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A mensagem Cristã nas obras de J.R.R. Tolkien: Hobbit e “O Senhor dos Anéis

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 6 de julho de 2017 | 22:06






20 exemplos de que "Hobbit  e O Senhor dos Anéis"  de J.R.R. Tolkien , é Cristão e Católico!




Muitas pessoas desinformadas acham que a obra de Tolkien (O Senhor dos anéis) tem conteúdos malignos e demoníacos. As acusações vão dês de mensagens subliminares a até bruxaria. Mas vamos analisar a FUNDO a obra de Tolkien. Em vez de você confiar em seu Pastor que não estudou a literatura de Tolkien, que tal confiar em quem estudou? Essa é a primeira parte da Explicação do Padre Paulo Ricardo a respeito da real mensagem que é passada pelo autor. Existe uma mensagem nas obras deste autor Católico, e a mensagem é uma mensagem cristã. Será mesmo que quem critica tanto assim a obra dele sabe reconhecer uma mensagem cristã? Por que será que eles não reconhecem o evangelho em uma obra se afirmam que  leem a bíblia dia e noite?...estranho...muito estranho... 





Veja o link abaixo e tire suas conclusões:






  



“O Senhor dos Anéis: As Duas Torres”, o segundo filme baseado na Trilogia de J.R.R. Tolkien, estreou nos cinemas norte-americanos em 18 dezembro de 2002. Graças à visão e persistência do cineasta neozelandês Peter Jackson e com o apoio financeiro da Warner Brothers e New Line Cinema, essas grandes histórias se tornaram mais acessíveis a milhões em todo o mundo.Tolkien tinha esperança de que outros viriam depois dele e, como outros mitos, adaptariam as histórias da Terra Média para torná-las aplicáveis e acessíveis para as novas gerações. Peter Jackson está fazendo isso, e fazendo-o muito bem. O terceiro e último filme da série foi lançado em dezembro de 2003.J.R.R. Tolkien escreveu: “O Senhor dos Anéis é, naturalmente, de um caráter essencialmente religioso e uma obra católica. Inconscientemente assim no início, mas conscientemente na revisão” [1] Pelo projeto O Senhor dos Anéis não é uma alegoria cristã, mas sim um mito inventado [2] sobre as verdades cristãs e católicas. Mas isso apresenta um problema para os cineastas. Porque  cristã?porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. (Efésios 6,12).E quando se trata de filmes, o público DEVE ver tudo e qualquer coisa que é importante para a história. Assim, o conflito não pode ser algo que o protagonista se envolve em um nível puramente espiritual ou emocional – como o perdão, a culpa, a justificação, ou resgate. A fonte do conflito tem de ser visível.Felizmente – não menos que providencialmente – Tolkien passou um tempo de vida subcriando (como ele a chamava) a Terra Média, que contém entidades físicas, representando tudo o que é bom e ruim em nossas viagens terrestres. Há anões, elfos, orcs, magos, hobbits, ents, trolls, espectros, Uruk-Hais e pelo menos um Balrog – todos com suas próprias línguas, culturas, história e mitos – misturando-se com os seres humanos em uma batalha grandiosa e épica com o mal.Mas não é só uma batalha contra o mal que faz de O Senhor dos Anéis uma obra fundamentalmente cristã e católica, e vamos demonstrar. Abaixo estão alguns destes exemplos e um que é exclusivo para os filmes de Jackson. Você pode dizer qual é?








Aqui estão algumas das formas em que O Senhor dos Anéis é um mito cristão:

 




1)- As trevas permeia a Terra-média, onde homem, feras e natureza são chamados para uma aventura cheia de perigo e de esperança. Aqui é como Elijah Wood explica o tom dominante do filme: não importa o quão ruim as coisas estão, não importa quanto mal há no mundo, há sempre algo bom pelo que vale a pena lutar, um valor para apoiar e vale a pena algum esforço na realização disso. [3]






2)- O Um Anel ilustra como o mal pode seduzir e escravizar. Belos anéis de ouro são atraentes para usar. Mas quando o colocamos em nossos dedos anunciamos a nossa devoção e lealdade ao seu proprietário.





3)- Gandalf e Saruman, embora não sejam análogos, têm características, objetivos e experiências semelhantes aos de Jesus e Satanás. Gandalf é tentado em uma batalha com Saruman que não é diferente da de Cristo ser tentado por Satanás no deserto.





4)- O mal é parasitório e só pode destruir o que foi criado. Tudo o que Eru Ilúvatar (Deus) criou na Terra Média (e em nosso mundo) é bom. Foi a perversão e corrupção disso que criou o mal. Só o bem pode existir por si só. O mal só pode viver fora o que é bom.





5)- Como todos os cristãos, Frodo é chamado para arriscar a sua vida através de grandes perigos para salvar os outros. Frodo, como nós, não parece estar à altura da tarefa. Ele não tem qualquer talento óbvio adequado para a guerra. Mas ele é escolhido, como nós somos. Somos todos necessário para o grande plano de Deus ser cumprido, e até mesmo o improvável e repugnante Gollum é necessário. E quando Frodo pergunta: “O que pode um pequeno hobbit fazer?” – Isaías responde “Uma criança os guiará “(11,6).





6)- No condado, os hobbits vivem naturalmente uma vida beatífica que Cristo chama os cristãos a viver. Os hobbits são os mansos que herdarão a terra, os misericordiosos que recebem misericórdia, os puros de coração, e os pacificadores. (Mt 5,3-12)





7)- Como todos os cristãos, os personagens de Tolkien são chamados a desempenhar funções em um uma história que é muito maior e mais importante do que eles estão cientes. Assim como não temos conhecimento de tudo o que aconteceu antes de nós, [4] assim Gandalf, no final do O Hobbit, diz a Bilbo “você realmente não acha que todas as suas aventuras e fugas foram geridas por mera sorte, apenas para seu benefício exclusivo? Você é apenas um pequeno ser em um mundo gigantesco”.





8)- Há um desejo para o retorno do rei. Como cristãos esperam para o retorno de Cristo Rei, assim os povos livres da Terra-média esperam que seus reinos estejam unidos mais uma vez na paz e na justiça sob o herdeiro legítimo. Eu mencionei que Aragorn se parece com Cristo?





9)- A Sociedade do Anel é constituída de diferentes personagens com diferentes dons adequados para combater mal – a diversidade os mantém unidos. Isso não é diferente da diversidade de dons espirituais e talentos temporais dado para os diferentes membros da comunidade cristã para a unidade da corpo – para que possamos ser dependentes uns dos outros.





10)- Ao deixar Lórien, cada um dos membros da Irmandade é equipado com um manto élfico personalizado encapuzado que não é muito diferentes da armadura de São Paulo em Efésios 6,10-17. Mais uma vez, Tolkien não gostava de alegoria, assim as capas não são exatamente como a armadura da salvação de S. Paulo. Mas eles têm traços místicos de grande ajuda que os mantêm seguros em sua batalha com o mal.






11)- Os sacramentos não são símbolos. Para sua viagem, Galadriel graciosamente dá à Irmandade – uma representação da Igreja – sete dons místicos; não meros símbolos, mas essas reflexões cintilantes da Igreja dos sete sacramentos – a transmissão da graça espiritual através de ritos temporais. E no seu Espelho, Galadriel zomba do escárnio dos reformadores da magia eucarística na missa quando ela diz: Isto é o que seu povo chamaria de mágica, eu acho, embora não entenda claramente o que querem dizer, além do fato de eles usarem, ao que parece, a mesma palavra para os artifícios do Inimigo.






12)- Assim como a graça e a criação são experimentadas através de um sacramento, da mesma forma o controle e destruição são experimentados através de um antisacramento – o Um Anel. O anel que Frodo carrega não é simbólico mas funciona como um antisacramento. Dependente da disposição espiritual de uma pessoa, um sacramento literalmente permite a graça e vida fluírem para uma pessoa através do reino físico. De mesmo modo, na Terra Média, a disposição espiritual dos carateres fá-los mais ou menos suscetíveis ao poder antisacramental do anel que, se usado, literalmente traz a maldade e a destruição sobre o portador.





13)- Os protagonistas buscam absolutos, rejeitando qualquer espécie de relativismo. Na Terra Média há uma incondicionalidade do que é certo e errado. Não há a insinuação do relativismo moral que separa os diferentes povos, raças, ou criadores das terras livres. Aragorn diz a Éomer: ‘O bem e o mal não mudaram desde o ano passado; nem são uma coisa para os elfos e anões e outra coisa para os homens.





14)- Os protagonistas abraçam o sofrimento como um requisito para trabalhar pela sua salvação. Não basta simplesmente acreditar ou ter fé para ser livre da tirania do mal. Cada um de nossos protagonistas devem se sacrificar e trabalhar duro por meio de grandes perigos para garantir a sua salvação e a ordem certa de seu mundo.






15)- O Condado, descrito como a comunidade ideal, reflete os ensinamentos sociais do catolicismo. Os hobbits beneficiam-se de uma estrutura de comunidade com pouca organização formal e menos conflito. Eles só trabalham o bastante para sobreviver e para desfrutar da companhia uns dos outros. Não há nenhum ciúme, nenhuma ganância, e raramente alguém faz algo inesperado. Há uma inteireza e benevolência  que parece vir naturalmente da abnegação.






16)- Gandalf, o mordomo de todas as coisas boas no mundo, reflete o papado. Gandalf é líder dos livres e fíeis. Ele é administrador de todas as coisas boas no mundo, mas ele nunca afirma governar nenhuma terra. Como os papas da história fizeram com reis e imperadores do nosso mundo, Gandalf coroa reis e os abençoa a governar com justiça e paz.









17)- A Terra Média reflete a ideologia de uma hierarquia corporativa moral, e não o individualismo. Não há democracia ou república na Terra Média. Há líderes espirituais como Gandalf, e reis como Théoden e Elessar com senhores e vassalos. Não há defesa do individualismo, nenhuma reclamação de escolha, e nenhuma justificativa para um indivíduo seguir sua consciência.




18)- Há uma senhora mística, como A Mãe, que responde milagrosamente a pedidos de ajuda. A senhora é chamada de Varda (ou, em élfico, Elbereth ou estrela-rainha) e, embora ela nunca seja vista, ela é descrita como santa e rainha, e quando o seu nome é invocado – “Oh, Elbereth! Gilthoniel! – como Frodo e Sam fazem ocasionalmente, ocorrem milagres que protegem a busca e derrotam o inimigo presente.




19)- O Sinal da cruz. No final do primeiro filme (e o início do segundo livro) Aragorn se ajoelha ao lado do mortalmente ferido Boromir – e quando ele morre, Aragorn faz um sinal rudimentar que primeiro toca na testa e depois seus lábios. É uma saudação para Ilúvatar, Aquele que criou tudo.











20)- Há uma última partilha do cálice e pão, não é diferente do maná do AT e seu cumprimento na Eucaristia. Antes da Irmandade se afastar de Lórien, Galadriel manda cada um para participar de um ritual de despedida e beber de um cálice comum. Mais significativo é o pão élfico místico dado na comunhão – lembas ou pão de viagem. Uma pequena quantidade desta nutrição sobrenatural sustenta um viajante por muitos dias de viagem. Tudo isso deve tornar a visualização ou leitura de O Senhor dos Anéis mais interessante e uma experiência perspicaz tanto para cristãos e católicos. Uma descrição mais completa destes temas podem ser encontradas nos seguintes livros que foram utilizados para este artigo.




Bibliografia





-J.R.R. Tolkien’s Sanctifying Myth: Understanding Middle-earth. Bradley Birzer, 2003. Wilmington, DE: ISI Books.


-Tolkien: A Celebration. Collected writings on a literary legacy. Edited by Joseph Pearce, 1999. San Francisco: Ignatius.


-Finding God in The Lord of the Rings. Kurt Bruner and Jim Ware, 2001. Wheaton: Tyndale House.


-Tolkien: Man and Myth. A literary life. Joseph Pearce, 1998. San Francisco: Ignatius.




Notas de Referências




1)- Enquanto Tolkien escreveu que na sub-criando essas histórias sua lealdade era para Cristo e a Igreja, a fidelidade Jackson foi a Tolkien. Jackson fez este comentário a um grupo de escritores cristãos: “Queríamos homenagear Tolkien e, obviamente, ele era uma pessoa muito espiritual. Nós fizemos uma abordagem de nunca tentar colocar em nossa própria mensagem ou a nossa própria bagagem para esses filmes. Queremos que os filmes o respeitem e o que ele era.” (Entrevista, Nova York, 4 de dezembro de 2002)



2)- Para Tolkien, os mitos são verdadeiros porque eles fazem parte de nossa imaginação criada por  Deus e porque elas nos trazem “uma alegria que tem o gosto de uma primeira verdade”. Para Tolkien, a história de Jesus Cristo é um “mito verdadeiro.” Quando Tolkien compartilhou este conceito com C.S. Lewis durante uma caminhada à tarde, Lewis sentiu “uma corrida de vento que veio tão de repente”, e dentro de dias proclamou sua crença em Cristo, tornando-se em um dos apologistas mais eficazes docristianismo. (Veja também o ensaio de Tolkien, Sobre Contos de Fadas)



3)-Entrevista, New York Cit, 4 de dezembro de 2002.



4)- Leia O Silmarillion por J.R.R. Tolkien e editado poer seu filho Christopher, também o Apêndice que se segue imediatamente a terceira parte da trilogia: O Retorno do Rei.





Por Stan Williams




A MENSAGEM CRISTÃ EM HOBBIT









Esse artigo é mais recomendado para aqueles que viram o último filme da série O Hobbit (A Batalha dos Cinco Exércitos), ou para ser relido depois de visto o filme, para que seja bem compreendido. Sou suspeito para falar, mas ele é, a meu ver, o melhor de todos os demais filmes da série. Não sei se é minha memória ou se o melhor doce é aquele que a gente está provando naquele momento. Só sei que fiquei bastante surpresa com o filme, pois ele tem uma mensagem contrária à filosofia “de-hollywood”, do “self-made man”, da riqueza e bem-estar a todo custo e a filosofia das novelas, em que vence o mais esperto, e não o mais honrado.Há uma questão de corrupção pelo amor à riqueza, a ganância é estampada com todas as letras, nua e crua, em cenas de horror. A guerra, a violência se faz em nome dele. Muitos vão dizer: esse filme é mal, pois incita a violência e tem muita magia. Veja lá: os heróis não são os que atacam, mas os que se defendem, que lutam contra o mal. E essa batalha é honrada em todas as instâncias e planos. A Bíblia mesma diz: "porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes." (Efésios 6,12).Se me perguntassem do que trata o filme, eu diria: de ganância, corrupção, mas também das virtudes necessárias para lidar com estes defeitos: lealdade, coragem (ou seria amor?), fé e esperança, que são as virtudes teologais de São Tomás de Aquino, aproveitadas por Lewis em “Cristianismo Puro e Simples”. Eu também diria que é um filme para quem acha problemático assisti-lo. Afinal, o “problema” é não assisti-lo.Há também que se considerar o herói da história. Veja, o ser mais desprezível de todos, o menos heroico, um “hobbit”, baixinho e de pés grandes e peludos, é quem resolve o problema (já nas “quartas de final de campeonato”). Se bem que, no final de tudo, são as águias, símbolo divino recorrente em Tolkien, que salvam a situação. Mas o hobbit foi peça fundamental na obra de redenção de Terra-Média.Na verdade, há uma hierarquia de situações, como na “Divina Comédia” de Dante, em que os males infernais vão se intensificando na medida em que a história vai avançando, mas aí então vem a libertação, em doses homeopáticas: para cada mal a sua cura e para cada situação a sua solução (muitas vezes inverossímeis demais, confesso, a ponto de arrancar risos da plateia). Então, mais uma vez, como em “O Senhor dos Anéis” (sobre o qual escrevi o livro “O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética”, aqui pela Editora Ultimato) o grande ponto positivo do filme é sua moral, seu código e ética, e, no caso, código de guerra.O primeiro autor que eu li a respeito dos benefícios que a guerra pode trazer foi C.S. Lewis. Em “Learning in wartime” (“Aprendendo em tempos de guerra”, capítulo de “The Weight of Glory” – “O Peso da Glória”), ele fala, por exemplo, que a perspectiva da morte eminente faz com que as pessoas reavaliem a sua tábua de valores. De repente, surge a solidariedade; de repente, o trabalho em equipe, mas surge também, o mau-caráter, que até em tempos de guerra quer tirar proveito. Então, estão expostos os dois lados da guerra: do horror e do artifício divino (ou seria milagre?) de transformar o mal em bem. E o bem sobrepuja o mal, mesmo estando em minoria, mesmo quando se tem todos os motivos para perder a esperança.De forma parecida com o livro “O Senhor dos Anéis” ainda, há muitas cenas depois da derrota do inimigo. Cenas de purga, de reparação do mal causado à Terra Média. E no final de tudo, há um retorno, um regresso ao lar perdido, à toca querida, quase expropriada. Não vou falar muito do final para não tirar a graça, mas preste atenção nas últimas cenas! Elas contêm muito da moral Cristã.

 

Por que O Hobbit é Católico?

 

 

O filme de Peter Jackson atrai fãs por ser fiel à carga religiosa da saga de J.R.R Tolkien





*LUÍS ANTÔNIO GIRON






Ao assistir ao filme O Hobbit – uma jornada inesperada, do diretor neozelandês Peter Jackson, senti a mesma alucinação recorrente que tive quando vi os três filmes de O senhor dos Anéis, também de Jackson, no início da década passada. O ambiente concebido pelo escritor inglês J.R.R. Tolkien e recriado em alta tecnologia digital (filmagem em 3D e 48 quadros por segundo) por Peter Jackson é o dos romances da Idade Média, com seus cavaleiros, senhores de territórios fragmentários, o amor cortês, o misticismo ardente e superstições materializadas em seres fantásticos.  Mas voltemos à alucinação. Consigo perceber uma cruz invisível atravessando todas as sequências. A cruz não se encontra estampada nos trajes dos elfos e não está fincada no topo da Montanha Solitária, mas é como estivesse lá, sub-reptícia, uma marca d’água. É como se Tolkien houvesse subtraído o símbolo mais ostensivo do Cristianismo - talvez porque fora utilizado militarmente durante as Cruzadas - para que viessem à tona os valores que a cruz oculta e ofusca.  Assim, o jogo de ausência e presença simbólica da religião no filme e na obra de Tolkien é tão sutil como insidioso. Não apenas Tolkien faz uma defesa dos fundamentos cristãos, como sobretudo enfatiza a beleza e a aura divina do catolicismo. Isso se dá não só porque Tolkien era um católico fervoroso que trabalhou ao abrigo da Universidade Oxford – assim como seu amigo C.S. Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, outra manifestação cristã (Lewis era anglicano, o que não deixa de ser uma forma de catolicismo desprovida de papa) sob a forma de alegoria fantástica. Tolkien e Lewis acreditavam na literatura como um estágio necessário para a transformação espiritual da humanidade e sua elevação aos rituais mais belos... que se encontram no Vaticano, cuja origem está na ritualística pomposa do Império Romano.Tolkien fez o seu catolicismo penetrar no romance O Hobbit (1937) e na sua sequência, a trilogia de romances Senhor dos Anéis (1954-1955). Embora ele quisesse, no fim das contas, narrar uma boa história, esperava que seus leitores evoluíssem espiritualmente com ela. Dizia que um dos objetos “subcriativos” de seu projeto era “a elucidação da verdade, e o encorajamento da boa moral neste mundo real, através do antigo artifício de exemplificá-las em personificações pouco conhecidas, que podem tender a prová-las”. A citação está no livro Encontrando Deus em O Hobbit (Thomas Nelson, 200 páginas, R$ 29,90), de tolkienólogo Jim Ware, um dos muitos lançamentos “místicos” e de autoajuda (ou autoilusão) na esteira do lançamento do filme de Peter Jackson. Jim Ware diz que garante que o leitor “vai encontrar Deus” ao ler O Hobbit. Talvez isso seja difícil. Mais fácil é encontrar os preceitos da Cúria Romana na saga.  Aqui me permito um desvio sobre a composição das obras, que ajudará a compreender melhor o processo criativo e a crença de Tolkien. O Hobbit é um prelúdio da trilogia do Anel, e nesse sentido mantém um estreito parentesco espiritual e estrutural com a tetralogia operística O Anel dos Nibelungos (1876), de Richard Wagner, com seu prólogo e a saga dos deuses dominados pelo ouro do rio Reno (Wagner foi acusado por Nietzsche de se render ao catolicismo bávaro ao fim da vida).No ensaio Explorando o universo do Hobbit (Lafonte, 258 páginas), o medievalista (como Tolkien) Corey Olsen afirma que Tolkien revisou O Hobbit, pensado inicialmente como um livro infantil, com o objetivo de ampliar a história da Terra-média e inseri-lo na composição final de Senhor dos Anéis. Alterou, por exemplo, o encontro do Gollum com Bilbo Bolseiro, para que o achado do anel ganhasse mais consistência. Na versão original, Bilbo, um depositório inconsciente da ética católica, apossou-se do anel e se despediu do Gollum de maneira amistosa, não sem uma dose de culpa, já que o Gollum não havia notado o furto. Na nova versão, o Gollum percebe-o e jura odiar para sempre o hobbit. O ódio se torna um alicerce para a trama levada adiante pelo sobrinho de Bilbo, Frodo, em O Senhor dos Anéis. Curiosamente, Peter Jackson faz quase a mesma coisa: ele seguiu Tolkien para encaixar O Hobbit como prelúdio a Senhor dos Anéis. Mesmo assim, Jackson desrespeitou a organização da obra para prolongar O Hobbit em três filmes – o que tornou o primeiro longa-metragem arrastado e repleto de flash-backs irritantemente explicativos.



A organização retroativa proposta por Tolkien fornece às aventuras dos hobbits, anões, elfos, trolls, magos e orcs um qualidade arquitetônica. Sua tetralogia como que derrete a ordem perfeita da Catedral de São Pedro no Vaticano para reencenar com suas figuras, alegorias e simbologia uma aventura de revelação em um ambiente alienígena, em uma geografia imaginária.  No mapa de Tolkien ingressam transfigurados os princípios elementares do catolicismo. Assim como a viagem de Gandalf, Bilbo (interpretado no filme pelo ator inglês e católico Martin Freeman) e os 13 anões é uma representação da volta à Terra Prometida (os anões pertencem a um povo valoroso, porém espoliado de seus tesouros pelo dragão Smaug), abençoada por um hobbit bondoso, a história da peregrinação a Mordor e a devolução do anel pode ser lida como uma alegoria do Evangelho encoberta sob o manto da fábula. Pode-se deduzir que O Hobbit é o Velho Testamento; Senhor dos Anéis, o Novo. Todos os volumes da história da Terra-média de Tolkien (Os filhos de Húrin, O Silmarilion etc.) compõem uma versão fabulosa e medievalesca da Vulgata Latina, a tradução da Bíblia para o Latim feita por São Jerônimo no século III d.C., considerada o texto oficial das Sagradas Escrituras pelo Vaticano.  



Além dessas transposições, é possível identificar quatro aspectos mais evidentes do Catolicismo no enredo de O Hobbit e Senhor dos Anéis:






1)- Em primeiro lugar, Bilbo, um hobbit aparentemente conformista, torna-se o escolhido para viver uma aventura: seguir com os anões à Montanha Solitária, atravessando terras ermas e perigosas, para enganar Smaug e restituir o tesouro e a terra aos seus donos originais. Trata-se, portanto, de uma jornada iniciática. “No final, você não será o mesmo”, avisa Gandalf. Bilbo irá conquistar o anel, ficar rico e atingir a espiritualidade. É o mesmo percurso exigido ao católico, que galga os degraus rumo à perfeição, do batismo à extrema-unção na vida profana e, na sacerdotal, do noviciado à sagração como bispo e até mesmo papa.  







2)- Um dos pré-requisitos para Bilbo e amigos seguirem adiante é a obediência. Dessa forma, se fazem presentes a submissão e até mesmo a admiração de todos os personagens “bons” a uma hierarquia imperial, a um poder central liderado pelo Papa, o mandatário direto de Deus na Terra, segundo a Igreja Católica. Como a cruz, não há um papa explícito em O Hobbit, mas Gandalf parece ser o mais próximo de empunhar o cajado e a cruz de São Pedro. Ou Bilbo, a longo prazo.





3)- As virtudes teologais, em terceiro lugar, são o motor da trama de combate ao Mal: Fé, Esperança e Caridade. Bilbo reúne-as como nenhum outro personagens. Mesmo quando tomar para si o anel, usa seu poder para reforçar a fé entre os companheiros de jornada.





4)- Desse modo, quando o objetivo dos justos contra os ímpios está próximo a ser alcançado, contará o quarto e maior elemento católico da história de Tolkien: a Divina Providência. É ela que vem resgatar o herói nos instantes de maior perigo. Como na terra dos orcs, quando águias gigantes salvam os anões liderados por Thórin e Bilbo da morte. As águias simbolizam ali o Espírito Santo, parte da Santíssima Trindade, ao lado do Pai e do Filho. A Divina Providência retornará ao longo de O Hobbit e Senhor dos Anéis para organizar os reinos caóticos da Terra-média.





Bilbo e companheiros fazem o papel de apóstolos!




 





São soldados de Cristo em uma Cruzada, ainda que sem cruz. Eles conduzem o leitor e o espectador às altas esferas da crença, para assim promover sua conversão por meio da catequese. No entanto, à parte a crença e persuasão doutrinária, o texto de Tolkien consiste em uma peça artística, uma narrativa de ficção, onde as leis da lógica são alteradas. E é na fantasia que o aspecto mais profundo do catolicismo de Tolkien se revela, na crença de que o reino deste mundo é maléfico. Assim, Mordor ou Ereborn, os reinos caóticos deste mundos, não valem a pena ser conquistados, pois o reino está em outro lugar, no plano espiritual e divino. Nem mesmo o Condado do Bolsão, onde moram os hobbits, é recomendável. “Meu reino não é deste mundo”, poderia dizer o mago Gandalf, ecoando Jesus Cristo. No entanto, apesar de poder ser compreendida como páginas de doutrinação religiosa, a experiência mais enriquecedora é ler e ver O Hobbit e Senhor dos Anéis como obra de arte literária e cinematográfica. Tolkien parece demonstrar a observação do escritor argentino Jorge Luis Borges, segundo o qual a metafísica (e, por extensão, a religião) deve constituir uma subcategoria da literatura fantástica.








*Luís Antônio Giron - Editor da seção Mente Aberta de ÉPOCA, escreve sobre os principais fatos do universo da literatura, do cinema e da TV






Revista Época






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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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