Resumi aqui mitos e
verdade mostrados pelo jornalista Leandro Narloch no Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil (Ed. Leya, 2009). O best-seller questiona o que
aprendemos até o ensino médio. Narloch diz que o objetivo não é desmerecer os
negros:
“Pelo contrário, acho que eles
podem se orgulhar de que seus antepassados não eram pobres coitados, mas, em
muitos casos, pessoas prósperas, que não abaixavam a cabeça, diz em entrevista
ao UOL Educação. O autor lembra que, nos
tempos do Brasil colonial, a escravidão era vista como algo natural. Portanto,
era de se esperar que negros em ascensão na sociedade, como Zumbi, tivessem
escravos também. Outro erro comum, segundo Narloch, é considerar os
africanos um grupo homogêneo. Na verdade, eles vieram de regiões e grupos
étnicos diferentes, cada qual com sua cultura e hábitos”.
Veja dois principais mitos sobre a escravidão no Brasil:
1)-Palmares era um
quilombo baseado em princípios democráticos e Zumbi, seu líder, era um mártir
da resistência contra a escravidão - Zumbi estava longe de ser um herói da
democracia. Mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles
trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres e executava aqueles que quisessem fugir
do quilombo. A vocação para o poder de Zumbi vinha de família. Ele
descendia dos imbangalas, considerados os “senhores da guerra” na África
Centro-Ocidental. Ou seja, nada mais natural que se considerasse no direito de
ter seus próprios servos. Zumbi, considerado o grande herói de Palmares, tinha
escravos sim! Fatos como esse, que ainda passam em branco em muitas aulas de
História, fazem parte do lado pouco explorado da escravidão no Brasil. Em
vez de meras vítimas, os negros tiveram papel mais complexo na sociedade
colonial, às vezes até com status semelhante ao dos portugueses.
2)-Todos os negros
eram subjugados pelos portugueses: Quando chegavam ao Brasil na condição de
monarcas, os negros não sofriam os mesmos maus-tratos dos escravos. Alguns
vinham até para estudar, como é o caso dos filhos do rei Kosoko de Lagos, hoje
capital da Nigéria. O pai enviou os filhos ao Brasil provavelmente de carona em navio
negreiro cheio de escravos vendidos por ele mesmo.
O problema é que o mito criado em torno de Zumbi e a intenção de transformar a data de sua morte em uma data cívica baseiam-se em inverdades. A maior delas é que Zumbi lutou pela abolição da escravidão. Sem dúvida alguma, Zumbi e outros quilombolas desejavam a liberdade, mas apenas a liberdade individual, eles jamais tiveram a pretensão de extinguir a escravidão. Pelo contrário, por mais estranho que possa parecer, a escravidão também existia dentro de Palmares. Há registros da época que mencionam a existência de escravos em Palmares. Segundo esses registros, esses escravos eram homens sequestrados pelos quilombolas e obrigados a trabalhar nas plantações. Era comum que um escravo liberto quisesse ter seus próprios escravos. Ou seja, o mesmo escravo que sonhava com a própria liberdade não hesitaria em ter seus próprios escravos se o pudesse. O fato em si não causa surpresa se considerarmos que a escravidão já existia nas sociedades africanas antes mesmo da chegada dos portugueses na África, especialmente nos reinos do Congo e de Angola, locais de origem de grande parte dos quilombolas e de seus antepassados.
Portanto, encerro sugerindo aos negros e demais militantes e simpatizantes da causa negra, que repensem os seus heróis do passado e do presente.
O problema é que o mito criado em torno de Zumbi e a intenção de transformar a data de sua morte em uma data cívica baseiam-se em inverdades. A maior delas é que Zumbi lutou pela abolição da escravidão. Sem dúvida alguma, Zumbi e outros quilombolas desejavam a liberdade, mas apenas a liberdade individual, eles jamais tiveram a pretensão de extinguir a escravidão. Pelo contrário, por mais estranho que possa parecer, a escravidão também existia dentro de Palmares. Há registros da época que mencionam a existência de escravos em Palmares. Segundo esses registros, esses escravos eram homens sequestrados pelos quilombolas e obrigados a trabalhar nas plantações. Era comum que um escravo liberto quisesse ter seus próprios escravos. Ou seja, o mesmo escravo que sonhava com a própria liberdade não hesitaria em ter seus próprios escravos se o pudesse. O fato em si não causa surpresa se considerarmos que a escravidão já existia nas sociedades africanas antes mesmo da chegada dos portugueses na África, especialmente nos reinos do Congo e de Angola, locais de origem de grande parte dos quilombolas e de seus antepassados.
No livro, Narloch
cita outros autores para explicar as nuances da escravidão local:
“Para obter escravos, os
quilombolas faziam pequenos ataques a povoados próximos. ‘Os escravos que, por
sua própria indústria e valor, conseguiam chegar aos Palmares, eram considerados
livres, mas os escravos raptados ou trazidos à força das vilas vizinhas
continuavam escravos’, afirma Edison Carneiro no livro O Quilombo dos Palmares,
de 1947.No quilombo, os moradores deveriam ter mais liberdade dentro que fora dele.
Mas a escolha em viver ali deveria ser um caminho sem volta, o que lembra a
máfia hoje em dia. ‘Quando alguns negros fugiam, mandava-lhes crioulos no
encalço e uma vez pegos, eram mortos, de sorte que entre eles reinava o temor’,
afirma o capitão João Blaer.‘Consta mesmo
que os palmaristas cobravam tributos – em mantimentos, dinheiro e armas – dos
moradores das vilas e povoados. Quem não colaborasse poderia ver suas
propriedades saqueadas, seus canaviais e plantações incendiados e seus escravos
sequestrados’, afirma o historiador Flávio Gomes no livro Palmares.”
Escreve Narloch:
“A própria palavra escravo vem de
eslavos — os povos do leste europeu constantemente submetidos à vontade de
germanos e bizantinos na alta Idade Média. Brancos
europeus também foram escravizados por africanos. Entre 1500 e 1800, os reinos
árabes do norte da África capturaram de l milhão a 1,25 milhão de escravos
brancos, a maioria deles do litoral do Mediterrâneo, segundo estudos do
historiador Americano Robert Davis, autor do livro Christian Slaves, Muslim
Masters (‘Cristãos Escravos, Senhores Muçulmanos’).”
Como escreveu,
também, Diogo Mainardi no artigo “Fora, Zumbi!“, de 7 de maio de 2003, em que
citava a obra Genes, Povos e Línguas, do geneticista italiano Luigi Luca
Cavalli-Sforza:
“O melhor jeito para acabar com o
racismo no Brasil é eliminar o critério de raça. O movimento negro sempre lutou para que os negros se orgulhassem da
própria cor. Eu aboliria essa ideia. Aboliria o Dia Nacional da Consciência
Negra, a política de cotas, as ações afirmativas. Aboliria também o mito da miscigenação
racial brasileira. Quando se considera toda a história da humanidade, os
alemães são tão miscigenados quanto nós. Raça é uma noção arcaica. Não tem base
científica. A
luta contra o racismo não se dá glorificando a figura de Zumbi nos livros
escolares, mas ensinando que os brancos são negros e os negros são brancos,
enfim, que somos todos seres humanos."
Como
faz o ator Morgan Freeman, o escritor Thomas Sowell, o dr.
Ben Carson, Mia Love, Tim Scott, Will Hurd, enfim, como fazem todos os
negros que se sabem capazes de vencer por conta própria e não aceitam ser
explorados pela demagogia esquerdista. Definitivamente, meus heróis não morreram
de overdose, como os da canção do Cazuza, nem sequestravam mulheres. Eles
lutaram de corpo e alma pela verdade que liberta, como o abolicionista conservador Joaquim Nabuco.
Joaquim Nabuco em um discurso proferido em 15 de maio de 1879 que abrangia tanto o tema da educação pública, quanto o da separação entre Estado e Religião assim falou:
Joaquim Nabuco em um discurso proferido em 15 de maio de 1879 que abrangia tanto o tema da educação pública, quanto o da separação entre Estado e Religião assim falou:
“Eu desejava concordar com os
nobres deputados, em que se deveria deixar a liberdade a todas as seitas; mas,
enquanto a Igreja Católica estiver, diante das outras seitas, em uma situação
privilegiada, os nobres deputados hão de admitir que ela vai fazer ao próprio
Estado, de cuja proteção se prevalece, uma concorrência poderosa no terreno
verdadeiramente leigo e nacional do ensino superior. Se os nobres deputados
querem conceder maiores franquezas, novos forais à Igreja Católica, então
separem-na do Estado. Prossegue: É a
Igreja Católica que em toda a parte pede a liberdade do ensino superior. Essa
liberdade não foi pedida na França pelos liberais; mas pela Igreja. É
porque reconhece que o ensino deva ser livre? Não. Aí está o Syllabus que
fulmina de excomunhão quem o sustentar...”
Em um trecho
memorável nesta mesma ocasião expressa:
"A Igreja Católica foi grande no passado, quando o
cristianismo nascia no meio de uma sociedade corrompida, quando tinha como
esperança a conversão dos bárbaros, que se agitavam às portas do Império minado
pelo egoísmo, corrompido pelo cesarismo, moralmente degradado pela escravidão.
A Igreja Católica foi grande quando tinha que esconder-se nas catacumbas,
quando era perseguida. Mas, desde que Constantino dividiu com ela o império do
mundo, desde que de perseguida ela passou a sentar-se no trono e a vestir a
púrpura dos césares, desde que, ao contrário das palavras do seu divino
fundador, que disse: O meu reino não é deste mundo,
ela não teve outra religião senão a política, outra ambição senão o governo...”
E o orador termina seu
discurso assegurando que não é inimigo
do catolicismo-religião, e sim do "catolicismo-política":
"Não sou inimigo da Igreja
Católica. Basta ter ela favorecido a expansão das artes, ter tido papel importante na história, ser a Igreja da grande
maioria dos brasileiros e da nossa raça, para não me constituir em seu
adversário. Quando o catolicismo se
refugia na alma de cada um, eu o respeito; é uma religião da consciência, é um
grande sentimento de humanidade. Mas do que sou inimigo é desse catolicismo
político...”
Essa postura mudará
radicalmente após sua conversão ao catolicismo, fartamente comentada em sua
autobiografia, na qual Nabuco não apenas enfatiza sua reconversão ao catolicismo,
como renega seu passado distante da Igreja:
"Do que preciso fazer
renúncia, em favor das traças que o consumiram, é de tudo o que nesses
opúsculos escrevi em espírito de antagonismo à religião, com a mais soberba
incompreensão de seu papel e da necessidade, superior a qualquer outra, de aumentar a sua influência, a sua ação
formativa, reparadora, em todo o caso, consoladora, em nossa vida pública e em
nossos costumes nacionais corrompidos..." (Nabuco, s/d, p. 36).
ESTES SÃO OS VERDADEIROS HERÓIS DA LUTA CONTRA A
ESCRAVIDÃO NO BRASIL, PORÉM POUCO LEMBRADOS E RECONHECIDOS PELO MOVIMENTO
NEGRO:
(Cearense Dragão do Mar) |
1)-O negro cearense
Francisco José do Nascimento, conhecido como "Dragão do Mar",
foi um dos grandes abolicionistas do nordeste brasileiro. Recusava-se a
transportar escravos em sua jangada e, em 1881, liderou a greve dos jangadeiros
contra a escravidão.
(André Rebouças) |
2)- O engenheiro negro
André Rebouças é uma das grandes vozes da luta abolicionista brasileira. Participou da
criação de algumas agremiações antiescravistas, como a Sociedade Brasileira
Contra a Escravidão, a Sociedade Abolicionista e a Sociedade Central de
Imigração. Defendia a emancipação do escravo e sua total integração social por
meio da aquisição de terras. Com a proclamação da República teve que
exilar-se na Europa, onde viveu até sua morte, em 1898, aos 60 anos.
3)- O negro Francisco
de Paula Brito:
Tipógrafo, jornalista, editor, tradutor, dramaturgo, letrista, contista e um
dos grandes nomes da imprensa brasileira.
Publicou “O Homem de Cor”, primeiro jornal antirracista que mais tarde
passou a ser chamado de “O Mulato”. Morreu aos 52 anos em 1861.
(Luis Gama) |
4)- Luis Gama: Um negro Poeta
abolicionista nascido em 1830, era filho de mãe escrava e pai branco. Foi
vendido como escravo aos 10 anos de idade e só aprendeu a ler aos 17.
Conquistou sua liberdade provando ser um homem livre diante da lei. Alistou-se
no Exército, foi escrivão de Polícia, jornalista e advogado atuante em prol da
causa abolicionista. Libertou mais de 500 escravos. É considerado um
dos expoentes do Romancismo no Brasil.
(José do Patrocínio) |
5)- O negro José do
Patrocínio:
Filho de uma quitandeira com um clérigo, José do Patrocínio foi um desses
abolicionistas que tinham a alma inspirada.
Era um jornalista polêmico e orador eloquente. Com o jornal Gazeta da
Tarde fez ampliar a voz dos ideais abolicionistas. Terminou exilado por
criticar demais o governo e problematizar a questão da população negra que,
após a Lei Áurea, ainda continuava miserável.
7)- Maria
Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista - A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas
formou-se professora primária e publicou, em 1859, o que é considerado por
alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a história de um triângulo amoroso,
mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema
escravocrata. A escritora assinava o livro apenas como "Uma
maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se
aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas
universidades, segundo a professora de literatura brasileira da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte. Maria Firmina também
publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidão em revistas de denúncia
no Maranhão. De acordo com o Dicionário de Mulheres do Brasil: de
1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anos de idade, uma escola
gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu
aos 92 anos, na casa de uma amiga que havia sido escrava.
(Ilustração de Adelina) |
6)-Adelina, a charuteira que
atuava como 'espiã' - Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender
charutos que ele produzia, nas ruas e estabelecimentos comerciais de São Luís
(MA). Suas datas de nascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome,
também não. Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever.
Trabalhando nas ruas, assistia a discursos de abolicionistas e decidiu se
envolver na causa. De acordo com o Dicionário
da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura (Edusp), Adelina enviava
à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promovia sua fuga -
informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas. Aos 17 anos, Adelina
seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez a sua mãe. Mas, segundo
o Dicionário, isso não aconteceu.
7)- Maria
Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista - A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas
formou-se professora primária e publicou, em 1859, o que é considerado por
alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a história de um triângulo amoroso,
mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema
escravocrata. A escritora assinava o livro apenas como "Uma
maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se
aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas
universidades, segundo a professora de literatura brasileira da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte. Maria Firmina também
publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidão em revistas de denúncia
no Maranhão. De acordo com o Dicionário de Mulheres do Brasil: de
1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anos de idade, uma escola
gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu
aos 92 anos, na casa de uma amiga que havia sido escrava.
Fonte:Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura (Edusp)
Portanto, encerro sugerindo aos negros e demais militantes e simpatizantes da causa negra, que repensem os seus heróis do passado e do presente.
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