Por *Francisco José Barros
Araújo
A
Bíblia é “Alguém” dentro de um evento salvífico-libertador, por isso, ela é
lida, interpretada, atualizada e celebrada ao mesmo tempo!
O centro da Sagrada Escritura é Cristo; por isso, tudo deve ser lido
sob o olhar de Cristo e buscando n’Ele seu pleno cumprimento. Cristo é a
chave interpretativa da Sagrada Escritura. Nunca achar que somos os primeiros
que leram a Santa Escritura. Muitos, muitíssimos, através dos séculos, a leram,
meditaram, viveram e a transmitiram. Os
melhores intérpretes da Bíblia são os santos.
A Escritura é o livro da
comunidade eclesial. Nossa leitura, ainda que seja em solidão, jamais poderá
ser solitária!
Para lê-la com proveito, é preciso inserir-se na grande corrente
eclesial que é conduzida e guiada pelo Espírito Santo, na marcha ascendente da
revelação.Há no decálogo a base e a estrutura social e política do Estado.
É inegável a sua contribuição na legislação de todos os povos da terra, daí a
sua influência tanto no Estado como na Igreja.
Jesus disse que veio dar pleno
cumprimento a lei e aos profetas (Mat. 5,17-20).
O verbo grego para cumprir é “pleroo” e significa “cumprir, completar,
encher”. Devemos recordar o sentido de torah, como instrução revelada no
Sinai em seus aspectos teológico e ético do Decálogo.
O Antigo Testamento
contém a instrução e doutrina sobre Deus, o mundo e um plano imanente de
libertação, mas sua revelação em relação a libertação salvífica é parcial e ainda não integral, pois faltava ainda a parte final da revelação feita por Jesus Cristo!
Somente a partir da manifestação do Filho de Deus, Jesus o Cristo, é que se
tornou explícito o que antes estava implícito, e assim o Senhor completou a
plenitude da revelação (Hb 1,1-2).A provisão do Antigo Testamento sobre a obra
redentora de Deus em Cristo é rica em detalhes. Os escritores do Novo
Testamento reconhecem a presença de Cristo na história da redenção velho e
neo-testamentária.
O Espírito Santo conduziu a Revelação na vida do povo
israelita de tal maneira que os apóstolos puderam observar cada pormenor na
vida e no ministério terreno do Senhor Jesus Cristo.
A centralidade
cristológica está completamente embutida na lei e nos profetas. Todo o
pensamento bíblico gira em torno de Jesus (Rm 1,2; 10,4). Todo o Antigo
Testamento converge para o Senhor Jesus, e Ele mesmo reconhecia isso (Lc
24,44).O Senhor Jesus cumpriu o sistema cerimonial da lei na sua morte (Mat
27,50-51; Lc 24,46). As instituições de Israel com suas festas, os holocaustos
e os diversos tipos de sacrifícios da lei de Moisés eram tipos e figuras que se
cumpriram em Cristo (Heb 5,4-5; 1Cor 5,7). Assim, as cerimônias cessaram, mas o
significado foi confirmado (Col 2,17).
A
função civil da lei ainda hoje é válida e necessária para manter a ordem e o
bem-estar da sociedade, o que leva São Paulo a concluir que a lei é boa (I Tim
1,8-9). É uma das funções da lei, restringir a arbitrariedade do agir humano em
prejuízo ao próximo e à vida social, ameaçando-o com punição as faltas contra
ela. É certo que essa função da lei não opera nenhuma mudança interior no
coração humano, fazendo-o justo ou reto ao obedecê-la. A lei opera assim apenas
como um freio, refreando "as mãos de uma ação extrema." Portanto,
pela lei somente o homem não se torna submisso, mas é coagido pela força da lei
a agir sem prejudicar aos demais. É exatamente isto que permite aos
seres humanos uma convivência social.
Vivemos em sociedade e sob o regime da
lei para nos proteger uns dos outros das arbitrariedades, do império da lei do mais forte, e da barbárie!
Com o tempo, o homem
pode aprender a viver com um relativo equilíbrio, por causa da lei que
restringe o uso e abuso de nossa liberdade para o mal. O homem é capaz, por
causa da lei de Deus, de copiá-la para o seu próprio bem e dos demais. É até
mesmo capaz de criar leis que refletem princípios da justiça de Deus.
Deduzimos
também, que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e
rebeldes, irreverentes pecadores dissolutos e empedernidos, impiedosos,
parricidas, matricidas, homicidas, infanticidas, raptores de homens,
mentirosos, e para tudo aquilo que se opõe à sã doutrina. Assim, a lei exerce o papel de
coerção para esses transgressores, e evita que esse tipo de mal se alastre
ainda mais amplamente no seio da sociedade humana.
Essa ação inibidora
da lei cumpre ainda um outro papel importante no caso dos remidos pelo sacrifício
universal de Cristo, mais ainda não Crentes e regenerados em Cristo: Ela serve
como um aio, um condutor a Cristo, como diz Paulo em Gálatas 3,24: "de
maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que
fôssemos justificados por fé." Dessa forma ela serviu à sociedade
judia e serve também, à sociedade humana como um todo. Da mesma forma essa lei
serve ao remido pelo sacrifício redentor de Cristo, mas ainda não regenerado.
Ele, antes de tomar posse da sua salvação pelo anuncio e acolhimento do
evangelho, é ajudado pela lei a não cometer atrocidades, não como uma garantia
de que não fará algo terrível, mas como uma ajuda, pelo temor da punição.Se
conclui com a própria experiência de vida, que a lei por si só, sem o auxílio
da graça, não tem a capacidade de converter o homem à sua prática de forma
voluntária (conf. Rom 7,7-21), provocando muitas vezes o efeito inverso, como
se nos pedisse a “não pensar em uma maça”.
Jesus cumpriu também, o sistema
jurídico da lei. Com sua morte, Ele transferiu os privilégios de Israel para a
Igreja (Êxo 10,6-7; 1Ped 2,9-10). Jesus disse às autoridades judaicas que “o
Reino de Deus vos será tirado e será dado a um povo que realmente dê os seus
frutos” (Mat 21,43). A Igreja agora se torna para todos os povos,
coluna e sustentáculo da verdade (conf. 1Tm 3,15).
Os Dez Mandamentos
são representados pelos dois grandes mandamentos: amar a Deus acima de todas as
coisas e ao próximo como a nós mesmos! (Mac 12,28-33)
Na verdade, toda a lei e
os profetas nisso se resumem (Mt 22,40). Trata-se de uma combinação de duas
passagens da lei (Deut 6,4-5; Lev 19,18). São preceitos que foram atualizados
na Nova Aliança e capacitados seu cumprimento pela graça, de modo que a Igreja
segue a lei de Cristo, a lei do amor, e não o mero sistema mosaico da letra da
lei que mata (II Cor3,6;Rom 6,14.13,9-10;Gal 5,18). O Senhor Jesus cumpriu
todos esses mandamentos durante a sua vida terrena.
Talvez
o discurso de Jesus sobre as bem-aventuranças tivesse deixado dúvidas sobre sua
posição a respeito da lei e dos profetas...
Ele não era um subversivo; pois nasceu
conforme a lei e viveu de acordo com ela (Lc 2,21-24; 4,15-16; Gal 4,4). Jesus
falou de maneira clara, direta e cabal, que não veio revogar a lei e nem os profetas,
mas veio para lhes dar pleno cumprimento (Mt 5,17).
Havia chegado agora o
momento de esclarecer seu pensamento sobre a lei.Jesus disse que “até que o céu
e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja
cumprido” (Mat 5,18).Há muita discussão sobre esta questão. Uns
acham que Jesus se referia ao jota e ao til; outros, aos preceitos cerimoniais.
Havia longos debates entre os rabinos da época sobre os mandamentos mais leves
e mais pesados.
Eles consideravam mandamento leve não tomar a mãe com os
filhotes num ninho (Dt 22,6). Parece existir, sim, na lei, mandamento de maior
ou de menor significância (Mt 23,23). Porém, não é disso que Jesus está falando
aqui, pois o enfoque é sobre o anular a autoridade da lei e ensinar que ela
pode ser ignorada. O verbo grego é “lyo”, cuja ideia básica é “desatar,
desamarrar, soltar”.
HOUVE TRANSGRESSÃO À
LEI ANTES DO DECÁLOGO?
A
Palavra de Deus define o pecado como “transgressão da lei” (1 João 3,4) ou “quebra
da lei”. “Porque onde não há lei também não há transgressão” (Romanos 4,5).
Isto é o que a Bíblia diz claramente. Então, a transgressão dos Dez Mandamentos
é descrita como pecado antes do Monte Sinai? Sim, sem dúvida. Por exemplo, Gênesis
13,13 nos diz que “eram maus os varões de Sodoma e grandes pecadores contra o
SENHOR”. E como o pecado é a violação da lei de Deus, portanto,
o povo de Sodoma não poderia ter sido punido por ser mau e pecador se não
existisse a lei para condenar o que estavam fazendo.
Devemos concluir
com isto, que Deus já tinha disponibilizado o conhecimento do que é pecaminoso.
Aqui vemos alguns exemplos claros que corroboram com isto:
1)-
Em Gênesis 20,3-9;39,7-9 descreve o adultério como “um grande pecado” e um
“pecado contra Deus”. (O adultério é a transgressão do Sétimo
Mandamento).
2)- Em
Gênesis 3,6 .17, Deus castiga Adão e Eva por sua cobiça e roubo (Transgressão do
Décimo e Oitavo Mandamentos).
Aqui também,eles também O desonraram como seu pai, violando o Quinto Mandamento.
3)- Em
Gênesis 4,9-12, Deus pune Caim por assassinato e mentira. (violações portanto, do Sexto e Nono Mandamentos).
ATENÇÃO! A
lei é boa e necessária como já se afirmou anteriormente, mas ninguém é justificado pelos
613 preceitos da lei mosaica!
A função deles não é salvar, mas nos
conduzir a Cristo (Gal 3,11-24). A lei veio para revelar e condenar o pecado
(Rm 3,20; 7,7). Deve o cristão anular a lei? A resposta paulina é: “De maneira
nenhuma! Antes, estabelecemos a lei” (Rm 3,31). O que isso significa? Que a fé
cristã não é antinomianista, do grego anti “contra”; nomos, “lei”. Isso
diz respeito aos que erroneamente pregavam que a graça dispensa a obediência. O
apóstolo refutou tal ideia a vida inteira (Gal 5,13).O termo “lei” na língua
hebraica é torá, e esta palavra vem de um verbo que significa “instruir,
ensinar”. Por essa razão, a palavra “lei”, às vezes, refere-se às Escrituras
Sagradas (1Cor 14,21). Esse parece ser o sentido aqui, pois o apóstolo Paulo
estava falando do Antigo Testamento (Rm 3,19). A frase “antes, estabelecemos a
lei” (Rm 3,31b) não significa servidão ao sistema mosaico, mas que a fé
confirma a lei, visto que o Evangelho justifica aqueles a quem a lei condena
(Rm 8,4; 13,10).
Jesus
portanto, não está desafiando os seus discípulos a seguirem os escrúpulos
legalistas dos escribas e fariseus quando afirma: “se a vossa justiça não exceder a
dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mat 5,20).
Antes, ensina que a vida no Espírito requer comunhão com Deus de maneira
abundante e profunda, coisa que nenhum dos rabis contemporâneos de Cristo,
atrelados à letra da lei, não haviam ainda experimentado (Rm 8,8-11).
Podemos
teologizar, portanto, deduzindo que Jesus não revogou a lei, mas a cumpriu
plenamente, e que não há discrepância entre Jesus e Moisés, e que a lei
permanecerá até a consumação dos séculos, pois a fé cristã não é antinomianista
e muitos preceitos do sistema mosaico reaparecem no Novo Testamento, mas agora
amparados pela graça, pois fomos libertos da letra da lei (Rm 3,28; Gl 5,1).
OS
10 MANDAMENTOS DA LEI DE DEUS E O MAGISTÉRIO DA IGREJA:
Conhecer os mandamentos
da Lei divina
§1778 A consciência moral é
um julgamento da razão pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de
um ato concreto que vai planejar, que está a ponto de executar ou que já
praticou. Em tudo o que diz e faz, o homem é obrigado a seguir fielmente o que
sabe ser justo e correto. E pelo julgamento de sua consciência que o homem
percebe e reconhece as prescrições da lei divina:A consciência é uma lei de
nosso espírito que ultrapassa nosso espírito, nos faz imposições, significa
responsabilidade e dever, temor e esperança... E a mensageira daquele que, no
mundo da natureza bem como no mundo da graça, nos fala através de um véu, nos
instrui e nos governa. A consciência é o primeiro de todos os vigários de
Cristo
§1960 Os preceitos da lei
natural não são percebidos por todos de maneira clara e imediata. Na atual
situação, a graça e a revelação nos são necessárias, como pecadores que somos,
para que as verdades religiosas e morais possam ser conhecidas "por todos
e sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro". A lei natural
propicia à lei revelada e à graça um fundamento preparado por Deus e em
concordância com a obra do Espírito.
Consciência e
mandamento
§1777 O juízo da consciência
- Presente no coração da pessoa, a consciência moral lhe impõe, no momento
oportuno, fazer o bem e evitar o mal. Julga, portanto, as escolhas concretas,
aprovando as boas e denunciando as más. Atesta a autoridade da verdade
referente ao Bem supremo, de quem a pessoa humana recebe a atração e acolhe os
mandamentos. Quando escuta a consciência moral, o homem prudente pode ouvir a
Deus, que fala.
Desobediência aos
mandamentos e pecado
§397 O homem, tentado pelo
Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando de
sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o
primeiro pecado do homem. Todo pecado, daí em diante, ser uma desobediência a
Deus e uma falta de confiança em sua bondade.
§1853 Pode-se distinguir os
pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo as virtudes a
que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos que eles
contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a Deus, ao próximo
ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e carnais, ou ainda em
pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz do pecado está no
coração do homem, em sua livre vontade, segundo o ensinamento do Senhor:
"Com efeito, é do coração que procedem más inclinações, assassínios,
adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas
as coisas que tomam o homem impuro" (Mt 15,19-20). No coração
reside também a caridade, princípio das obras boas e puras, que o pecado fere.
§1858 A matéria grave é
precisada pelos Dez mandamentos, segundo a resposta de Jesus ao jovem rico:
"Não mates, não come-tas adultério, não roubes, não levantes falso
testemunho, não dó fraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe" (Mc 10,19). A gravidade
dos pecados é maior ou menor: um assassinato é mais grave que um roubo. A
qualidade das pessoas lesadas é levada também em consideração. A
Violência exercida contra os pais é em mais grave que contra um estranho.
Direito a ser instruído
nos mandamentos divinos
§2037 A lei de Deus confiada
à Igreja é ensinada aos fiéis como caminho de vida e verdade. Os fiéis têm, portanto, o direito de ser instruídos nos
preceitos divinos salvíficos que purificam o juízo e, com a graça, curam a
razão humana ferida. Têm o dever
de observar as constituições e os decretos promulgados pela legitima autoridade
da Igreja. Mesmo que sejam disciplinares, tais determinações exigem a
docilidade na caridade.
Fins dos mandamentos da
Lei
§578 Jesus, o Messias de
Israel, portanto o maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei,
executando-a em sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas
próprias palavras. Ele é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os
judeus, conforme sua própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua
integridade sem violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada
festa anual da Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas
transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São
Tiago, "aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna-
se culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
Lei evangélica e
mandamento do amor
§1974 Os conselhos
evangélicos manifestam a plenitude viva da caridade que jamais se mostra
satisfeita, por não poder dar mais. Atestam seu dinamismo e solicitam nossa
prontidão espiritual. A perfeição da Nova Lei consiste essencialmente preceitos
do amor a Deus e ao próximo. Os conselhos indicam caminhos mais diretos,
meios mais fáceis, e devem ser praticados conforme a vocação de cada um: Deus
não quer que cada pessoa observe todos os conselhos mas apenas aqueles que são
convenientes, conforme a diversidade das pessoas, dos tempos, das ocasiões e
das forças, com o exige a caridade; pois ela, como a rainha de todas as
virtudes, de todos os mandamentos, de todos os conselhos, em suma, de
todas as leis e de todas as ações cristãs, a todos e todas dá seu grau, sua ordem,
o tempo e o valor.
Magistério e sua
autoridade com respeito aos mandamentos
§2036 A autoridade do
magistério se estende também aos preceitos específicos da lei natural, porque
sua observância, exigida pelo Criador, é necessária para a salvação. Recordando
as prescrições da lei natural, o magistério da Igreja exerce parte
essencial de sua função profética de anunciar aos homens o que os homens são de
verdade e recordar-lhes o que devem ser diante de Deus.
Magistério eclesial e
mandamento
§2033 O magistério dos
pastores da Igreja em matéria moral se exerce ordinariamente na catequese e na
pregação, com o auxílio das obras dos teólogos e dos autores espirituais. Assim
se foi transmitindo, de geração em geração, sob a égide e a vigilância dos
pastores, o "depósito" da moral cristã, composto de um conjunto
característico de regras, mandamentos e virtudes que procedem da fé em Cristo e
são vivificados pela caridade. Esta catequese tem tradicionalmente
tomado por base, ao lado do "Credo" e do "Pai-nosso", o
Decálogo, que enuncia os princípios da vida moral, válidos para todos os
homens.
Revelação dos
mandamentos do Decálogo
§2071 Embora acessíveis à
razão, os preceitos do Decálogo foram revelados. Para chegar a um Conhecimento
completo certo das exigências da lei natural, a humanidade pecadora tinha
necessidade desta revelação: Uma explicação completa dos mandamentos do
Decálogos, e tornou necessária no estado de pecado, por causa do obscurecimento
da luz da razão e do desvio da vontade. Conhecemos os mandamentos de Deus pela
Revelação divina que nos é proposta na Igreja e por meio da consciência moral.
Antiga Aliança e o
Decálogo
§2057 O Decálogo deve ser
entendido em primeiro lugar no contexto do êxodo, que é o grande acontecimento
libertador de Deus no centro da Antiga Aliança. Formulados como
mandamentos negativos (proibições), ou à maneira de mandamento positivos (como:
"Honra teu pai e tua mãe"), as "dez palavras indicam as
condições de uma vida liberta da escravidão do pecado. O Decálogo é um caminho de
vida:Se amares teu Deus, se andares em seus caminhos, se observares seus
mandamentos, suas leis e suas normas, viverás e te multiplicarás (Dt 30,16).Esta
força libertadora do Decálogo aparece, por exemplo, no mandamento sobre o descanso
do sábado, destinado igualmente aos estrangeiros e aos escravos:Lembrai-vos de
que fostes escravos numa terra estrangeira. O Senhor vosso Deus vos fez sair de
lá com mão forte e braço estendido (Dt 5,15).
§2060 O dom dos mandamentos e
da Lei faz parte da Aliança selada por Deus com os seus. Segundo o livro do
Êxodo, a revelação das "dez palavras" é dada entre a proposta da
Aliança e sua conclusão, depois que o povo se comprometeu a "fazer"
tudo o que o Senhor dissera e a "obedecer". O Decálogo sempre é transmitido
depois de se lembrar a Aliança ("O Senhor nosso Deus concluiu
conosco uma aliança no Horeb": Dt 5,2).
§2061 Os mandamentos recebem
seu pleno significado no íntimo da Aliança. Segundo a Escritura, o agir moral
do homem adquire todo o seu sentido na Aliança e por ela. A primeira das
"dez palavras" lembra o amor primeiro de Deus por seu povo: Tendo o
homem, por castigo do pecado, decaído do paraíso da liberdade para a escravidão
deste mundo, as primeiras palavras do Decálogo, voz primeira dos divinos
mandamentos, aludem à liberdade: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fez
sair da terra do Egito, da casa da escravidão" (Ex 20,2; Dt 5,6).
§2062 Os mandamentos
propriamente ditos vêm em segundo lugar; exprimem as implicações da pertença a
Deus, instituída pela Aliança. A existência moral é resposta à iniciativa
amorosa do Senhor. E reconhecimento, homenagem a Deus e culto de ação de
graças. É cooperação com o plano que Deus executa na história.
§2077 O dom do Decálogo é
concedido no contexto da Aliança celebrada por Deus com seu povo. Os
mandamentos de Deus recebem seu verdadeiro significado nessa Aliança e por meio
dela.
Divisão e numeração dos
mandamentos do Decálogo
§2066 A divisão e a numeração
dos mandamentos têm variado no decorrer da história. O presente catecismo segue a
divisão dos mandamentos estabelecida por Sto. Agostinho e que se tornou
tradicional na Igreja católica. É também a das confissões luteranas.
Os padres gregos fizeram uma divisão um tanto diferente, que se encontra nas
Igrejas ortodoxas e nas comunidades reformadas.
Exigências e obrigações
do Decálogo
§2054 Jesus, com efeito,
retomou os Dez Mandamentos, mas manifestou a força do Espírito em ação na letra
deles. Pregou a "justiça que supera a dos escribas e fariseus", como
também a dos pagãos. Desenvolveu todas as exigências dos mandamentos.
"Ouvistes que foi dito aos antigos: 'não matarás'... Eu, porém, vos digo:
todo aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no
tribunal" (Mt 5,21-22).
§2067 Os dez mandamentos
enunciam as exigências do amor de Deus e do próximo. Os três primeiros se
referem mais ao amor de Deus, e os outros sete ao amor do próximo. Como a
caridade abrange dois preceitos com os quais o Senhor relaciona toda a Lei e os
profetas (...) assim os próprios dez preceitos estão divididos em duas tábuas.
Três foram escritos numa tábua e sete na outra.
§2072 Visto que exprimem os
deveres fundamentais do homem para com Deus e para com o próximo, os dez
mandamento revelam, em seu conteúdo primordial, obrigações graves. São
essencialmente imutáveis, e sua obrigação vale sempre e em toda parte. Ninguém
pode dispensar-se deles. Os dez mandamentos estão gravados por Deus no
coração do ser humano.
§2073 A obediência aos
mandamentos implica, ainda, obrigações cuja matéria é, em si mesma, leve.
Assim, a injúria por palavra está proibida pelo quinto mandamento, mas só
poderia ser falta grave em função das circunstancias ou da intenção daquele que
a profere.
Sem mim, nada podeis
fazer!
§2081 Os Dez Mandamentos
enunciam, em seu conteúdo fundamental, obrigações graves. Todavia, a obediência
a esses preceitos implica também obrigações cuja matéria é, em si mesma, leve.
A Felicidade, fim
último dos mandamentos do Decálogo
§16 A terceira parte do
Catecismo apresenta o fim último do homem, criado à imagem de Deus: a
bem-aventurança e os caminhos para chegar a ela: mediante um agir reto e livre,
com a ajuda da fé e da graça de Deus (Seção I), por meio de um agir que realiza
o duplo mandamento da caridade, desdobrado nos dez Mandamentos de
Deus (Seção II).
Finalidade dos
mandamentos do Decálogo
§2063 A Aliança e o diálogo entre Deus e o homem são ainda
confirmados pelo fato de que todas as obrigações são enuncia das na primeira
pessoa ("Eu sou o Senhor...") e dirigidas a um outro sujeito
("tu...") Em todos os mandamentos de Deus, é um pronome pessoal singular
que designa o destinatário. Deus dá a
conhecer sua vontade a cada um em particular, ao mesmo tempo que o faz ao povo
inteiro:O Senhor prescreveu o amor para com Deus e ensinou a justiça para com o
próximo, a fim de que o homem não fosse nem injusto nem indigno de Deus. Assim,
pelo Decálogo, Deus preparou o homem para se tornar seu amigo e ter um só
coração com o próximo... Da mesma maneira, as palavras do Decálogo continuam
válidas entre nós [cristãos]. Longe de serem abolidas elas cresceram e
se desenvolveram pelo fato da vinda do Senhor na carne.
Importância do Decálogo
§2065 Desde Sto. Agostinho, os "dez mandamentos"
têm um lugar preponderante na catequese dos futuros batizados e dos fiéis. No século XV, adotou-se o costume de
exprimir os preceitos do Decálogo em fórmulas rimadas, fáceis de memorizar, e
positivas, que ainda estão em uso hoje. Os catecismos da Igreja com
freqüência têm exposto a moral cristã seguindo a ordem dos "dez
mandamentos".
Como vimos até aqui, a
Bíblia mostra que os Dez Mandamentos não têm origem em Moisés ou em seu tempo.
Nem estavam de alguma forma limitada apenas aos judeus. Eles estavam em vigor e
eram conhecidos muito antes de Moisés ou de um povo conhecido como os Judeus
existirem. Eles são a base das leis de Deus que nos mostram como amá-Lo
(definido pelos primeiros quatro Mandamentos) e como amar nossos semelhantes
(definido pelos últimos seis).É por isso que, depois de Jesus Cristo
voltar para estabelecer o Seu Reino glorioso na terra, em Isaías 2,3 nos diz
que “muitos
povos e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à
casa do Deus de Jacó, para que nos ensine o que concerne aos seus caminhos, e
andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei , e de Jerusalém, a palavra do SENHOR”. Nesse tempo, toda a humanidade finalmente vai ser ensinada a
viver de acordo com todas as leis e mandamentos de Deus:
Hebreus 8,10-12: “Esta é a aliança que farei com a
casa de Israel, passados aqueles dias, garante o Senhor. Gravarei as minhas leis na sua mente e as escreverei em seu coração. Eu
lhes serei Deus, e eles serão o meu povo, ninguém jamais precisará ensinar o
seu próximo, nem o seu irmão, dizendo: ‘Conhece o Senhor’, porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até o maior. Pois Eu lhes perdoarei a
malignidade e não me permitirei lembrar mais dos seus pecados...”
Maranatha ! Vem Sr Jesus !
*Francisco José Barros
Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma
Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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