mas está acessível a todos aqueles que, movidos pela graça, buscam viver de acordo com a verdade moral inscrita na consciência humana. A Igreja, portanto, compreende que a razão natural e a consciência moral funcionam como caminhos preparatórios à recepção plena do Evangelho, evidenciando a dimensão universal da lei moral (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1954-1960). A Providência divina não nega os auxílios necessários à salvação aos que, sem culpa, não conhecem explicitamente Deus, mas se esforçam para viver de forma reta. Como o Concílio salienta:
“Tudo o que de bom e verdadeiro neles há, é considerado pela Igreja como preparação para receberem o Evangelho, dado por Aquele que ilumina todos os homens, para que possuam finalmente a vida” (Gaudium et Spes, 16).
Essa compreensão demonstra que a Igreja adota uma perspectiva antropológica e ética abrangente, reconhecendo valores morais universais e o papel da consciência como guia da ação humana. Não se trata de discussões parciais ou incidentais sobre comportamentos isolados, mas de uma análise global e sistemática do patrimônio moral da humanidade, que reconhece a racionalidade, a liberdade e a capacidade do homem de alcançar o bem, mesmo à margem de um conhecimento explícito da fé cristã. Santo Tomás de Aquino reforça esta perspectiva ao afirmar que a lei natural, inscrita na razão humana, é participação da lei eterna de Deus (Suma Teológica, I-II, q. 91, a. 2), e que todos os homens, através do uso correto da razão e da observância da própria consciência, podem aproximar-se do bem e da verdade. Assim, a moralidade humana torna-se uma via universal de participação na salvação, na qual a graça divina age mesmo antes da adesão explícita à fé.Em síntese, a Igreja ensina que a instância moral não apenas orienta o comportamento humano, mas abre a via da salvação a todos os homens, evidenciando a ação da graça sobre a consciência e a capacidade do homem de responder a Deus através da virtude natural e do esforço sincero para o bem. Essa visão integra a tradição tomista e agostiniana, consolidando uma perspectiva ética e teológica que reconhece tanto a universalidade da lei moral quanto a necessidade da graça para a plena realização do ser humano em Deus.
Referências
-Concílio Vaticano II. Gaudium et Spes, 16. Libreria Editrice Vaticana, 1965.
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, q. 91, a. 2.
-Santo Agostinho. Confessiones, Livro X.
-Catecismo da Igreja Católica, 1902–1917.
"Na sua raiz, está a influência, mais ou menos velada de correntes de pensamento que acabam por desarraigar a liberdade humana da sua relação essencial e constitutiva com a verdade. Rejeita-se, assim, a doutrina tradicional sobre a lei natural, sobre a universalidade e a permanente validade dos seus preceitos; consideram-se simplesmente inaceitáveis alguns ensinamentos morais da Igreja; pensa-se que o próprio Magistério possa intervir em matéria moral, somente para «exortar as consciências» e «propor os valores», nos quais depois cada um inspirará, de forma autónoma, as decisões e as escolhas da vida. Em particular, deve-se ressaltar a discordância entre a resposta tradicional da Igreja e algumas posições teológicas, difundidas mesmo nos Seminários e Faculdades eclesiásticas, sobre questões da máxima importância para a Igreja e a vida de fé dos cristãos, bem como para a própria convivência humana. Em particular, pergunta-se: os mandamentos de Deus, que estão escritos no coração do homem e fazem parte da Aliança, têm verdadeiramente a capacidade de iluminar as opções quotidianas dos indivíduos e das sociedades inteiras? É possível obedecer a Deus e, portanto, amar a Deus e ao próximo, sem respeitar em todas as circunstâncias estes mandamentos? Generalizada se encontra também a opinião que põe em dúvida o nexo intrínseco e indivisível que une entre si a fé e a moral, como se a pertença à Igreja e a sua unidade interna se devessem decidir unicamente em relação à fé, ao passo que se poderia tolerar no âmbito moral um pluralismo de opiniões e de comportamentos, deixados ao juízo da consciência subjetiva individual ou à diversidade dos contextos sociais e culturais.” (CARTA ENCÍCLICA VERITATIS ESPLENDOR de São João Paulo II).
A Teologia da Tradição X Perspectivas Individuais: A Centralidade do Testemunho de João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!"
Comparar a teologia particular e pessoal de Alberto Maggi com a doutrina milenar da Igreja é como colocar lado a lado a obra de “Silas Malacheia” e a de Santo Agostinho: existe um hiato intransponível, uma lacuna epistemológica e espiritual que não pode ser preenchida. A tradição católica, formada ao longo de séculos, consolidou-se a partir da Escritura, da reflexão dos Padres da Igreja e do magistério, formando um edifício teológico coerente e confiável, que orienta a fé e a moral dos fiéis.O Evangelho de João (1,29-34) apresenta um trecho fundamental desta tradição. João Batista, o profeta que preparou o caminho do Messias, declara:
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1,29).
Este anúncio não é apenas uma frase isolada, mas a pedra angular do cristianismo, pois revela a identidade de Cristo, sua missão salvífica e o significado de sua morte. O testemunho de João é central para a teologia católica porque articula a compreensão da Redenção: Jesus é o mediador que assume os pecados da humanidade, inaugurando a nova Aliança.A interpretação desta passagem também evidencia a autoridade da tradição em contraste com leituras pessoais ou inovadoras. Ao longo dos séculos, esta frase guiou a construção teológica do cristianismo, sendo estudada e refletida por figuras como Santo Agostinho, Tomás de Aquino e os concílios ecumênicos. A Igreja ensina que a compreensão correta de Cristo e de sua missão só pode ser alcançada na perspectiva da hermenêutica da fé e da tradição viva, evitando interpretações meramente subjetivas ou desvinculadas do patrimônio cristão (Catecismo da Igreja Católica, 150, 426).
Ao propor uma teologia pessoal, desvinculada do corpo doutrinal da Igreja, Maggi e outros autores correm o risco de subverter a coerência da revelação cristã, introduzindo interpretações que não se apoiam nem na experiência comunitária da fé, nem no discernimento da Igreja. O edifício teológico conservador, que estrutura o pensamento hegemônico da hierarquia católica, sustenta-se precisamente sobre esses fundamentos, evitando rupturas que poderiam levar a concepções relativistas da fé.
Em síntese, a tradição teológica católica oferece um caminho seguro para a compreensão de Cristo e de sua missão. O testemunho de João Batista não é apenas histórico, mas teologicamente normativo, constituindo o ponto de referência que distingue a fé cristã autêntica de interpretações meramente pessoais ou inovadoras. Assim, a doutrina da Igreja, milenar e testada, permanece incomparável com tentativas individuais de remodelar o conteúdo essencial do Evangelho, garantindo a fidelidade à mensagem salvífica de Cristo.
Referências
-João, Evangelho de João, 1,29-34.
-Catecismo da Igreja Católica, 150; 426. Libreria Editrice Vaticana, 1992.
-Santo Agostinho. De Trinitate, Livro XV.
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I, q. 3, a. 8; III, q. 46, a. 3.
-Concílio Vaticano II. Dei Verbum, 8. Libreria Editrice Vaticana, 1965.
A Moralidade e o Fundamento Divino do Certo e
Errado: Uma Perspectiva Teológica Tradicional

A questão sobre a existência do certo e do errado remonta à própria reflexão filosófica e teológica sobre a natureza do homem e a origem da lei moral. Tradicionalmente, a Igreja ensina que a moralidade tem sua raiz em Deus, que é, por natureza, perfeitamente Santo, Bom, Justo, Amoroso e Misericordioso. Toda bondade existente no mundo é reflexo de Seu caráter, e os mandamentos divinos se apresentam como normas objetivas para a vida moral do homem (Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 2).
Os mandamentos — como “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, alma e força; Amarás ao próximo como a ti mesmo; Não matarás, não furtarás, não cometerás adultério” (cf. Mt 22,37-40; Ex 20,1-17) — não são arbitrários. Eles derivam necessariamente da perfeita natureza de Deus e refletem o ordenamento da vida social e pessoal, evitando o caos moral. A moralidade, portanto, não é mera convenção social, nem produto da mente humana; ela é real, objetiva e natural, inscrita na própria estrutura do ser humano.Quando o homem viola os mandamentos de Deus, não é apenas seu sentimento que indica culpa; ele é objetivamente culpado diante de Deus, mesmo que sua consciência esteja embotada pelo pecado. A consciência, embora possa ser insensível, permanece um guia da lei moral, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica:
“A consciência é o núcleo mais secreto e santuário do homem. Ali ele é sozinho com Deus, cuja voz ecoa em seu coração” (CIC, 1776).
A partir deste pressuposto, a Igreja aborda questões contemporâneas complexas, como a homossexualidade. Eventos trágicos, como o assassinato de Matthew Shepherd, trazem à tona debates morais e sociais sobre a dignidade humana. Todavia, a moral católica não se baseia apenas em sentimentos de compaixão ou pressões sociais, mas na ordem objetiva do bem e do mal, fundada em Deus. A tentativa de legitimar práticas contrárias à lei natural ou aos mandamentos divinos, sob o argumento de relativismo cultural ou de atualização ética, não altera a natureza objetiva do certo e do errado.
Sem Deus, argumenta a tradição, a moralidade se torna relativa e subjetiva. Dostoiévski sintetizou este dilema:
“Se Deus não existe, tudo é permitido.”
De fato, se não há um Criador que ordena o universo e estabelece leis morais objetivas, não há como sustentar um juízo moral universal. Sem Deus, valores éticos tornam-se convenções culturais ou preferências pessoais, e a vida humana perde seu fundamento último. Como observa São Paulo, em I Coríntios 15,32:
“Portanto, se foi simplesmente por razões humanas que lutei com feras em Éfeso, que lucro obtive nisso? Ora, se os mortos não ressuscitam: comamos e bebamos, pois amanhã morreremos...”
Este trecho evidencia que, sem a realidade de Deus e da vida eterna, a moralidade se dissolve, e o homem se vê reduzido à sobrevivência e ao prazer imediato, semelhante aos animais, incapaz de discernir um bem superior ou de viver segundo a verdade. Portanto, o certo e o errado existem objetivamente porque têm sua base em Deus, na Sua perfeição moral e na ordem natural inscrita na criação. A moralidade não é uma invenção humana ou cultural, mas uma participação na lei eterna, que orienta o homem rumo à santidade, à justiça e à vida eterna. A ética cristã, apoiada na razão e na revelação, nos ensina que obedecer aos mandamentos divinos não é opressivo, mas é o caminho para a liberdade verdadeira e para a plenitude da vida humana (Suma Teológica, II-II, q. 57, a. 1).
Referências
-Catecismo da Igreja Católica, 1776. Libreria Editrice Vaticana, 1992.
-Bíblia Sagrada. Mateus 22,37-40; Êxodo 20,1-17; I Coríntios 15,32.
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 2; II-II, q. 57, a. 1.
-Dostoiévski, Fiódor. Os Irmãos Karamázov. 1880.
A Moralidade Objetiva e a Crítica ao Relativismo Contemporâneo

A moral não é mera convenção social, como sustentam diversas correntes socioconstrutivistas ou hedonistas modernas. Este impasse ético foi magistralmente explorado por Dostoiévski, especialmente em obras como Os Irmãos Karamázov e Crime e Castigo, onde ele denuncia o caráter profundamente instável e ilusório de uma ética fundada exclusivamente em convenções humanas.
Segundo o filósofo russo, se tudo é construído, toda desconstrução se torna racionalmente permitida, mas a própria capacidade do homem de reconstruir a ordem moral de forma coerente é questionável: “O homem pode ser a forma do homem?”
A modernidade, por sua vez, tentou responder a esse dilema por meios puramente racionais. Kant, com seu imperativo categórico, procurou fundar uma moralidade universal baseada na razão pura, desvinculada de qualquer referência transcendente. No entanto, como observa a tradição católica, tal esforço falha em captar a plenitude do bem moral, pois a razão humana, embora iluminada, não é autossuficiente para conhecer a totalidade do bem, que encontra seu fundamento último em Deus (Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 2).
A ética utilitarista contemporânea, orientada apenas pelo cálculo do prazer imediato ou do bem-estar social, reduz a moralidade à esfera do imanente, ignorando o transcendente e as consequências eternas de nossos atos. Sua máxima — “Não importa o que você faça, ou o que os outros pensam, desde que seja livre e feliz” — revela a pobreza de uma ética desvinculada de Deus. Tal perspectiva transforma a liberdade humana em escravidão de seus próprios apetites, afastando o homem de sua verdadeira finalidade: a santidade e a participação na vida eterna (Catecismo da Igreja Católica, 1730-1733).
A sinceridade subjetiva, por mais evidente que seja, não garante a verdade moral. Uma pessoa pode estar sinceramente enganada, acreditando atuar corretamente, mas ainda assim falhar em cumprir a ordem moral objetiva.
Este é o caso de indivíduos, como o padre Alberto Maggi, que parecem adotar a postura: “Se não posso lutar contra o inimigo, doure a pílula e junte-se a ele”.
Sob uma ótica teológica tradicional, tal atitude não pode ser considerada moralmente correta, pois a verdade moral e a obediência a Deus não se subordinam à conveniência social ou à opinião humana (Suma Teológica, II-II, q. 57, a. 1). A moralidade, portanto, encontra seu fundamento em Deus, que é Santo, Justo e Bom por essência. Toda violação consciente de Sua lei resulta em culpa objetiva, independentemente do sentimento subjetivo de quem transgride. O erro humano, ainda que cometido com sinceridade, não altera a realidade objetiva do certo e do errado. A ética católica ensina que a liberdade verdadeira consiste em obedecer à razão iluminada pela fé, subordinando a própria vontade à lei moral eterna, e não em adaptar a moral à conveniência ou ao prazer imediato.

Em síntese, a tradição teológica reafirma que:
-A moralidade tem um fundamento transcendente, não meramente humano.
-A razão humana, embora capaz de discernir o bem, precisa da iluminação da fé e da graça para orientar corretamente os atos.
-A sinceridade subjetiva não garante correção moral e a verdade, pois uma pessoa pode está sinceramente esquivocada. A obediência à lei divina é o critério do certo e do errado.
Referências
-Dostoiévski, Fiódor. Os Irmãos Karamázov; Crime e Castigo. 1880.
-Catecismo da Igreja Católica, 1730–1733; 1776. Libreria Editrice Vaticana, 1992.
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, q. 94, a. 2; II-II, q. 57, a. 1.
-Kant, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. 1785.
-Bíblia Sagrada. Mateus 22,37-40; Êxodo 20,1-17.
A Lei Natural e a Crítica à Teologia privada do Padre Alberto Maggi

Todo arcabouço “malabarístico-achológico-pseudo-teológico” proposto pelo biblista Padre Alberto Maggi não se sustenta diante da observação da lei natural, que a tradição teológica católica reconhece como inscrita na própria natureza do homem. Esta lei não depende de ensino religioso formal ou de tradição institucionalizada, mas é universal e intrínseca à razão humana, como já afirmava Santo Tomás de Aquino:
“A lei natural é a participação da lei eterna na criatura racional” (Suma Teológica, I-II, q. 91, a. 2).
A experiência histórica e antropológica confirma que mesmo povos primitivos, sem contato com religiões institucionalizadas, reconhecem normas morais essenciais — o que se poderia denominar pré-requisitos da lei natural, que coincidem com os mandamentos fundamentais da moralidade cristã, como não matar, não furtar, não mentir, não cometer adultério. Estes preceitos não são meras convenções sociais; são expressão da ordem moral inscrita pelo Criador no coração humano.A observação de que tais povos, mesmo sem instrução religiosa, organizam suas comunidades com normas que asseguram a sobrevivência e a coesão social, revela a objetividade da lei moral natural. A ética do grupo se fundamenta no reconhecimento de que certos atos, como homicídio, furto ou adultério, ameaçam a sobrevivência da comunidade e perturbam a ordem natural da convivência. A moralidade, portanto, preexiste à cultura e à legislação formal, sendo uma expressão da racionalidade humana guiada pela providência divina.
No contexto da homossexualidade, a tradição teológica observa que comportamentos contrários à lei natural, como definidos pela ordenação da sexualidade para a reprodução e a estabilidade social, comprometem a função integral do homem dentro da comunidade (Catecismo da Igreja Católica, 2357-2359). A ausência de indivíduos com tais tendências em tribos primitivas e sem contato civilizatório, nem influências ideológicas, evidencia que a lei natural orienta os comportamentos humanos de acordo com o bem integral da pessoa e da comunidade, mesmo antes de qualquer doutrinação religiosa.
Diante disso, a argumentação de Maggi, que relativiza a moralidade com base em interpretações subjetivas ou culturais, não consegue fundamentar-se na realidade da natureza humana. A lei natural é anterior e superior a qualquer construção teológica pessoal; ela garante que o homem, por sua própria razão e experiência, reconheça o bem e o mal, independentemente de doutrinas religiosas ou convenções sociais. Como Santo Tomás conclui, a lei natural é universal, imutável e objetiva, e constitui o fundamento sobre o qual toda moralidade legítima deve ser construída.
Em síntese, a tradição católica ensina que:
-A moralidade objetiva existe independentemente da cultura ou religião formal.
-A lei natural é inscrita pela razão e pela providência divina no coração humano.
Qualquer tentativa de relativizar ou reconstruir a moralidade sem referência à lei natural resulta em pseudo-teologias desconectadas da realidade humana e da ordem divina.
Referências
-Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica, I-II, q. 91, a. 2.
-Catecismo da Igreja Católica, 1954–1960; 2357–2359. Libreria Editrice Vaticana, 1992.
-Bíblia Sagrada. Êxodo 20,1-17; Mateus 22,37-40.
-Gaudium et Spes, Concílio Vaticano II, 1965.
Misericórdia e Verdade: A Necessidade de Discernimento na Vida Cristã
Não devemos iludir os fiéis com uma “misericórdia que não foi revelada por Deus”, mas que é propositalmente confundida pelo demônio. A verdadeira pedagogia de Cristo, o Divino Mestre, manifesta-se na oferta da misericórdia condicionada à conversão: “Vai e não peques mais” (Jo 8,11). A bondade divina não consiste em aprovar a prática contínua do pecado, nem em legitimar vícios, mas em conduzir o homem à transformação interior e à amizade com Deus.
Ao se permitir a recepção dos sacramentos por aqueles que vivem publicamente em pecado mortal — como recasados ou divorciados sem anulação válida — sob o pretexto de que Deus não condena ninguém, instaura-se relativismo moral e religioso, que se afasta da tradição do Magistério da Igreja. Santo Afonso Maria de Ligório alerta com precisão:
“Não merece a misericórdia de Deus aquele que se serve da mesma para ofendê-Lo! A misericórdia é para quem teme a Deus e não para o que dela se serve com o propósito de não temê-Lo. Aquele que ofende a Justiça pode recorrer à Misericórdia; mas a quem pode recorrer o que ofende a própria Misericórdia?”
Quem, confiando em uma falsa misericórdia, persiste no pecado deliberadamente, escarnece de Deus e se afasta do caminho da salvação. Retirar a culpa moral do pecado é educar perigosamente para a psicopatia, pois o remorso e o arrependimento são fundamentais para a formação ética e espiritual do homem. A Eucaristia não é prêmio nem remédio; é comunhão com Deus (cf. II Cor 6,14-15), e só deve ser recebida em estado de graça, com coração contrito, fé e desapego ao pecado. Quem comunga em pecado mortal consciente comete sacrilégio, repetindo simbolicamente o pecado de Judas, e desrespeita o valor da comunhão.
A parábola das bodas (Mateus 22,1-14) ilustra esta realidade:
Deus convida a todos para o banquete celestial, mas a participação plena exige vestes nupciais, símbolo de amor e santidade. Aqueles que ignoram a graça ou permanecem em pecado deliberado são excluídos, pois a comunhão com Deus exige correspondência e abertura ao amor divino, conforme explica São Gregório Magno:
“Entra, pois nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que, pertencendo à Igreja Católica, tem fé, mas lhe falta a caridade.”
O ensino tradicional, portanto, combina misericórdia e justiça. A misericórdia de Deus não é licença para pecar, mas oportunidade de conversão. Santo Afonso Maria de Ligório reforça:
“Desgraçados os pecadores que orgulhosamente prosperam empedernidos na vida pecaminosa mortal! É sinal de que Deus os conserva para lhes aplicar sua justiça na vida eterna...”
No plano espiritual, a batalha contra o pecado se estende também à esfera angelical. Satanás e um terço dos anjos caíram por escolha própria, rejeitando a ordem de Deus (Isaías 14,12; Lucas 10,18; Apocalipse 12,3-9). Este fato lembra-nos que a liberdade humana, tal como a angelical, é sempre orientada ao bem ou ao mal. O cristão é chamado a alinhar sua liberdade à vontade divina, contando com a graça e a orientação da Igreja, e não aos sedutores ensinamentos de hereges ou a interpretações subjetivas da misericórdia.
Em síntese, a tradição teológica católica ensina que:
-A misericórdia divina exige arrependimento e abandono do pecado.
-Os sacramentos só podem ser recebidos com a devida formação, e em estado de graça, para que haja verdadeira comunhão com Deus.
-Persistir deliberadamente no pecado, confiando em uma misericórdia distorcida, constitui sacrilégio e afastamento da salvação.
-O chamado à santidade exige amor, caridade e transformação interior, não concessões que banalizam o pecado.
A escolha permanece livre, mas a tradição alerta:
Seguir ensinamentos que relativizam o pecado ou a graça é abrir-se à sedução do demônio. A verdadeira misericórdia de Deus salva e transforma, não concede permissividade para permanecer nas trevas.
Referências
-Bíblia Sagrada. João 8,11; Mateus 22,1-14; II Coríntios 6,14-15; Lucas 10,18; Apocalipse 12,3-9; Jeremias 12,1-3.
-Santo Afonso Maria de Ligório. Teologia Moral.
-São Gregório Magno. Homilias sobre os Evangelhos.
-Catecismo da Igreja Católica, 1385-1390; 1413-1419. Libreria Editrice Vaticana, 1992.
-Sínodo sobre a Eucaristia, Propositio 49, 2005.
Conclusão
A teologia de Alberto Maggi, ao negar a realidade objetiva do pecado e da culpa, substitui a centralidade de Cristo Redentor por uma visão meramente psicológica e terapêutica da fé. Em contraste, o Magistério católico sempre ensinou que a libertação trazida por Cristo passa necessariamente pelo reconhecimento do pecado e pelo arrependimento sincero, como proclama São João Paulo II na encíclica Reconciliatio et Paenitentia.
O que Maggi propõe não é uma releitura do Evangelho, mas uma ruptura com o núcleo da fé cristã: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm 1,15).
Retirando a culpa, estamos criando uma geração de “psicopatas cristãos” que não sentem mais remorso pelos pecados, pois somente os psicopatas são incapazes de experimentar arrependimento e culpa.
Mas sem remorso e arrependimento, o que resta para apresentar no sacramento da confissão? Apenas “pecados ecológicos”, ações moralmente neutras, ou interpretações culturais do que é certo ou errado, esvaziando a prática sacramental e transformando-a em mera formalidade ou terapia de auto-ajuda.
A tradição católica permanece firme em afirmar que o pecado não é invenção, mas realidade dramática da liberdade humana; e que a culpa não é um fardo arbitrário, mas consciência reta diante de Deus. Negar essas verdades mina os fundamentos da teologia, dissolve a vida moral e conduz inevitavelmente ao esvaziamento da fé.
*Francisco José
Barros de Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme
diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17 - Perfil curricular no
sistema Lattes do CNPq Nº 1912382878452130.
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Excelente!
Nunca tinha pensado nisso:"Ora, se a lei natural não estivesse incutida em nosso interior, mesmo sem precisar da religião, como demonstram os povos primitivos sem contato com as religiões tradicionais, percebemos que estes carregam em si a lei natural dos 10 mandamentos, ou seja, reconhecem que não devem matar, mentir, caluniar, tomar a mulher de outro membro da tribo, bem como não podem apoderar-se dos bens de seus companheiros tribais, o que acarretaria a sua expulsão, ou até mesmo a execução exemplar para os demais! Estes povos primitivos reconhecem que "o homossexualismo destruiria a vida social" e a própria sobrevivência da tribo! (por isso "não se ver gays nas tribos sem contato com a civilização", pois cada um tem seu papel bem definido na comunidade). A pessoa gay neste contexto, não serve para caçar, guerrear, e muito menos para a reprodução! "
Sirlene - GO
Concordo ! "Retirar a culpa, é perigosamente, educarmos a sociedade para psicopatia, pois só os psicopatas não sentem remorsos e nem tem sentimentos de culpas por seus crimes. Receber os sacramentos, principalmente a Eucaristia, sem estar em estado de graça, justificando que a Sagrada Eucaristia não é prêmio, mas remédio (?). Na verdade é desviar seu sentido, e um engano mortífero de Satanás! É profanar e deturpar o próprio sacramento, o qual realmente não é prêmio e muito menos remédio, mas COMUNHÃO! E Deus não comunga com o pecado (cf. II Cor 6, 14-15). Quem recebe a sagrada comunhão em pecado mortal comete um sacrilégio, pois é preciso ter coração contrito (Sr eu não sou dígno...) recolhimento profundo, espírito de fé, sem apego, comunhão, e amizade alguma com o pecado."
Zé Carlos - Natal RN
Meu Deus...fico imaginando como é a confissão com esses padres progressistas para os quais não existe pecado, senão, o pecado social, onde parece que a regra é: pode pecar a vontade, mas ajude os pobres e tá tudo resolvido...
Arnaldo dos Santos
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