É lamentável e
entristecedor ver o desespero de estudantes sérios, em busca de alguma informação
intelectual relevante a sua formação, pois só encontraram nas universidades que
frequentam, apenas propaganda comunista rasteira, porca, subginasiana.
Se a
primeira metade do século XX trouxe um florescimento intelectual incomum, a
segunda foi uma devastação geral como raramente se viu na História. A queda foi
tão profunda que já não se pode medi-la. Isso não quer dizer que as fontes do
conhecimento tenham secado.
Pensadores de grande envergadura: Um Eric Voegelin,
um Bernard Lonergan, um Xavier Zubiri, sobreviveram à debacle dos anos 60 e
continuaram atuantes, o primeiro até 1985, o segundo até 1984, o terceiro até
1983.
Mas seus ensinamentos são ainda infelizmente a posse exclusiva de
círculos seletos. Não entram na corrente geral das idéias na universidades e
outros meios afins,o que empobrece drasticamente a cultura geral. Embora esse processo
seja de alcance mundial, é claro que o seu peso se fez sentir mais densamente
em países novos do Terceiro Mundo, onde as criações das épocas anteriores não
tinham sido assimiladas com muita profundidade, ficando estrategicamente mais
fáceis de serem cortadas. No Brasil, da década de 60 em diante, os progressos
da barbárie foram talvez mais rápidos do que em qualquer outro lugar,
destruindo com espantosa facilidade as sementes de cultura que, embora frágeis,
vinham dando alguns frutos promissores. A comparação impossível entre as duas
épocas, que mencionei acima, é ainda mais impossível no caso brasileiro. Na
década de 50, tínhamos, vivos e atuantes:
-Manuel Bandeira,
-Carlos Drummond de Andrade,
-Graciliano Ramos,
-José Lins do Rego,
-Àlvaro Lins,
-Augusto Meyer,
-Otto Maria
Carpeaux,
-Mário Ferreira dos Santos,
-Vicente Ferreira da Silva,
-Herberto Sales,
-Cornélio Penna,
-Gustavo Corção,
-Nelson Rodrigues,
-Lúcio Cardoso,
-Heitor
Villa-Lobos,
-Augusto Frederico Schmidt...
A lista não acaba mais. Hoje,
quem representa na mídia a imagem da “cultura brasileira”?
-Paulo Coelho,
-Luís Fernando
Veríssimo,
-Gilberto Gil,
-Arnaldo Jabor,
-Emir Sader,
-Felipe Neto (que já declarou odiar clássicos da literatura).
-Frei Betto e Leonardo Boff...
Perto desses, Chomsky é Aristóteles. É o grau mais alto pelo qual se
medem. Chamar isso de crise, ou mesmo de decadência, é de um otimismo
delirante.
A cultura brasileira
tornou-se a caricatura de uma palhaçada. É uma coisa oca, besta, disforme,
doente, incalculavemente irrisória. Aquele que nunca entendeu grande coisa, acha
perfeitamente normal quando entende menos ainda, pois esqueceu o pouco que
entendia e já não tem como comparar. Uma coisa paradoxal o Brasil de hoje, é o
ar de seriedade com que as pessoas discutem e pretendem sanar os males
econômicos, políticos e administrativos do Brasil, sem ligar a mínima para a
destruição da cultura, como se a inteligencia prática subsistisse incólume ao
emburrecimento geral, como se inteligência fosse um adorno a ser acrescentado
ao sucesso depois de resolvidos todos os problemas ou como se a inépcia
absoluta não fosse de maneira alguma um obstáculo à conquista da nossa
liberdade de consciência. A prova mais evidente da insensibilidade torpe é o
sujeito já nem sentir saudade da consciência que teve um dia.
A
única solução viável, é a formação de pequenos grupos solidários, firmemente
decididos a obter uma formação intelectual sólida, de início sem nenhum
reconhecimento oficial ou acadêmico, mas forçando mais tarde a obtenção desse
reconhecimento mediante prova de superioridade acachapante. O processo é
trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico,
dominar o trivium ,
aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo ao menos,
estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz,
Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã
e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história
comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da
mística de pelo menos três religiões, e então, só então, ler Marx, Nietzsche,
Foucault...
Se depois desse regime você ainda se impressionar com esses três, é
porque é burro mesmo e nada se pode fazer por você. Mas
o ambiente universitário brasileiro de hoje é tão baixo, tão torpe, que só de a
gente apresentar essa lista, que é o mínimo requerido para uma formação séria
de filósofo ou pensador erudito, o pessoal já arregala os olhos de susto. Na
verdade, o estudante brasileiro não lê nada, só resumo e orelha, além de Emir
Sader e da dupla Betto & Boff, que não valem nem mesmo o resumo de uma
orelha. É tudo farsa, chanchada, pose. Não há quem não saiba disso e não há
quem não acabe se acomodando a essa situação como se fosse natural e
inevitável.
A abjeção intelectual deste país é um caso para a psicanálise.
Olavo de Carvalho
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