Na Bíblia, o fermento é quase sempre simbolo do pecado. Pois, assim como o fermento permeia todo o amontoado da massa, o pecado se espalha também, em uma pessoa, uma igreja, ou uma nação, eventualmente estragando tudo, e trazendo seus participantes à escravidão, e consequentemente, à morte (Lucas 12,2; Gálatas 5, 9).
A Bíblia nos diz que os israelitas deviam comer apenas pão sem fermento todos os anos durante a Páscoa como comemoração do Êxodo da servidão egípcia. Já que os filhos de Israel saíram do Egito apressadamente, eles não tiveram tempo de esperar o pão crescer, então foi feito naquela primeira Páscoa sem levedura, também conhecida como fermento.
Ao descrever este pão e por que era
comido, a Bíblia nos informa o seguinte:
"Nela, não comerás levedado;
sete dias, nela, comerás pães asmos, pão de aflição, porquanto, apressadamente,
saíste da terra do Egito, para que te lembres, todos os dias da tua vida, do
dia em que saíste da terra do Egito" (Deuteronômio 16,3). Comandos adicionais
sobre o comer de pão sem fermento são encontrados também, em Êxodo 12,8;29,2; e
Números 9,11.
Até hoje, nos lares judeus, a celebração da Páscoa inclui o pão sem fermento!
Jesus foi crucificado durante a Páscoa, o feriado mais importante do povo judeu entre o qual Ele vivia. Na verdade, a Última Ceia podemos ver nos relatos neotestamentários, a refeição tradicional da Páscoa. Durante o período da Páscoa, os judeus não comem pão fermentado, para lembrá-los de quando os escravos hebreus deixaram o Egito às pressas e não tiveram tempo para o pão fermentar. Então, quando Jesus, na Última Ceia, deu pão aos seus discípulos e disse-lhes para parti-lo, porque aquele era o seu corpo, era muito provavelmente um pão sem fermento, feito para celebrar e ressignifar a Páscoa agora de caráter Cristiforme.
O teólogo Juan Cornubiense, citado
por São Tomás de Aquino na Suma Teológica, inclui no vinho também, as gotas de água que o
celebrante põe no cálice antes da Consagração e afirma de modo mais belo ainda
esse simbolismo: "Entre todas as
coisas necessárias para o sustento da vida humana, o pão, o vinho e a água são
as mais limpas, mais úteis e mais necessárias. Por isso, elas foram
preferidas a todas as outras e transformadas no que há de mais puro, mais útil
e necessário para adquirir a vida eterna, isto é, no Corpo e Sangue de
Cristo".
A utilização do pão e do vinho no Sacramento da Eucaristia é também uma
admirável imagem da unidade da Igreja: o pão se compõe de muitos grãos de trigo
que formam uma só massa, e o vinho deflui de grande quantidade de uvas. A Eucaristia é memorial ordenado por Jesus de sua Paixão (Lucas 22,19), na qual o Sangue preciosíssimo do Divino Redentor foi derramado de seu Corpo santíssimo, separando-o. Então, para bem representar esse mistério,
toma-se separadamente o pão como sacramento do Corpo, e o vinho como sacramento
do Sangue.
Qual deve ser o verdadeiro pão para a Eucaristia?
Parece tão simples dizer: pão e
vinho - Mas, o que é verdadeiro pão, e o que é o vinho autêntico? Também desses
detalhes se ocupa, com beleza e precisão, a Teologia.
Para ser válida a Consagração, só pode ser usado pão de farinha de trigo misturada com água natural. Se misturar qualquer outro líquido, não servirá para o Sacramento do Corpo de Cristo, pois não será verdadeiro pão, ensina São Tomás de Aquino.
No Rito Grego, a
Consagração é feita com pão fermentado, enquanto no Rito Latino se usa pão
ázimo ou seja, sem fermento. Qual dos dois está certo?
Ambos, porque o fato de ser ázimo ou fermentado em nada altera a natureza do pão, mas diz respeito apenas ao modo de prepará-lo. E a Igreja determina que cada sacerdote celebre segundo o rito ao qual pertence!
Pão ázimo ou com fermento: qual é o mais adequado?
Longe de ser uma opção arbitrária ou
de mera conveniência prática, a escolha entre o pão ázimo e o fermentado
decorre de considerações altamente simbólicas, que bem demonstram quanto na
Santa Igreja tudo tende ao mais elevado, à perfeição!
Argumentam os "teólogos do Rito
Grego":
Na mescla de trigo e fermento
está bem representado o inefável mistério de Cristo, o qual tem duas naturezas
numa só Pessoa: a divina e a humana. Ademais, o uso do fermento, por cuja ação
o pão se avoluma e se esponja, significa que a mente de quem consagra ou recebe
a Eucaristia deve elevar-se ao Céu na contemplação das coisas espirituais e
divinas. Por fim, o fermento dá ao pão um sabor mais agradável, por isso
designa convenientemente a maior suavidade do Sacramento da Eucaristia.
Os teólogos latinos, por sua vez, fundamentam sua preferência no exemplo de Cristo: na Última Ceia se comeu pão ázimo, segundo preceituava a lei mosaica; portanto, Jesus consagrou pão sem fermento.E acrescentam a esse argumento razões altamente simbólicas: O pão ázimo é símbolo da pureza e por isso representa melhor o Corpo de Cristo, concebido sem a mínima corrupção no seio puríssimo da Virgem Maria.
Além disso, o pão ázimo (sem fermento), é
mais adequado para representar também a pureza de corpo e de alma dos fiéis que
recebem a Eucaristia, segundo ensina São Paulo:
"Purificai-vos do velho
fermento, para que sejais massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto
Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos, pois, a festa, não
com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os
pães não fermentados de pureza e de verdade" (1 Cor 5, 7-8).
SIGNIFICADO LITERAL DE "ÁZIMO"?
Do latim, azymus, e tal como do
grego, azdumos, significa «sem fermento». Diz-se do pão que os judeus
empregavam para a celebração da Páscoa («festa dos Ázimos», cf. Lc 22,1), e a
liturgia romana ocidental para a Eucaristia: pão sem fermento, sem levedura.
Assim estava prescrito na Lei (cf. Ex
12,8) para a Páscoa e para todo o tipo de sacrifícios (cf. Lv 2,11). Autores
judeus, como Filão, interpretaram este pão como não acabado de fazer, pão de
precipitação (saída apressada do Egipto: cf. Ex 12,39), pão de aflição (cf. Dt
16,3), pão de pobres, pão natural e sem artifício.
Também entre os cristãos existia uma interpretação simbólica. S.
Paulo (1Cor 5,7-8) vê no pão ázimo o símbolo da verdade, contra o erro e o pecado.Mas,
durante os primeiros séculos, não se celebrou a Eucaristia com pão ázimo, mas
com pão normal, fermentado.
Foi a partir do século IX, em ambiente franco-germânico, que – segundo autores como Alcuíno e Rábano Mauro – se foi introduzindo o pão ázimo na celebração Eucarística, para remeter a Páscoa judaica e para acentuar o respeito à pureza da Eucaristia como corpo incorruptivel de Cristo, diferenciando també, esse pão eucarístico do pão comum da mesa familiar. Roma, de início, opôs-se, mas, mais tarde, entendendo melhor o sentido, aceitou-o e impôs o seu uso a toda igreja. Os cristãos orientais nunca aceitaram o pão ázimo para a Eucaristia. E isso foi um dos pontos de litígio (juntamente com a questão do «Filioque»), ainda no primeiro cisma do século IX. Todavia, no século XV (Concílio de Florença de 1439, em decreto para os gregos), admite-se o duplo uso: pão fermentado e pão ázimo. Atualmente, o Missal Romano (cf. IGMR 320) prescreve que seja ázimo o pão para a Eucaristia, na continuidade da tradição latina. Pode entender-se como pedagógico, para diferenciar o alimento eucarístico da alma, para o alimento do normal do corpo. Reconhece-se com forte peso simbólico a prescrição para que, na celebração, o pão «apareça como alimento» e que seja «repartido» (cf. IGMR 321).
De acordo com os relatos bíblicos, Jesus sabia que seria morto quando celebrou a Páscoa com seus seguidores!
-"Desejei ardentemente celebrar esta Páscoa convosco"
- (Lucas 22,15-16)
-"E, no primeiro dia da festa dos pães ázimos, chegaram os
discípulos junto de Jesus, dizendo: Onde queres que façamos os preparativos
para comeres a páscoa? E ele disse: Ide à cidade, a um certo homem, e
dizei-lhe: O mestre diz: o meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a
páscoa com os meus discípulos..." (Mateus 26,17-23)
Então, Jesus teria repartido o pão e o
vinho, dito que o que ali estavam era o seu corpo e o seu sangue, recomendado
que seus seguidores prosseguissem fazendo isso "em memória de mim".
Historicamente, o que podemos supor que Jesus tenha comido e
bebido com seus amigos nessa Páscoa em especial?
A Bíblia fala em pão ázimo, um tipo de pão assado sem fermento, feito somente com farinha de trigo e água, sem mais nenhum ingrediente. Na época, era comum que se misturassem o trigo moído com outros cereais, como aveia, cevada e centeio, e o que houvesse disponível. De acordo com a tradição, se a Páscoa é a memória da fuga dos antigos judeus do Antigo Egito, o pão ázimo se tornou obrigatório porque era a refeição precária que eles podiam ter ao longo do trajeto. Considerando ser Jesus um judeu pobre, assim como seus discípulos, é de se supor também, que tais ingredientes fossem o que havia disponível (fariha de trigo e água na produção do pão).
"Na mesa da Páscoa de Jesus com seus apóstolos, havia pão, o pão ázimo, e vinho. Não para
beber de cair, porque imagina-se que não era uma mesa de grandes
farturas", diz à BBC News Brasil o historiador André Leonardo Chevitarese,
autor de "Jesus de Nazaré: Uma Outra História", e professor do Programa de
Pós-Graduação em História Comparada do Instituto de História da Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
"Não era uma mesa farta no sentido
de sobrar, mas havia o trivial. Pão, o vinho, algumas poucas frutas. Era a
comemoração da Páscoa. Na mesa da imensa maioria dos judeus era o trivial.
Apenas a elite tinha mais. Indivíduos como Jesus e sua trupe, não",
acrescenta.
E sobre o Vinho da Santa Ceia pascal de Jesus?
Se há um consenso de que o vinho foi inventado há cerca de 6 mil anos, poucos arriscam determinar como era o vinho bebido por Jesus e seus seguidores. Pesquisas indicam que, naquela época, a bebida — de má qualidade e sem padrão consistente — era misturada com ervas aromáticas, mel e frutas. Isso servia para várias coisas. Primeiro, para dar mais frescor. Também, para disfarçar o gosto não muito palatável. Por fim, para fazer diminuir o gosto avinagrado e oxidado de um vinho que não era conservado adequadamente.
Na hora de beber o vinho, misturava-se com água!
Como não havia garrafas nem tonéis adequados para preservar o vinho, a ideia era guardar as uvas da colheita para que vinhos fossem feitos ao longo do ano. Isso significa que na maior parte do tempo eram uvas secas — e não frescas — que acabavam utilizadas. Assim, é de se supor que os vinhos fossem semelhantes àqueles feitos hoje com passas, que resultam em bebidas de álcool mais intenso, e sabor entre o doce e o amargo. O clima da região, quente e seco, garante a produção de uvas com mais açúcar, o que significa vinhos com maior teor alcoólico. Na época de Jesus, beber vinho era também questão de saneamento básico. Como não havia tratamento de água, a bebida alcóolica era melhor — até para crianças — para evitar problemas de contaminação. Com a expansão do império romano, foi incentivada a proliferação de vinhedos. A ideia era garantir o suprimento aos soldados do império. Não há um consenso entre pesquisadores sobre qual era o tipo da uva que se plantava na região de Jerusalém — acredita-se que mudas eram levadas de um ponto a outro e acabavam ficando aquelas que mais se adaptavam a cada clima e solo. O mais provável é que a uva daquela região era uma variedade ancestral daquela que hoje é chamada de syrah.
O Pão nosso de cada dia
No livro "Seis Mil Anos de Pão: A Civilização Humana Através de Seu Principal Alimento", o pesquisador Heinrich Eduard Jacob aborda em profundidade como Jesus, e posteriormente o cristianismo, se apoderou do campo semântico do pão em seus ensinamentos. Da oração do Pai Nosso aos relatos dos milagres, passando por parábolas e, claro, a Santa Ceia.
O pão como sacramental e Sacramento
Entre teólogos e pesquisadores do
cristianismo não há dúvidas de que o pão e vinho, carregados de significados
religiosos, foram os protagonistas daquela última refeição.
"Estamos falando da comemoração da Páscoa acontecendo. É uma celebração típica de um judeu, uma festa estabelecida desde a antiguidade, para marcar a saída apressada do Egito, quando na fuga eles se alimentaram de ervas amargas, repartiram o pão, comeram um cordeiro que foi sacrificado. Essa festa rememora um momento de libertação. Os pães ázimos, sem fermento, rememoram essa saída, essa fuga, porque eram pães de pobre, da pessoa com pressa e poucos recursos" - pontua à BBC News Brasil o historiador, filósofo e teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Gerson Moraes afirma que, "mesmo que alguns moralistas religiosos abstêmios se incomodem, é fato histórico que Jesus bebia vinho com frequência!"
Isso deve ser entendido sem nenhum tipo de escândalo! Jesus e os apóstolos não escandalizavam como os viciados em alcool, apesar de o acusarem de beberrão e de participar de festas (conforme Mateus 11,19). Jesus como todo Judeu, era um homem festeiro, ou seja, festejava as festas Judaicas, inclusive, o último momento dele é um momento em que Ele está como um judeu típico, celebrando a festa da Páscoa. O importante, é como Jesus acaba ressignificando a páscoa Judaica. Ele elevou a festa da Páscoa a sua plenitude! Aproveitou aquela situação toda para ressignificar a ceia, transformando aquela reunião com um grupo de judeus, instituindo um sacramento. E é exatamente isso que fundamenta a igreja: a eucaristia, a Santa Ceia. De uma festa judaica da Páscoa, ele instituiu o sacramento da Eucaristia, unindo sua morte sacrificial e memorial, à alegria da ressurreição presente no vinho, pois o vinho é seu sangue, (conf. Mateus 26,26-28) e para o judeu a vida estava no sangue (conforme Gen 4,10). Jesus na última ceia, ressignificou, fazendo uma releitura atualizada e aperfeiçoada, do pão e o vinho judaicos.
Fonte: BBC
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