A Palavra de Deus por excelência
é Jesus Cristo, e isto a Igreja sempre teve presente consigo durante a sua
jornada terrena. O Logos encarna-se no seio virginal de Maria, a Palavra faz-se
carne, como nos relata o Apóstolo João (cf. Jo 1,14). Este maravilhoso
acontecimento dá um novo rumo à humanidade e a transforma, ainda que em sua
fragilidade. Mesmo em nossa fragilidade, mesmo com os nossos pecados, em nossa
miséria incomensurável, ainda que estejamos no maior dos abismos, Deus se
inclina e nos olha com misericórdia; Ele desce aos abismos, se rebaixa à nossa
condição humana para resgatar-nos. E triste é ver que muitos o renegam!Muitos
não se deixam amar por Deus.E assim, São Paulo continua sua exortação aos
Tessalonicenses, no capítulo 2, versículos 13 a 20, do qual falaremos hoje.
Escreve: “Agradecemos a Deus sem cessar, por que, ao receberdes a palavra de
Deus que ouvistes de nós, vós a recebestes não como palavra humana, mas como o
que ela de fato é: palavra de Deus, que age em vós que acreditais” (v. 13).
Acreditar na Palavra de Deus! Eis uma das questões mais difíceis do homem
moderno compreender. Às vezes nos perguntamo: por que tantas pessoas, mesmo
católicos, muitas vezes não querem seguir a Palavra de Deus? E a resposta é
que, não obstante recorrer a Deus nos momentos de aflição e necessidade, no
momento de vivenciar as leis e os mandamentos, todos correm, todos se fecham em
seus individualismos e fazem-se deuses de
seus mundos.De fato, o cristão é chamado a experimentar Deus não apenas
em seus momentos de misericórdia, mas também nos mandamentos que fazem parte da
caminhada, e nos ajudam a enfrentar as dificuldades que surgem no decorrer
desta caminhada.Também torna-se necessário que os pastores conduzam seu rebanho
na sã doutrina, não ensinando ideologias particulares, como convier a cada um;
mas que assumam seu papel. Que saibam viver a radicalidade do Evangelho,
anunciando aquilo que a Santa Igreja, em comunhão com os Sucessores dos
Apóstolos, transmitiu nestes vinte e um séculos. Nem a vida nem a morte podiam
separar a Paulo do amor de Cristo. Por isso, dois mil anos depois do início de
sua peregrinação terrena, a monumental obra apostólica do Apóstolo das Gentes
continua viva e produzindo abundantes frutos para a Igreja.
A vocação é um dom
concedido liberalmente por Deus. E, por vezes, compraz-se o Senhor em chamar
alguém aparentemente contrário à missão para a qual Ele o destina, a fim de
manifestar com maior fulgor o poder de Sua Graça e a gratuidade do Seu chamado.
Nesses casos, apesar dos aparentes paradoxos e à revelia do próprio
interessado, cujas aspirações parecem entrar em choque com os desígnios
Divinos, o Senhor vai preparando os caminhos, servindo-Se até dos próprios
obstáculos para fazer cumprir sua Santa Vontade.
O Jovem fariseu de Tarso
Nada parecia indicar
que aquele jovenzinho de rosto vivo e inteligente, de nome Saulo, viesse a
transformar-se num intrépido defensor de Jesus Cristo. Nascido em Tarso, na
Cilícia, no seio de uma família judaica, o pequeno Saulo esteve, desde muito
cedo, sujeito a duas fortes influências que pesariam grandemente na formação de
seu caráter.De um lado, as convicções religiosas que aprendera de seus pais não
tardaram em fazer dele um autêntico fariseu, apegado às tradições, anelante
pela chegada de um Messias vitorioso e libertador do povo eleito, então
submetido ao jugo estrangeiro, e zeloso cumpridor da Lei até em suas mínimas
prescrições.De outro lado, o ambiente de sua cidade natal marcou profundamente
a personalidade do jovem fariseu. Tarso - metrópole grega, súdita do Império
Romano - tornarase, por sua localização privilegiada, um dos centros de
comércio mais importantes daquele tempo. Regurgitava de gente, proveniente das
nações mais diversas, cujas línguas e costumes misturavam-se sob o fator
preponderante da cultura helênica. A Providência começava a preparar o jovem
fariseu para sua futura missão de Apóstolo das Gentes.
Discípulo de Gamaliel
Apenas saído da
adolescência, Saulo abandonou sua pátria para instalar-se na cidade-berço da
religião de seus antepassados: Jerusalém. Ali tornou-se assíduo estudioso das
Escrituras, instruído pelo douto Gamaliel, um dos mais destacados membros do
Sinédrio. Também aqui podemos notar a mão de Deus intervindo em sua vida, pois
o conhecimento dos Livros Sagrados, que adquiriu ao longo desses anos,
servir-lhe-ia mais tarde para abrir seus horizontes a respeito da realidade
messiânica de Jesus Cristo.Entretanto, se Saulo progredia a passos rápidos nas
doutrinas farisaicas, sob o olhar vigilante de Gamaliel, em nada pareceu
assimilar a prudência que caracterizava seu mestre, sempre cauto em seus juízos
e comedido nas apreciações. Pelo contrário, o jovem aluno dava mostras de um
exaltado fanatismo religioso, como ele mesmo confessaria em sua epístola aos
Gálatas: "Avantajava-me no judaísmo a muitos dos meus companheiros de
idade e nação, extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gl 1, 14).No
interior do discípulo de Gamaliel latejava um coração sincero, à procura da
verdade. Buscava-a ardorosamente, desejoso de alcançar o pleno conhecimento
dela. Não sabia que o termo desses seus anseios encontravase nAquele que, de Si
mesmo, dissera: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai
senão por Mim" (Jo 14, 6).Sim, Saulo não poderia chegar ao Pai, Suprema
Verdade, sem passar por Jesus, o Mediador entre Deus e os homens. A afirmação
proferida pelo Divino Mestre, momentos antes de Sua Paixão, ele a veria
cumprir-se em sua vida, ainda que contra a sua vontade e apesar de suas
relutâncias. E a ocasião se haveria de apresentar justamente quando as
convicções de Saulo, chocadas ante o Cristianismo que surgia, haviam-se
convertido em ódio profundo contra este.
Encontro de Saulo com o Cristianismo
Saulo passara alguns
anos fora de Jerusalém, que coincidiram com o período da vida pública de Jesus.
Quando voltou, verificou uma grande mudança. A Cidade Santa não era a mesma que
ele conhecera em seus tempos de estudante: após a tragédia da Paixão, pesava
sobre a consciência do povo e, sobretudo, das autoridades a figura
ensangüentada da Vítima do Gólgota, que eles em vão procuravam lançar no
esquecimento. E mais: os discípulos daquele Homem não temiam pregar sua
doutrina no próprio Templo, proclamando que esse Jesus a quem haviam matado
ressuscitara dos mortos (cf. At 3, 11ss.).Tais acontecimentos não podiam deixar
indiferente um fariseu convicto como Saulo. Não compreendia que aqueles simples
galileus se levantassem impunemente contra a religião de seus antepassados,
arrastando atrás de si tamanha multidão de seguidores. Sua irritação chegou ao
auge quando, estando na sinagoga chamada dos Libertos, onde semanalmente se
reuniam judeus de todas as comunidades da Diáspora, deparou- se com um jovem
chamado Estêvão, que anunciava denodadamente as glórias do Crucificado.Momentos
mais tarde, tendo sido apresentado Estêvão ao tribunal do Grande Conselho,
Saulo escutou atentamente o longo discurso no qual este demonstrou, por meio de
exemplos históricos e de profecias, ser Jesus o Messias esperado. O jovem
fariseu sentia-se incomodado: as palavras de Estêvão eram tão inspiradas e
convincentes, que não se lhe podia resistir (Cf. At 6, 10); de outro lado, a
imagem desse Jesus Nazareno, que ele não conhecera, parecia perseguilo, e
constantemente via-se obrigado a ouvir falar a respeito, de tal modo os seus
adeptos se espalhavam por Jerusalém. Duro lhe era recalcitrar contra o aguilhão
(cf. At 26, 14). E, entretanto, Saulo recalcitrava!Indignado diante da coragem
de Estêvão, aprovou entusiasticamente sua morte (cf. At 8, 1) e considerou como
uma honra a missão de custodiar os mantos dos apedrejadores, uma vez que sua
idade não lhe permitia levantar a mão contra o condenado.
Surge Saulo o perseguidor dos cristãos
A partir daquele dia,
o exaltado discípulo de Gamaliel não pôs mais freio à sua fúria. Acreditando
"que devia fazer a maior oposição ao nome de Jesus de Nazaré" (At 26,
9), entrava nas casas dos fiéis e arrancava delas homens e mulheres para
entregálos à prisão (cf. At 8, 3); chegava a maltratá-los para obrigá-los a
blasfemar (cf. At 26, 11). Não contente com devastar apenas a Igreja de
Jerusalém, foi apresentar-se ao príncipe dos sacerdotes, pedindo-lhe cartas
para as sinagogas de Damasco, com o fim de prender, nessa cidade, todos os que
se proclamassem seguidores da nova doutrina (cf. At 9, 2).Mas, esse Jesus a
quem ele teimava em perseguir (At 9, 5), viria a atravessar- Se de novo em seu
caminho, desta vez de modo definitivo e eficaz.
No caminho de Damasco
Podemos imaginar a ânsia
do jovem Saulo ao aproximar-se de Damasco, antegozando a hora de saciar sua
cólera no cumprimento da missão que se propunha. Mas eis que, subitamente, uma
luz fulgurante vinda do Céu envolveu-o e a seus companheiros, derrubando-o do
cavalo. Ali, caído por terra e cegado pelo resplendor dos raios divinos, o
orgulhoso fariseu não pôde mais resistir ao poder de Cristo e declarou-se
vencido: "Senhor, que queres que eu faça?" (At 9, 6).De perseguidor
que era, poucos instantes antes, passava a servo fiel, pronto para obedecer aos
mandatos do Divino Perseguido. Quanta glória para o Crucificado! Por um simples
toque de Sua graça, transformara em Seu Apóstolo um dos mais ferventes
discípulos daqueles que haviam sido seus principais contendores, durante sua vida
pública.Ajudado por seus companheiros, Saulo ergueu-se do chão. Entretanto,
mais do que levantar-se do solo, surgiu em sua alma "o homem novo, criado
à imagem de Deus, em verdadeira justiça e santidade" (Ef 4, 24). O
blasfemador de outrora permaneceria para sempre prostrado num amoroso
reconhecimento de sua derrota: "Jesus Cristo veio a este mundo para salvar
os pecadores, dos quais sou eu o primeiro. Se encontrei misericórdia, foi para
que em mim primeiro Jesus Cristo manifestasse toda a sua magnanimidade e eu
servisse de exemplo para todos os que, a seguir, nEle crerem, para a vida
eterna" (I Tm 1, 15-16).
Pela graça e misericórdia de Deus,Saulo
converte-se em Paulo
Com a mesma
radicalidade com que outrora se apegara ao judaísmo, Saulo abraçava agora a
Igreja de Cristo. A graça respeitara a natureza, conservando as características
próprias de sua personalidade que viriam mais tarde a contribuir na formação da
escola paulina de vida espiritual. A partir desse momento, o Saulo convertido,
o novo Paulo, só se moveria por um único ideal, que tomava todas as fímbrias de
sua alma e dava verdadeiro sentido à sua existência: "Quanto a mim, não
pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo,
pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo" (Gl 6,
14).Doravante essa Cruz - na qual Paulo não apenas considerava os sofrimentos
do Salvador, mas via, sobretudo, os esplendores da Ressurreição - seria para
ele o rumo de sua vida, a luz dos seus passos, a fortaleza de sua virtude, o
seu único motivo de glória. Esse amor, que num instante operara a sua
transformação, o impelia agora a falar, a pregar, a percorrer os confins do
mundo a fim de conquistar almas para Cristo, arrancando-lhe, do fundo do
coração, este gemido: "Ai de mim se eu não evangelizar!" (I Cor 9,
16).Por esse amor estava disposto a enfrentar todas as tribulações, a suportar
os piores tormentos, fossem de ordem natural, como também os de ordem moral:
"Muitas vezes vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos judeus os
quarenta açoites, menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez
apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo. Viagens
sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte
de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos no
deserto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas,
repetidas vigílias, com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez! Além de
outras coisas, a minha preocupação cotidiana, a solicitude por todas as
igrejas!" (II Cor 11, 23-28).Ele havia se proposto, antes de tudo, à
glorificação de Jesus Cristo e da Sua Igreja, e isto constituía para ele o suco
essencial, o norte de sua vida. A este respeito comenta São João Crisóstomo:
"Cada dia ele subia mais alto e se tornava mais ardente, cada dia lutava
com energia sempre nova contra os perigos que o ameaçavam. [...] Realmente, no
meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias, triunfando de
todos os seus assaltos. E em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e
maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus,
gloriava-se e dava graças a Deus, dizendo: ‘Graças sejam dadas a Deus que nos
fez sempre triunfar' (II Cor 2, 14)."
Apóstolo das Gentes
Assim, pouco a pouco,
por meio de suas viagens apostólicas e das numerosas cartas através das quais
sustentava na Fé seus filhos espirituais, Paulo ia assentando os fundamentos da
Esposa Mística de Cristo. Nem mesmo internamente havia de lhe faltar
adversários: por vezes, entre os próprios cristãos, surgiam conceitos errôneos,
como o de querer obrigar os pagãos convertidos a praticar os costumes da Lei
Mosaica. A esse respeito Paulo levou sua ousadia até o ponto de discutir com o
próprio Apóstolo Pedro, "resistindo-lhe francamente, porque era
censurável" (Gl 2, 11).Pedro aceitou com humildade o ponto de vista de
Paulo e apressou-se em colocá-lo em prática. Mas os cristãos que haviam
espalhado suas idéias pelas igrejas da Galácia não o imitaram, acrescentando
ainda que a justificação provinha estritamente do cumprimento da Lei. Nada
poderia ser tão nocivo para a Igreja nascente do que tais enganos, e Paulo logo
o percebeu. Decidiu deixar por escrito toda a doutrina sobre esse ponto, e o
fez com tanta segurança e clareza que deduz-se têla recebido dos lábios do
próprio Jesus.Assim, a epístola dirigida aos Gálatas é um escrito polêmico, sem
receios de apresentar a verdade tal como ela é: "Ó insensatos gálatas!
Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus
Cristo crucificado? [...] Todos os que se apóiam nas práticas legais estão sob
um regime de maldição" (Gl 3, 1.10). E pouco antes, afirmava: "Nós
cremos em Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e
não pela prática da lei" (Gl 2, 16).
São Paulo e os gregos
Se Paulo teve de
enfrentar oposições dentro de seu próprio povo, viuse também contestado pelos
gregos, que apresentavam objeções de teor completamente diferente, mas não
menos perigosas. A Grécia, principal centro da cultura naqueles tempos,
orgulhava-se da fama de seus pensadores e de ser o berço da filosofia. Ora, a
palavra e a pregação trazidas por Paulo, "longe estavam da eloqüência
persuasiva da sabedoria" (I Cor 2, 4), como ele mesmo afirmava.Assim, não
raras vezes tornavase ele alvo do desprezo ou objeto de vergonha para os
convertidos. Ele pouco se importava com as ofensas feitas à sua pessoa, mas receava
que seus discípulos fizessem eco a idéias tão vãs ou viessem a sucumbir, por
medo das humilhações. Por isso, escrevia ele aos fiéis de Corinto, cidade onde
principalmente essas falsas doutrinas haviam encontrado aceitação: "A
linguagem da Cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que foram
salvos, para nós, é uma força divina" (I Cor 1, 18).Não era esse, porém, o
pior dos obstáculos encontrados por Paulo na Grécia. Afundados na devassidão e
na desordem moral, os gregos haviam elaborado, ao longo dos tempos, uma
justificativa para os seus maus costumes, negando a ressurreição dos mortos.
Alguns mesmo, como Epicuro de Samos (†270 a.C.), chegaram a afirmar que a alma
humana é material e mortal.No próprio Evangelho percebemos lampejos dessa candente
temática quando os saduceus - que, por influência helênica, não acreditavam na
ressurreição - se aproximaram de Jesus para pô-lo a prova, mediante uma
pergunta capciosa (cf. Lc 20, 27-39). A discussão, como vemos, vinha de longa
data e se erguia como principal empecilho para o desenvolvimento do apostolado
paulino.Talvez Paulo, em seus tempos de fervor fariseu, já tivera de enfrentar
os mesmos saduceus a esse propósito. gora, porém, como cristão, possuía o
argumento da Ressurreição de Cristo e contava com o poderoso auxílio da graça.
Grande Apóstolo da Ressurreição
As dúvidas expostas
pelos gregos, quando não a oposição aberta, servirlhe- iam de estímulo para
aprofundarse mais na doutrina da ressurreição e deixá-la explicitada para os
séculos futuros. Assim escreveu ele aos coríntios: "Ora, se se prega que
Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há
ressurreição? Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou. Se
Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. [...]
Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos,
de todos os homens, os mais dignos de lástima. Mas não! Cristo ressuscitou
dentre os mortos como primícias dos que morreram!" (I Cor 15, 12-14;
19-20).Custoso era, para aqueles gregos de vida desregrada, ter de assimilar
esses princípios. Aceitando a ressurreição da carne, ver-se-iam forçosamente
convidados a uma mudança de costumes e a abraçarem um modo de pensar e de
comportar-se condizente com essa esperança. Mas até mesmo suas relutâncias
contribuiriam para o bem, como afirma o próprio Paulo: "Oportet et
haereses inter vos esse" (I Cor 11, 19) - é necessário que haja partidos,
ou heresias, entre vós. Impelido pelas circunstâncias, Paulo se transforma no
grande Apóstolo da Ressurreição.
Cordeiro e leão ao mesmo tempo
Nem tudo, porém, eram
combates para o incansável Paulo. Se face ao erro e à falta de fé ele mostrava
todo o seu ardor combativo e sua intransigência, em relação aos bons deixava
entrever um fundo de alma extremamente afetuoso e compassivo, ordenado segundo
a caridade de Cristo. Nesta admirável conjugação de virtudes, na aparência
opostas, Paulo assemelhava-se ao Divino Mestre, sempre disposto a perdoar ou
pronto a repreender, a ser Cordeiro e Leão ao mesmo tempo.Em sua carta aos
fiéis de Filipos, que se inquietavam por seus sofrimentos e suas necessidades,
assim escreve: "Deus me é testemunha da ternura que vos consagro a todos,
pelo entranhado amor de Jesus Cristo!" (Fil 1, 8). E ainda, aos mesmos
gálatas, que antes invectivara a respeito de seus desvios, escrevia mais
adiante: "Filhinhos meus, por quem de novo sinto dores de parto, até que
Cristo seja formado em vós, quem me dera estar agora convosco" (Gl 4, 19).
São Paulo, segundo Bossuet
Difícil é exaltar o
Apóstolo das Gentes em espaço tão exíguo. A pluralidade estonteante de seus
feitos, o poder de sua voz e o alcance de sua ação apostólica, cujos frutos até
hoje alimentam a Igreja, deixam em embaraço qualquer escritor. Por isso recorremos
à incomparável eloqüência de Bossuet, que assim descreveu o ímpeto da pregação
do Apóstolo:
"Este homem, ignorante na arte do bem-falar, de locução rude e de
acento estrangeiro, chegará à esmerada Grécia, mãe de filósofos e oradores, e,
apesar da resistência mundana, fundará mais igrejas do que Platão teve
discípulos. Pregará a Jesus em Atenas, e o mais sábio dos oradores passará do
Areópago para a escola deste bárbaro. Continuará mais adiante em suas
conquistas, e abaterá aos pés do Senhor a majestade das águias romanas na
pessoa de um prócônsul, e fará tremer em seus tribunais os juízes diante dos
quais fora citado. Roma ouvirá sua voz, e um dia aquela velha mestra
sentir-se-á mais honrada com uma só carta do estilo bárbaro de São Paulo,
dirigida a seus cidadãos, do que por todas as famosas arengas que outro dia
escutara de Cícero."
A prisão em Jerusalém
Sim, Roma, haveria de
ouvir sua pregação e suas ruas calçadas de grandes pedras seriam pisadas pelos
pés do Apóstolo. Esses pés, entretanto, arrastariam pesadas correntes que lhe
tolheriam a liberdade dos movimentos. Acusado pelo ódio de seus concidadãos,
por causa de sua fidelidade a Cristo, Paulo fora entregue à justiça romana. Se
seu corpo suportava as cadeias e os grilhões, sua alma sentia pesar sobre si o
suave jugo de Cristo. Prisioneiro do Espírito (cf. At 20, 22), Paulo recebera,
à noite, esta revelação: "Coragem! Deste testemunho de Mim em Jerusalém,
assim importa também que o dês em Roma" (At 23, 11).Obediente à inspiração
recebida, Paulo exclamará no tribunal do governador Festo: "Estou perante
o tribunal de César. É lá que devo ser julgado. [...] Apelo para César!"
(At 25, 10-11). Querendo desfazer-se de caso tão complicado, que envolvia assuntos
da religião judaica, Festo apressou- se em satisfazer o desejo do preso,
mandando-o para Roma, algemado e sob a guarda do centurião Júlio.
O primeiro período de pregação em Roma
Durante a viagem,
Paulo não perdia a oportunidade de anunciar o Evangelho em todos os lugares por
onde passava. Após várias dificuldades ao longo da travessia e enfrentar um
naufrágio, fez escala em Siracusa, na Sicília, e dali foi conduzido a Reggio
(cf. At 28, 12-13).Uma vez chegado à capital do Império e instalado em prisão
domiciliar, Paulo realizava um anseio que havia tempos acalentava no coração,
como ele mesmo o expressara aos cristãos de Roma: "Daí o ardente desejo
que eu sinto de vos anunciar o Evangelho também a vós, que habitais em
Roma" (Rm 1, 15). Dois anos haveria de durar seu doloroso cativeiro, mas
ele, como afirma São João Crisóstomo, "considerava como brinquedo de
criança os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse
sofrer alguma coisa por Cristo". Aproveitou o tempo para pregar o Reino de
Deus (cf. At 28, 31), escrever numerosas cartas às comunidades da Grécia e da
Ásia, as chamadas Epístolas do cativeiro.Mas a Providência pedia de seu
Apóstolo ainda mais alguns anos de abnegação e fadigas, a ele que suspirava
pela morte, considerando-a um lucro para ganhar a Cristo (cf. Fl 1, 21).
Novas viagens e retorno à capital do Império
Libertado por um
decreto jurídico, Paulo ainda visitaria Creta, Espanha e novamente as
conhecidas igrejas da Ásia Menor, pelas quais tanto se dedicara. Afinal
voltaria a Roma para onde se sentia atraído, talvez por um secreto
pressentimento da proximidade da "coroa da justiça" (II Tm 4, 8) que
ali o aguardava.Sobre o trono dos césares sentavase então o terrível Nero, cuja
crueldade, aliada a um orgulho patológico, já fizera sua fama. Era conhecido o
ódio que votava aos cristãos, e Paulo não passou despercebido à perspicácia dos
espiões do tirano.Acusado como chefe da seita, foi preso pela polícia imperial
e lançado no Cárcere Mamertino, onde, segundo uma antiga tradição, já se
encontrava Pedro. Nesse escuro subterrâneo, de estreitas dimensões e teto
baixo, o Pontífice da Igreja de Cristo e o Apóstolo das Gentes estiveram
acorrentados a uma mesma coluna. Assim, unidos numa mesma Fé e esperança,
estavam ambos amarrados pelas cadeias do amor ao Rochedo, que é Cristo (cf. I
Cor 10, 4).
O martírio de São Paulo
Chegou por fim o dia
em que Paulo deveria "ser imolado" (II Tm 4, 6). Para ele a morte
pouco significava, pois já se achava morto para o pecado e vivo para Deus (cf.
Rm 6, 11). Uma entranhada e exclusiva união o ligavam a seu Senhor. Não era ele
mesmo que vivia, mas sim Cristo quem nele habitava (cf. Gl 2, 20) e operava.Condenado
à morte, Paulo, por ser cidadão romano, não podia, como Pedro, sofrer a pena
ignominiosa da crucifixão, mas sim a da decapitação, e esta devia dar-se fora
dos muros da cidade. Conduzido por um grupo de soldados, o Apóstolo arrastou
seus pesados grilhões ao longo da Via Ostiense e, depois, pela Via Laurentina,
até alcançar um distante vale, conhecido pelo nome de Aquæ Salviæ.Ali, entre a
vegetação daquela região pantanosa, o sublime imitador de Jesus Cristo selava
seu testemunho com o próprio sangue. Sua cabeça, ao cair no solo sob o golpe
fatal da espada, saltou três vezes, fazendo brotar em cada um dos pontos uma
fonte de água borbulhante. Este fato, se não comprovado pela História, baseia-
se numa piedosa tradição confirmada pelo nome de Tre Fontane, que ostenta o
mosteiro trapista construído naquele local.
"Combati o bom combate"
Paulo morrera, mas
sua monumental obra apostólica, fundamentada na caridade que consumira sua
vida, continuava viva e produziria ao longo dos tempos abundantes frutos para a
Igreja. Até o último alento, sua vida não fora senão uma grande luta. Luta de
entusiasmo e de entrega, de desprendimento e de heroísmo; luta para levar o
Evangelho a todas as gentes, confiando sempre na benevolência de Cristo.Os
piores vagalhões da vida não puderam atingir o seu tabernáculo interior. Sua
firmeza, semelhante à imobilidade de um rochedo batido pelas ondas do mar,
mantinhase inalterável em meio às maiores angústias e agonias, certo de que nem
a vida nem a morte o poderiam separar do amor de Cristo (cf. Rm 8, 38-39).E uma
vez concluído o combate, percorrida toda a sua carreira e chegado ao termo de
sua peregrinação terrena (cf. II Tm 4, 7), o Apóstolo apareceu ante o olhar
admirado da humanidade, em toda a sua estatura de gigante da Fé, transmitindo
para os séculos futuros esta mensagem: "Por ora subsistem a fé, a
esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade. A caridade
jamais acabará!" (I Cor 13, 13.8).Estando preso em Roma, o incansável
Apóstolo não deixou de pregar, e obteve a conversão de incontáveis almas. Posto
em liberdade no início do ano 64, dirigiu-se à Espanha e à Ásia. Retornando a
Roma, foi preso novamente, desta vez com São Pedro.Ficaram eles na prisão mais
antiga de Roma, o Cárcere Mamertino, local impregnado de bênçãos, que comove a
quantos por lá passam. Com efeito, como não se impressionar ao contemplar, logo
nos primeiros degraus da estreita escada que leva ao calabouço, a marca do
rosto do Príncipe dos Apóstolos, milagrosamente impressa na parede de pedra? E
que emoção ao ver no canto da cela a fonte que brotou do solo, possibilitando
aos Apóstolos batizarem os próprios carcereiros, convertidos pelo seu exemplo e
pregação!No final de sua heróica vida, pôde o Apóstolo das Gentes cantar este
hino de triunfo do varão que sente a consciência limpa na hora do encontro com
o Supremo Juiz: "Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei
a fé. Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me
dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos aqueles que aguardam com amor
a sua aparição".Grandiosa foi sua vida, tal será também sua morte. Sendo
cidadão romano, São Paulo não podia ser crucificado. Foi, assim, decapitado
pela espada, no ano 67. Conta-nos a tradição que sua cabeça, rolando ao solo,
saltou três vezes e fez brotar três fontes que podem ser vistas ainda hoje na
Igreja de San Paolo alle Tre Fontane, na via d'Ostia, em Roma.
PRÓLOGO AO COMENTÁRIO ÀS EPÍSTOLAS DE SÃO PAULO
POR TOMÁS DE AQUINO:
"Vai, porque
este é para mim um vaso de eleição, para levar o meu nome diante das gentes,
dos reis, e dos filhos de Israel".Atos 9, 15
O bem aventurado
Paulo, que é chamado nestas palavras de "vaso de eleição", foi como o
vaso de que se fala no Eclesiástico:
"Como um vaso de
ouro maciço, ornamentado de toda pedra preciosa". Ecles. 50, 10
Paulo foi vaso de
ouro por causa do fulgor da sabedoria, maciço pela virtude do amor, ornamentado
de toda pedra preciosa pelas diversas virtudes que estas significam. E tal como
ele próprio era, assim também ele ensinou aos demais. Ensinou
excelentissimamente os mistérios da divindade, que pertencem à sabedoria, coisa
manifesta pelo que está dito na Primeira Epístola aos Coríntios:
"É a sabedoria
que nós pregamos entre os perfeitos". I Cor. 2, 6
Paulo também
recomendou excelentissimamente a caridade, conforme lemos no décimo terceiro
capítulo da Primeira Epístola aos Coríntios:
"Ainda que eu
fale a língua dos anjos e dos homens, ainda que eu tivesse o dom da profecia e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu distribuísse todos
os meus bens, ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não
tivesse caridade, nada disto me aproveitaria. A caridade nunca há de acabar, a
maior de todas (as virtudes) é a caridade". I Cor. 13, 1-13
Paulo instruíu também
os homens sobre as diversas virtudes, como é evidente na Epístola aos
Colossenses:
"Como escolhidos
de Deus, santos e amados, revesti-vos de entranhas de misericórdia, de
benignidade, de humildade, de modéstia, de paciência, sofrendo-vos uns aos
outros e perdoando-vos mutuamente, assim como o Senhor vos perdoou a vós.
Sobretudo tende caridade, que é o vínculo da perfeição, e triunfe em vossos
corações a paz de Cristo". Col. 3, 12-14
Este vaso foi
destinado a um nobre uso. Era um vaso que deveria levar, conforme diz o livro
de Atos, "o nome divino", nome que era necessário levar porque estava
distante dos homens por causa do pecado e da obscuridade da inteligência. Por
isso, assim como os anjos nos trazem as iluminações divinas por estarmos
distantes de Deus, assim também os Apóstolos nos trouxeram a doutrina de
Cristo. E assim como no Velho Testamento, depois da Lei de Moisés, liam-se os
profetas, que traziam ao povo a doutrina da Lei, assim também no Novo
Testamento, depois do Evangelho, lê-se a doutrina dos Apóstolos, os quais
trouxeram aos fiéis aquilo que ouviram do Senhor.
O bem aventurado
Paulo, portanto, levou o nome de Cristo, em seu corpo primeiro, imitando sua
vida e sua paixão, e também em seus lábios, pois em suas epístolas nomeia
freqüentissimamente a Cristo. Pode, por isto mesmo, ser significado pela pomba,
a qual, diz o livro de Gênesis, após o dilúvio:
"veio até a arca
trazendo um ramo de oliveira em sua boca". Gen. 8,11
Como a oliveira
significa a misericórdia, corretamente pelo ramo de oliveira podemos entender o
nome de Jesus Cristo, o qual também significa a misericórdia porque, segundo
diz o Evangelho de Mateus:
"será chamado de
Jesus, porque salvará o seu povo de seus pecados". Mt. 1, 21
Paulo trouxe este
ramo verdejante de folhas até a arca, isto é, a Igreja, quando lhe manifestou
de múltiplos modos sua virtude e seu significado, mostrando-lhe a graça e a
misericórdia de Cristo. E por isso, assim como entre as escrituras do Velho
Testamento os Salmos são maximamente freqüentados pela Igreja, assim também no
Novo Testamento são freqüentadas as Epístolas de São Paulo, pois em ambas estas
escrituras praticamente está contida toda a doutrina teológica. A matéria das
Epístolas de São Paulo é, de fato, o nome de Cristo, que é a plenitude deste
vaso, porque todo o seu ensinamento é sobre a doutrina de Cristo. Escreveu
Paulo catorze epístolas das quais nove ensinam a Igreja dos Gentios (Romanos,
Coríntios 1 e 2, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, Tessalonicenses 1 e
2); quatro os prelados e os príncipes da Igreja, isto é, os reis (Timóteo 1 e
2, Tito e Filêmon); e uma o povo de Israel, isto é, a Epístola aos Hebreus.
Toda a sua doutrina é sobre a graça de Cristo, que pode
ser considerada de três modos:
1)- De um primeiro
modo, na medida em que está na própria cabeça (do Corpo Místico que é e
Igreja), isto é, em Cristo, e é deste modo que ela é tratada na Epístola aos
Hebreus.
2)- De um segundo
modo, na medida em que está nos membros principais do Corpo Místico, e é deste
modo que ela é tratada nas Epístolas que se dirigem aos prelados.
3)- De um terceiro
modo, na medida em que está no próprio Corpo Místico, que é a Igreja, e é assim
que é tratada nas Epístolas que são dirigidas aos gentios.
Cada uma destas
epístolas pode ser distinguida do seguinte modo, segundo que a própria graça de
Cristo pode ser considerada de três modos. De um primeiro modo, em si mesma, e
é deste modo que é tratada na Epístola aos Romanos. De um segundo modo, na
medida em que está nos sacramentos da graça, e é assim que é tratada nas duas
Epístolas aos Coríntios, na primeira das quais trata-se dos próprios
sacramentos, e na segunda da dignidade dos seus ministros. E na Epístola aos
Gálatas, na qual são excluídos os sacramentos supérfluos contra aqueles que
queriam acrescentar aos novos sacramentos também os antigos. De um terceiro
modo, a graça de Cristo pode ser considerada segundo o efeito da unidade que
ela produz na Igreja. O Apóstolo trata, portanto, primeiramente da instituição
da unidade da Igreja na Epístola aos Efésios. Trata, em seguida, de sua
confirmação e adiantamento na Epístola aos Filipenses. Em terceiro lugar, de
sua defesa contra os erros na Epístola aos Colossenses; contra as perseguições
presentes na Primeira aos Tessalonicenses e contra as futuras, principalmente
aquelas que hão de vir no tempo do Anticristo, na Segunda aos Tessalonicenses.
Quanto aos prelados,
Paulo instrui tanto os prelados espirituais quanto os temporais. Na Primeira a
Timóteo instrui os prelados espirituais sobre a instituição, a instrução e o
governo da unidade da Igreja. Na Segunda a Timóteo, sobre a firmeza contra os
perseguidores. Na Epístola a Tito, instrui-os sobre a sua defesa contra os
hereges. Quanto aos senhores temporais, instruíu-os na Epístola a Filêmon. Fica
evidente, deste modo, a razão da distinção e da ordem de todas estas Epístolas.
Na carta aos Efésios, o Apóstolo Paulo nos ensina: “mas Deus que é rico em
misericórdia, por causa de seu grande amor com que nos amou, quando ainda
estávamos mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo (pela
graça sois salvos), e nos ressuscitou juntos, e nos fez assentar nos lugares
celestiais com Cristo Jesus, para que nos séculos vindouros Ele possa mostrar a
suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco em Cristo Jesus” (
Efésios 2, 4-6).
A misericórdia do Senhor o alcançou de tal maneira que houve uma genuína
conversão em seu modo de agir com os cristãos. O Senhor o designou e o convocou
para o ministério, “a ele, que em tempos passados foi, blasfemo, perseguidor e
insolente; contudo, Jesus foi misericordioso com ele, porquanto fez o que fez
por ignorância e incredulidade.” I Tm 1.12-14.
Quando a misericórdia
do Senhor nos alcança, deixamos de ser ignorantes, pois misericórdia nada mais
é do que: compaixão solícita pela desgraça alheia, piedade, perdão, sentimento
benévolo pelo sofrimento do outro. Aquilo que ignorávamos antes passa a ser
algo aprendido e a ignorância é deixada de lado.
Paulo se considerava o pior dos pecadores e declarava que: “Cristo Jesus
veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais ele era o pior.” I Tm 1-15.
Após ter sido
alcançado pela benevolência e pelo favor imerecido de Deus, Paulo se
transformou:
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que vive em mim.” I Co 15-10.
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça para comigo não foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus que vive em mim.” I Co 15-10.
Deixemos a Misericórdia de Deus conduzir nossa vida e de nossos irmãos e
irmãs.
“Louvado seja Nosso
Senhor Jesus Cristo”
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