O secretário da
Pontifícia Comissão para a América Latina, o leigo Guzmán Carriquiry, afirmou
que:“não faz falta uma teologia da libertação” para cuidar dos pobres, basta
viver o Evangelho, “o abraço da caridade, o testemunho comovido de si”.O leigo uruguaio fez
esta afirmação durante um encontro convocado pelo movimento Comunhão e
Libertação na cidade de Rímini, ao norte da Itália, em 21 de agosto de 2014,
onde também disse que a Igreja precisa “libertar” a fé de “incrustações
mundanas” para torna-la novamente atrativa.“Certamente já seus predecessores iniciaram um progressivo
desmantelamento da sujeira real da cúria. João Paulo II preferia estar pelas
ruas do mundo que no Vaticano. E Bento XVI disparou raios contra o carreirismo,
o clericalismo, a mundanidade, a divisão, as ambições de poder e a sujeira na
Igreja. Agora Francisco realiza o que seu predecessor pediu tantas vezes… e
muito mais. Tudo isto faz parte da ‘revolução evangélica’ que marca uma
profunda mudança do modo mesmo de ser Papa”, afirmou. Nesse sentido,
destacou a continuidade entre Bento XVI e Francisco. Concluiu propondo que a
encíclica Lumen Fidei seja lida à luz do pontificado do Papa Francisco, das
“pérolas” de suas homilias cotidianas, de sua catequese e do “sair missionário”
para compartilhar a luz da fé ad gentes.
Fonte: Aci Digital
Os novos pobres da Teologia da Libertação!
Vocês já notaram que
a “opção preferencial pelos pobres” foi desaparecendo ou se ressignificando no
vocabulário da TL? Isto se deve a dois motivos principais:
1)– em primeiro lugar,
à compreensão que o movimento revolucionário teve de que a “revolução sexual”
era mais importante do que se imaginava a princípio, pois chegaram à conclusão
de que era a família, e não propriamente a propriedade privada, a origem da
psicologia do poder, verdadeira causa da desigualdade sócio-econômica.
2)– em segundo lugar,
ao fato de que, com a ascensão dos partidos socialistas ao poder na América
Latina, falar sobre os “pobres” seria um “tiro no pé”, e isto para qualquer uma
das facções comunistas. Como eles louvam dia e noite o presumido fato de que
retiraram não sei quantos milhões da pobreza, teologar sobre ela seria um
contra-senso, uma anti-propaganda.
Contudo, como dizia
Marilena Chauí num seu odioso vídeo, o discurso TL-petista tem um vício que
contradiz seu intento revolucionário: dizendo ter melhorado a vida do pobre, o
único resultado que alcançaram foi expandir a classe média, a pseudo-burguesia
que eles tanto odeiam.Por isso, era
necessário encontrar um novo tipo de “pobre”, pois não serviriam mais os tais
“despossuídos” das décadas de 80 e 90. E eles o encontraram naquilo que Gramsci
chamava de lupemproletariado, aquele estrato maltrapilho (moral e economicamente)
da população, que sempre existe e existirá em qualquer sociedade.Os novos pobres são
os gays, as prostitutas, os delinquentes, os pervertidos morais, os
cultivadores de lixo cultural, da anti-arte, os satanistas, enfim, aqueles que
sempre foram considerados elementos desagregadores da sociedade.Além destes, para
dissimularem um pouco este horror grotesco, forjaram ainda outro tipo de pobre:
a natureza, e aderiram ao discurso ecologista, trocando a “opção pelos pobres”
por uma “opção pela vida”, não necessariamente humana, e quanto mais se entra dentro
do submundo “intelectual” do partido, necessariamente não-humana (os
eco-teólogos-libertadores já chegaram a escrever que o homem é um vírus no
planeta, e que deveria ser eliminado).A ironia por trás de
toda esta estupidez é o fato de que, pelo menos no âmbito da teologia da
libertação, aquilo que se dizia nas décadas passadas quando se alegava que a
Igreja sempre optou pelos pobres e não necessitava da TL para fazê-lo (vide o
exemplo de S. Francisco e dos frades mendicantes) era que o mérito da TL consistia
no fato de ter descoberto o “pobre como classe econômica”, como “categoria
teológica”.Agora, os fatos
demonstram que a alegação era tão falsa como a abordagem teológica mesma. Os
pobres são tão descartáveis nela quanto estas mesmas novas suas definições. A
única coisa a que se prestam é à aquisição ou manutenção do poder político,
utilizando-se a Igreja como instrumento para chegar a ele.Não se admirem caso
dentro de alguns meses as paróquias comecem a ser invadidas pelo
lupemproletariado, e ao seu lado esteja alguém que você nunca imaginou que
pudesse estar dentro duma Igreja. Na década de 80, quando as comunidades
começaram a ser invadidas pelos comunistas, que até então se declaravam ateus,
aquilo parecia impossível. Hoje, duplas LGBT querem batizar seus “filhos”,
apadrinhar filhos alheios, assentar seus novos nomes transex nos registros
paroquiais e até mesmo casarem-se na igreja.Alguns pensam que
isto é casual, “sinal dos tempos”. Não o é. São os novos pobres da TL que estão
chegando, com Bíblia Pastoral nas axilas e cartilhas da PJ de tira-colo. O
discurso está pronto e há quem o defenda. Oxalá estejamos preparados para
desmascarar o ardil, e revelar que ninguém está preocupado com eles e com sua
conversão, mas apenas em usá-los como instrumento de subversão, de domínio e de
permanência no poder. Afinal de contas, se acabarem com o lupemproletariado,
não haverá mais revolução. Urge, então, mantê-los na delinquência moral, e até
criar uma “moral” teológica para os manter aí. Caso contrário, também eles
aderirão à moral burguesa, cristã, conservadora.
E de tal mal, livre-nos Gaia, valha-nos Marilena Chauí!
Por Pe. Dr. José
Eduardo de Oliveira e Silva
Frei
Clodovis Boff: "só é possível uma Teologia da Libertação sob a condição de
começar e acabar no horizonte da fé"
Já faz algum tempo
que se fala sobre uma crise da Teologia da Libertação (TdL), corrente teológica
fundada há 42 anos, que se caracteriza por uma opção preferencial pelos pobres
e pela luta por justiça social. Nas palavras do Frei Clodovis Boff - religioso
da ordem dos Servos de Maria, que juntamente com seu irmão mais famoso,
Leonardo Boff, foi um dos principais teólogos da TdL -, esse modo de teologizar "deu
o que tinha que dar”, ou seja, conscientizou a Igreja sobre a opção
preferencial pelos pobres, contudo "não tem mais futuro dentro da igreja”
e por isso está perdendo cada vez mais espaço dentro dela.Mesmo tendo
participado da fundação da TdL, Frei Clodovis assegura que já tinha suas
reservas em virtude da falta de rigor teórico e da priorização "do
político às expensas da fé”. Com o passar dos anos, vendo que essa prioridade
não mudava, mas se firmava cada vez mais, decidiu abrir suas críticas. Hoje, o
religioso defende que é desaparecendo no caudal maior da teologia cristã que a
Teologia da Libertação cumpre sua missão histórica.
A ADITAL conversou com Frei Clodovis sobre o assunto.
Confira a primeira de uma série especial de entrevistas a ser publicada todas
as sextas-feiras pela Adita:
1)- Quarenta e dois
anos depois, a Teologia da Libertação ainda vive? Ela ainda faz sentido nos
dias atuais?
Frei Clodovis M. Boff- Sim,
existem teólogos da libertação que se reúnem e escrevem. Mas seu declínio como
tendência à parte é inegável. A meu ver, a Teologia da Libertação
"prescreveu” historicamente. Deu o que tinha que dar: conscientizar a
Igreja sobre a opção preferencial pelos pobres. Ora, isso foi fundamentalmente
incorporado, sem mais discussão, pelo discurso normal da Igreja. Assim, a
corrente liberacionista reentra, finalmente, na grande correnteza da teologia
católica ou universal, reforçando e atualizando aquilo que foi sempre uma
riqueza da Igreja: o amor preferencial pelos sofredores de toda a sorte. A
Teologia da Libertação poderia até permanecer como um espécimen da chamada
"teologia do genitivo”, teologia necessariamente parcial, como quando se
fala na "teologia da graça”, na "teologia do casamento” ou ainda na
"teologia de São Paulo”. Essas teologias particulares são apenas
tematizações de um aspecto da fé. Foi nesse sentido, como teologia parcial,
sintonizada com o todo da fé, que a Teologia da Libertação foi declarada por
João Paulo II, em Carta aos Bispos do Brasil (09/04/1986) "oportuna, útil
e necessária” (n. 5). Mas até que a Teologia da Libertação pretende ser uma
teologia completa, ela não tem futuro dentro da Igreja. Ela, de fato, vai
perdendo cada vez espaço dentro dela.
2)- "Quer-se
mostrar aqui que a Teologia da Libertação partiu bem, mas, devido à sua
ambiguidade epistemológica, acabou se desencaminhando: colocou os pobres em
lugar de Cristo. Dessa inversão de fundo resultou um segundo equívoco:
instrumentalização da fé "para” a libertação. Erros fatais, por
comprometerem os bons frutos desta oportuna teologia” (artigo de 16.8.2008). Em
qual momento e por que você se tornou um dos grandes críticos da Teologia da
Libertação?
Fr. Clodovis M. Boff- Desde
sempre, tive reservas em relação à Teologia da Libertação, quer por causa de
sua falta de rigor teórico, quer devido ao seu pendor ideológico: o de
priorizar o político às expensas da fé. Embora,
em minha tese doutoral "Teologia e prática”, publicada há mais de 40 anos
(Vozes, 1978), eu já tivesse estabelecido claramente a prioridade da fé sobre a
política (especialmente na II Seção, cap. I), imaginei que a prioridade
conferida ao político fosse coisa transitória, seja pelo urgentismo social, que
se vivia naqueles tempos difíceis (ditadura e capitalismo selvagem), seja por
se mostrar uma doença infantil, normal para todo movimento histórico novo.
Mas quando, com o passar do tempo, fui me dando conta de que, desgraçadamente,
aquela prioridade, em vez de refluir, ia se afirmando cada vez mais, com grave
dano para a identidade da fé, a missão própria da Igreja e o destino último do
ser humano, decidi então explicitar, sem rebuços, minhas críticas.
3)- Em quais pontos
há divergências entre os teólogos da TdL?
Fr. Clodovis M. Boff- As
divergências não são de pouca monta, mas fundamentais, tocando os princípios
mesmos da fé. Quem é Senhor da Igreja? Quem ocupa seus pensamentos? Cristo ou
os pobres? Se dizemos: Cristo, é garantido, em princípio, que os pobres terão
na Igreja seu "lugar eminente”, para falar como Bossuet. Mas se dizemos:
os pobres, então Cristo pode ser facilmente despedido da sociedade e da vida,
como foi com o marxismo.
4)- Em alguns textos
você fala em desgaste e crise da TdL. Como esse "modo de teologizar” pode
enfrentar a crise e seguir forte?
Fr. Clodovis M. Boff- Como disse
acima, é paradoxalmente desaparecendo no caudal maior da teologia cristã que a
Teologia da Libertação cumpre sua missão histórica. É como o torrão de açúcar, que só existe para se dissolver no café:
continuará aí presente, adoçando todo o café, mas invisível. Ou, numa metáfora
mais bíblica, é como João Batista, que disse: "Importa que Ele cresça e eu
diminua”, ao contrário dos judeus que, chamados a acolher o Messias, se
recusaram a ser o que deveriam se tornar. Deveriam ter feito como Saulo, que só
cumpriu seu destino tornando-se Paulo. Tal também deveria ser o termo final
da Teologia da Libertação: tornar-se teologia cristã sem mais, depois de ter
contribuído para seu enriquecimento.
5)- Os teólogos da
libertação estão envelhecendo, o senhor acredita em uma renovação?
Fr. Clodovis M. Boff- Quando se
leem as produções atuais dos chamados "teólogos da libertação”, nota-se aí
que o discurso se repete ad nauseam. São "variações sobre o mesmo tema”:
os pobres socioeconômicos e sua libertação social. Insisto: só é possível uma Teologia da Libertação, como, aliás,
qualquer outra espécie de teologia, sob a condição de começar e também acabar
no horizonte transcendente da fé. Fora disso, a Teologia da Libertação só
produzirá "mais do mesmo”. E, assim como o Papa Francisco costuma
dizer que uma Igreja sem a fé incondicional no Cristo é uma "ONG piedosa”,
assim também uma Teologia da Libertação (ou qualquer outra), sem essa mesma fé
primacial no Cristo, é uma ideologia religiosa, concorrendo ou então
colaborando com outras ideologias. Torna-se, com isso, cada vez mais
irrelevante, pois, de ideologias o mundo atual está cansado.
6)- A abertura que o
Papa Francisco vem dando a teólogos da TdL pode ajudar a revigorá-la?
Fr. Clodovis M. Boff- O discurso e, mais ainda, o exemplo do Papa
atual poderia servir de exemplo para um cristianismo que não precisa de
ideologia, mesmo sob um rótulo teológico, para se ocupar a sério com os pobres.
A Teologia da Libertação só pode se revigorar dentro da Igreja, no seio de seu
pluralismo teológico, a título, portanto, de uma teologia particular.
7)- Como os teólogos
da libertação têm trabalhado e como deveriam pensar questões polêmicas como
aborto, diversidade (união homoafetiva) e participação da mulher na igreja?
Fr. Clodovis M. Boff - Como para
a questão do pobre, central na Teologia da Libertação, todas essas outras
questões devem ser tratadas por qualquer teólogo a partir dos princípios
perenes da fé. Mas, é claro – e esta é a função próprio do teólogo na Igreja –,
esses princípios devem ser bem compreendidos e postos em confrontos com a
experiência da história, que tem muito a ensinar à Igreja, como reconhece o
Vaticano II na Gaudium et Spes (cf. GS 44).
8)- E no caso da
Igreja Católica, quais são seus desafios atuais diante de tantas demandas
sociais, políticas e econômicas?
Fr. Clodovis M. Boff- Certamente, a Igreja já está fazendo muito
no campo social, e precisará fazer mais. Mas, é preciso que fique claro: não é
essa a missão originária, "própria” da Igreja, como repete expressamente o
Vaticano II (cf. GS 42,2; e ainda 40,2-3 e 45,1). A missão social é, antes, uma
missão segunda, embora derivada, necessariamente, da primeira, que é de
natureza "religiosa”. Essa lição nunca foi bem compreendida pelo
pensamento laico. Foram os Iluministas que queriam reduzir a missão da Igreja à
mera função social. Daí terem cometido o crime, inclusive cultural, de
destruírem celebres mosteiros e proibido a existência de ordens religiosas, por
acharem tudo isso coisa completamente inútil, mentalidade essa ainda forte na
sociedade e até mesmo dentro da Igreja. Agora, se perguntamos: Qual é o maior desafio da Igreja?, Devemos
responder: É o maior desafio do homem: o sentido de sua vida. Essa é uma
questão que transcende tanto as sociedades como os tempos. É uma questão
eterna, que, porém, hoje, nos pós-moderno, tornou-se, particularmente
angustiante e generalizada. É, em primeiríssimo lugar, a essa questão,
profundamente existencial e hoje caracterizadamente cultural, que a Igreja
precisa responder, como, aliás, todas as religiões, pois são elas, a partir de
sua essência, as "especialistas do sentido”. Quem não viu a gravidade desse desafio, ao mesmo tempo existencial e
histórico, e insiste em ver na questão social "a grande questão”, está
"desantenado” não só da teologia, mas também da história.
Natasha Pitts – Adital
------------------------------------------------------
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.