Você me pergunta como compararia a situação dos católicos, antes e depois do Vaticano II ?
E você, infelizmente, sem perceber bem o termo que emprega, me pergunta sobre a "vivência dos católicos antes do Vaticano II". Sem perceber, disse eu, porque a palavra vivência é um termo tomado da filosofia existencialista, e não pode ser aceito pela Fé católica.A Fé não é uma mera vivência, mas uma crença em verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja. Haveria que distinguir muito, ao comparar os católicos de antes do Vaticano II com os de agora. Em número, os verdadeiros católicos (capazes de dar suas vidas em nome da fé) daqueles tempos, eram bem superiores aos de hoje! Número, porém, não valem nada! Deus e a Igreja nunca buscaram ibope. Pelo contrário. São os partidos políticos e a mídia que têm sede de ibope, e que acreditam nos números. E é o carismatismo que busca atrair multidões sem dar doutrina, mas só emoções, e que, quando reúne multidões para rebolar e agitar os bracinhos numa missa-show, julga que converteu o mundo para Cristo! As Missas, outrora, eram muito mais freqüentadas, e a devoção era muito mais viva, embora nem de todo reta e puro.Em minha paróquia,num bairro operário,havia várias Missas dominicais, todas abarrotadas! Quase todo o mundo ia à Missa. Nas Igrejas, havia muitos padres. Lembro-me de que, nas igrejas do centro de São Paulo, havia muitas Missas, ao mesmo tempo, numa só igreja, mesmo nos dias de semana. Nas procissões de Corpus Christi, havia mais de 1 milhão de católicos, e a população era bem menor que hoje! Os conventos tinham muitas religiosas e os padres apóstatas eram raros (hoje a situação se inverteu). Lembro-me do triunfo que foi o Congresso Eucarístico de São Paulo, em 1942.E quase não havia protestantes!
Além do número, muito superior ao de hoje, havia muito mais respeito ao sagrado e às autoridades. De modo algum havia as profanações e os atrevimentos sacrílegos de hoje. Eram os tempos de firmeza da fé de Pio XI, de que me lembro ainda, e os dias solenes de Pio XII.Este último era um Papa hierático, que impunha um grande respeito. Nos Colégios católicos, se ensinava religião todos os dias! Ganhei meu primeiro certame de Catecismo - para isto, tive que saber de cor todo o II Catecismo da Doutrina Cristã -- em 1939, quando tinha seis anos. Nos colégios maristas, se ensinava Catecismo todos os dias! O Evangelho, uma vez por semana, e o Catecismo de Devoção a Nossa Senhora, todos os sábados. Porém, se ainda se ensinava o Catecismo, decorado, já pouco se transmitiam os princípios. Esses aspectos positivos, que tinham muito de verniz superficial, iludiam a muitos. Por trás da fachada solene, por baixo da superfície brilhante e envernizada, por trás dos números astronômicos, grassava a mentalidade Modernista, que às escondidas e secretamente trabalhava nos porões das sacristias como cupim que tudo devora. Em silêncio, ativamente e incansavelmente. Enquanto os padres otimistas e confiantes no poderio de Pio XII, dormiam e sonhavam seu sonho róseo e doce...
De repente veio o terremoto...De repente?
Nenhum terremoto acontece de repente, era gestado nos silêncios dos claustros beneditinos e dominicanos. Discretamente, nas profundezas dos seminários jesuítas, nas revistas e Congressos de linguagem semi-esotérica. Conspirava-se.E para que a conspiração fosse mais segura, atacava-se como delírio ridículo a teoria da conspiração. Porque ninguém é mais contrário à teoria da conspiração do que os conspiradores ativos.O terremoto foi preparado, durante quase duzentos anos antes, pelo Romantismo, movimento gnóstico antiintelectual, que afirmava que a revelação era feita por Deus no interior de cada homem, e não por Cristo aos Apóstolos.Para o Romantismo, o sentimento estava acima da Fé. Ou melhor, a Fé era um sentimento.
A Fé não era uma adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus e ensinadas pela Igreja. Para o Romantismo, a Fé era um sentimento doce, íntimo, inefável e pessoal da Divindade, que existiria escondida, em germe dentro de cada homem.A Fé seria uma vivência , uma experiência, e não uma crença. Para a Gnose romântica, e o povo não a conhecia em suas intenções, a "revelação PLENA" não era exclusiva da Igreja Católica. A revelação se daria dentro de cada homem, no "coração" de cada um. E por coração os teóricos românticos entendiam uma partícula divina, existente dentro de cada ser, de cada coisa, de cada homem. O povinho, coitado, entendia por coração, o coração mesmo, e julgava que o sentimento era o ápice da devoção e da manifestação de Deus.
Daí a difusão de uma piedade sentimental, "rosicler", efeminada, que não dava importância à verdade, nem à luta, nem às virtudes sérias, e seriamente praticadas.Começou-se a falar mais do amor do que da Fé. E, em vez de verdades, começou-se a pregar e a defender "os sentimentos cristãos do povo brasileiro"...Nas igrejas, se adocicavam as almas e se desenervavam,se retirava o nervo, a fibra dos católicos por meio de canções extremamente sentimentais. Ser piedoso, era rezar com o pescocinho inclinado, e ter devoção era sentir os olhos úmidos nas procissões dos santos. Ser santo era fazer milagres, andar de camisolão azul celeste, com uma flor de lírio na mão, e com jeito semifeminino.Lembro-me de que quando me disseram que os santos eram assim, decidi não ser santo! Ah se me tivessem dito que os santos,todos os santos foram combativos e foram odiados, eram "briguentos"! Ah se me tivessem dito que ser santo era ser combativo, era ser herói no mais alto sentido desse termo!E, enquanto os católicos, os padres e os Bispos bons procuravam apenas conservar,sem querer conquistar nada e ninguém,Judas não dormia.Os Apóstolos, no Horto das Oliveiras dormiam.Judas não dormia.Judas vinha, a noite, com os guardas do Templo, a coorte e o tribuno também. Com o tribuno de contrapeso, para prender a Cristo.E porque nunca me explicaram o que era a coorte "e o que fazia o tribuno romano lá, no Horto das Oliveiras, sem licença de Pilatos?" - E acho que até hoje nenhum padre,e ninguém explica para os católicos o que se deve entender por "coorte", que evidentemente não era a côrte de rei nenhum! Os padres não explicam isso. Já se perguntaram ? Por que ?E nem os Bispos! A CNBB tem que se preocupar somente com os problemas TERRENOS e Sociais, com os SEM TERRA e com A ECOLOGIA,logo mais teremos um planeta salvo e humanos extintos. E a próxima Campanha da Fraternidade será sobre a água. Evidentemente não e nunca com a água benta, que isso é coisa ligada ao céu, e a CNBB se preocupa só com coisas terrenas. Falar das coisas do Céu é Sacrilégio e perda de tempo.
Naqueles tempos de Pio XII, não havia ainda a TV, nem a novela das Oito, mas já havia a novela romântica da Rádio São Paulo.Que era às nove horas. Depois da bênção do Santíssimo,porque naqueles devotos tempos de Pio XII, havia Bênção do Santíssimo, os Padres ouviam a romântica novela da Rádio São Paulo, com violinos soluçantes, fazendo fundo sonoro às ternas declarações de doces e pudicos amores.E havia retiros.Nos quais se dormia...Como nos sermões. O resultado final desse catolicismo quase geral, muito sentimental, bastante dorminhoco e totalmente desnervado, só podia ser um: a vitória da heresia Modernista que jamais se deixou abater, jamais deixou de trabalhar, depois das excomunhões lançadas contra ela por São Pio X. Judas não dormia! Os hereges Modernistas estudavam, maquinavam, conspiravam e trabalhavam. E surpreenderam os conservadores dormindo. Quase nenhum Bispo conservador se opôs aos Modernistas. Inicialmente, pelo menos, NINGUÉM compreendeu as ambigüidades e as fórmulas capciosas usadas pelos Modernistas, com fundamentos pseudo teológicos num verdadeiro MALABARISMO redundante e martelante para adaptarem suas heresias.O resultado foi a apostasia de um número imenso de padres e o êxodo dos conventos: dezenas de milhares de padres que jogaram a batina às urtigas. Dezenas de milhares de freiras e frades abandonaram regras e conventos. O resultado foi o abandono da religião por milhões de católicos. O resultado foi o fechamento dos colégios ditos católicos. O resultado foi a rarefação da vocações, as igrejas vendidas. Este foi o resultado do falso irenismo e do falso ecumenismo, o fim das missões. O resultado do falso ecumenismo foi a divisão dos católicos e o crescimento e a multiplicação das seitas. O resultado foi a existência, hoje, de professores de Teologia, nas Universidades Católicas, que se declaram ateus! O resultado foi a abandono de toda a moral pública, o crescimento da violência, do crime e do uso da droga. O resultado foi o aborto e o divórcio legalizado, a pornografia pública, invadindo os lares por meio da TV, essa meretriz eletrônica que "corrompeu os valores da família brasileira". Pio XII dizia que o mundo moderno perdeu o sentido do pecado.Hoje, se deveria dizer que o mundo perdeu o sentido da virtude.
Você me pergunta ainda sobre os conhecimentos religiosos antes e depois do Vaticano II ?
Evidentemente, antes do Vaticano II, apesar de todo o sentimentalismo e de toda a superficialidade já dominantes, estudava-se e se sabia muito mais do que hoje. Afinal, naqueles tempos não havia ainda uma Faculdade em cada esquina. Por isso, pensava-se mais. Bem mais.Pelo menos em alguns, ainda funcionava a lógica. Hoje, se dizem os maiores despautérios com a maior seriedade. Pior: escrevem-se despautérios e ninguém os percebe.Tenho aqui, agora, sobre minha mesa, um livreco que conta as "aparições e mensagens de Medjugorje. As tolices aí escritas, se tivessem sido publicadas nos tempos de Pio XII, causariam riso e indignação.Imagine que na página 2, Nossa Senhora afirmaria: "Vossas orações me são necessárias! Preciso da oração de vocês!" (Mediugórie, Apresai a vossa conversão. Servos da Rainha, Brasília, sem data, p. 2). Nossa Senhora, Mãe de Deus, Imaculada desde a sua concepção, Rainha do Céu e da Terra precisando de nossas orações ?É uma loucura! E logo na página um, Nossa Senhora, pretensamente educada, como locutora de rádio,é quem agradece a atenção que lhe foi dada pelos pseudovidentes, como se estes tivessem feito um favor a Ela: "Obrigada por vocês terem aceitado o meu convite". "Também, nesta tarde, queridos filhos, estou particularmente reconhecida a vocês por terem vindo até aqui" (Ob. cit. P. 01). Uma doidice desse tipo causaria riso geral, em 1940, e o padre que a tivesse publicado seria severamente repreendido, e proibido para sempre de voltar a escrever tolices! Tenho também outro livreco à minha frente. É do famoso Padre Jonas Abib... Intitula-se "Orando com Poder". Nele, Padre Abib defende heresias, e afirma incríveis teses, como, por exemplo, esta:
E a heresia está em acreditar num segundo advento de Cristo (antes da sua vinda definitiva) para reinar na terra, heresia milenarista e protestante, que o Padre Jonas defende explicitamente nesse seu livreco citado acima. Eis o que ele escreveu:
E Padre Jonas Abib, no afã de combater a heresia marxista e racionalista da Teologia da Libertação, acaba por defender o Milenarismo irracionalista, ao dizer:
Padre Jonas Abib, acreditando na segunda vinda de Cristo para reinar este mundo, contra o que diz explicitamente o Evangelho, Padre Jonas Abib já não é católico: é protestante adventista! Todas as heresias modernistas derivaram disso: da negação do valor correto da razão. Deste erro nasceram o racionalismo da Teologia da Libertação, sequaz do marxismo, e o irracionalismo emocionalista, sensacionalista, anti intelectual e gnóstico do Pentecostalismo da RCC. Racionalismo e irracionalismo são as duas pontas da língua da serpente, que engana os católicos em nossos dias, com o apoio de muitos padres. Noutra missiva, analisarei mais a fundo, como você me pede, o problema da RCC.
Vale a negativa de que o Batismo no Espírito Santo seja propriamente um sacramento, -- texto da página 33 dessa Apostila- e que ele não é “de maneira alguma um sacramento” (p.38), ou vale a afirmação rotunda da página 34 dessa mesma Apostila: “Na Renovação Carismática Católica, “Batismo no Espírito Santo” tem pronunciados acentos batismais e sacramentais” ? Fica-se com a impressão de que a contradição é tipicamente modernista: afirma-se uma posição correta numa página, para não cair sob a condenação da Igreja, e, depois, se diz o contrário, na página seguinte, para ensinar o erro. Essa tática foi denunciada expressamente por São Pio X na Encíclica Pascendi, como sendo tática tipicamente Modernista, para confundir o leitor. Nessa Apostila se nega expressamente que o Batismo no Espírito santo seja um sacramento nas páginas 4, 19 e 38. Na mesma Apostila se afirma o oposto nas páginas 11, 33 e 34.Na página 11 se diz: “Será que o Batismo no Espírito Santo é apenas uma emergência daquilo que já estava latente e não uma nova efusão do Espírito? A teologia católica não pode aceitar a explicação de que o poder do Espírito até então latente de repente se transformasse numa vivência pessoal por pura iniciativa de minha consciência subjetiva. Isso contradiz a teologia da graça, pois “é Deus quem suscita em nós o querer e o agir”. Portanto se tomo consciência do poder do Espírito Santo em mim, é sinal que ele começou agir em mim de um modo novo, isto me leva a dizer teologicamente que está presente em mim de um modo novo”(Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 11).Ora, na página 19, vai se dizer o oposto: “Ser batizado no Espírito Santo” designa a experiência vinda do poder do Espírito Santo sobre uma pessoa. O batismo no Espírito Santo não é um sacramento, mas a atividade das Graças recebidas nos sacramentos.“Através do Batismo no Espírito Santo a graça dos Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), pode ser vivenciada em plenitude” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 19). Na página 11 se disse que “A teologia católica não pode aceitar a explicação de que o poder do Espírito até então latente de repente se transformasse numa vivência pessoal”. Depois, na página 19, se diz que “Através do Batismo o Espírito Santo a graça dos Sacramentos de Iniciação Cristã (Batismo, Crisma e Eucaristia), pode ser vivenciada em plenitude” De novo tem que se perguntar: afinal o que vale? Constata-se assim um método de dizer ora uma coisa, ora o contrário, o que indica a clara vontade de iludir! Ao mesmo tempo em que se ensina ambiguamente que o Batismo no Espírito Santo é, e não é, sacramento, e que desperta virtudes e graças já presentes na alma da pessoa batizada, se diz, depois, que há uma nova efusão de graças do Espírito Santo e que “a presença operante do Espírito tornou-se sensível na consciência pessoal” (Escola Paulo Apóstolo, A Espiritualidade da RCC - Apostila I, Ano 98, p. 33. O negrito e meu) Contradições curiosas...
Cabe perguntar: como o Espírito Santo se torna “sensível na consciência pessoal”, se Ele é puro Espírito?
Isso cheira exatamente como a experiência interior da Gnose e do Modernismo. Assim também se posiciona Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. no folhetim intitulado O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 1991, que escreveu: “Não sendo o “batismo no Espírito” nem o sacramento do batismo, nem o da confirmação pode-se dizer que o batismo no Espírito é uma efusão a mais, uma nova efusão do Espírito Santo que põe em atividade o rico potencial de graça que Deus deu a cada um segundo sua própria vocação e segundo o carisma do estado próprio de vida (cfr. I Cor. VII, 7).(Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 18).Portanto, o “Batismo no Espírito Santo” não é nem o batismo, nem o Crisma. É outra coisa que nos permitiria uma “efusão a mais, uma nova efusão” do Espírito Santo que atualiza o que já existia. E isso contraria o que foi dito pela Apostila da Escola Apóstolo Paulo, na página 11 Fica difícil não ver, nessa conceituação, que não se considere esse “Batismo no Espírito Santo” como um pretenso novo verdadeiro sacramento. Esse mesmo autor-- Salvador Carrillo Alday, M. Sp.S. -- repete mais adiante: “O batismo no Espírito Santo pode, pois, descobrir-se, ou como uma nova efusão do Espírito Santo em nós, ou como um deixar em liberdade o Espírito para que atue em nós com todo o seu poder, pondo em atividade os carismas que Ele mesmo queira nos comunicar e produzindo os frutos de sua ação soberana” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo do Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 20).E ao comentar o Crisma, esse mesmo autor nos diz: “Contudo, este sacramento – [do Crisma ou Confirmação] – não esgota o conteúdo total daquela experiência pneumática. Pentecostes tem uma riqueza tal que não pode encerrar-se apenas na Confirmação. Ou o que é o mesmo no sacramento da Confirmação recebe-se o dom do Espírito santo, mas de forma alguma a confirmação exclui ulteriores doações do Espírito Santo, sacramentárias ou extra sacramentárias” (Salvador Carrillo Alday, M.Sp.S., O Batismo no Espírito Santo, Comunidade Emanuel, edição Louva-a-Deus. Rio de Janeiro, 199, p. 25. O negrito é meu). Está aí, bem expressa nessas palavras colocadas em negrito, a afirmação clara de que o “Batismo no Espírito Santo” é uma forma sacramentária de receber a graça de Deus, isto é, o “Batismo no Espírito Santo” é tido explicitamente, pelo menos por alguns carismáticos, como um sacramento. Outros dizem o mesmo, mas de modo velado, insinuado, pois não ousam desafiar claramente o anátema de Trento. Não faltam autores carismáticos ainda mais explícitos. Por exemplo, no folhetim redigido por Stephen B. Clark se lê: “O Batismo no Espírito Santo é uma experiência definitiva para um número sempre crescente de católicos. Quando estes a descrevem, surgem, então, os resultados que se pretendem deste sacramento, tal como ilustrados nos textos teológicos” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, Empresa Gráfica e Editora Palmeiras Ltda, C. G. C. -- M. F-- 46.002.960 sem data. Centro Social Presidente Kennedy, Campinas, São Paulo, p.35. O negrito e o sublinhado são meus).Nesse folheto está escarrapachada a tese condenada pelo Concílio de Trento de que o Batismo no Espírito Santo é um oitavo sacramento. Este último autor afirma ainda que, como os hereges certamente recebem o Batismo no Espírito Santo, isso prova que ele não tem relação nenhuma com o Crisma: “Não católicos cristãos, que não tenham sido crismados, recebem o Batismo no Espírito Santo. Se assim é, como seria possível uma definição do Batismo no Espírito Santo como uma renovação da Crisma ou a liberação do poder do Espírito realizada neste ato?” (Stephen B. Clark, op. cit., p. 37) Ao mesmo tempo em que afirma escandalosamente que o Batismo no Espírito Santo é um sacramento, esse mesmo autor, Stephen B. Clark, procura desvalorizar o Sacramento do Crisma, quase que negando que ele seja de fato um Sacramento. Assim, diz ele: “A (sic!) Crisma nunca ocupou um lugar de destaque em meio à Cristandade. Este sacramento, experimentalmente, não tem muito significado” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (Sic.) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 23). É incrível a ousadia com que se escrevem e imprimem, com introdução de sacerdotes, tamanhas tolices e tamanhos erros teológicos: o Crisma não teria muito significado! Mais ainda. Esse autor escreve: “Atualmente na Igreja Católica, há um novo interesse em sacramentos “renovadores”. Em retiros, ou outras reuniões dessa natureza, é fato comum incluir-se entre as matérias a serem analisadas uma ” Renovação do Batismo” ( não exatamente uma renovação do Voto do Batismo), como também uma ”Renovação do Crisma”. Qualquer que seja o significado dessas cerimônias, elas, ao menos, mostram o crescente cuidado da Igreja para o fato de que algo há de errado no modo pelo qual estes sacramentos se manifestam quando são conferidos” (Stephen B. Clark, op .cit. p. 32. O negrito e meu). É difícil ver atrevimento igual. Esse ator carismático coloca em dúvida a autenticidade e a legitimidade dos sacramentos conferidos, hoje, pela Igreja. E pouco adiante, esse mesmo autor ousa colocar o seguinte título num capítulo do seu livrequinho miserável e rechonchudo de heresias: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes” (Stephen B. Clark, A Relação entre o Batismo no Espírito Santo e a (sic) Crisma, e Encontros para Oração no Espírito Santo, Tradução e Introdução pelo Padre Haroldo, Assistente de Treinamento de Liderança Cristã, p. 27) Não, meu caro Roberto, você não leu errado, e eu não copiei errado. O título do capítulo é esse mesmo: “Porque os Sacramentos Não são Eficazes”. Título que contradiz a própria definição de sacramento como sinais eficazes da graça que significam. E nesse capítulo, ele diz ainda: “Sacramentos não produzem, automaticamente, os resultados que deles esperamos. É verdade que um sacramento trabalha “ex opere operato”. Isto significa que, quando o sacramento é celebrado, um dom de graça é concedido, algo acontece. Mas, não significa que este ato produza imediatamente os efeitos pretendidos. Algo mais é necessário” (Stephen B. Clark, op cit., p. 28). Este é outro absurdo, pois se fosse verdade, as palavras da Consagração, na Missa, não produziriam imediatamente a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Cristo. “Algo mais seria necessário”. O que é herético. De tudo que disse esse Stephen B. Clark, conclui ele que: “Em nossos dias, Deus está realizando algo de novo na igreja Católica. A Igreja está mudando de modo revolucionário. (...) A Crisma (sic) é um dos pontos da vida da Igreja que tem sido estudado, debatido, e mesmo modificado. Alguns são de opinião que este sacramento deveria ser concedido ao mesmo tempo que o Batismo; outras que se deveria concedê-lo entre os dezoito e vinte anos, como um rito adulto de confirmação. Haverá quase que certamente uma modificação em sua administração” (Stephen B. Clark, op cit., p. 41). Que concluir de toda essa confusão se o Batismo no Espírito Santo é ou não é um sacramento, para a RCC? Julgo que se deve concluir que existe na RCC, uma doutrina pelo menos suspeita de heresia, vistas as contradições apontadas que violam a ortodoxia. Tanto essa neodoutrina sacramentaria, difundida na RCC, é suspeita de heresia, que a própria CNBB - tão pouco exigente em matéria de ortodoxia -em documento oficial, tratando da RCC, escreveu: “54. Alguns temas necessitam de maior aprofundamento teológico,diálogo eclesial e orientação pastoral, tais como: Batismo no Espírito Santo, dons e carismas, dom da cura, orar e falar em línguas, profecia, repouso no Espírito, poder do mal e exorcismo. A palavra "Batismo" significa tradicionalmente o sacramento da iniciação cristã. Por isso, será melhor evitar o uso da expressão "Batismo no Espírito", ambígua, por sugerir uma espécie de sacramento. Poderão ser usados termos como "efusão do Espírito Santo", "derramamento do Espírito Santo". Do mesmo modo, não se utilize o termo "confirmação" para não confundir com o sacramento da crisma (Cf. Comissão Episcopal de Doutrina, Comunicado Mensal, Dez de 1993, 2217).
-Que há desacordo entre a instituição e os dons do Espírito Santo.
Portanto, fica claro, por esses textos de autores insuspeitos, que, para alguns líderes carismáticos:
-há uma oposição entre carisma e autoridade institucional. O que coloca uma contradição na própria Divindade. Uma contradição entre Cristo, que instituiu a igreja, e o Espírito Santo, doador dos carismas.
- o carismatismo defende uma igreja espiritual, democrática, sem qualquer autoridade, movida apenas pelos carismas (?).
- a igreja espiritual não se identifica com a Igreja Católica, mas abarca membros de todas as religiões que apresentem fenômenos carismáticos ou místicos.
- portanto, a Igreja espiritual é ecumênica, passando por cima dos limites institucionais ou doutrinários
Vejamos algumas provas dessa mentalidade, ao mesmo tempo, naturalista e mágica, retiradas de livros carismáticos!
-No Livro que já citamos de S. Falvo, há um capítulo em que lê o seguinte sub título: “As enfermidades não vêm de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 83).Depois de dizer algumas verdades sobre as doenças e Deus, como por exemplo, que Deus manda as enfermidades para expiarmos os nossos pecados, ou para nos provar, o autor afirma rotundamente que esse modo de pensar, é errado, esquecendo-se o que dia a própria Escritura, no livro de Jó. E conclui esse autor de modo peremptório e absurdo:“Elas [as doenças]: são um mal, e nenhum mal pode provir de Deus” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 84).
-“Jesus tomou as nossas enfermidades e carregou-se com as nossas doenças( Mt. VII, 17) e, portanto, elas já não podem mas residir em nós” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 132) - Para esse autor, católico em estado de graça não pega nem gripe. Em vez de aspirina, se confesse. Em vez de operar o câncer no intestino, se confesse que o câncer some. Que loucura!Todo católico batizado, então, e que não peque, tem que gozar de excelente saúde. Quem fica doente, é sinal de que pecou?Como esse autor explica, então, que bebês batizados fiquem doentes ? Por isso, esse autor chega ao desvario de escrever: “Ora, Cristo já foi glorificado e, portanto, todos os membros [de Cristo] também participam de sua glorificação” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 93). Como corpos glorificados, então, ao podemos ficar doentes.Mas isso nunca foi catolicismo. Isso é Sei tcho no Yê ! Mas esse autor delirante não se detém em seu delírio, e, para comprová-lo, declara solenemente este despautério: “Não consta que Jesus tenha chamado de bem aventurado algum enfermo” (S. Falvo, O Despertar dos Carismas, Paulinas, São Paulo, 1987, p. 98).
Orlando Fedeli - Montfort
A Igreja católica sempre distinguiu a ordem sobrenatural da ordem natural, a graça da natureza.A Gnose, pelo contrário, é naturalista, pois afirma que a natureza humana possui, em si mesma, um germe divino. Essa heresia naturalista faz do homem um deus em potencial.Ora, é a repetição da tese gnóstica do Modernismo, da identificação da ordem sobrenatural com a ordem natural, que reencontramos na RCC. O famoso teólogo Modernista Padre René Laurentin, afirma em um seu artigo que "Se os carismas podem ser ditos "sobrenaturais", no sentido de serem dons gratuitos do Espírito, é na condição de não entendermos sobrenatural como algo acrescentado á natureza, como se fora uma superestrutura, ou como uma coroa de metal numa cabeça de carne. Os carismas liberam dons naturais segundo a diversidade dos homens e das comunidades. Atingem, assim, toda a realidade humana individual e coletiva, corpo e psiquismo, conforme a diversidade dos engajamentos" (R. Laurentin, Os carismas, Precisão de Vocabulário, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, pp. 11-12. O negrito é meu.).Para o modernista René Laurentin, então, os carismas do Espírito Santo não são algo extrínseco à natureza humana; os carismas seriam algo próprio da natureza humana. O que acaba com a distinção entre natural e sobrenatural, e faz do homem um deus. E este também foi um dos erros da heresia modernista. Depois dessa asserção, como pode ele dizer que os carismas são do Espírito Santo, se os considera coisas naturais ligadas à natureza humana?E dessa afirmação da Gnose modernista, conclui o Padre R. Laurentin, confirmando o que dissemos, que: "Os dons do Espírito de que se prevalecem os Movimentos carismáticos ilustram até que profundeza o Espírito se funde como espírito humano" (R. Laurentin, Os carismas, Precisão de Vocabulário, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 13. O negrito é meu). Para os carismáticos, então, receber o Espírito Santo os faz fundir-se com o próprio Espírito Santo.É de espantar, depois disso, de que eles tendam a não aceitar nenhuma autoridade e que se julguem salvos? Dessa identificação do natural com o sobrenatural, dessa divinização da natureza pela fusão do espírito humano com o Espírito divino decorre a confusão entre líder natural e Redentor divino, como, por exemplo, entre Cristo e Maomé, a colocação de lideranças carismáticas ao lado ou acima das autoridades eclesiásticas instituídas. Vejas-se o que afirma E. Dussel sobre o líder natural: "A autoridade carismática, o líder natural, possui dons corporais e espirituais extraordinários; é o herói. Seu poder político, sua legitimidade exige a lealdade, a fidelidade, a fé. O profeta, o carismático religioso como Zoroastro, Jesus ou Maomé, é o portador da salvação (Heilbringer) , que se defronta com a ordem estabelecida" (Enrique Dussel, Diferenciação dos Carismas, in Os Carismas, Formas Sociais do caráter imprevisível da Graça, in Os Carismas, Revista Concilium 129, 1977/1979, editora Vozes, Petrópolis, p. 45).
ALGUMAS OBSERVAÇÕES NECESSÁRIAS:
Como o autor identifica "autoridade carismática" com "líder natural", o que só pode proceder da identificação dos carismas divinos com qualidades naturais humanas, o que diviniza o homem; Como o autor passa do plano natural para o sobrenatural ao dizer que o líder carismático natural tem direito e exige "lealdade, fidelidade, fé” - Como ele nivela Jesus Cristo a Zoroastro e a Maomé, como se os três tivessem o mesmo nível de ser, a mesma missão redentora. Como se os três igualmente salvassem. Como se Maomé e Zoroastro fossem divinos como Cristo.
Como os carismáticos que lêem e admitem essas heresias, podem dizer depois, ao recitarem o Credo: "Creio em um só seu Filho, Nosso Senhor"?
-Essa confusão entre ordem natural e ordem sobrenatural, entre Unigênito de Deus e líderes naturais como o pseudo profeta Maomé, é levada ainda mais longe, pois que o autor, que acabamos de citar, se atreve a escrever, sem que nada lhe aconteça, sem nenhuma crítica eclesiástica: "Maomé, Buda, Confúcio, Tiacaelel entre os astecas, serviram ao mundo de sua época, realizaram um trabalho de inovação carismática, que, de certa forma, prepara o caminho para o Evangelho. O Espírito sopra onde quer" (E Dussel, op. e ed. cit., p. 54).
-Primeiramente, a isso se deve contestar que, quem serve o mundo, não serve a Deus, pois "todo o mundo está sob o maligno" ( I Jo, V, 19). Segundo, Buda e Maomé não prepararam o mundo para o Evangelho mas, pelo contrário, Buda condenando o ser, a existência, e Maomé, negando a divindade de Cristo e negando que Jesus fosse o Filho de Deus, não prepararam o mundo para o Evangelho. Como Maomé preparou o caminho para o Evangelho, se negou a Divindade de Jesus Cristo ao dizer: " Allah é o único? "Allah é o único. Ele não gerou e não foi gerado" (Corão, Surata CXII, 1-3). E ainda: "Eles [os cristãos] em sua blasfêmia dizem: Deus gerou" (Corão, Surata XXXVII, 151-152)". São infiéis os que dizem: ´ Deus é o Messias, filho de Maria "(Corão, Surata V,72). E ainda: "O Messias, filho de Maria não é mais que um apóstolo ao nível dos que o precederam" (Corão, Surata V, 75).E se é bem verdade que "o Espírito Santo sopra onde quer" (Jo. III, 8), é também muito verdade que o Espírito Santo jamais sopra mentiras, contradições e blasfêmias como as pronunciadas por Maomé e Buda, e jamais grunhe como porco ou late como cachorro, pois é o Espírito da Verdade! O espírito da mentira, das contradições e ambiguidades todo Cristão sabe quem é, basta ler João 8,44. Além disso, que besteira é essa de dizer que Maomé preparou o caminho para o Evangelho, se Maomé viveu depois de Cristo? Identificando carisma e liderança natural, carisma realmente dado por Deus para salvação das almas – [como, por exemplo, os que Deus deu a São Francisco Xavier] – com o desejo de servir o mundo, esse autor acaba por afirmar que é o Espírito Santo quem move a revolução comunista: "O Espírito Santo estimula o crescimento das forças produtivas que são aquelas que desequilibram os modos de produção e dão impulso às formações sociais para atingirem novas etapas rumo a parusia" (E. Dussel, op. e ed. cit. p. 47). Esse texto adota a terminologia e a filosofia marxista, e identifica o estado comunista com a parusia, isto é, a segunda vinda de Deus ao mundo, o que é doutrina milenarista condenada.E para que não se duvide de que esse autor carismático é comunista, veja-se quem ele considera movido pelos carismas do Espírito Santo:
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