Isaias 33,15-16: “Aquele que anda corretamente e fala o que é reto, que
recusa o lucro injusto, cuja mão não aceita suborno, que tapa os ouvidos para
as tramas de assassinatos e fecha os olhos para não contemplar o mal, é esse o
homem que habitará nas alturas; seu refúgio será a fortaleza das rochas; terá
suprimento de pão, e água não lhe faltará"
"A obsessão transforma o sábio em tolo, e o suborno corrompe o
coração" (Eclesiastes 7,7).
A
corrupção, além de ser pecado contra Deus, prejudica drasticamente a economia
de qualquer país, atrapalha as tomadas de decisões governamentais essenciais, e
consequentemente, causa enormes problemas sociais. A corrupção desonra a Deus, pois
é um comportamento totalmente egoísta e contraria o mandamento que Jesus nos deixou:
"Ame o seu próximo como a si mesmo" (Mateus 22,39).
As
Escrituras nos ensinam que Deus delega certa autoridade ao homem para governar
(Tt 3,1; Prov 8,15). E em Romanos 13,1-4 declara:
“Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por
Deus. Por isso, quem resiste à
autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras,
mas para as más. Queres tu, pois, não temer a
autoridade? Faze o bem e terás louvor dela. Porque
ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar
o que faz o mal.”
Paulo nos oferece
o fundamento sobre o qual podemos compreender adequadamente o sentido do poder
na política, especialmente em relação à sua origem. Ele deixa evidente
que, seja qual for o mecanismo social de escolha das autoridades terrenas, Deus
é a fonte do poder de onde os governantes retiram a sua legitimidade para
governar. Considerando o contexto em que a carta foi escrita, sob a égide do
domínio romano, a declaração de Paulo possui um conteúdo subversivo. Paulo está enfrentando
o poder imperial de sua época ao afirmar que a autoridade suprema não é o
imperador, mas Deus. E quando a vontade do poder público e do povo
entram em conflito com a vontade divina (conf. Ef 6,7), não há outra opção
senão obedecer a Deus (conf. At 5,29). Desse modo, tão errado quanto adorar a César
nos tempos de Jesus, é a lealdade absoluta ao estado nos dias atuais. Esse tipo
de lealdade só devemos a Deus.
Compreendemos que a
política possuí finalidade legítimas. Utilizada de forma correta, ela deve
servir para aprovar leis justas, refrear o mal e praticar o bem, a fim de
proporcionar aos cidadãos uma sociedade onde seja possível a convivência
fraterna, haja liberdade, acesso à saúde, segurança e educação de qualidade,
por exemplo. Apesar de possuir finalidades legítimas, a política infelizmente pode
ser utilizada para fins ilícitos. Isso porque, nem todos aqueles que ocupam
cargos públicos estão preocupados com a sociedade e o interesse coletivo, mas
com interesses, de grupos financeiros e ideológicos. Muitos se valem do
cargo para proveito próprio e aumento do patrimônio pessoal, bem como de
perpetuação no poder, por meio do desvio de dinheiro dos cofres públicos e
outros esquemas, falcatruas e “jeitinhos” para obtenção de vantagens
desonestas, fazendo surgir então a corrupção.
No Brasil, afirma-se
que a corrupção política está impregnada na cultura nacional, ante a
normalidade com que usualmente o problema é encarado. Pesquisa realizada em
2016 apontou que sete em cada dez brasileiros afirmaram já ter cometido pelo
menos uma atitude que pode ser considerada corrupção. Mas os entrevistados não
se assumem: somente 3% deles, questionados se consideram corruptos,
reconheceram que sim (MARETTI, E. - Corrupção no Brasil é
cultural e está enraizada no cotidiano das pessoas. Disponível em
Redebrasilatual – Fev 2016). A existência da corrupção comprova uma
doutrina bíblica irrefutável:
“A depravação moral provocada
pela Queda do homem no pecado, vem comprovar que o homem é totalmente incapaz
de chegar-se a Deus mediante seus próprios méritos e esforços (pelagianismo),
em virtude de sua morte espiritual e natureza pecaminosa; assim como é
completamente incapaz de, por si só, dominar o pecado, o homem, caído, tem a
propensão à corrupção.”
Enquanto o filósofo
francês, do século XVIII, Jean-Jacques Rousseau, dizia que o homem nasce bom e
a sociedade é que o corrompe, ideia esta que se encontra na base de muitas
ideologias contemporâneas, se contrapõe a fé cristã, a qual afirma que o homem já nasce corrompido, com a
propensão para a corrupção nos planos moral, político, jurídico, econômico,
religioso, científico, etc. Essa a razão pela qual a concepção
judaico-cristã, ao compreender de maneira adequada a natureza humana, enfatiza
que “a confiança nas capacidades humanas deve coexistir sempre com uma medida
razoável de desconfiança e precaução em todos os domínios da vida” (conf.
Jer 17,5). Enfim, nada justifica a corrupção, pois os fins não
justificam os meios.
A corrupção acarreta
graves consequências sociais, pois os recursos quando são desviados, se contribui
para a desigualdade e aumento da miséria, reduz o crescimento econômico e
prejudica, por consequência, a oferta dos serviços públicos básicos aos
cidadãos, prejudicando os mais pobres, que muitas ideologias politicas dizem
defende-los. De acordo com Provérbios 29,1-4:
“O povo se alegra com
a administração sábia e justa, mas geme quando os impiedosos dominam.
Igualmente, o governante justo administra corretamente a sua terra, mas o
corrupto a destrói...”
A CESAR O QUE É DE CESAR, E A DEUS O QUE É DE DEUS – A LEGÍTIMA SEPARAÇÃO
ENTRE IGREJA E ESTADO
O ponto de partida
para a efetiva relevância cristã no campo da política tem início com o
entendimento adequado da relação entre Estado e Igreja. Sem uma consistente
interpretação bíblica acerca deste ponto, teremos dificuldades em dar bom
testemunho no ambiente público. Os evangelhos narram um dos episódios em que os
religiosos dos tempos de Jesus tentam, como de costume, colocá-lo em uma
situação embaraçosa diante dos judeus e do Império Romano. Aproveitando a ocasião
em que o Nazareno havia acabado de proferir um dos seus ensinamentos, os
principais dos sacerdotes e os escribas enviam alguns de seus homens em meio ao
povo, para que pudessem apanhá-lo em alguma palavra que o condenasse. Usando um
discurso carregado de falsidade e perversidade eles indagam a Jesus: “Mestre,
nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a
aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito
dar tributo a César ou não?” (Lc 20,21-22). A pergunta põe Jesus em uma
situação complicada e aparentemente sem saída: uma resposta afirmativa
desagradaria aos judeus, que viviam sob o jugo romano; a negação, por outro
lado, confrontaria o próprio Império Romano, o que poderia levá-lo a ser
acusado de sedição. Jesus, porém, sabendo da astúcia de seus interlocutores, toma em suas
mãos uma moeda romana da época e pergunta-lhes: “De quem é esta efígie e esta
inscrição?”. Eles dizem: “De César”. Então, Jesus responde: “Daí a César o que
é de César, e a Deus o que é de Deus” (Lc 20,24-25).Essa frase de Jesus
tem ecoado desde então, servindo como uma passagem basilar na fundamentação da
teologia política cristã, para regular o relacionamento entre a Igreja e Estado.
Majoritariamente, o pensamento cristão histórico tem entendido que a afirmação
de Jesus estabelece distinção entre o poder político e o poder religioso,
separando as esferas do Estado e da igreja como entes autônomos e distintos.
Ainda que a
interpretação mais dominante acerca das palavras de Jesus, indique que Ele
estivesse instruindo seu público que a igreja e o governo têm jurisdição sobre
diferentes esferas de autoridade, a própria pergunta de Cristo acerca da imagem
na moeda contém implicações subjacentes que direcionam para a soberania divina.A
outra pergunta implícita que deve ser respondida é: Quem tem em si a imagem de
Deus? Se a moeda representa a autoridade de César, porque tem nela sua imagem,
então, nós seremos humanos, estamos sob a autoridade de Deus, porque temos em
nós a sua imagem. Assim, o governo e a Igreja, apesar de terem jurisdições
distintas, partilham da obrigação comum de promover o bem-estar daquele que são
feitos à imagem e semelhança de Deus.
Como o
Cristão Deve Lidar com a Política e a Corrupção?
Não há nada de errado
com a participação política dos cristãos, muito pelo contrário, o magistério da
Igreja Católica pede neste campo em vários de seus documentos: “O
PROTAGONISMO DOS LEIGOS”. Enquanto cidadãos, os verdadeiros Cristãos também,
têm direitos e responsabilidades na cidade dos homens (conf. Santo Agostinho). O
apóstolo Paulo valeu-se da cidadania romana para exercer seus direitos e
garantias legais (At 16,37-39; 22,25-28; 25,10-12). Uma vez que os Cristão são
portadores de cidadania política, nos é possível participar da escolha dos
governantes, assim como contribuir com as discussões e o rumo político da
nação. Assim, é de se rejeitar a perspectiva apolítica da comunidade
cristã.Todavia, a participação da comunidade de cristã na arena política não
deve se dar de qualquer maneira. Para ser considerado relevante, é necessário
que o engajamento político do Cristão seja direcionado por uma postura
socialmente adequada e teologicamente consistente. Caso contrário, a igreja
local, corre o risco de escândalo dentre outros aspectos, e ser seduzida:
1)- Pelo desejo de poder
e dominação política, com base em perspectivas ideológicas ateias, teocráticas,
teonômicas, ditatoriais e dominadoras, pondo em risco o princípio democrático.
“Entre vós, não deve ser assim...” (Mat.20,17-28).
2)- Pela ambição de
benefícios próprios, ou aplicáveis somente aos círculos que lhe são simpáticos
e favoráveis a sua causa ideológica, em detrimento do bem comum de todos. Mateus
5,44-46: “Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos
perseguem;para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus, pois que
Ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e
injustos.Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os
publicanos igualmente assim?...”
3)-Pelas propostas, ofertas
de partidos políticos e candidatos, aliando-se a determinadas ideologias que
desfiguram o evangelho de Cristo.
4)- Pela ilusão de
messianismo político, de modo a colocar todas as esperanças neste,naquele
candidato, ou naquela ideologia.
5)- Pela equivocada visão
espiritualista da disputa eleitoral, compreendendo o processo eleitoral
eminentemente com uma batalha espiritual e o adversário como inimigo demoníaco,
demonizando quem pensa diferente, mesmo que trabalhem pelo mesmo objetivo: O
bem comum a todos.
Para o Cristão que
resolve por um chamado de Deus trabalhar na obra de evangelização e resgate de
almas na arena política, sem um modelo bíblico e magisterial adequado, conforme
nos orienta a DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, é ainda mais agravado ao se perceber o
perigo que ele representa a sua própria salvação, reputação de seus familiares,
bem como para sua paróquia, comunidade, movimento e igreja local, numa atuação
de ativismo público e político, construído por si mesmo e usando o nome da
Igreja, sem antes, passar por um processo de discernimento oracional, diálogo com
suas autoridades religiosas e espirituais, bem como suas lideranças políticas,
para o devido amadurecimento, antes da disseminação de suas linhas de trabalho.
A Corrupção
e o Sétimo Mandamento
Por contrariar o
sétimo mandamento (Êx 20,15), a corrupção é severamente condenada aos olhos de
Deus (conf. Lv 19,35-36). Ao longo da narrativa bíblica encontramos várias
advertências contra diversos tipos de corrupção em vários âmbitos:
1)- No funcionalismo
público - Luc 3,12-14: “E chegaram também uns
publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer?E
ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado.E uns soldados o
interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém
trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo...”
2)- No Executivo - Provérbios
29,1-4: “O povo se alegra com
a administração sábia e justa, mas geme quando os impiedosos dominam.
Igualmente, o governante justo administra corretamente a sua terra, mas o
corrupto a destrói...”
2)- No Judiciário: Dt 16,19-20: “Não pervertam a
justiça nem mostrem parcialidade. Não aceitem suborno, pois o suborno cega até
os sábios e prejudica a causa dos justos.Siga única e exclusivamente a
justiça...”
- Isa 5,23: “Ai dos
que por suborno absolvem o culpado,mas negam justiça ao inocente...”
- Sal 82,2: “Até
quando vocês vão absolver os culpados e favorecer os ímpios?...”
- Lv 19,15: “Não
farás injustiça no juízo...com justiça julgarás o teu próximo...”
3)- no Legislativo - Isa
10,1-2: “Ai dos que decretam leis injustas e dos escrivães que escrevem
perversidade para prejudicar os pobres em juízo e para arrebatarem os direitos
dos aflitos do meu povo, para despojarem as viúvas e para roubarem os
órfãos...”
A fé verdadeira tem
um sério compromisso com o combate à corrupção em todos os níveis. Aquele que
teve um encontro com o Senhor e com sua misericórdia, é aconselhado a não
roubar mais (Ef 4,28) e compungido a devolver o que defraudou (Luc 19,8). Não
coaduna portanto, com a crença genuína, a prática de atos desonestos,
fraudadores e corruptos, e nem mesmo o consentimento com aqueles que assim agem
(Rom 1,32).
Se nova vida não
combina com a vigarice, é inconcebível que a bênção de Deus esteja em negócios
escusos e deletérios.
Os autênticos
Cristãos devem, por isso, ter voz ativa no combate a todo tipo de corrupção,
conduta desonesta e fraudulenta. Não podemos nos calar diante dos atos que
dilapidam o patrimônio público e beneficiem aqueles que se enriquecem ou
beneficiam alguma causa ideológica à custa alheia. O cristão não pode silenciar
frente aos descalabros e resultados maléficos provocados pelos atos ilícitos de
homens maldosos. Assim como no Antigo Testamento, a voz profética deve ser
ouvida nas ruas da sociedade.
Em tempos de crise moral
na política e na saciedade, a igreja
pela sua própria identidade em ser COLUNA E SUSTENTÁCULO DA VERDADE (I
Tim 3,15), deve conscientizar, denunciar e mobilizar-se para propósitos
cívicos legítimos e evangélicos, não ideológicos. O poder do Espírito Santo
capacita o Cristão à participação política de forma justa, amorosa, e ao mesmo
tempo corajosa, na vida pública, confrontando, quando for o caso, o próprio
Estado.
Muitos brasileiros já
se perguntaram: "Onde está Deus nessa situação? Quando é que Ele vai
julgar os corruptos, já que a nossa justiça não faz nada?" Devemos saber
que Deus vê todas as coisas e que Ele é completamente justo, ou seja, Ele
promete bênçãos sem medidas àqueles que O obedecem, mas também julga com rigor
todos que se recusam a andar conforme a Sua justiça e misericórdia. Como infelizmente,
vemos somente corrupção e injustiça nos jornais, pensamos que o mal está no
controle e que não vale mais a pena sermos honestos e tementes a Deus.
Mas a Bíblia deixa claro que devemos continuar fazendo o que é certo, pois no
tempo certo os ímpios colherão consequências terríveis:
"Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é
correto aos olhos de todos. Façam todo o
possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas
deixem com Deus a ira, pois está escrito: "Minha é a vingança; eu
retribuirei", diz o Senhor. Pelo contrário: "Se o seu inimigo
tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você
amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele". Não se deixem vencer pelo
mal, mas vençam o mal com o bem" (Romanos
12,17-21).
O que nós, como
Cristãos, podemos fazer?
É
comum nos sentirmos incapazes de fazer qualquer coisa diante de tanta sujeira e
corrupção. Mas Deus através da sua palavra e do magistério da Igreja, nos exorta primeiramente
(não exclusivamente) a rezar pelo nosso país, principalmente por
aqueles que são nossos líderes. Deveríamos nestes tempos difíceis rezar todos
os dias esta oração oficial e recomendada pela Igreja:
“Deus e Senhor nosso, protegei a vossa Igreja, dai-lhe santos pastores e
dignos ministros. Derramai as Vossas
bençãos sobre o Nosso santo Padre, o Papa, sobre o nosso (Arce)bispo, sobre o
nosso pároco e sobre todo o clero; sobre o Chefe da Nação e do Estado para que
governem com justiça.Dai ao povo brasileiro paz constante e prosperidade completa.
Favorecei, com os efeitos contínuos de Vossa bondade, o Brasil, este
(arce)bispado, a paróquia em que habitamos, a cada um de nós em particular e a
todas as pessoas por quem devemos orar ou que se recomendaram às nossas orações.
Tende misericórdia das almas dos fiéis que padecem no purgatório: dai-lhes,
Senhor, o descanso e a luz eterna. Amém.”
Graças
a Deus e dedicação de muitas famílias Cristãs, ainda existem homens e mulheres
dedicados a fazerem o que é certo, mas infelizmente ficam impotentes por
estarem rodeados de pessoas corruptas. Eles precisam de nossas orações
e da sabedoria de Deus. A Bíblia nos manda orar "pelos reis e por todos os
que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com
toda a piedade e dignidade" (1 Timóteo 2,2). Imagine só como seria o nosso
Brasil se todos fizéssemos uma corrente de orações ininterruptas, ao invés de
ficarmos só reclamando de nossas autoridades. Não estou dizendo que não temos
motivos para reclamar, e não devamos fazer, mas quero dizer que a Bíblia que é
a Palavra de Deus, e em momento algum ela diz que devemos amaldiçoar e desejar
o mal a nossas autoridades legitimamente constituídas. Mas devemos sim,
convocar todo o povo de Deus, independente de denominação religiosa, para fazermos
um grande clamor a Deus e mudarmos este momento da história em que estamos
vivendo. Porém, se continuarmos vivendo presos ao pecado, independentes de
Deus, explorando a fé das pessoas, se corrompendo e se prostituindo com o
"deus" da segurança, do ter, do poder, do prazer, fama, do egoísmo, da
vaidade, da luxúria, etc, Deus não tem como nos abençoar, pois o Deus de nossos
pais é fiel a suas promessas:
"Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar,
buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei,
perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra" (2 Crônicas 7,14).
Além
disso, como Cristãos precisamos combater a corrupção através do nosso próprio
exemplo. Ou você acha que somente quem ocupa altos cargos políticos podem se
tornar corruptos? Podemos evitar muitos contratempos seguindo os ensinamentos
das escrituras sagradas, que é um livro sábio e que nos torna sábios. A
Palavra de Deus nos ensina muitas coisas, entre elas, nos ensina até normas de
etiqueta social de como nos sentar à mesa (Lucas 14,7-11), como escolher nossos
amigos (Provérbios 12,26;13,20; 17,17;18,4;27,6.17;22,24-25;I Cor 15,33;
Eclo6,7.14.17).Quero citar alguns exemplos de corrupção presentes no
nosso dia a dia, que muitas vezes nem percebemos, e que acabam nos anestesiando
nas palavras do Papa Francisco:
-
Recusar-se a dar Nota Fiscal para não pagar impostos. (E depois fica a reclamar dos
serviços públicos...)
-
Não declarar Imposto de Renda.
-
Tentar subornar o guarda de trânsito para evitar multas.
-
Falsificar carteirinha de estudante.
-
Deliberadamente dar ou aceitar troco errado.
-
Roubar assinatura de TV a cabo, ou compra e venda de produtos piratas.
-
Furar fila e ocupar vagas de deficientes e idosos.
-
No trabalho, bater ponto pelos colegas faltosos.
-
Falsificar assinaturas.
-
Mentir para receber benefícios sociais de forma fraudulenta.
-
Fazer uso fraudentos (gatos) de serviços de água e luz.
-
Tomar posse de objetos perdidos sem entregar nos pontos de achados e perdidos.
-Pedir
emprestado objetos e dinheiro, não devolver, e nem ao menos dar satisfações a
quem lhe emprestou:
Romanos 13,8: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o
amor com que vos ameis uns aos outros...”
Provérbios 22:26-27: “Não aceite ser fiador de ninguém, porque,
se você não puder pagar a dívida, levarão embora até a sua cama...”
Eclesiástico 29,2-10: “Empresta a teu próximo quando ele precisa; por tua vez, restitui ao
próximo no tempo devido. Cumpre tua palavra e trata lealmente com ele, e em qualquer
oportunidade encontrarás o que te é necessário. Muitos consideram o empréstimo um achado e causam desgosto aos que os
ajudaram. Enquanto não recebem, beijam as mãos do doador e amaciam a fala
diante das riquezas alheias; na época do vencimento, pedirão tempo e proferirão
palavras de enfado e de críticas e se queixarão do prazo. Mesmo se puderem
pagar, ainda farão dificuldades; mal restituirão a metade do capital e o credor
a compara a um achado. E se não puderem pagar, fica fraudado de seu próprio dinheiro
e ainda ganha um inimigo de graça. Pagam-no com injúrias e maldições e,
pelas honras e o benefício, lhe retribuem com a ofensa. Muitos deixam de
emprestar, não por maldade mas porque receiam ser defraudados sem motivo.”
Se
aceitarmos estes supostos pequenos atos de corrupção, estaremos concordando com
as coisas erradas que vemos em nosso país. Sabemos que este mundo nunca será perfeito
até a volta de Jesus, e enquanto o Senhor não vem nos buscar, mas Deus quer que
como Cristãos, sejamos luz neste mundo em trevas, glorificando-O
através de nossas vidas e atitudes.
CONCLUSÃO:
Devemos
estar conscientes que a tão almejada “mudança,” e ou, “renovação” não deve vir
apenas com a troca de pessoas em cargos políticos, mas deve ser embasada na
mudança de valores, ou seja pela conversão, e não somente pela prática da
justiça, pois se a paz é fruto da justiça, a justiça é fruto da conversão, e
não de simples mudanças físicas de estruturas e ou, pessoas. A fidelidade aos
autênticos valores que alguém carrega, é que determinam suas atitudes, seja na
tomada de decisões políticas, seja na vida cotidiana. Sendo assim, é
fundamental escolher candidatos com valores morais e éticos respaldados na
verdade e justiça para haver, verdadeiramente, uma transformação política
positiva no Brasil.Um cristão deve votar em outro candidato cristão para que
seus valores morais sejam representados? Votar em candidatos cristãos fará com
que a corrupção em nosso país diminua? Essas são perguntas recorrentes no meio
cristão quando se trata de escolher candidatos para as eleições. Mas o que a
palavra de Deus nos fala a esse respeito?A Bíblia possui muitos exemplos de
como a corrupção é prejudicial a um povo ou nação, e nela existem conselhos
valiosos a esse respeito. A ganância, que é uma forma de idolatria (Col 3,5), que
produz corrupção. Com a corrupção vem a injustiça, que gera cada vez mais
injustiças. O ponto central, porém, é a quem essas palavras se referem. Paulo
escreveu-as para a igreja de Colosso no contexto da segunda dispersão do povo
judeu. Aquele povo já havia assimilado várias culturas e tendências de outras
religiões. Ganância e injustiça caracterizavam o povo judeu na igreja de
Colosso naquele tempo. O povo deixou-se contaminar e passou a propagar tais
atitudes.
O
fato de ser cristão não exime e nem torna ninguém imune a corrupção. A palavra
de Deus dá apenas o remédio, não a vacina. Este remédio está ao nosso alcance
de todos os Cristãos. Ao toma-lo constantemente, ele vai nos dando a capacidade
de ver, nos, arrepender dos pecados cometidos e tentar corrigir-se. É
importante portanto, que o cristão, ao escolher um candidato, não o faça só por
ser da mesma religião, ou mesmo partido ideológico, pois a duras penas temos
aprendido que ateísmo, religião e partido politico não definem caráter. A
palavra de Deus ensina como governar para que a nação seja próspera e justa.
Contudo somente saberão esses princípios aqueles que deixam seu caráter ser
moldado por Cristo e pelas Escrituras. Todos nós somos passíveis de erros, mas
aquele que ouve e pratica os conselhos e ensinamentos contidos na Palavra de
Deus tende a errar menos. Que este tempo de esperança seja de renovação
para o Brasil. Se no pouco somos fieis, sobre o muito podemos ser colocados.
Caso contrário, será apenas tolice escolher como candidato alguém que possui um
belo discurso, mas suas atitudes não condizem com a verdade e a justiça da
Palavra de Deus.Que Deus seja o árbitro de todas as nossas decisões, inclusive
as escolhas políticas que faremos para mudar nossa nação.Diante desse contexto,
o que pode fazer o justo? De que maneira o povo cristão pode contribuir com a
dimensão política da nação e colaborar para a boa governança pública e o
combate à corrupção? A fé cristã tem muito a fornecer ao processo político,
pois das Escrituras podem ser extraídos princípios vitais para a vida pública.
BIBLIOGRAFIA:
- GUERRA, JEAN BRÁS. Mundanismo hoje
(Reflexões do Papa Francisco): Fortaleza-Ce. Ed. Shalom,2019.
- MACHADO, BECKWITH F.
Política,
fé e separação entre igreja e estado, 2013.
- BERGOGLIO, JORGE M.
Corrupção
e Pecado. Ed. Ave Maria.
- BONINO, M. Em
busca de poder. Ebook Kindle. Rio de Janeiro: Editora Novos Diálogos,
2011.
- FERREIRA, F. Contra
a idolatria do estado: o papel do cristão na política: São Paulo: Vida
Nova.
Apostolado Berakash
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