Grifo do autor do blog: Com esta matéria não quero fechar o assunto, muito pelo contrário quero abrir o diálogo sobre este tema tão nevrálgico e polêmico.
*Suely Caldas - O Estado de S.Paulo
Quando a globalização dava sinais de avanço no
mundo, lá pelas décadas de 1980/1990, os resistentes a ela no Brasil não
queriam nem ouvir falar, manifestavam-se contra e ponto final.Diziam que ela aprofundaria a desigualdade social
no planeta, já que os países pobres tinham muito a perder e os ricos, só a
ganhar.Queriam simplesmente barrá-la (como se isso fosse possível!).Os que viam a globalização como um fenômeno
inevitável e sem volta argumentavam que os países pobres deveriam unir forças
para enfrentá-la, inverter a equação apregoada pelos resistentes e usar a
globalização a seu favor. Como? Atraindo capital dos ricos, aplicando-o em
progresso econômico, importando novidades tecnológicas e difundindo novos
conhecimentos.Os anos passaram. É verdade que Brasil, México, Rússia e Argentina
enfrentaram transtornos em seus programas de estabilização nos anos 1990.Mas a primeira crise econômica pós-globalização em
escala mundial tem sido muito dura com os países ricos e leve com os pobres.
O ex-presidente Lula até já a chamou de marolinha! O feitiço, então,
virou contra o feiticeiro?
Nada disso, simplesmente o diagnóstico dos
resistentes estava errado.A globalização beneficiou o
Brasil, internalizou riqueza; trouxe capital, empresas e progresso econômico; gerou
empregos; possibilitou a expansão das exportações; e contribuiu para a ascensão
de milhares de pobres à classe média.Os resistentes ao novo,aqueles que preferem nada
mudar para manterem seu domínio, em vez de usar a inteligência e do novo
extrair benefícios,só conseguem adiar a História e atrasar o progresso.É o que vem acontecendo nos governos do PT em relação à privatização:Quem chega ao Palácio do Planalto conhece as
limitações do Estado. Não só as de capacidade financeira, mas também as de eficácia
em gestão,aí incluídas as práticas de corrupção, que muitas vezes duplicam ou
triplicam o valor de uma obra pública.Ao reconhecer isso, o mais lógico seria o governo transferir para o
capital privado projetos não estratégicos para a segurança do País.Ajudado pelo ex-ministro Antonio Palocci, Lula
também reconheceu a importância do capital privado, ao desembarcar em Brasília,
em 2003.Mas a odiosa rivalidade com os tucanos,que
privatizaram estatais no governo Fernando Henrique Cardoso,levou Lula a
recorrer às parcerias público-privadas, as famosas PPPs, que nunca decolaram.
Seria mais fácil e de resultados mais rápidos licitar projetos de
infraestrutura para a iniciativa privada. Simples? Não para o PT.
Como as PPPs não vingaram, o governo não tinha
dinheiro para investir nem cedia à privatização, o País foi castigado e o
crescimento econômico, emperrado pela falta de rodovias, portos, ferrovias,
aeroportos, hidrelétricas, enfim, por causa dos gargalos que impedem o
progresso. No segundo mandato, Lula licitou algumas rodovias,
mas o modelo foi tão ruim que hoje os consórcios vencedores não conseguem
cumprir as metas acertadas em seus contratos.
Aeroportos:
Atuando mais uma vez como conselheiro, o
ex-ministro Antonio Palocci convenceu a presidente Dilma Rousseff a ceder à
privatização. Com a proximidade da Copa do Mundo e a urgência em ampliar a
capacidade dos aeroportos para receber visitantes, ela concordou em transferir
a gestão dos Aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília para consórcios privados.
Porém, como no caso das rodovias, o modelo da licitação foi ruim e não
conseguiu atrair operadoras estrangeiras competentes nem as maiores
construtoras brasileiras.
Insatisfeita com o resultado, Dilma enviou uma
missão à Europa, comandada pela ministra Gleisi Hoffman, para tentar atrair
grandes operadoras,com experiência em aeroportos de 30 milhões e 35 milhões de
passageiros por ano,para participarem dos leilões dos Aeroportos do Galeão (no
Rio de Janeiro) e de Confins (em Belo Horizonte).Dilma é mais pragmática do que Lula, mas também é mais ideológica.Seu projeto de fazer de privilegiados grupos
privados nacionais grandes players internacionais acabou morrendo, carregando
junto muitos bilhões de reais do BNDES.Mas o fracasso não serviu de aprendizado. No caso dos Aeroportos do
Galeão e de Confins, o estatismo/nacionalismo novamente aflorou, mas o
pragmatismo responsável também:ela quer operadoras competentes, sim, mas que
aceitem a estatal Infraero como sócia controladora, com 51% das ações, e que se
contentem com 49% divididos com outros sócios brasileiros.Diferentemente da pressa e da euforia com que o
governo do PT costuma anunciar feitos de sucesso, desta vez a ministra Hoffman
foi extremamente econômica e discreta ao responder sobre o resultado de sua
missão: limitou-se a dizer que:A viagem foi "boa e
produtiva" e que "há investidores interessados no Brasil". Horas
depois, a Secretaria de Aviação Civil divulgou nota com generalidades: "Os
encontros contribuíram para a troca de informações" e "não há decisão
sobre novas concessões de aeroportos no Brasil".Nos bastidores em Brasília, informa-se que os investidores europeus
consultados rejeitaram a ideia de se submeter ao poder majoritário da Infraero.Mas informa-se, também, que o governo não desistiu
e vai procurar outras operadoras antes de preparar as regras de licitação.
Tudo indica que Dilma Rousseff terá de optar entre competência
operacional e ideologia:
Ou trazer para o Galeão e Confins quem sabe operar
ou manter a Infraero no comando, com investidores inexperientes prestando um
serviço de má qualidade. Com grande chance de repetir os erros cometidos nas
licitações das rodovias.Ao entregar a gestão dos
Aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília a investidores estrangeiros, a própria
Dilma Rousseff reconheceu que administrar a aviação comercial não põe em risco
a segurança do País.Portanto, fora razões estritamente ideológicas, não
há nenhum motivo para agir diferentemente em relação ao Galeão e a Confins.Em mais de 20 anos, além de penalizar o mundo rico
na atual crise, a globalização deu inúmeras provas de que ideologia e
investimento não combinam.Pelo contrário, quando atuam em parceria, a única
coisa que conseguem é adiar a História e atrasar o progresso.
*A JORNALISTA, É PROFESSORA DE COMUNICAÇÃO DA
PUC-RIO
E-MAIL: SUCALDAS@TERRA.COM.BR
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