Comparar os números dos governos Lula e FHC pode
levar a conclusões equivocadas, pois ambos os governos enfrentaram realidades
bem distintas (ver antes o artigo “Contextualizando o Governo Lula”).
Para fazer uma comparação mais justa, citamos as principais ações de cada
governo, levando em consideração os respectivos contextos internacionais e
locais. Lula
é uma farsa. Pegou a casa arrumada por FHC e não teve capacidade de melhorar o
país, afundado que estava no lamaçal de corrupção e escândalos. Ele teria que
ter tido resultados muito superiores se fosse uma pessoa séria. A
maioria dos itens em que ele aparece como ganhador são resultados diretos da
política econômica anterior que acabou com a inflação, ele apenas colheu os
frutos. Assim fica fácil se vangloriar, em cima de resultados alcançados pelo
governo que herdou. Essas estatísticas também não podem ser levadas muito a
sério, quase todas são descaradamente manipuladas para favorecer o amigo do
“cientista” que as elaborou. Basta observar as expressões usadas para
propagandear em favor do PT e ler nas entrelinhas. Há uma manifestação clara em
favor do PT. Cuidado! Onde estão as reformas estruturais? O que mudou de verdade com
relação à corrupção, ao fisiologismo? Você agora se sente mais seguro nas ruas?
Se tivesse ocorrido um governo de mudança mesmo a segurança tinha sido
melhorada. Você está mais tranquilo com relação à saúde de sua família, ou tudo
piorou? Deixamos de desmatar a Amazônia? Você confia mais no governo agora? Ou
é tudo a mesma ladainha de sempre? Mero proselitismo para chegar ao
poder e dele se beneficiar por maior tempo possível fazendo todos os conchavos
com as velhas raposas? Começamos pelo GRANDE erro que os petistas sempre
costumam induzir os incautos. A comparação de 2002 com 2013, mais do que
obviamente é inadequada, pois, em termos econômicos, não dá para fazer a mesma
comparação com valores nominais. A não ser que não exista inflação e a economia
nunca cresça, ou seja, seja sempre "igual". Fato que não existe na
realidade.O que se pode fazer para uma comparação realista e justa, é verificar
o desempenho dos governos com relação aos tempos anteriores. E verificar em
termos percentuais, não em valores nominais. Não da pra se comparar um dado
nominal passado com um dado futuro deste forma, é uma estatística incompleta, e
portanto injusta.
MACROECONOMIA
Os desafios da era FHC:
A era FHC foi caracterizada principalmente pela tentativa de
estabilização da economia brasileira, condição sine qua non para o início do processo de crescimento verificado
na era Lula. Ao contrário do que muita gente pensa, a vitória contra a
inflação não ocorreu apenas com o Plano Real, lançado já no final do governo
Itamar. A inflação, embora controlada, ainda não atingira um nível compatível
com as economias estabilizadas, exigindo um longo processo de desindexação e um
rígido controle da taxa de câmbio. Não havia ainda um regime de metas de
inflação; os estados gastavam mais do que arrecadavam, pois não havia ainda a
Lei de Responsabilidade Fiscal. Não havia uma política de superávit primário que
apontasse para a redução gradativa das dívidas interna e externa. O sistema
financeiro apresentava vulnerabilidades, com bancos em crise com a perda dos
ganhos com os juros altos da época da inflação, assim como os Estados que apoiavam
suas receitas nos bancos estaduais, que também lucravam com o processo
inflacionário. O déficit previdenciário crescia descontroladamente e a máquina
estatal cada dia ficava mais obsoleta pela ausência de recursos para
investimentos, principalmente nos setores de infra-estrutura, essenciais
para o crescimento da economia.Ou seja, na era FHC não existiam condições
mínimas para atrair os investidores estrangeiros. A equipe econômica, portanto,
tinha como principais desafios, além de controlar a inflação, promover reformas
que mudassem o panorama geral da economia brasileira.Sem dinheiro para investir nas estatais, a solução
foi a privatização, principalmente dos setores de telecomunicações e de
mineração, com a promessa de reduzir o endividamento crescente com o dinheiro
obtido. Infelizmente a corrupção nos bastidores das transações macularam a boa
idéia das privatizações. Porém, os resultados benéficos do processo,
no entanto, seriam sentidos nos anos seguintes com o crescimento exponencial de
tais empresas e o consequente o aumento da arrecadação de impostos e de
empregos proporcionados pela rápida expansão desses setores, assim como o
aumento significativo de investimentos da iniciativa privada.Diante das dificuldades de promover uma reforma
geral na Previdência (principalmente com a oposição ferrenha do PT), o Governo
FHC conseguiu aprovar o impopular “Fator Previdenciário”, medida que diminuiu
sensivelmente os déficits sucessivos da Previdência ao retardar a aposentadoria
de pessoas que conquistavam o direito precocemente, algumas com pouco mais de
quarenta anos de idade.(Ironicamente, no último ano do Governo Lula
foi aprovado no Congresso um projeto para acabar com o mesmo Fator
Previdenciário. Dessa vez, o PT fez de tudo para barrar o projeto, o qual foi
finalmente vetado pelo presidente Lula com o argumento de que tal medida
aumentaria o déficit da previdência em R$ 45 bilhões em 2011).Outra medida importante do Governo FHC para
organizar a economia brasileira foi a aprovação da Lei de Responsabilidade
Fiscal. Como parte das negociações com os prefeitos e governadores para a
aprovação da lei, foram repassados para o Governo Federal R$ 275 bilhões de
dívidas dos estados e municípios para o Governo Federal.Outra importante medida saneadora do Governo
FHC foi a recuperação dos bancos federais, que entraram em crise com o fim da
inflação, além da implantação do impopular PROER (que evitou uma crise
sistêmica e ajudou o Brasil a passar ileso pela crise mundial de 2008), a
quebra do monopólio da Petrobrás e a abertura de seu capital, medidas que
possibilitaram a triplicação da produção de petróleo do país em dez anos.Como antídoto para o crescimento da dívida pública,
o Governo FHC implementou o Superávit Primário, como também os regimes de
Metas de Inflação e Câmbio Flutuante, o tripé da atual e bem sucedida política
econômica, a qual o PT da oposição tanto combateu.Como resultado dos esforços de estabilização, o
governo FHC multiplicou a dívida interna que pulou de R$ 108 bilhões, em 1995,
para R$ 658 bilhões, em 2002 (segundo o IPEA), dos quais R$ 275 bilhões foram
decorrentes do repasse das dívidas dos estados e municípios para o Governo
Federal; R$ 143,4 bilhões resultante dos chamados “esqueletos”, compromissos
assumidos pelos governos anteriores na época da inflação, mas que não tinham
sido contabilizados como dívidas efetivas; e R$ 69,5 bilhões decorrente da
recuperação dos bancos federais, que entraram em crise com a queda da inflação.
(Para saber detalhes sobre estes números, clique aqui).
Os desafios da era Lula
Apesar de herdar um repique inflacionário de 12% ao
ano após a chamada “Crise Lula”, decorrente do medo dos agentes econômicos de
que a eminente vitória de Lula provocasse alguma mudança na política econômica
deixada por FHC, Lula foi o primeiro presidente, desde o início dos anos 80, que assumiu
a presidência sem ter como principal objetivo derrotar o “dragão da inflação”. Ao assinar a famosa “carta aos brasileiros” (na
verdade a “carta ao mercado”), prometendo não alterar os fundamentos da
política econômica e ao assinar, juntamente com FHC, um empréstimo ao
FMI, o ainda candidato Lula acalmou o mercado. A inflação, assim como o dólar que
chegou aos R$ 4 e demais indicadores financeiros, aos poucos, foram voltando
aos patamares anteriores a “Crise Lula”.Fora este primeiro “desafio”, o Governo Lula
encontrou um período de mais rápido crescimento da economia mundial desde o
final da Era de Ouro do capitalismo, sem turbulências e contando com a
duplicação do valor dos principais produtos de exportação brasileiros ainda no
primeiro mandato. Só para ilustrar a diferença de cenários, a renda per capta
mundial, que passou os oito anos de FHC estagnada em U$ 5,2 mil, pulou para U$
9 mil já em 2008. Considerando o PIB mundial com o valor do dólar de 2005, o
PIB mundial pulou de US$ 33 trilhões, em 2003, para US$ 60 trilhões, em
2008. Nos oito anos de FHC, o PIB mundial aumentou de US$ 29 trilhões para US$
33 trilhões!Claro que a equipe econômica comandada por Antonio
Palloci tem méritos em conduzir bem a política econômica herdada. Mas, fora
isso, durante todo este tempo, o governo Lula não fez nada de novo, a não ser
estimular alguns setores da economia e as exportações.A primeira grande crise internacional
enfrentada pelo Governo Lula só veio acontecer no final de 2008. Dessa vez, no
entanto, o Brasil estava preparado, com boas reservas internacionais e com um
sistema bancário sólido, saneado no governo anterior.O Governo fez bem sua parte estimulando setores
importantes da economia e o Brasil saiu lucrando da crise, já que faz parte do
grupo de países emergentes, os menos afetados pela crise e que, portanto,
tornaram-se os principais destinos dos investidores dos primeiro mundo, cujas
economias permanecem estagnadas com os juros próximo a zero.A redução da dívida externa e o pagamento da
dívida com o FMI, um dos maiores trunfos do governo do PT nesta área, foi, na
verdade uma troca de títulos da dívida externa pela dívida interna, esta última
com juros bem mais altos. (Confira aqui artigo sobre este assunto).Outra ironia da história é que, depois de combater
tão veemente a política de Superávit Primário quando oposição, no Governo, o PT
não só o manteve como ainda aumentou o percentual de economia para o abatimento
da dívida. Aliás, foi a partir do aumento do superávit primário que os números
contaminados pela Crise Lula rapidamente se normalizaram. Apesar disso a dívida interna
continuou aumentando na mesma proporção da era FHC, chegando a ultrapassar a
histórica marca dos R$ 2 trilhões de dívida bruta ainda em 2009. Isto
acontece porque se de um lado o Governo abate a dívida com o superávit
primário, do outro, aumenta a dívida emitindo títulos para financiar o próprio
défict e os empréstimos subsidiados do BNDES a grandes empresas (inclusive para
obras no exterior).Ao mudar a metodologia de cálculo da dívida pública
em 2006, o governo tem mascarado o problema da dívida. Com a nova metodologia,
o Governo unificou as dívidas interna e externa, excluindo do cálculo
parte dos títulos em poder do Banco Central e das empresas estatais (fato este
contestado recententemente pelo FMI).Com uma série de “maquiagens” na contabilidade, o
Governo Lula chega ao último ano comemorando a redução percentual da dívida
pública em relação ao PIB (43%), usando sempre como comparativo o recorde
negativo da era FHC, quando o dólar bateu a casa dos R$ 4, na “Crise Lula”,
elevando o percentual da dívida em relação ao PIB para 56,9% (dez pontos a mais
nos cálculos do FMI).Ou seja, se a comparação fosse feita com base
nos números pré Crise Lula, o endividamento deixado pelo governo Lula não seria
muito diferente deixado pelo já alto endividamento do governo do PSDB, com a
diferença que o governo do PT teve seis anos e meio de cenário favorável para
reduzir o endividamento significativamente. Além do mais, o percentual de
endividamento do Governo Lula está favorecido pelo baixo valor do dólar nos
dias atuais, o que, portanto, reduz seus méritos já que a perda de valor da
moeda norte-americana é um fenômeno mundial.Em relação aos gastos públicos, o Governo Lula tem
dados sucessivos passos para trás, pois a máquina estatal do PT têm crescido
acima do crescimento do PIB, o que torna o país vulnerável e engessado, caso os
ventos da economia tornem-se desfavoráveis nos próximos anos.
Conclusão: O governo FHC tem quase todos os méritos sobre a
política macroeconômica brasileira. Como efeito colateral do processo de
estabilização, o governo FHC deixou uma dívida interna recorde. O governo do PT
teve o mérito de conduzir bem tais políticas, mas não deu sequencia às reformas
necessárias para tornar nosso crescimento sustentável. Ao invés de iniciar um
processo de redução da carga tributária, foi na direção contrária, aumentando-a
em mais dois pontos percentuais, assim como os gastos fixos da máquina
governamental que aumentaram em 38%. Aliás, o governo do PT vai terminar o
segundo mandato sem implementar nenhuma das seis reformas prometidas no
discurso de posse do primeiro governo.
Quem se saiu melhor? FHC
Obs.: este é o item mais importante da
comparação, pois dele depende todos os outros. Ou seja, se a economia vai bem,
o governo tem dinheiro para investir em todos os demais ministérios.
EDUCAÇÃO
Em comparação com os governos anteriores tanto o
governo do PSDB quanto do PT tiveram boas atuações na educação, apesar dos
resultados ainda inexpressivos. Os maiores méritos do governo FHC foram na
educação de base. A implantação do Bolsa Escola permitiu uma redução média
anual do analfabetismo em torno de 3.5% ao ano, superando a marca do PT que
continuou reduzindo, só que em um ritmo de 2.6% (números do primeiro
mandato). Os especialistas atribuem a queda a incorporação do Bolsa
Escola ao Bolsa Família no Governo Lula, eliminando as contrapartidas das
famílias atendidas no acompanhamento dos estudantes. Outro ponto desfavorável do
governo Lula neste ponto é o aumento do porcentual de brasileiros entre 15 a 17
fora da escola, revertendo uma queda gradativa que vinha ocorrendo desde o
governo Itamar Franco.O governo FHC lançou o FUNDEF (Fundo de Manutenção
e Desenvolvimento do Ensino Fundamenta) que destina recursos ao ensino
fundamental. O governo Lula lançou o FUNDEB (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação)
que direciona recursos também para o ensino de base, porém com uma cláusula que
repassa as sobras dos valores que não foram aplicados aos professores. Outra medida importante do governo FHC foi a
instituição do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, o qual foi ampliando no
Governo Lula que o transformou no principal indicador de qualidade do ensino
brasileiro (apesar dos deslizes dos últimos anos).No ensino superior, o governo Lula foi muito
superior. Além de aumentar o número de vagas nas universidades federais e
expandir os campos universitários para o interior, criou o Prouni, que financia
a entrada de estudantes em faculdades privadas. Claro que tais investimentos só
foram possíveis com o crescimento da arrecadação na era Lula, afinal de 1995
até 2010 o PIB do Brasil foi multiplicado por dez, enquanto que o crescimento
da população foi de apenas 23% no mesmo período. Outra marca do Governo Lula nesta área foi a
implantação do sistema de cotas nas universidades, uma medida polêmica, mas que
ajuda a atenuar a distância dos menos favorecidos às universidades federais.
Conclusão: Ambos os governos avançaram na educação. O governo
FHC avançou mais no ensino de base, enquanto que o governo Lula avançou mais no
ensino superior. Os números do governo de PT são mais expressivos, pois houve
também maiores recursos investidos, conseqüência direta dos sucessivos aumentos
de arrecadação nos últimos anos.
Quem se saiu melhor? LULA
SAÚDE
Na saúde, o governo FHC teve uma atuação bem mais
expressiva. Deixou sua marca com a regulamentação dos medicamentos genéricos;
implantou o Programa Saúde da Família – PSF para atuar na prevenção de doenças
nas comunidades; e ganhou projeção internacional com seu programa de combate à
AIDS.O Governo Lula ampliou a atuação do PSF. Deixou sua
marca apenas nas implantações da Farmácia Popular e no Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência – SAMU.O atendimento hospitalar, no entanto, não evoluiu em
nenhum dos governos. Com raras exceções, as cenas recorrentes de corredores
lotados de macas continuam a ser uma triste realidade brasileira.
Conclusão: O governo FHC com menos recursos fez mais pela
saúde no Brasil. Em comparação com todas as outras áreas de atuação do Governo
Lula, a saúde é certamente uma das menos expressivas.
Quem se saiu melhor? FHC
SEGURANÇA
Em ambos os governos, a segurança pública
continuaram relegadas. O governo FHC chegou a propor algumas ações para
melhorar a segurança pública (como a unificação das polícias, por exemplo), mas
nunca pôs nada em prática. O governo Lula implantou o Sistema Único da
Segurança Pública (Susp), mas até agora nenhum resultado prático foi obtido. Um
viés a favor do governo Lula são as intenções de investimentos na modernização
de aviões das forças armadas (digo “intenções” porque até agora a transação não
foi concretizada e, quando for, o compromisso de pagar as aeronaves vai para o
sucessor de Lula). No governo FHC houve a compra de um porta-aviões francês
fora de linha (ainda hoje o único do Brasil) e a instalação do polêmico Sistema
de Vigilância da Amazônia – SIVAM, marcado por um escândalo de corrupção em sua
implantação. No governo Lula, o maior destaque foi a melhoria da Polícia
Federal, que teve seu contingente de policiais dobrado, assim como melhorias
salariais e de equipamentos.
Conclusão: Como na saúde, ambos os governos também tiveram
atuações pífias. Mas o PT conseguiu sobressair um pouco pelas melhorias na
estrutura da Polícia Federal.
Quem se saiu melhor? LULA
REDUÇÃO DA POBREZA
Em ambos os governos houve uma expressiva redução
da pobreza. Segundo a FGV, a redução da pobreza no primeiro governo FHC foi de
5,1%, patamar quase idêntico aos 5,2% do primeiro governo Lula. No governo FHC,
a redução foi decorrência do controle da inflação, enquanto que no Governo
Lula, da ampliação dos programas assistências, como Bolsa Família. Certamente
quando terminar seu segundo mandato, os número do governo do PT serão bem mais expressivos
também neste item, decorrente da ampliação do Bolsa Família e da aceleração do
crescimento da economia. Mas ainda assim os méritos do governo do PSDB são
maiores, pois tanto o Bolsa Família quanto a política econômica são
continuações de políticas implementadas na era FHC.
Conclusão: Embora a redução percentual do nível de pobreza
seja praticamente idêntica entre os dos primeiros mandatos de FHC e Lula, os
resultados do primeiro são mais expressivos porque a estabilização da moeda
melhorou a vida da população como um todo, enquanto a gestão Lula obteve
melhora mais significativa para as populações mais pobres. Outro ponto que
reduz os méritos do governo Lula é que o Bolsa Família trata-se da unificação e
ampliação de programas lançados no segundo governo FHC. Ou seja, os méritos do
Bolsa Família são também do governo FHC.
Quem se saiu melhor? FHC
POLÍTICA EXTERNA
Ambos os governos tiveram importantes atuações na
política externa. Ambos os presidentes viajaram bastante e aumentaram o
prestígio do Brasil no cenário mundial. FHC chamava atenção por ser um
intelectual. Lula chama atenção por seu um ex-metalúrgico. Lula, no entanto,
conseguiu mais prestígio, pois o Brasil da década de 2000 subiu na escala de
importância no mundo globalizado, principalmente após a crise do final de 2008,
quando os países ricos, pela primeira vez na história da humanidade, jogaram
para os países emergentes a responsabilidade de atenuarem os efeitos da crise
mundial, já que estes países vêm mantendo taxas de crescimento muito superiores
ao mundo desenvolvido nas últimas duas décadas. Na época de FHC, o G8 decidia
tudo sozinho. Na era Lula, surgiram o G14 e o G20, nos quais o Brasil participa
ativamente. Até o final de 2008, Lula se tornou uma
espécie de xodó entre os líderes mundiais. Nos dois últimos anos, no entanto,
Lula tem perdido sua grande popularidade internacional pelos equívocos no
episódio Honduras, na visita à Cuba, quando ignorou o apelo de presos políticos
em greve de fome; ao visitar alguns dos mais sanguinários ditadores africanos
e, mais recentemente, no apoio ao programa nuclear iraniano. Entre os nossos vizinhos sul americanos, o
desempenho do Governo do PT não tem sido melhor, pois nosso país tem sido
desafiado sucessivamente pelos nossos vizinhos, que contam com a total
complacência do Governo Lula. A começar pela Argentina, que tem descumprido
acordos de livre comércio, sobretaxando produtos brasileiros, a Bolívia
nacionalizou uma refinaria da Petrobrás; o Equador expulsou do país uma
construtora Brasileira (contratada com dinheiro do BNDES); o Paraguai que
conseguiu aumentar em 300% o preço da energia vendida ao Brasil e até a
Venezuela de Hugo Chaves tem falhado na sua contrapartida para a construção de
uma refinaria em Pernambuco. Um viés a favor de Lula nesta área são seus
esforços no sentido de derrubar barreiras alfandegárias aos produtos
agropecuários brasileiros.
Conclusão: Na primeira versão que escrevi desta comparação, havia dado ponto para o
Governo Lula neste quesito. Diante dos últimos equívocos, no entanto, não
tenho como manter a mesma posição. Os cenários são bem distintos. Os países do
primeiro mundo caíram alguns degraus no cenário mundial, ao passo que os países
emergentes subiram alguns degraus. FHC era apenas um coadjuvante na década de
90. Lula figura como mais um protagonista no cenário mundial, principalmente
por fazer parte dos BRICs, grupo dos principais emergentes de onde se destaca a
China. Portanto, a política externa brasileira da era Lula cresceu em
importância, mas errou bastante ao se comportar de forma passiva diante das
audaciosas investidas dos vizinhos sul americanos e de forma ativa ao se aliar
a figuras autoritárias.
Quem se saiu melhor? FHC
LEGADO ÉTICO
Ambos os governos decepcionaram seus eleitores do
ponto de vista ético. Além das várias denúncias envolvendo personagens de
diversos escalões do governo e até de familiares (a filha de FHC x filhos de
Lula, por exemplo), ambos os governos praticaram o fisiologismo político, os
quais se cristalizaram nos escândalos da compra de votos para a aprovação da
emenda da reeleição, no governo FHC, e no escândalo do Mensalão, no governo
Lula. Outro ponto que depõe contra o PT é o
discurso desonesto que tenta desqualificar o Governo FHC com comparações
descontextualizadas e a falta de humildade em não reconhecer os erros do
passado quando combatia políticas que hoje defende. Ao invés disso, o
presidente Lula e, por extensão o PT, adotaram a tática de radicalizar o
discurso, dividindo o país entre os “contra” e “a favor” ao presidente Lula
(direita e esquerda), uma tática semelhante a de Hugo Chaves, na Venezuela. O Presidente ainda cometeu graves desvios éticos ao
diferenciar cidadãos de primeira e segunda classe no episódio Sarney, ao
ameaçar o Ministério Público com uma suposta “castração de poderes”, ao
desobedecer à legislação eleitoral e ao negar a existência do Mensalão por seis
anos, uma vez que finalmente admitiu a sua existência ao STF. Ao conquistar uma popularidade de 80%, o
presidente Lula perdeu a inédita chance de, em um fim de mandato, promover uma
reforma política para evitar o fisiologismo verificado nos dois governos. FHC pelo menos teve a desculpa
de se aliar ao PFL para poder aprovar as reformas que possibilitaram o
“sucesso” do governo Lula. O governo do PT, no entanto, não fez reformas.
Portanto, não precisava se rebaixar tanto ao fisiologismo do PMDB.
Conclusão: A decepção com o PT foi mais desastrosa, pois o partido
era uma das últimas esperanças do povo brasileiro de uma política ética. Tal
desilusão, portanto, afastou muita gente da política e salientou o ditado
popular de que “político é tudo farinha do mesmo saco”.
Quem se saiu "menos ruim?" FHC
CONCLUSÃO
Embora os números do governo do PT sejam bem mais
expressivos, o governo FHC tem os maiores méritos, pois criou as condições
macroeconômicas para o crescimento consolidado na era Lula. A FHC coube o
ônus de implementar reformas impopulares em um período de grandes turbulências,
onde teve que enfrentar sete crises internacionais com uma economia extremante
frágil e dependente dos capitais especulativos. O governo Lula, além de não implementar uma única
medida macroeconômica, pegou seis anos e meio de crescimento ininterrupto, com
as maiores médias de crescimento mundial dos últimos 30 anos, o que influiu
diretamente no progresso verificado na economia brasileira, que bateu
sucessivos recordes de arrecadação. Lula pecou também por não prosseguir com as
reformas (certamente por serem impopulares). Das seis reformas pendentes e
prometidas em seu discurso de posse (ainda no primeiro mandato), Lula não
conseguiu implementar uma única nos dois mandatos. Além do mais Lula vai terminou o segundo mandato
com a dívida interna triplicada, apesar do bom momento da economia mundial e da
queda do dólar em todo mundo. Com o crescimento da dívida, o governo Lula pagou
em sete anos de governo mais de R$ 1 trilhão em juros. Ou seja, um valor
superior ao total da dívida interna deixada por FHC. Com uma dívida tão gigantesca, mais do que nunca o
Governo Lula deveria ter um compromisso com a redução de gastos públicos. Mas,
ao contrário, o governo Lula tem aumentado os gastos a cada ano, reduzindo cada
vez mais a capacidade de investimento do Estado e empurrando a conta da rolagem
da dívida para os próximos governos (ou para ele mesmo!).
FONTE: http://visaopanoramica.net/2009/08/05/comparacao-fhc-x-lula/
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