Padre Zezinho, fala aqui sobre a mentalidade do guerrilheiro, que é
mentalidade de confronto. Se conhece a história de Fidel Castro, de Bin Laden,
Hugo Chaves (atualmente do Maduro), de Stedile e centenas de opositores sistemáticos
no mundo, sejam de esquerda ou de direita, estes vão à guerra, preparam as pessoas
para a guerra, falam de guerra e dizem que não podem perder nunca. Depois de um
tempo ficam bem velhos, até aceitam dialogar como agora o Fidel Castro, mas
quando estão bem querem o confronto, por que isso para eles o confronto está no sangue, não
podem perder e qualquer pessoa que se opuser vai para a cadeia ou morre. Então
esse tipo de atitude criou várias guerras. Bin Laden ao criar a situação que
culminou com o massacre de 11 de setembro de 2001, no World Trade Center, sabia
o que queria, ele queria o confronto, ele queria guerra, ele queria semear
guerra, entrou para história como um dos piores guerreiros de todos os tempos,
aqueles aviões mostraram que ele tinha estratégias mas não tinha escrúpulos, não
importasse quantas pessoas ele matasse, o importante é que ele vencesse ou
machucasse o regime que ele odiava.Quem não bebe da paz, acaba sujando-se com sangue.
E é o que acontece com muita gente, se não vencer ele vai fazer sangue, ou vai
criar prisões, e vai passar a vida inteira a querer derrotar o outro, e a resposta do outro vai
ser igual a lei da física: "Toda ação corresponde a uma ação em igual intensidade."Por isso é muito difícil lidar com pessoas com sangue nos olhos e a
guerra no sangue, e não é só a esquerda não, a direita também fez a mesma
coisa. Quando a Igreja diz com Jesus Cristo, que o amor aproxima, e quando Jesus
propôs amar aos inimigos ele não estava brincando, ele sabia exatamente onde o
ódio é capaz de nos levar, Jesus sabia que este amar era o único jeito de evitar guerras, até porque
amar não é concordar nem ceder, mas é simplesmente respeitar e dialogar com meu semelhante até a exaustão, até que
se chegue a uma solução que seja boa para ambas as partes, e não apenas para uma delas.Se existe alguém que merece ir para o inferno são os
criadores de guerra, sejam eles de esquerda ou de direita.
FALAR BEM DE D. EUGÊNIO SALES E
DA IGREJA É SER DE DIREITA ?
O Documento de Aparecida fala da
necessidade de voltar à “polêmica sadia” em defesa da Igreja. ( D.A. 229)
Se outros podiam falar para os aplausos de um dos
lados, por que não D Eugenio Sales que, tímido, nunca buscou aplausos nem
holofotes? Homem de bastidores, capaz de fazer politica sem alarde, Dom Eugênio
fazia acontecer enquanto ele pouco aparecia. Era um articulador. Direito
legítimo seu tanto quanto o era dos outros que, como ele, também falavam a
agiam. Foi bom para o país e para a fé. Mostrou que os católicos não são um
bando tímido de comedores de pipoca a ver na tela o que se passa lá fora.
Mas foi esta virtude de dialogar e de
defender até quem dele discordasse que fez de Dom Eugênio de Araújo Sales uma
figura marcante. Sei disso porque ele me livrou de uma ordem de prisão. Apostou
em mim e tomou a minha defesa quando soube que eu tinha falado em Belo
Horizonte que uma juventude que não aprende a votar aprende a se revoltar.
De falcão ele tinha pouco, de cordeirinho também não, mas estava longe de ser o lobo que o pintaram. Havia um misto de pomba serena e de leão quando ele se erguia em defesa da fé e quando acolhia os perseguidos pela ditadura na sua residência ou em espaços da diocese.Esteve presente em momentos lúcidos e fortes do país. E foi inovador em muitos campos. Participou e agiu na criação da Sudene, na alfabetização dos pobres, na valorização do rádio como instrumento de cidadania dos pequenos, na distribuição de terras da igreja, na pastoral da criança, pastoral das favelas, nas Comunidades Eclesiais de Base e em dezenas de outras atividades que apontavam para o social.
Se ele não era simpatizante da esquerda como se
apresentava naqueles dias, esquerda que também matou e fez guerrilha, também
não era da direita que em alguns casos foi brutal. Hoje sabemos um pouco mais
sobre aqueles dias de convulsão que só não foi pior porque houve uma igreja que
falou e reagiu contra desmandos dos dois lados.
Situá-lo como direitista ou
ultraconservador foi, é e será uma enorme injustiça. Conservador lúcido, sim,
ultraconservador nunca:
Imobilistas
aferrados ao passado não fazem as inovações que ele fez. Dom Eugênio, isto sim,
era avesso a aventuras de quem sabia o que não queria, mas nem sempre sabia o
que queria. Reagiu contra determinados discursos incendiários dentro e fora da
Igreja, mas ele mesmo era um padre e bispo com fortes preocupações politicas e
sociais, ao mesmo tempo em que não aceitava o marxismo nem aplaudia o
capitalismo selvagem que se delineava no Brasil.
Suas falas no rádio e na televisão mostravam fé e moderação. Se lutou contra algum movimento de Igreja ou alguma corrente política era seu direito de cidadão e de cardeal. Suas ideias venceram. Entre os que perderam muitos conservaram respeito por suas posturas humanísticas e outros o reverberam até hoje.
Imagino que nos anos 300 , em Alexandria e
arredores os defensores do padre Ário não admirassem os bispos Alexandre e
Atanásio e vice-versa. Mas foram eles que propiciaram o Credo que rezamos hoje!
Era um tempo de concepções antagônicas sobre Jesus e sobre fé e política que
envolviam até os imperadores. Hoje, os leitores e eleitores da esquerda ou da
direita terão seus gurus, seus afetos e seus desafetos. Indiferente a rótulos,
Dom Eugênio falou e agiu.
Ele era um bispo católico e ponto
final: defendia a fé que jurara defender
Tivesse morrido um padre ou um pastor famoso, destes que ficam bem diante de um holofote, aquele pombo que ficou o tempo todo ao lado e sobre o caixão do falecido cardeal, até quando o transportavam, teria se transformado em símbolo de alguma coisa. Mas, como Dom Eugênio não tinha milhões de seguidores nem os buscava, ele ficou reduzido a apenas uma coincidência.Mas pode-se tirar alguma lição do fato. Pombos não ficam perto de falcões.Talvez aquele pombo dissesse que não houve o que temer diante dele nem na vida nem na morte. Era homem de diálogo que, porém, não se dobrava a pressões e não se calava. Era e é possível amá-lo, porque foi um baluarte.
Um período como aquele talvez não volte, mas registre-se a vida e os atos do cardeal Eugênio Sales como proféticos. Ele cabe muito bem na galeria dos mais de trinta bispos e sacerdotes católicos que marcaram aqueles dias. Das muitas locomotivas laicas e religiosas que puxaram o pesado país Brasil para a democracia, situe-se Dom Eugênio. Levou a sério a ideia de Ordem e Progresso. Alguém perguntaria: -“Que ordem e que progresso?” Exatamente o que ele também perguntou!… Vamos e venhamos! Coerência não tem sido a virtude brasileira dos últimos 60 anos. Ele a exerceu. Foi um homem coerente!
POLÍTICA, RELIGIÃO E
SOBERBA:
Da raiz “super” a soberba consiste na supervalorização de pessoas ou grupos, com clara intenção de desprestigiar os outros. É um colocar-se acima de todos e, às vezes acima do bem e do mal. Mais do que ser eleito, é um eleger-se mais, melhor e maior. É o peru com penas de pavão.
Acontece em todos os quadrantes da vida, na família, na escola, na fábrica, na firma, na vizinhança. Há sempre alguém ou algum grupo a se colocar acima dos outros e a pisotear alguém. Pior ainda: o soberbo consegue, num indisfarçável marketing, mostrar-se a única solução, lançando as suspeitas e culpas sobre quem porventura dele discorde. Ditadores assim falam e assim agem. E matam quem ouse redimensioná-los para aquém do que eles mesmos se mediram.
O soberbo apossa-se do que era do
outro e, quando pode, apaga e deleta o passado que descaradamente copiou (Grifo do autor do blog Beraká: Qualquer
semelhança com um determinado governo, é mera coincidência):
Faz de
tudo para ser elogiado e de tudo para não elogiar. Raramente um soberbo escapa
do baixo calão. Mais cedo ou mais tarde mostrará o quanto se adora. Não resiste
à tentação de erguer seu próprio trono, seu monumento, sua imagem, seu pódio,
seu altar e suas regras. Se ele faz, é certo, se o outro faz é errado. E se
alguém dos seus erra é logo perdoado, mas ai do adversário que errar! O soberbo
é capaz de transformar em diabo um anjo que se lhe oponha e em anjo o demônio
que lhe traga vantagens.
Olhe os partidos políticos, olhe os
governantes que conhece, olhe os pregadores de religião, observe como falam em
estádios, praças, rádio, televisão, anote suas frases, vejam quem os aplaude e
lhes faz claque, preste atenção na sua certeza de vitória, observe como
diminuem o adversário e como se mostram totalmente incapazes de admitir o que
era bom e é bom nos outros e conclua você mesmo.Quando alguém discursa ou prega
de tribuna ou de púlpito que antes dele nada prestava e depois dele tudo ficou
melhor; quando o que ele copia dos outros e modifica, agora é bom e o que ele
rejeita é porque tinha que ser jogado no lixo, fique certo de que encontrou um
coração soberbo.
Há pessoas soberbas, grupos
soberbos, igrejas soberbas, movimentos soberbos:
Tudo
neles extrapola a seu favor. Sobre eles, diz a Bíblia que é bem aventurado quem
não lhes faz reverência (Sl 40, 4), quem os enfrenta e a eles não se dobra nem
lhes canta elogios (Mal 3, 15). E prossegue dizendo que o braço de Deus vai
dissolver suas pretensões. Um dia cairão do seu falso pedestal (Lc 1, 51-52).
Paulo alerta que eles sempre existirão ao lado dos traidores, dos resmungões,
dos criadores de maldade e dos maus filhos (Rm 1, 30).
Sempre haverá os adoradores de si mesmos,
presunçosos, ingratos e incapazes de aceitar alguém que lhes seja superior. (2
Tm 3, 2) Igual talvez, maior e melhor, nunca! Você já ouviu este discurso de
políticos e religiosos.
Tiago diz
que Deus os rejeita e que sua predileção vai para os humildes. (Tg 4, 6)
Provérbios 11, 12 diz que a sabedoria está com os humildes e que o soberbo não
resiste a comparar-se aos outros e mostrar-se acima de todos. Mateus diz que
Jesus propõe humildade como condição de paz interior e serenidade. (Mt 11, 29).
Triste do povo que cai nas mãos desse tipo de
liderança seja ela política ou religiosa! Estará sempre mais perto da ditadura
do que da liberdade.
Pe. Zezinho, scj
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