Em suma, o Papa Francisco não desprezou os ensinamentos da Igreja sobre casamento e aborto. Mas novamente temos problemas enormes em alguns argumentos ambíguos do Papa Francisco, que podem ser considerados erros básicos de Doutrina Católica. A ambiguidade é uma característica perigosa em matéria de doutrina sobre fé e moral.Quando eu quero saber sobre os aspectos canônicos de um documento da Igreja, eu recorro a Edward Peters no site In the Light of the Law. Peters é renomado mundialmente, acostumado a dar aulas para bispos e cardeais até em Roma. Procuro fugir da falácia da autoridade, olhando outras fontes, mas em geral Peters é mais convincente e profundo que o resto. Aqui mostro a opinião de Peters e também de outro especialista Robert Royal, presidente do instituto católico Faith & Reason, que admira o Papa Francisco,mas com ressalvas.Fica evidente que Peters não gostou de Amoris Laetitia sobre a família.Robert Royal, outro católico renomado, autor de diversos livros, também viu coisas muito preocupantes no texto do Papa.
Primeiro vamos aos argumentos de Peters. vou fazer um resumo:
1. Primeiro, Peters achou que o texto não estava tão bem escrito, nem tão
lógico, e com muitas platitudes, mas disse que o Papa Francisco é assim mesmo,
não é claro e apela para platitudes (s.f.Propriedade do que é
banal; que apresenta banalidade; trivial. Qualidade do que se apresenta de
maneira medíocre; inexpressividade.Etm. do francês: platitude).
2. Depois, ele trata dos problemas canônicos do texto. Eu ressalto as letras "a", "d" e "e". O erro mais crasso para mim é a letra "e":
a) Sobre comunhão para divorciados que se casaram novamente - Peters diz que o Papa Francisco não aprovou a comunhão, mas também o Papa não reiterou claramente o ensinamento da Igreja. Outro problema é que o Papa usa a expressão "casamento irregular", quando a Igreja usa a expressão "pseudo-casamento" (FALSO CASAMENTO) para uniões que não são reconhecidas pela Igreja. Além disso, o Papa colocou a palavra irregular entre parênteses, como querendo dizer que ele não considerava irregular.
b) O Papa Francisco ainda falando sobre os divorciados que vivem em segunda
união civil comentou sobre a sugestão canônica de que eles vivessem como
irmãos, e usa uma passagem de Gaudium et Spes que trata do período de
abstinência sexual entre casamentos reconhecidos pela Igreja. Peters disse que
o Papa Francisco usou de "forma errada e perigosa" (serious misuse)
a Gaudium et Spes, uma vez que a Igreja considera adultério a segunda união, ou até mesmo o desejo por outra pessoa,
principalmente se esta outra pessoa já for casada, conforme nos alerta o
próprio Cristo:Mateus 5,27-28:"Vocês ouviram o que foi dito: 'Não adulterarás'.Mas eu digo: Qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração.”(Imagine duas pessoas convivendo sobre o mesmo teto, ainda que como irmãos?...).
c) O Papa Francisco falando de casamentos cristãos, como reflexo da união entre Cristo e a Igreja, disse que algumas formas de casamentos contradizem essa união e outras realizam essa união pelo menos em parte. Peters disse que o Papa deveria ter elaborado mais este ponto, pois formas de união que contradizem a união de Cristo e a Igreja são adúlteras e pseudo-casamentos e formas de união que realizam pelos menos em parte são todas formadas pelo casamento natural entre homens e mulheres. Essas duas formas não são variações de um mesmo tema, são dois tipos completamente diferentes. O Papa não deixou isto muito claro o que certamente gerará controvérsias teologógicas e pastorais.
d) O Papa Francisco disse que alguns casamentos de divorciados podem exibir fidelidade, generosidade e compromisso cristão". Peters aqui questiona: “como um casamento considerado adúltero pela Igreja pode exibir fidelidade e compromisso cristão ?”
e) O Papa diz que "ninguém pode ser condenado
para sempre em vida, porque essa não é a lógica do Evangelho". Peters
disse que pelo contrário: é justamente esta a lógica do evangelho para aqueles
que não querem seguir o estreito caminho da Salvação, no qual alguém pode sim
ser condenado para sempre ao inferno, caso esta pessoa tome deliberadamente e
conscientemente esta opção de optar pelo caminho largo e das facilidades
propostas pelo demônio.
f) Na passagens sobre a educação sexual dos jovens, Peters ressalta que o Papa não faz nenhuma menção sobre os direitos dos pais nessa importante área. Ele deveria ter feito pela circunstâncias atuais.
Robert Royal achou o texto "Bonito e Emocionante", mas AMBÍGUO:
Os dois últimos parágrafos de Royal ressaltam que o texto do Papa Francisco é muito ambíguo e por isso traz problemas para a Igreja. Vejamos esses dois últimos parágrafos de Robert Royal, que dizem que o Papa Francisco em Amoris Laetitia não segue o que disse o cardeal Newman - “Newman afirmou que a Igreja deve ser clara nos seus ensinamentos”, porém, o Papa Francisco neste documento deu um entender que está mais interessado em trazer conforto para as pessoas do que em buscar a conversão para o que Cristo ensinou sobre casamento. O beato Newman condenou aquele que busca demasiadamente o conforto das pessoas esquecendo o caminho da santidade, e como já dizia Santo Agostinho:
“A verdade sempre na caridade, mas jamais negar a verdade em nome da
caridade".
CONCLUSÃO:
As intenções do santo padre são santas, aguardemos portanto, os frutos deste documento na vida prática da Igreja antes de fazermos julgamentos precipitados ao documento e ao nosso querido Papa Francisco, e rezemos pelo seu ministério, pedindo o auxílio e intercessão de Maria. Amados
irmãos e irmãs, não tenho a intenção de passar-me
como voz oficial da Igreja, caso aconteça alguma falha no meu ensinamento, a
exemplo de São Tomás de Aquino, digo:
“Se, por ignorância, ensinei algo errado e contrário a sagrada tradição dos apóstolos e ao sagrado magistério Petrino, revogo tudo e submeto todos meus escritos ao julgamento da Santa mãe Igreja" (Santo Tomás de Aquino).
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! E Viva o Papa!
Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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