A dança folclórica e da tradição israelita é uma amálgama de dança folclórica judaica e não judaica, de várias partes do mundo. Enquanto noutros países a dança folclórica é cultivada para preservar velhas tradições rurais, em Israel é uma forma de arte em constante desenvolvimento, com fontes históricas e modernas, misturando inspiração bíblica e estilos de dança contemporâneos. Os primeiros pioneiros trouxeram as danças dos seus países de origem, adaptando-as ao novo ambiente. Entre elas a "hora", dança romena que simbolizava a nova vida que construíam na Terra de Israel: a sua forma de círculo fechado deu um status igual a todos os participantes, os movimentos simples permitiam que todos participassem, e os braços entrelaçados simbolizavam a nova fraternidade.
O entusiasmo cresceu, criando-se um género multifacetado de danças adaptado a canções israelitas populares, incorporando vários estilos como a debka árabe, elementos retirados do jazz norte-americano, ritmos latino-americanos e cadências típicas dos países do Mediterrâneo. Paralelamente à dança folclórica, e influenciando o seu desenvolvimento, estão as danças tradicionais dos diferentes grupos étnicos, refletindo tanto a "reunião dos exilados" quanto a natureza pluralista da sociedade israelita. Elas são preservadas por conjuntos especializados em danças do Iémen, Curdistão, África do Norte, Índia, Geórgia, Buchara e Etiópia, além de conjuntos de danças árabes, drusas e circassianas.
AS Festas
judaicas
Origem:
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Yom Tov ou festival é um dia, ou vários dias observados pelos Judeus como uma comemoração sagrada ou secular de um importante evento da História Judaica. Em Hebraico, os feriados e os festivais judaicos, dependendo da sua natureza, são chamados de yom tov ("dia bom"), chag ("festival") ou taanit ("jejum").As origens das várias festas judaicas geralmente encontra-se nas mitzvot (mandamentos bíblicos), decreto rabínico, ou na moderna história de Israel.
tudo começa com o "Rosh
Hashanah" — O Ano Novo Judaico
1)-O Rosh Hashaná é o Ano Novo Judaico e Dia do Julgamento, no qual Deus julga cada pessoa individualmente de acordo com as suas ações, e faz um decreto para o próximo ano. O festival é caracterizado pela mitzvah (mandamento) especial de tocar o shofar.Durante um número variável de dias antes de Rosh Hashaná, entre os Judeus Ashkenazim, e todo o mês de Elul entre os Judeus Sefarditas, são acrescentadas rezas especiais nas orações matinais, conhecidas como Selichot.
2)-Erev Rosh Hashanah (véspera do primeiro dia) — 29 Elul.Rosh Hashanah (ראש השנה, em Hebraico) — 1–2 Tishrei. Rosh Hashanah considerado pela Mishná como o novo ano para calcular os anos do calendário, leis de shmita (ano sabático) e o Jubileu, dízimos de vegetais, e plantação de árvores (para determinar a idade de uma árvore).
Ao contrário que muitos acreditam, Rosh Hashaná não comemora a criação do mundo, mas sim a criação da alma neshamá) de Adam (Adão). A recitação de Tashlich ocorre durante a tarde do primeiro dia. O Judaísmo ortodoxo celebra dois dias de Rosh Hashaná, tanto em Israel como na Diáspora. Os dois dias juntos são considerados um yoma arichta, um "dia longo" único. Um número significativo de comunidades judaicas reformistas celebram apenas um dia de Rosh Hashaná.Nesta data é comum felicitar os convivas com a frase: "Shanah Tova!" (Ano bom!), ou "Shaná Tová U'Metucá!" (Ano bom e doce!).
3)-Aseret Yemei Teshuva — Dez Dias de Arrependimento. Os primeiros dez dias do ano judaico (desde o começo de Rosh Hashaná até ao fim de Yom Kippur) são conhecidos como Aseret Yemei Teshuva. Durante este período é "extremamente apropriado" para os Judeus praticar Teshuvá (arrependimento, literalmente 'retorno'), a qual consiste em examinar as suas próprias acções e arrepender-se dos erros cometidos tanto contra Deus e o próximo, em antecipação do Yom Kippur. Este arrependimento pode tomar a forma de súplicas adicionais, confissão das próprias acções diante de Deus, jejum, e auto-reflexão. No terceiro dia, o Tzom Gedalia.
4)-Yom Kippur — Dia do Perdão (יום כיפור) — Nele, é dado especial ênfase ao perdão e à reconciliação. Comer, beber, tomar banho, untar-se com óleo, e relações íntimas são proibidas. O jejum começa ao pôr-do-sol, e termina depois da caída da noite no dia seguinte. Os serviços religiosos de Yom Kippur começam com a reza conhecida como Kol Nidrei, que tem de ser recitada antes do pôr-do-sol. Kol Nidrei, que em Aramaico significa "todos os votos", é a anulação pública de votos ou juramentos religiosos feitos por judeus durante o ano anterior. Apenas diz respeito a votos não cumpridos, feitos entre a pessoa e Deus, e não cancela ou anula os votos feitos entre pessoas.
5)-A Talit (um xaile de orações de quatro pontas) é colocado para as rezas da noite; a única reza nocturna do ano em que isso é feito. A Ne'ilá é um serviço religioso especial realizado apenas no dia de Yom Kippur, e prende-se com o encerramento da festividade. O Yom Kippur termina com o toque do shofar, que marca a conclusão do jejum. É sempre observado como uma fetividade de um dia apenas, tanto em Israel como nas comunidades da Diáspora judaica.Tradicionalmente os convivas desejam uns aos outros além de "Shaná Tová" (Ano bom), também é dito: Guimar Hatimá Tová (Que estejas inscrito (no livro) da vida.
6)-Sucot — Festa dos Tabernáculos (סוכות ou סֻכּוֹת sucōt) é um festival que dura 7 dias, também conhecido como a Festa dos Tabernáculos. É um dos três festivais de peregrinação mencionados no Tanakh. A palavra sucot é o plural da palavra hebraica sucá, que significa cabana. Os Judeus são ordenados a residir em cabanas durante o período da festa, o que geralmente significa comer as refeições - mas alguns dormem também - na sucá. Existem regras específicas para construir uma sucá. O sétimo dia do festival é chamado Hoshaná Rabá.
7)-Shemini Atzeret e Simchat Torá - Simchat Torá (שמחת תורה) significa "Alegria da Torá". Na verdade refere-se a uma cerimónia especial que tem lugar no feriado de Shemini Atzeret. Este feriado segue-se imediatamente à conclusão do festival de Sucot. Em Israel, Shemini Atzeret dura um dia e inclui a celebração de Simchat Torá. Fora de Israel, Shemini Atzeret é uma festa de dois dias e Simchat Torá é observado no segundo dia, o qual é em geral referido pelo nome da cerimónia.A última porção da Torá é lida, completando o ciclo anual de leituras, seguido do primeiro capítulo do Génesis. Os serviços religiosos são especialmente festivos, e todos os presentes, jovens e adultos, tomam parte na celebração. Um dos costumes mais populares é a retirada dos rolos da Torá da Arca Sagrada, e dançar eles na sinagoga. Em algumas comunidades, as danças decorrem também pelas ruas.
8)-Chanucá — Festival das Luzes ou Festa da Dedicação (חנוכה) — 25 Kislev – 2 or 3 Tevet - Devido a transliteração do hebraico para o português,a letra Hei(ה) - Com som se RR como em "RRAVER" - se escreve com H. Logo a pronúncia correta é Hânuha (Proparoxítona e com o primeiro A fechado) e não chanucá com o CH com som de X como muitos pensam.A história de Chanucá é preservada nos dois Livros dos Macabeus. Estes livros não são parte do Tanach (Bíblia Hebraica). Eles são considerados livros apócrifos (ou para a Igreja Católica, deuterocanônicos). O milagre do pote de óleo de um dia ter, milagrosamente, durado oito dias, é descrito no Talmude.Chanucá marca a derrota das forças do Império Seleucida que tentaram evitar que o Povo de Israel praticasse o Judaísmo. Judas Macabeu e os seus irmãos destruíram forças poderosas, e fizeram a rededicação religiosa do Templo de Jerusalém. Os oito dias do festival são marcados pelo acendimento de velas — uma na primeira noite, duas na segunda noite, e assim sucessivamente — usando um candelabro especial chamado Chanukkiá, ou menorá de Chanucá.Existe o costume de dar dinheiro às crianças em Chanucá para comemorar o estudo da Torá às escondidas, quando os Judeus se reuniam no que parecia uma actividade de jogo naquele tempo, uma vez que a Torá estava proibida. Por causa disto, existe também o costume de jogar com o dreidel (chamado sevivon em hebraico). Tradicionalmente os convivas desejam uns aos outros "Hânuca Samerr" - Feliz Chanucá.
9)-Dez de Tevet. Este pequeno jejum marca o começo do cerco de Jerusalém, tal como é descrito no Livro dos Reis 25,1: "E aconteceu que no nono ano do seu reinado, no décimo mês, no décimo dia do mês, que Nabucodonossor Rei da Babilónia veio, ele e todo o seu exército, contra Jerusalém, e acampou contra ela; e eles construiram fortes à sua volta."Como um pequeno jejum, é requerido jejuar da aurora ao anoitecer, mas outras leis do luto judaico não são observadas. A leitura da Torá e da Haftará, e uma reza especial durante a Amidá, são acrescentadas nas rezas de Shacharit e Minchá.
10)-Tu Bishvat - Novo Ano das Árvores (חג האילנות - ט"ו בשבט) — 15 Shevat. Tu Bishvat é o ano novo para as árvores. De acordo com a Mishná, ele marca o dia em que os dizimos da fruta são contados em cada ano. Além disso, marca o ponto em que são contadas tanto a proibição bíblica de comer os frutos das árvores nos seus três primeiros anos, e a obrigação de trazer a orlá (fruto do quarto ano) ao Templo de Jerusalém. Nos tempos modernos, é celebrado comendo vários frutos e nozes associadas à Terra de Israel. Também é costume organizar actividades de plantação de árvores, em especial com as crianças.Durante os anos de 1600, o Rabbi Yitzchak Luria de Safed e os seus discípulos criaram um pequeno seder, chamado Hemdat ha Yamim, reminiscente do seder que os Judeus cumprem em Pessach, e que explora os temas cabalísticos da festividade.
11)-Purim — Festival das Sortes. Erev Purim e Jejum de Ester conhecido como "Ta'anit Ester" — 13 Adar - Nos anos bissextos do calendário judaico, Purim é observado no Segundo mês de Adar (Adar Sheni).Purim comemora os eventos descritos no Livro de Ester. Esta festa é celebrada pela leitura pública na sinagoga da história da Rainha Ester, durante a qual se fazem fortes ruídos cada vez que é mencionado o nome de Haman. Em Purim é tradição usar disfarces e máscaras e distribuir os Mishloach Manot (entrega de presentes de comida e bebida) aos pobres e necessitados. Em Israel também é tradição organizar marchas festivas, conhecidas como Ad-De'lo-Yada, nas ruas principais das cidades. Por vezes, as crianças mascaram-se e representam a história de Ester para os seus pais.
13)-Novo Ano dos Reis — 1 Nisan. Apesar de Rosh Hashaná marcar a mudança do ano no calendário, Nisan é considerado o primeiro mês do calenário judaico. A Mishná indica que o ano do reinado dos reis judeus era contado a partir de Nisan nos tempos bíblicos. Nisan é também considerado o começo do ano em termos da ordem das festividades.Junto com este Ano Novo, a Mishná define outros três Anos Novos legais:
•Primeiro de Elul, Ano Novo para os
dízimos dos animais.
•Primeiro de Tishrei (Rosh Hashaná), o
Ano Novo para o ano do calendário e para os dízimos dos vegetais.
•Quinze de Shevat (Tu Bishvat), o Novo
Ano das Árvores e dos dízimos das frutas.
14)-Pessach — Páscoa. Erev Pesach e Jejum dos Primogénitos conhecido como Ta'anit Bechorim — 14 Nissan. Páscoa (פסח) (primeiros dois dias) — 15 (and 16) Nissan.O "Último dia de Pessach", conhecido como Acharon shel Pessach, é também uma festa que comemora Keriat Yam Suf, a Passagem do Mar Vermelho. — 21 (and 22) Nissan.Os dias semi-festivos entre os "primeiros dias" "últimos dias" de Pessach são conhecidos como Chol HaMoed, ou seja os "Dias Intermédios".Pessach comemora a libertação dos escravos Israelitas do Egito. Nenhum alimento fermentado é comido durante a semana de Pessach, em comemoração do facto de os Judeus terem saído tão apressadamente do Egito, que o seu pão não teve tempo suficiente para levedar.O primeiro Seder de Pessach começa ao pôr dos sol do dia 15 de Nissan. Na Diáspora, um segundo seder é realizado na noite de 16 de Nissan. Na segunda noite, os Judeus começam a contar o omer. A Contagem do Omer coincide com a conta dos dias, desde o tempo em que os Judeus deixaram os Egipto até ao dia em que chegaram ao Monte Sinai.
15)-Sefirah — Contagem do Omer (ספירת העומר, Sefirat Ha'Omer).Sefirá é o período de 49 dias ("sete semanas") entre Pessach e Shavuot; é definido pela Torá como o período durante o qual oferendas especiais devem ser levadas ao Templo de Jerusalém. O Judaísmo ensina que isto torna física a ligação espiritual entre Pessach e Shavuot.
16)-Lag
Ba'Omer (ל"ג בעומר, literalmente "33 do Omer") é o
33º dia da contagem do Omer. ל"ג é o número 33 em Hebreu. As restrições de
luto em relação a actividades alegres existentes no período do Omer são
levantadas em Lag Ba'Omer e há normalmente celebrações com churrascos,
fogueiras e brincadeiras com arcos e flechas para as crianças. Em Israel, nos
dias anteriores à festa, os jovens costumam reunir materiais para fazer grandes
fogueiras ao ar livre.
17)-Shavuot — Pentecostes — Festa das Semanas — Yom HaBikurim. Erev Shavuot — 5 Sivan. Shavuot (שבועות) — 6 Sivan (na Diáspora também no dia 7. Shavuot, a Festa das Semanas (ou Dia de Pentecostes, na terminologia cristã), é um dos três festivais de peregrinação (Shalosh regalim) ordenados na Torá. Shavuot marca o fim da contagem do Omer, o período entre Pessach e Shavuot. De acordo com a tradição rabínica, os Dez Mandamentos foram dados neste dia ao Povo de Israel reunido na base do Monte Sinai. Durante esta festa, a porção da Torá que contém os Dez Mandamentos é lida na sinagoga, assim como o Livro de Rute. É tradição comer alimentos lácteos durante Shavuot.
18)-Dezessete de Tamuz. O dia 17 de Tamuz tradicionalmente marca a primeira brecha das muralhas de Jerusalém durante a ocupação romana, na Época do Segundo Templo.Por ser um dia de jejum menor, é requerido jejuar do nascer ao pôr do sol, mas outras leis do luto não são observadas. Nos serviços religiosos de Shacharit (oração matinal) e de Minchá (oração da tarde), são acrescentadas a leitura da Torá e a leitura da Haftará, e uma oração especial na Amidá.
19)-As Três Semanas e os Nove Dias. (Ben Hametzarim): de 17 de Tamuz (Tsom shiv'á asar betamuz) a 9 de Av (Tishá BeAv). Os Nove Dias: 1 – 9 de Av. Os dias entre 17 de Tamuz e 9 de Av são dias de luto, em lembrança do colapso de Jerusalém durante a ocupação romana que ocorreu entre estas datas. Tradicionalmente, os casamentos e outras ocasiões festivas, não são realizadas durante este período. Um elemento adicional é acrescentado neste tempo, durante os últimos nove dias, entre 1 e 9 do mês de Av — os religiosos abstêm-se de comer carne e beber vinho, excepto no Shabbat ou numa Seudat Mitzvá (uma refeição de mitzvá, tal como um Pidion Haben, que é a celebração do reconhecimento de um recém-nascido, ou a conclusão do estudo de um texto religioso). Da mesma forma, é costume não cortar o cabelo durante este período.
20)-Tisha BeAv — Nove de Av (צום תשעה באב) — 9 de Av - Tisha B'Av é o jejum e dia de luto que comemora dois dos mais trágicos eventos da História Judaica que ocorreram no dia 9 do mês de Av — a destruição pelos babilónicos, no ano 586 antes da Era Comum, do Templo de Salomão, ou Primeiro Templo de Jerusalém, e a destruição do Segundo Templo, no ano 70 da nossa era, pelos Romanos. Outras calamidades na História Judaica também tiveram lugar em Tisha BeAv, incluindo o édito do Rei Eduardo I, que forçava os Judeus a deixar a Inglaterra em 1290, e o Decreto de Alhambra, ou Édito de Expulsão dos Judeus de Espanha, pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, em 1492.
21)-Ano Novo para os Dízimos de Animais — 1 Elul - Esta comemoração não é observada atualmente. Este dia foi estabelecido pela Mishná como o Ano Novo para os dízimos de animais, o que equivalia a um novo ano para o pagamento de impostos.
22)-Rosh Chodesh — o Novo Mês. O primeiro dia de cada mês e o trigésimo dia do mês precedente, se ele tiver 30 dias, é (nos nosso tempo) uma festividade menor conhecida como Rosh Chodesh (a cabeça do mês). A única exceção é o mês de Tishrei, cujo começo é uma festividade solene e importante, Rosh Hashaná. Exitem também rezas especiais que são ditas no momento em que se observa a Lua Nova pela primeira vez em casa mês.
23)- Shabbat — O Sábado — שבת - A Halachá, ou Lei Judaica, atribui ao Sábado o estatuto de festival. Os Judeus celebram o Shabbat, um dia de descanso, no sétimo dia de cada semana. A Lei Judaica define que o término do dia ocorre ao anoitecer, que é quando o dia seguinte começa. Assim, o Shabbat começa ao pôr-do-sol de sexta-feira, e termina ao início da noite de Sábado.Em muitos aspectos, a Halachá (Lei Judaica) atribui ao Shabbat o nível do dia sagrado mais importante do calendário judaico.É o primeiro dia santo mencionado no Tanach (Bíblia Hebraica), e Deus foi o primeiro a observá-lo, através da finalização da Obra da Criação do Mundo.A liturgia judaica trata o Shabbat como “noiva” e “rainha”.A leitura da Torá no Sabbath tem mais aliyot do que em Yom Kippur, a mais solene celebração do calendário.Existe a tradição que o Mashiach (o Messias Judeu) chegará se todos os Judeus cumprirem duas vezes o Shabbat.
Variações
na observância DAS FESTAS JUDAICAS
As denominações do Judaísmo Reconstrucionista e do Judaísmo Reformista geralmente consideram a Lei Judaica em relação a estas festas como importante, mas não obrigatória. O Judaísmo Ortodoxo e o Judaísmo conservador defendem que a Halachá em relação a estas dias é ainda normativa (ou seja, para ser aceita como obrigatória.)Existe um número de diferenças na prática religiosa entre os Judeus Ortodoxos e Conservadores, porque estas duas denominações têm diferentes perspectivas de compreensão do processo como a Halachá se desenvolveu ao longo do tempo e, da mesma forma, como ela pode ainda desenvolver-se. Os Judeus Reformistas não observam o segundo dia das festas judaicas na Diáspora.
Festas Nacionais Israelitas/Judaicas criadas após 1948
Desde a criação do Estado de Israel em 1948, o Rabinato Chefe de Israel estabeleceu quatro novas festividades judaicas.
1)-Yom Yerushalayim — Dia de Jerusalém
2)-Yom HaShoah — Dia da Memória do Holocausto
3)-Yom Hazikaron — Dia da Memória pelos Soldados
4)-Yom HaAtzmaut — Dia da Independência de Israel
Estes quatro dias são feriados nacionais no Estado de Israel, e em geral são aceites como feriados religiosos pelos seguintes grupos: o Rabinato Chefe do Estado de Israel, The Union of Orthodox Congregations and Rabbinical Council of America (União das Congregações Ortodoxas e o Conselho Rabínico da América; The United Hebrew Congregations of the Commonwealth (Congregações Hebraicas Unidas da Comunidade Britânica Reino Unido); todo o Judaísmo Reformista e Conservador; The Union for Traditional Judaism (União para o Judaísmo Tradicional) e o movimento Reconstrucionista judaico.Estas quatro datas não são aceites como feriados religiosos pela maioria do Judaísmo Charedi, que inclui o Judaísmo Hassídico. Estes grupos vêm estes dias como festas nacionais israelitas, e eles não celebram estas festas.
1)-Yom HaShoá — Dia da Memória do Holocausto (יום הזכרון לשואה ולגבורה) — 27 Nisan. O Yom HaShoá é também conhecido como o Dia da Memória do Holocausto, e tem lugar no dia 27 de Nissan.Em Israel, por todo o país, tocam as sirenes durante dois minutos, em memória dos seis milhões de judeus mortos pelos nazis durante a II Guerra Mundial. É costume o trânsito parar nas cidades e os condutores saem dos seus carros e ficam de pé, em silêncio, durante o toque da sirene. Cerimónias especiais são realizadas no Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém. As escolas têm programas especiais nesse dia, com palestras de sobreviventes do Holocausto, que contam as suas histórias às crianças.
2)-Yom Hazikaron — Dia da Memória dos Soldados (יום הזכרון לחללי מערכות ישראל) — 4 Iyar. Yom Hazikaron é o dia de memória em honra dos veteranos e soldados israelitas caídos nas guerras de Israel. O dia memorial também comemora os civis mortos em actos de terrorismo.
3)-Yom HaAtzmaut — Dia da Independência de Israel (יום העצמאות) — 5 Iyar. Yom HaAtzmaut é o Dia da Independência de Israel. Uma cerimónia oficial é realizada anualmente na véspera do Yom HaAtzmaut no Monte Herzl, em Jerusalém. A cerimónia inclui discursos dos mais importantes dignitários israelitas, uma apresentação artística, uma marcha de soldados com bandeiras que formam figuras elaboradas (como uma Menorá, uma Magen David e o número que representa a idade do Estado de Israel), e o acendimento de doze tochas (uma por cada Tribo de Israel). Dezenas de cidadãos de Israel, que contribuíram significativamente para o Estado, são seleccionados para acender essas tochas.Pequenas cerimónias idênticas são realizadas em todas as localidades do país, com a activa participação das crianças e jovens. É costume as famílias realizarem churrascos nos parques das cidades.
4)-Yom Yerushalaim — Dia de Jerusalém (יום ירושלים) — 28 Iyar. O Dia de Jerusalém marca a reunificação de Jerusalém e o Monte do Templo sob o domínio judaico, durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, quase 1900 anos depois da destruição do Segundo Templo de Jerusalém.
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Festas_judaicas
O
Significado Oculto da Dança no Casamento Judaico
Por *Aron Moss
-Pergunta: Nos casamentos judaicos, observo uma dança na qual as pessoas ficam de frente umas às outras em duas filas, e então correm e se encontram no meio, depois correm de volta para seus lugares originais, somente para fazer tudo de novo. Existe algum significado para essa dança?
-Resposta: A dança no casamento simboliza o ritmo de um relacionamento sadio. Em qualquer relacionamento amoroso, um casal passa por momentos de proximidade e amor, bem como momentos de distância e tensão. Não é possível para dois seres humanos partilhar espaço íntimo e não passar por alguns momentos difíceis. Se um relacionamento é verdadeiro, provavelmente não será tão suave.Porém essa tensão é exatamente o que torna o amor tão poderoso. Todo momento de tensão num relacionamento é uma chance de conhecer um ao outro numa forma melhor.“Por que você está tão aborrecido? O que eu fiz para te magoar? Onde foi que nos desentendemos? O que podemos aprender deste episódio? Onde podemos melhorar juntos?”A única razão pela qual o casal se afasta um do outro é para se aproximar novamente. Eles dão um passo para trás a fim de então correr para a frente. A divisão que foi criada pela sua pequena falha provê o combustível para os dois se juntarem novamente, ainda mais próximo e apegados do que antes. Quando dançamos em volta dos recém-casados, damos a eles uma poderosa mensagem: Em sua vida juntos, invariavelmente vai acontecer de cada um cometer erros. Haverá tempos de equívocos e distância, quando vocês sentirem que se afastaram e o amor está prejudicado. O segredo é nunca dar as costas. Mesmo quando vocês estão se afastando, sempre olhem de frente um para o outro. Nunca temam aqueles momentos de tensão no casamento. Mas sim, veja-os como portas que levam vocês a uma conexão mais profunda. Na dança do amor, os tempos bons aproximam vocês, mas os tempos difíceis aproximam vocês ainda mais.
*Aron Moss é rabino e ensina Cabalá, Talmud e Judaísmo prático em Sydney, Austrália, e contribui frequentemente com Chabad.org.
Fonte:https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2964123/jewish/O-Significado-Oculto-da-Dana-no-Casamento-Judaico.htm
A
REPRESENTAÇÃO DA DANÇA NA HISTÓRIA JUDAICO-CRISTÃ
Por Fabiana Pereira do Amaral - Bacharelanda em Dança pela UFRJ
O presente estudo tem por finalidade estabelecer as bases para uma pesquisa mais abrangente, acerca da visão do corpo ao longo da história cristã, e, especialmente, as implicações dessa visão na dança, e seu uso ou proibição durante as celebrações. Inicialmente, cabe ressaltar o fato de Cristianismo ser uma nomenclatura dada aos seguidores de Jesus, conhecido como Cristo (messias). O que sabemos de Jesus é basicamente o que nos informa a Bíblia, exceto pela breve menção feita a ele na obra Antiguidades Judaicas , de Flavio Josefo, embora essa referência seja considerada uma interpolação posterior por grande parte dos estudiosos. Segundo o que sabemos, Jesus foi um hebreu nascido em Belém, uma cidade da Judéia. Como hebreu, comparecia ao Templo em Jerusalém no mínimo três vezes por ano nas festas obrigatórias para o povo hebraico, Pésach (Páscoa) Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos) , e conviveu com todas as escolas de pensamento judaico de seus dias: fariseus, saduceus, essênios, sicários, zelotes, etc, mas desenvolveu sua própria pregação, proclamando-se filho de Deus e Salvador da humanidade. Tendo desafiado as autoridades eclesiásticas hebraicas, foi levado por elas a julgamento diante de Pôncio Pilatos, procurador romano da província da Judéia. Condenado à morte por aclamação pública, foi crucificado numa sexta-feira, ressuscitando domingo, segundo a tradição cristã.
Onde
encontramos elementos para estudar a dança nessa história, tão tradicionalmente
contada e recontada pela sociedade ocidental?
Ora, dentro da realidade judaica da época, podemos deduzir que Jesus freqüentava inúmeras festas, e a dança estava presente na grande maioria delas. Judeus dançam em seu dia santo semanal (shabat � sábado) e dançam em casamentos, para citarmos apenas dois exemplos. Ora, há pelo menos um registro de que Jesus ia a casamentos; o encontrado no Evangelho de João, capítulo 2. A dança seria então algo tão errado assim, estando o próprio Messias presente num lugar onde ela era realizada? A história judaica é conhecida através da Torah (Livro da Lei, equivalente aos cinco primeiros livros da Bíblia cristã, o Pentateuco) e de outros livros como o Talmud, a enciclopédia judaica que reúne a doutrina e jurisprudência da lei mosaica . Esses e outros livros deram origem ao hoje conhecido Velho Testamento, também chamado de Primeiro Testamento, a reunião dos livros que narram a história judaica antes do nascimento de Jesus. Nele, encontramos diversas referências à dança, como a do rei Davi, o mais famoso rei de Israel: "Aconteceu que, entrando a Arca do Senhor na Cidade de Davi, a filha de Saul, Mical, olhava pela janela e viu o rei Davi saltando e dançando diante do Senhor, e, no seu íntimo, ela o desprezou. (...) Mas Davi respondeu a Mical: É diante do Senhor que me preferiu a teu pai e a toda a sua casa para me instituir chefe do povo do Senhor, sobre Israel, eu dançarei diante do Senhor(...) . (II Samuel 6,12 -21). Nesta passagem, Davi comemorava o retorno da Arca da Aliança, o mais forte símbolo da religião hebraica, a Jerusalém, e o fazia dançando nas ruas, no meio do povo, ato pelo qual foi criticado por sua esposa. Pela resposta dada, podemos entender que a dança seria uma forma legítima de culto a Deus, segundo o pensamento judaico. Há muitas referências à dança no Velho Testamento, como em Salmos (capítulo 30, versículo 12; capítulo 149, versículo 3; capítulo 150, versículo 4), Jeremias (capítulo 31, versículo 4) e Êxodo (capítulo 15, versículo 20), para mencionarmos apenas alguns.
A visão de corpo para um hebreu também era peculiar. Se tomarmos os textos religiosos como exemplo do pensamento vigente na época, podemos perceber um profundo respeito para com ele, tanto a ponto de considerar que Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus ele o criou, homem e mulher, ele os criou (Gênesis 1,27). O livro de Levítico, constante na Torah hebraica e no Pentateuco cristão, contém essencialmente leis de convívio, alimentação, comportamento, dentre outras. O que é interessante de se observar é a rigidez das leis alimentares, aparentemente com uma grande preocupação com a higiene precária daqueles tempos. Não havia sacrifícios humanos, ou penitências corporais rígidas, ao contrário de grande parte das culturas religiosas dos povos da época. O máximo que se encontra nesse aspecto, são jejuns esporádicos, geralmente não muito longos (com exceção do atribuído a Jesus, que é contado como sendo de quarenta dias). No primeiro capítulo do livro do profeta Daniel, encontramos ainda a preocupação dele em não comer da comida oferecida pelo rei Nabucodonosor da Babilônia, já que a mesma era oferecida aos deuses babilônicos e não podia ser consumida pelos hebreus. Logo, o corpo estava intimamente ligado à religião e à crença hebraica.Isso não se modificou após a pregação de Jesus, já que um dos maiores expoentes do Cristianismo, o apóstolo Paulo, escreve à igreja da cidade de Corinto:
"Ou não
sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que
recebestes de Deus? (...) e que, portanto, não pertenceis a vós mesmos? Alguém
pagou alto preço pelo vosso resgate; glorificai, portanto a Deus em vosso
corpo" (I Coríntios 6,19-20)
Já
vimos que para os judeus o corpo era extremamente importante, e estava
intimamente ligado à religião. A dança era uma manifestação de adoração a Deus
e comumente utilizada após vitórias militares e durante celebrações ou
festividades. Partindo-se do princípio que Jesus era hebreu e sua pregação
estava fortemente ligada aos princípios religiosos hebraicos, cabe um
questionamento: afinal, de onde veio a idéia de corpo como instrumento do
pecado, prisão para a alma, algo sujo de que devemos nos envergonhar,
deixando-o de lado para atentar apenas para o espírito? Qual o embasamento para
práticas como o auto-flagelamento? A dança sempre esteve à parte, excluída das
celebrações cristãs, sendo uma novidade, uma descoberta recente?
Para responder a essas perguntas, precisamos continuar a seqüência histórica e seus acontecimentos após a morte de Jesus. Certamente, a difusão do Cristianismo por várias partes do Império Romano não se deu de forma pura e característica. Houve várias influências de culturas externas, seja no estabelecimento do Cristianismo como uma religião única, seja nos fundamentos da criação de uma instituição religiosa.O Cristianismo dos primeiros séculos exigia uma crença muito forte e uma total abdicação material, mais pela situação político-social do que propriamente por instâncias doutrinárias. A nova fé começou a difundir-se em condições não muito favoráveis. Os judeus olhavam com desconfiança para os cristãos, julgavam-nos como apóstatas, e a elite sacerdotal via-os como perigo em potencial graças ao carisma de seus pregadores e a eloqüência de seu discurso, embora a maioria deles pessoas simples e humildes. Após a crucificação, os apóstolos e os principais seguidores dos ensinamentos de Jesus juntaram-se numa comunidade religiosa em Jerusalém, composta essencialmente de hebreus. A partir de Jerusalém, os apóstolos partiram para pregar a nova mensagem, anunciando a nova religião para hebreus e para os que eram rejeitados por estes. Em Antioquia os discípulos abordam os pagãos e ganham pela primeira vez o nome de cristãos. Paulo de Tarso, um hebreu fariseu, membro do Sinédrio , era um dos mais ferrenhos perseguidores da nova religião, mas foi convertido e transformou-se no maior missionário da história cristã, fazendo três grandes viagens entre 44 d.C. e 58 d.C., e levando o Cristianismo para diversos pontos do mundo conhecido na época, inclusive Roma. Devido a divergências entre cristãos oriundos do judaísmo e aqueles que vinham de outras religiões, a Assembléia de Jerusalém decide, em 48 d.C., que os gentios convertidos não precisariam submeter-se à circuncisão, mas para sentar-se à mesa com os hebreus, deveriam abster-se de comer carne com sangue, ou sacrificada a ídolos. Começa, então, o rompimento oficial com o judaísmo.A religião cristã começa a ser conhecida no mundo romano, mas os fortes preceitos judaicos (circuncisão, regras alimentares) incomodam, assim como sua identificação com um grupo étnico (e não apenas religioso), o que acaba criando barreiras para a conversão dos cidadãos romanos. Paulo simplifica os costumes, tornando o Cristianismo de fácil aceitação para os demais povos.Alguns autores defendem que essas mudanças foram adotadas pelos cristãos para uma melhor aceitação de seus preceitos por outros povos; outros, porém, entendem que a ruptura com a obrigatoriedade dos costumes judaicos deu-se mais como uma conseqüência da expansão entre não-judeus, do que propriamente como uma causa.
Independente dessas questões religiosas, o clima político em Jerusalém era turbulento, e em junho de 66 d.C. explode a revolta judaica contra o domínio romano, que culmina com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. pelo imperador romano Tito, e o incêndio do Templo, que ocasiona a segunda diáspora judaica. Ainda em setembro de 66, a comunidade cristã deixa Jerusalém, exilando-se em Pela, na Transjordânia, seguindo orientações de Jesus, que predissera que quando a cidade fosse cercada por exércitos, seu fim estaria próximo. Com isso aumenta a ruptura entre cristãos e judeus, ampliando mais ainda suas diferenças. Paralelamente, em Roma, o Cristianismo gerava sentimentos controversos. Embora perseguidos, supliciados e mortos pelos imperadores romanos, especialmente Nero, essas perseguições eram irregulares, e não impediam a crescente simpatia da nova religião entre os cidadãos romanos.A partir do século II, as perseguições aos cristãos tornam-se mais organizadas. Caso fossem cidadãos, seriam decapitados; se não, eram lançados às feras ou enviados para trabalhar nas minas. O segundo século também foi importante para o fortalecimento das raízes cristãs, tanto no Ocidente quanto no Oriente. Surgem as primeiras seitas, como a de Tatiano, um cristão de origem síria convertido em Roma, que condenava o casamento e celebrava a eucaristia com água ao invés de vinho, ou a de Marcião, que rejeitava o Antigo Testamento. O latim começa a ser considerado língua sagrada para as comunidades Ocidentais, e o grego, para as Orientais.Os primeiros séculos do Cristianismo foram épocas de profundas modificações doutrinárias. Deixou de ser uma religião de simples pescadores judeus, e passou a ser questão de litígio entre os grandes de Roma. Havia diversos ramos de pensamentos cada um apontando em uma direção, e a partir do momento que o imperador Constantino assina o Édito de Tolerância (ou Édito de Milão), reconhecendo o Cristianismo como religião do Império Romano e concedendo liberdade de culto aos cristãos, os primeiros templos começam a ser erigidos e a preocupação com a personalidade da nova religião aflora.A professora Isabel Cristina Coimbra Vieira Diniz, Mestre em Educação Física pela UFMG e professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da mesma Universidade, diz, numa palestra realizada no Palácio Quitandinha (Petrópolis RJ) em julho de 2004, que nos primeiros templos construídos pelo Cristianismo havia um local próximo ao altar chamado ballatoria , e que, como o próprio nome indica, era usado para render culto por meio da dança. Mas, com o tempo, essa forma de culto foi sendo progressivamente afastada, passando por várias partes do templo até acabar no pátio. As procissões, hoje, seriam um resquício da dança litúrgica.
Temos então, a essa altura, uma religião buscando se firmar através da fé e da palavra revelada. Isso é muito pouco para fundamentar uma instituição, e logo os cristãos sentiram necessidade de um embasamento racional que lhes desse suporte e justificasse sua fé. Já então bastante distantes do judaísmo, o Cristianismo voltou seus olhos para outros pensadores.Agostinho de Hipona parece ter aceito esse desafio, buscando restaurar a razão utilizando-se da fé como meio para isso. "Compreender para crer, crer para compreender" (AGOSTINHO, 1999).É importante observar alguns aspectos da obra agostiniana. O mais importante deles é que grande parte da sua obra tem inspiração neoplatônica, onde a Teoria das Idéias é aplicada ao Cristianismo, de forma que o mundo das idéias pregado por Platão, em Agostinho, é associado à mente de Cristo. Ora, Platão nos diz, acerca do corpo:
"E como referência à aquisição do conhecimento? O corpo constitui ou não constitui obstáculo, quando chamado para participar da pesquisa? O que digo é o seguinte: a vista e o ouvido asseguram aos homens alguma verdade? Ou será certo o que os poetas não se cansam de afirmar, que nada vemos nem ouvimos com exatidão? Ora, se esses dois sentidos corpóreos não são nem exatos nem de confiança, que diremos dos demais, em tudo inferiores aos primeiros? [...] Então, perguntou, quando é que a alma atinge a verdade? É fora de dúvida que, desde o momento em que tenta investigar algo na companhia do corpo, vê-se lograda por ele. [...] E não é no pensamento se tiver de ser de algum modo que algo da realidade se lhe patenteia? [...] Ora, a alma pensa melhor quando não tem nada disso a perturbá-la, nem a vista nem o ouvido, nem dor nem prazer de espécie alguma, e concentrada ao máximo em si mesma, dispensa a companhia do corpo, evitando tanto quanto possível qualquer comércio com ele, e esforça-se por apreender a verdade" (PLATÃO, 2007).
Essa verdade, esse conhecimento que só pode ser alcançado pela alma, porque, segundo Platão, residem no mundo das idéias onde somente a alma tem acesso, em Agostinho toma a forma de espírito; a verdade e o conhecimento residem em Deus, e somente a alma (ou espírito) pode alcançá-lo.
"O corpo é um obstáculo a isso, e através da total atenção dada ao espírito em contrapartida à desatenção ao corpo, é que o verdadeiro cristão alcança a plenitude. A morte é preferível à vida (assim como para Platão), já que aquela nos liberta de nosso corpo mortal, dando liberdade à alma de voltar para junto de Deus (ou ao mundo das idéias), onde obterá todo conhecimento e se deparará com a Verdade. Prolongada fome, dizem, consumiu grande número de cristãos. Não é outra provação que a piedosa paciência dos verdadeiros fiéis transforma em vantagem sua? Para aqueles que mata, a fome representa, como a doença, completa libertação dos males desta vida; para os que poupa, lição de abstinência mais rigorosa e jejuns mais prolongados. Quantos outros cristãos, porém, trucidados, engolidos pela inexorável morte que se multiplica de maneira espantosa! Sorte cruel, mas comum a todos os destinados a esta vida. [...] Como as peripécias diárias da vida suspendem, por assim dizer, sobre cada cabeça mortal a ameaça de número infinito de mortes, não é melhor, pergunto, enquanto perdura a incerteza da que há de vir, sofrer apenas uma e morrer do que continuar vivo e recear todas? Não ignoro que nossa covardia prefere viver longo tempo no temor de tantas mortes a morrer uma vez para não continuar receando nenhuma. Uma coisa, entretanto, é o que causa horror aos sentidos e à imbecilidade da carne, e outra, a convicção esclarecida e profunda do entendimento. A morte não representa nenhum mal, se sucede a vida santa; não pode ser mal, senão pelo acontecimento que a segue. Que importa, por conseguinte, a seres necessariamente votados à morte o acidente de que morrem?" (AGOSTINHO, 1999)
Há aqui, até determinado ponto, certa associação com a doutrina cristã expressa na Bíblia, já que Paulo declara que pois para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro (Filipenses 1,21). Este texto, extraído do contexto do capítulo, de fato nos dá a impressão de que o espírito tem sobreposição tal ao corpo, a ponto deste último não ter mais importância, antes atrapalhe o reencontro do espírito com Deus. Mas não é isso que o capítulo nos passa, quando lido dentro de seu contexto. Atualmente a carta enviada à igreja de Filipos, antiga cidade da Macedônia, é quase universalmente aceita pelos pesquisadores como oriunda de Paulo, que a teria escrito na prisão, embora a localização dessa prisão não tenha sido fornecida. A maior parte dos indícios parece apontar Roma como local mais provável. Apesar dessas circunstâncias adversas, o tom da carta é de alegria. Paulo parece satisfeito por seu objetivo estar sendo cumprido, e isso era mais importante que seu bem estar físico:
"E a maioria dos irmãos, encorajados no
Senhor, pelas minhas prisões, proclamam a Palavra com mais ousadia e sem temor" (Filipenses 1,14).
Há uma considerável diferença entre a dicotomia pregada por Platão e adotada pela Igreja ao longo da História, e a postura dos cristãos dos primeiros séculos. Esta nos remete à força da convicção, de pessoas que morrem pelo que acreditam postura essa adotada à exemplo da convicção dos judeus na defesa de sua crença, como na tomada de Massada, a última fortaleza a cair frente à destruição impingida pelos romanos ao povo hebreu, em retaliação à revolta iniciada em 66 d.C. Não há registro bíblico de nenhum tipo de auto-flagelação, ou qualquer outra prática que possa ser tomada como tal. Essa é uma prática estranha aos judeus, e certamente o seria para os primeiros cristãos. Tendo a noção de corpo impuro se instaurado dentro da Igreja através de pensadores e teólogos neoplatônicos, os líderes da então religião oficial do Império Romano começaram a perceber que essa era uma boa estratégia para controlar o que acontecia dentro e fora da Igreja. Se levarmos em consideração o intenso contato com novas culturas e novas religiões, conseqüência clara da expansão do Império, logo poderemos perceber a condução dos lideres cristãos na direção de um maior dicotomismo, com uma ênfase exagerada sobre o corpo e sua instrumentalidade e natural tendência para o pecado.Com essa noção de corpo como um fardo que devemos carregar ao longo da vida, obviamente a dança não era uma expressão vista com bons olhos especialmente por quase todas as culturas conquistadas terem-na em sua vida social ou religiosa. Foram-se feitas as adaptações possíveis, para que o Cristianismo tivesse uma maior aceitação junto a essas culturas, afastando-se às vezes e muito do que dizia a tradição bíblica. Mas a dança não foi algo fácil de se adaptar.
Assim, os testemunhos mais interessantes sobre a dança religiosa
na Idade Média são, antes de mais nada, o interditos que não cessaram de
atingi-la. O mais antigo é o do concílio de Vannes, em 465.
Entre os anátemas que se sucederam, podemos destacar os do concílio de Toledo em 587, o decretal do papa Zacarias em 774 contra os movimentos indecentes da dança ou carola, a homilia do papa Leão V que condenava, em 847, os cantos e carolas das mulheres na igreja. No final do século XII, as constituições sinodais do bispo de Paris, Odon ( Constitution , 36), prescrevem ao clérigo que proíba os choreae , principalmente em três lugares: nas igrejas, nos cemitérios e nas procissões. Serão retomadas pelas instruções de Gerson (De visitatione prelatorum ): se os leigos e mulheres entrarem no coro e trouxerem carolas aos lugares sagrados. Em 1209, o concílio de Avignon decreta (Atos, V): Durante a vigília dos santos, não deve haver nas igrejas espetáculos de dança ou de carolas. Em 1444, a Sorbonne, por sua vez, declara: Não é permitido dançar carolas nas igrejas durante a celebração do serviço divino. Em 1562, em sua reorganização da Igreja, o concílio de Trento sente-se obrigado a adotar estas regras.A persistência das condenações prova a persistência dos costumes. Por outro lado, parece que as formulações do concílio de Avignon e da Sorbonne indicam que o hábito de dançar é permitido fora dos ofícios e de algumas datas.Mas conhecemos manifestações de dança à margem destas proibições: a Chronique de saint Martial , de Limoges, indica a organização de uma chorea em 1205, depois em 1215, quando da partida dos Cruzados (Dançou-se a carola e a alegria foi grande), e, enfim, em 1278. A chorea é a carola, a roda. Temos ainda a carola em Sens, na noite de Páscoa, ao redor do poço do claustro: sob a direção do arcebispo, os dignatários do cabido dançavam, intercalando-se com as crianças do coro. O Padre Claude-François Ménétrier ( Des ballets anciens et modernes selon les règles du théâtre , Paris, René Guignard, 1657) observa que este costume era generalizado e que prosseguiu: Ainda vi em algumas igrejas, no dia da Páscoa, os cônegos tomarem as crianças do coro pela mão e cantarem hinos de regozijo, dançando pela igreja.O que dançavam? Vimos que dançavam a chorea , que era a dança de roda fechada ou aberta, muito praticada, sob o nome de carola, na Idade Média até o século XIII inclusive, e o tripudium , uma dança em três tempos, na qual os executantes não se tocavam; na carola davam-se as mãos ou se seguravam pelo antebraço. (BOURCIER, 2001). A dança, histórica e progressivamente, foi perdendo seu lugar na visão de santidade da Igreja. Parecia óbvio que, sendo o corpo algo tão impuro e propenso a toda sorte de malefícios, qualquer manifestação advinda dele seria uma influência do mal querendo corromper um espírito bom. Considerando-se que a educação durante toda a Idade Média estava restrita à alta nobreza e ao clero, parecia claro o caminho a trilhar. Os textos sagrados do Cristianismo ficavam em poder do clero, e este, e somente ele, tinha o poder de repassar aos fiéis o que era certo ou errado, de acordo com o que estava escrito. Uma atitude estranha, se considerarmos a que era assumida pelos primeiros cristãos. Os irmãos fizeram logo Paulo e Silas partir de noite para Beréia. Eles, tendo ali chegado, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes eram mais nobres que os de Tessalônica. Pois acolheram a Palavra com toda a prontidão, perscrutando cada dia as Escrituras para ver se as coisas eram mesmo assim. (Atos 17,10-11).Desta forma, a dança foi sendo colocada cada vez mais afastada do conceito de culto da Igreja Cristã. Os dois grandes Cismas não melhoraram isso. A Igreja Ortodoxa até os dias atuais mantém-se firme na posição contrária a qualquer manifestação física de adoração. Para eles, apenas cânticos e orações são formas legítimas de culto. Inicialmente, o Protestantismo colocou-se também rigorosamente contra toda sorte de manifestação física como forma de adoração, herança que trouxe consigo do Catolicismo. Mas aproximadamente desde a década de 60 nota-se um crescente movimento de grupos organizados de dança que atuam durante as celebrações. Devido à infinidade de denominações diferentes, ainda há muitas igrejas contra essa forma de manifestação.
Entre
os Católicos, de certa forma incentivados pelo movimento Carismático, a dança
começa a se inserir em algumas festividades específicas, sem, contudo, fazer
parte da celebração principal.
CONCLUSÃO
Este estudo
propõe-se a dar um panorama geral deste tema amplo. Ainda há muito a se
pesquisar, tanto na influência dos Patriarcas da Igreja, a situação
sócio-cultural na Idade Média e a união Estado-Igreja, sua influência sobre o
imaginário popular e as modificações que essas influências trouxeram para a
forma de religiosidade cristã no Ocidente. Podemos concluir, contudo, que
tomando-se por base a Bíblia, não há qualquer indício de que a dança é uma
forma ilegítima de louvor, e nem que o corpo é um elemento menor da existência
do ser humano. Até porque, a dicotomia pregada por Platão não encontra
respaldos práticos. O ser humano não é apenas mente ou apenas corpo. O ser
humano é uma totalidade no momento presente.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
-BÍBLIA
de Jerusalém . Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Editora Paulus,
2003.
-PLATÃO.
Fédon. [S.l.]. Disponível em: <
http://www.esnips.com/nsdoc/18356a63-4973-4b08-aaef-1e07b6403d93/?action=forceDL
>. Acesso em: 13/05/2007.
-BOURCIER,
Paul. História da Dança no Ocidente . [s.n.]: Livraria Martins Fontes Editora
Ltda, 2001.
-AGOSTINHO.
A Cidade de Deus: (contra os pagãos), Parte I . Tradução de Oscar Paes Leme.
Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999.
-LOUVOR Profético . Petrópolis, Rio de Janeiro: Isabel Coimbra, 2004. 1 CD de áudio (50 min).
-https://www.youtube.com/watch?v=0EIFrZPyKg4
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