O
Papa ao novo prefeito: um Dicastério para dar razão à nossa esperança
Por Vatican
News
Neste sábado (1°/07/2023), o Papa Francisco agradeceu ao cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer, S.J., pela conclusão de seu mandato como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e como presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, e nomeou para sucedê-lo nos mesmos cargos dom Víctor Manuel Fernández, atual Arcebispo de La Plata, na Argentina. Ele assumirá suas funções em meados de setembro de 2023. O Pontífice enviou uma carta ao novo prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, dom Víctor Manuel Fernández, na qual recorda que como novo Prefeito do mesmo Dicastério, confia a ele uma tarefa que considera muito valiosa. O objetivo central do Dicastério é proteger o ensinamento que brota da fé a fim de dar razão à nossa esperança, mas não como inimigos que só apontam e condenam.Sublinhando que para as questões disciplinares, ligadas ao abuso de menores foi recentemente criada uma Seção específica com profissionais competentes, Francisco pede a dom Víctor para dedicar seu compromisso pessoal à finalidade principal do Dicastério que é guardar a fé. Para não limitar o significado dessa tarefa, Francisco acrescenta que se trata de aumentar a inteligência e a transmissão da fé a serviço da evangelização, para que sua luz seja um critério para compreender o sentido da existência, especialmente diante das questões levantadas pelo progresso da ciência e pelo desenvolvimento da sociedade.No texto o Papa afirma ainda que a Igreja precisa crescer em sua interpretação da Palavra revelada e em sua compreensão da verdade, sem que isso implique a imposição de uma única maneira de expressá-la. Esse crescimento harmonioso preservará a doutrina cristã de forma mais eficaz do que qualquer mecanismo de controle. Francisco, falando da tarefa do novo prefeito disse que é bom que a mesma expresse que a Igreja incentiva o carisma dos teólogos e seu esforço de pesquisa teológica, desde que eles não se contentem com uma teologia de escritório, com uma lógica fria e dura que busca dominar tudo. Sempre será verdade que a realidade é superior à ideia. Nesse sentido, é necessário que a teologia esteja atenta a um critério fundamental: considerar inadequada qualquer concepção teológica que, em última instância, ponha em dúvida a onipotência de Deus e, especialmente, sua misericórdia.No contexto dessa riqueza – destaca ainda o Papa na sua carta - a tarefa de dom Victor também implica um cuidado especial para garantir que os documentos de seu Dicastério e dos outros tenham um fundamento teológico adequado, sejam coerentes com o rico húmus do ensinamento perene da Igreja e, ao mesmo tempo, levem em conta o Magistério recente. Concluindo, Francisco pede que a Santíssima Virgem o proteja e cuide dele na sua nova missão e que dom Víctor não deixe de rezar por ele.
Currículo do arcebispo argentino
-Dom
Víctor Manuel Fernández nasceu em 18 de julho de 1962 em Alcira Gigena,
Província de Córdoba (Argentina). Foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de
1986 para a diocese de Villa de la Concepción del Río Cuarto (Argentina).
-Obteve
o Mestrado em teologia com especialização bíblica na Pontifícia Universidade
Gregoriana (Roma) e posteriormente o doutorado em Teologia na Faculdade de
Teologia de Buenos Aires.
-De 1993
a 2000 foi pároco de Santa Teresita em Río Cuarto (Córdoba). Foi fundador e
diretor do Instituto de Formação de Leigos e do Centro de Formação de
Professores Jesús Buen Pastor na mesma cidade. Em sua diocese foi também
formador do seminário, diretor de ecumenismo e diretor de catequese.
-Em 2007
participou da V Conferência Episcopal Latino-Americana (Aparecida) como
sacerdote representante da Argentina e, posteriormente, como membro do grupo de
redação do documento final.
-De 2008
a 2009 foi Decano da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica
da Argentina e Presidente da Sociedade Teológica Argentina.
-De 2009
a 2018 foi reitor da Pontifícia Universidade Católica da Argentina.
-Em 13
de maio de 2013 foi nomeado Arcebispo pelo Papa Francisco.
-Participou,
como membro, nos Sínodos dos Bispos de 2014 e 2015 sobre a família, nos quais
também fez parte dos grupos de redação.
-Na
Assembleia de 2017 da Conferência Episcopal Argentina foi eleito Presidente da
Comissão Episcopal de Fé e Cultura (Comissão Doutrinal).
-Em
junho de 2018 assumiu o cargo de Arcebispo de La Plata.
-Foi
membro do Pontifício Conselho para a Cultura e Consultor da Congregação para a
Educação Católica. Atualmente é membro do Dicastério para a Cultura e a
Educação.
-Entre
livros e artigos científicos, tem mais de 300 publicações, muitas das quais
traduzidas para várias línguas. Esses escritos mostram uma importante base
bíblica e um esforço constante de diálogo da teologia com a cultura, a missão
evangelizadora, a espiritualidade e as questões sociais.
Segue na
íntegra a carta do papa Francisco ao novo prefeito do dicastério para a
Doutrina da Fé, traduzida do espanhol:
A Sua
Excelência Reverendíssima
Mons.
Víctor Manuel Fernández
Cidade
do Vaticano, 1 de julho de 2023
Caro
Irmão,
Como
novo Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, confio-lhe uma tarefa que
considero muito valiosa. O seu objetivo central é guardar o ensinamento que
brota da fé para "dar razão da nossa esperança, mas não como inimigos que
apontam e condenam"[1].
O Dicastério a que Vossa Excelência presidirá, noutros tempos, chegou a usar métodos imorais. Eram tempos em que, em vez de promover o conhecimento teológico, se perseguiam possíveis erros doutrinais. O que espero de si é certamente algo muito diferente. Foi decano da Faculdade de Teologia de Buenos Aires, presidente da Sociedade Argentina de Teologia e é presidente da Comissão de Fé e Cultura do Episcopado Argentino, em todos os casos votado pelos seus pares, que assim valorizaram o seu carisma teológico. Como reitor da Pontifícia Universidade Católica da Argentina, favoreceu uma sã integração dos saberes. Por outro lado, foi pároco de "Santa Teresita" e até agora Arcebispo de La Plata, onde soube pôr em diálogo o saber teológico com a vida do santo Povo de Deus.
Dado que para as questões disciplinares - especialmente relacionadas com o abuso de menores - foi recentemente criada uma Secção específica com profissionais muito competentes, peço-lhe, como Prefeito, que dedique o seu empenho pessoal de forma mais direta ao objetivo principal do Dicastério que é "guardar a fé" [2]. Para não limitar o significado desta tarefa, é preciso acrescentar que se trata de "aumentar a inteligência e a transmissão da fé ao serviço da evangelização, para que a sua luz seja um critério de compreensão do sentido da existência, sobretudo perante as interrogações suscitadas pelo progresso da ciência e pelo desenvolvimento da sociedade"[3].
Estas interrogações, assumidas num renovado anúncio da mensagem evangélica, "tornam-se instrumentos de evangelização"[4], porque permitem entrar em diálogo com "o contexto atual, de uma forma sem precedentes na história da humanidade"[5]. Além disso, sabeis que a Igreja "precisa de crescer na interpretação da Palavra revelada e na compreensão da verdade"[6], sem que isso implique a imposição de um único modo (interpretativo) de a exprimir.
De facto, "as diferentes linhas de pensamento filosófico, teológico e pastoral, se se deixarem harmonizar pelo Espírito no respeito e no amor, podem também fazer crescer a Igreja"[7]. Este crescimento harmonioso preservará a doutrina cristã mais eficazmente do que qualquer mecanismo de controle.
É bom que a vossa tarefa exprima que a Igreja "encoraja o carisma dos teólogos e o seu esforço de investigação teológica", desde que "não se contentem com uma teologia de gabinete"[8], com "uma lógica fria e dura que procura dominar tudo"[9]. Será sempre verdade que a realidade é superior à ideia. Neste sentido, é preciso que a teologia esteja atenta a um critério fundamental: "considerar inadequada qualquer concessão teológica que acabe por pôr em dúvida a onipotência de Deus e, em particular, a sua misericórdia"[10]. É necessário um pensamento capaz de apresentar de forma convincente um Deus que ama, que perdoa, que salva, que liberta, que promove as pessoas e as chama ao serviço fraterno.
Isto acontece se "o anúncio se concentrar no essencial, que é o mais belo, o maior, o mais atrativo e, ao mesmo tempo, o mais necessário". Sabeis bem que há uma ordem harmoniosa entre as verdades da nossa mensagem, onde o maior perigo ocorre quando as questões secundárias acabam por ofuscar as centrais. No horizonte desta riqueza, a vossa tarefa implica também um cuidado especial para verificar se os documentos do vosso Dicastério e dos outros têm um suporte teológico adequado, são coerentes com o rico húmus do ensinamento perene da Igreja e, ao mesmo tempo, têm em conta o Magistério recente.
Que a Virgem Santíssima vos proteja e guarde nesta nova missão.
Por favor, não
deixeis de rezar por mim.
Fraternalmente,
FRANCISCO
REFERÊNCIAS
[1]
Exhort. ap. Evangelii gaudium (24 noviembre 2013), 271.
[2]
Motu proprio Fidem servare (11 febrero 2022), introducción.
[3]
Ibíd., 2.
[4]
Exhort. ap. Evangelii gaudium (24 noviembre 2013), 132.
[5]
Carta enc. Laudato si’ (24 mayo 2015), 17.
[6]
Exhort. ap. Evangelii gaudium (24 noviembre 2013), 40.
[7]
Ibíd.
[8]
Exhort. ap. Evangelii gaudium (24 noviembre 2013), 132.
[9]
Exhort. ap. Gaudete et exsultate (19 marzo 2018), 39.
[10]
Comisión Teológica Internacional, La esperanza de salvación para los niños que
mueren sin bautismo (19 abril 2007), 2.
[11]
Exhort. ap. Evangelii gaudium (24 noviembre 2013), 35
[01089-ES.01]
[Texto original: Español]
A carta
está disponível no boletim da sala de imprensa da Santa Sé de 1° de julho de
2023.
O que pensa dom Víctor Fernández, novo prefeito do Dicastério para
a Doutrina da Fé?
Por Walter
Sánchez Silva - ACI Digital
Vaticano, 04 Jul. 23 / 03:57 pm (ACI).- O papa Francisco nomeou dom Víctor Manuel Fernández prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.O até agora arcebispo de La Plata é tido como “teólogo do papa Francisco” e o “ghost writer” por trás de vários escritos do papa Francisco.Tucho, como é chamado o arcebispo, formou-se em teologia com especialização bíblica na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma e depois obteve o doutorado em teologia na Faculdade de Teologia de Buenos Aires.Ele foi instrutor de seminário, diretor de ecumenismo e diretor de catecismo. Em 2007 participou da V Conferência do Episcopado Latino-Americano em Aparecida como sacerdote representante da Argentina e depois como membro do grupo de redação do documento final.Em novembro de 2014, o arcebispo argentino concedeu uma entrevista à revista Vida Nueva, no contexto do Sínodo sobre a Família celebrado em outubro. Respondendo a uma pergunta sobre sua opinião sobre o que o cardeal americano Raymond Burke disse que o Sínodo teria sido manipulado, dom Fernández exortou a não ser “rígido” e a aceitar “o que Deus quer trazer à Igreja através do papa Francisco. De outra forma, em vez da fé no carisma do sucessor de Pedro e da fidelidade ao Espírito que age na Igreja, o que há é a defesa violenta de uma ideologia filosófica. Se o papa tem essa ideologia, eu o adoro, mas se ele coloca outros acentos, ele se converte em um latino-americano ignorante e perigoso que é preciso tentar limitar”, acrescentou.
Nessa entrevista, Fernández expôs também a sua opinião sobre como se dá o desenvolvimento da doutrina católica, cuja ortodoxia em todo o mundo estará sob a sua vigilância a partir de setembro de 2023
“A
Igreja sempre pode aprofundar sua doutrina. Se não fosse assim, ainda aprovaria
a escravidão ou a pena de morte, recomendaria a monarquia como a forma mais
perfeita de governo, ou rejeitaria que um não católico pudesse ser salvo ou
seguir sua consciência, etc. Quando se diz que a doutrina é imutável, deve-se
dizer também que a compreensão que a Igreja tem dessa doutrina não é igualmente
imutável, mas cresce e amadurece”, disse.
O arcebispo também, falou sobre a Comunhão para os divorciados em uma nova união, debate que foi aberto algum tempo depois com a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada em 2016
“Uma
segunda união de muitos anos, que teve filhos e reconhece o mal objetivo do
ocorrido, vive na fidelidade e na generosidade cristã essa união que não
poderia ser rompida sem gerar novas culpas. Dado que neste caso o casal tem um
forte condicionamento que torna muito difícil uma decisão diferente, entende-se
que a responsabilidade e a culpa estão mitigadas e isso poderia abrir caminho para
um discernimento pastoral que abra o caminho para a Eucaristia em algumas
ocasiões”, disse ele naquele momento.
*ADENDO (DESTE BLOG BERAKASH): Os casais em segunda união e o
acesso ao sacramento da eucaristia, de acordo com a Amoris Laetitia, é para
todo casal em segunda união? NÃO! É PRECISO ANTES O DESCERNIMENTO!
A exortação apostólica Amoris Laetitia não contém, formalmente, regra canônica geral, proibindo os casais em segunda união de receberem o sacramento da eucaristia, nem muito menos a liberação sem critérios de discernimento pastoral a todo e qualquer qualquer casal em segunda união. O texto da exortação é claríssimo a esse respeito. Vamos à exortação:
“Se se tiver em conta a variedade inumerável
de situações concretas (...) é compreensível que se não devia esperar do sínodo
ou desta exortação nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os
casos. É possível apenas novo encorajamento a responsável discernimento
pastoral e pessoal dos casos particulares que deveria reconhecer: uma vez que o
grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, as consequências ou
efeitos de uma norma não devem ser sempre os mesmos” (n. 300).
Na verdade, a Amoris Laetitia apenas autoriza, em determinadas situações, após o devido discernimento pastoral, o recebimento da penitência e eucaristia por casais que vivem em segundas núpcias. Isto está claro no documento em apreço:
“Em certos casos poderia haver, também,
a ajuda dos sacramentos” (n. 305, nota de rodapé).
Por outro lado, a exortação apostólica Familiaris Consortio, que até 8/4/2016 (data da publicação da Amoris Laetitia), constituía o único regramento básico para o "cuidado pastoral" (NÃO É INSTRUÇÃO DOGMÁTICA), dos casos de segunda união, dispunha de norma canônica geral proibitiva bastante clara: “A Igreja, contudo, reafirma sua práxis, fundada na sagrada escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união” (n. 84d). Nada obstante, mesmo sob a égide da Familiaris Consortio, ao lume dos princípios genéricos de moral, havia situações (exceções) em que o penitente, diante do confessor e, por conseguinte, diante de Deus – no âmbito do sacramento da penitência, o padre-confessor faz as vezes de Deus – era autorizado, após sério discernimento, a comungar, a despeito da regra canônica geral proibitiva que vigia então, e que não vige mais, ao menos formalmente. De fato, afirmava são João Paulo II na Familiaris Consortio:
“Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações.” (FC n. 84b).
Reportando-se
a princípio da teologia moral, o PAPA FRANCISCO afirma na Amoris Laetitia:
“A Igreja possui sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão em situação chamada irregular vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante” (n. 301).
A Amoris Laetitia traça, também, distinção, já conhecida da teologia moral, entre pecado objetivo e pecado subjetivo:
“Por causa dos condicionalismos e dos fatores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio de situação objetiva de pecado – mas subjetivamente não seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver na graça de Deus (...)” (n. 305).
Devemos reter na memória estas significativas palavras do santo padre, reproduzidas na Amoris Laetitia:
“É mesquinho deter-se a considerar se o agir de uma pessoa corresponde ou não à norma geral, porque isto não basta para discernir e assegurar plena fidelidade a Deus na existência concreta do ser humano.” (n. 304).
A regra geral proibitiva, presente tanto na
Familiaris Consortio quanto no Catecismo da Igreja Católica (n.o 1650)
corresponde a determinada “política pastoral”, digamos assim, ora colocada pelo
papa Francisco mediante a Amoris Laetitia, vez que a tradição bíblica jamais
referenda a impossibilidade de exceção à norma geral proibitiva. Daí o destaque
atribuído pelo pontífice romano aos casos concretos que pululam na atualidade e
demandam assistência pastoral específica (cada caso é um caso). Em consequência, Francisco não
ab-roga a aludida norma geral proibitiva, mas, ao não reiterá-la expressamente
na Amoris Laetitia, opta por privilegiar a solução caso a caso, na perspectiva
do discernimento.
A palavra-chave do controverso capítulo VIII da Amoris Laetitia é
“discernimento”!
O que expus neste artigo parece coalescer com os “Critérios básicos para a aplicação do capítulo VIII da Amoris Laetitia”, documento dos bispos da Região de Buenos Aires (2016). A este documento dos colegas de Buenos Aires, o papa Francisco deu resposta contundente: “O texto é muito bom e explicita cabalmente o sentido do capítulo VIII da Amoris Laetitia. Não há outras interpretações. Estou certo de que fará muito bem” (destaques nossos). Reflitamos, por fim, na seguinte admoestação do vigário de Cristo, igualmente inserida na Amoris Laetitia:
“Um pastor não pode sentir-se satisfeito apenas aplicando leis morais àqueles que vivem em situações ‘irregulares’, como se fossem pedras que se atiram contra a vida das pessoas. É o caso dos corações fechados, que muitas vezes se escondem até por detrás do ensinamento da Igreja, para se sentar na cátedra de Moisés e julgar, às vezes com superioridade e superficialidade, os casos difíceis e as famílias feridas.” (n. 305).
As feministas e "o sonho da verdadeira
igualdade"
Em outubro de 2019, antes do "Encontro Nacional de Mulheres Autoconvocadas" em La Plata e que geralmente termina com feministas atacando as igrejas católicas, dom Fernández pediu aos católicos que evitem "ações que, com a desculpa de proteger as igrejas, podem ser interpretadas como uma 'resistência' cristã”. No artigo intitulado "Encontro Nacional de Mulheres", dom Fernández argumentou que muitos veem o grande evento feminista, caracterizado por sua violência contra a propriedade pública e privada, "como se uma horda sedenta de vingança e destruição estivesse chegando", mas que na verdade "são mulheres, de várias cores, com diferentes formas de defender seus direitos, e também com diferenças entre elas". “O sonho da verdadeira igualdade as une, e a raiva é compreendida quando a história é lembrada, séculos de opressão, humilhação, dominação machista, violência”, acrescenta (destaque desse blog: apesar de que isso se explica, mas não se justifica). “Às vezes a raiva se concentra contra a Igreja, que precisa de uma autocrítica sobre esse assunto”, disse dom Fernández, que no artigo tenta fazer uma síntese histórica das posições em que a Igreja errou e precisa ser corrigida com base em alguns bons exemplos.
D.
Fernández ao presidente argentino Alberto Fernández: “Aborto, quem é mais
medieval?”
Um mês depois, o arcebispo questionou o presidente Alberto Fernández por oferecer a apresentação de um projeto para legalizar o aborto na Argentina:
“Se eu pudesse falar com Alberto, disse, eu lhe perguntaria se vale a pena começar o seu mandato com um tema que tanto divide os argentinos e tem causado tanta tensão”, escreveu Fernández na sua conta do Facebook.
Em novembro de 2020, o arcebispo publicou no Infobae a coluna
“Aborto: quem é mais medieval?”, na qual disse:
"A proteção da vida é uma defesa até o fundo dos grandes direitos humanos. A mera suspeita de que um embrião é um ser humano já seria suficiente para sua defesa, ainda que esteja em estágio de desenvolvimento. De fato, a Convenção sobre os direitos da criança entende por criança todo ser humano desde o momento da concepção”, lembrou o arcebispo.
A lei do aborto na Argentina foi, infelizmente, aprovada em dezembro de 2020.
No dia 1º de julho, ao saber de sua nomeação, dom Víctor Fernández fez uma publicação em sua conta no Facebook na qual disse que em várias ocasiões se recusou a aceitar o cargo no Vaticano porque, entre outras coisas, "a tarefa inclui a questão dos abusos de menores e não me sinto preparado, nem fui formado para esses assuntos.” - “No entanto, quando ele estava no hospital, ele me pediu a mesma coisa de novo. Vocês podem imaginar que era impossível dizer a ele que não. Mas ele me explicou que o tema dos abusos está agora em uma seção bastante autônoma, com profissionais que sabem muito sobre o tema e trabalham com muita seriedade", acrescentou. O arcebispo argentino disse que sua missão será outra coisa com a qual o papa Francisco está muito preocupado neste momento “incentivar a reflexão sobre a fé, o aprofundamento da Teologia, promover um pensamento que saiba dialogar com o que as pessoas vivem, encorajar um pensamento cristão livre, criativo e com profundidade” - “Finalmente aceitei com alegria, porque o que me pede é um desafio maravilhoso, embora eu tenha muitos contras: há pessoas que preferem um pensamento mais rígido, estruturado, em guerra com o mundo”, continuou. Depois de dizer que neste pontificado se dá maior importância ao Dicastério para a Evangelização, dom Fernández disse que "em outros tempos o Dicastério para a Doutrina da Fé se chamava Santo Ofício, e se dedicava a perseguir os hereges, que faziam erros doutrinais, e o papa reconhece que usou métodos imorais como a tortura”.
“Ele me diz que
está me pedindo algo muito diferente, porque os erros não se corrigem perseguindo ou controlando, mas fazendo
crescer a fé e a sabedoria. Essa é a
melhor forma de preservar a doutrina”, concluiu.
Dentro do Dicastério da Doutrina da Fé, que dom Fernández presidirá a partir de 15 de setembro deste ano, está a Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, cujo presidente é o arcebispo de Boston, EUA, cardeal Seàn O'Malley. Essa comissão não depende formalmente no Dicastério da Doutrina da Fé. Dom Fernández também se tornará presidente da Pontifícia Comissão Bíblica e da Comissão Teológica Internacional, organismo cuja missão é ajudar a Santa Sé na análise dos temas doutrinais de maior importância e atualidade. O arcebispo assumirá o mesmo cargo no qual Joseph Ratzinger (papa Bento XVI) serviu por 25 anos durante o pontificado de são João Paulo II, e que também foi ocupado pelos cardeais William Joseph Levada (EUA), Gerhardt Müller (Alemanha) e Luis Ladaria (Espanha).
Uma decisão “desconcertante e preocupante”
O grupo americano BishopAccountability.org, que mantém um banco de dados online de abusos cometidos por membros da Igreja Católica, publicou um comunicado no qual denuncia que em 2019 o bispo Víctor Fernández se recusou a acreditar nas supostas vítimas do padre Eduardo Lorenzo, da arquidiocese de La Plata. O Papa Francisco "tomou uma decisão desconcertante e preocupante", disse o grupo em um comunicado, referindo-se ao caso. “Na sua resposta às acusações, apoiou veementemente o padre acusado e se recusou a acreditar nas vítimas”, acrescentou a instituição, segundo a Associated Press (AP). Para o grupo americano, Fernández “deveria ter sido investigado, não promovido a um dos cargos mais altos da Igreja global”. A AP diz que o arcebispo argentino permitiu que o padre continuasse trabalhando, embora ele tenha sido demitido por "motivos de saúde". O padre cometeu suicídio em 16 de dezembro de 2019, depois que um juiz emitiu um mandado de prisão, acusado de abuso sexual. “Nada em seu desempenho sugere que ele esteja apto para liderar a batalha do papa contra o abuso e o acobertamento”, lamentou BishopAccountability.org em relação a dom Fernández.
Sua nomeação como arcebispo
Pouco depois de iniciar seu pontificado em março de 2013, o papa Francisco nomeou o arcebispo Víctor Fernández em 13 de maio, sem atribuir-lhe uma jurisdição responsável. Até então, ele já atuava desde 2011 como reitor da Pontifícia Universidade Católica Argentina Santa Maria de Buenos Aires (UCA). Cinco anos depois, em 2 de junho de 2018, foi nomeado arcebispo de La Plata, cargo no qual sucedeu a dom Héctor Aguer, que nove dias antes, em 24 de maio, havia completado 75 anos, idade de aposentadoria dos bispos.
Sobre o livro "A Arte de Beijar" de d.
CATECISMO DA IGREJA TRATA DO Prazer sexual moderado NO MATRIMÔNIO:
CIC §2362: "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, significam e favorecem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido. A sexualidade é fonte de alegria e de prazer: O próprio Criador estabeleceu que nesta função (i.é, de geração) os esposos sentissem prazer e satisfação do corpo e do espírito. Portanto, os esposos não fazem nada de mal em procurar este prazer e em gozá-lo. Eles aceitam o que o Criador lhes destinou. Contudo, os esposos devem saber manter-se nos limites de uma moderação justa.
Em 1995, quando já tinha cerca de dez anos de sacerdote, o padre Víctor Fernández publicou na Argentina com a editora Lumen o livro “Cura-me com tua Boca: a Arte de Beija”, que não consta na lista de obras que a Santa Sé divulgou no sábado ao anunciar sua nomeação como prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé. “Deixo claro que este livro não é escrito tanto a partir da minha existência, mas da vida das pessoas que se beijam”, disse o padre Fernández na apresentação, e manifesta o seu desejo de que as páginas do texto “ajudem a beijar melhor, que te motivem a liberar o melhor de si em um beijo”.
O livro, que tem várias imagens sugestivas, fala sobre o que dizem sobre o tema as pessoas na rua, poetas, e os santos!
Na página 21 do livro está a seguinte frase:
"Um casal com muito sexo, muita satisfação sexual, mas poucos beijos como pessoas, ou com beijos que não dizem nada, está cavando, a cada união sexual, a sepultura do amor, está criando rotina, cansaço e tédio, até que um dos dois encontre algo mais humano - Os beijos e a mística têm muito a ver. Aliás, se o beijo perde o seu fundo místico, a profundidade que está por trás dos lábios, torna-se apenas um jogo chato ou um costume que deve ser cumprido..."
Lê-se na página 51 sob o subtítulo "O beijo supermístico", o então ainda padre Fernández diz que:
"O beijo é muito mais que um desejo da carne, porque o beijo dos lábios é a expressão sensível de um 'beijo espiritual', de uma união muito íntima dos dois, que por um instante sentem como se todas as barreiras que existem entre eles tivessem caído. Por isso, também podemos beijar a Deus. E quando Ele nos beija, esse beijo atinge o mais profundo do nosso ser. Os grandes místicos chamavam isso de 'casamento espiritual'”, acrescenta.
Em carta publicada em 1º de julho, a comissão executiva do episcopado argentino manifestou a sua alegria pela nomeação e destacou algumas qualidades do novo prefeito:
“Valorizamos sua sabedoria, seus dons, sua experiência pastoral e
confiamos que, com a ajuda do Espírito Santo, você poderá, como o próprio Santo
Padre expressou: ‘apresentar de forma convincente um Deus que ama, que perdoa,
que salva, que liberta, que promove as pessoas e as chama ao serviço
fraterno'”, disseram-lhe.
Os bispos da presidência do CELAM disseram que:
"Com a experiência de Dom Fernández, a Igreja poderá contar com um guia
seguro para abrir caminhos de diálogo e reflexão para que o depósito da fé seja
uma fonte da qual Povo de Deus se nutra para continuar anunciando Cristo com
alegria e entusiasmo”.
BIBLIOGRAFIA:
-https://www.acidigital.com/noticias/papa-francisco-indica-arcebispo-argentino-como-chefe-do-dicasterio-de-doutrina-96770
-https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-07/papa-novo-prefeito-dicasterio-razao-nossa-esperanca-doutrina.html
-https://www.ihu.unisinos.br/categorias/630114-papa-francisco-acaba-de-entregar-ao-vaticano-seu-ratzinger#:~:text=Apenas%20para%20garantir%20que%20ningu%C3%A9m,sua%20nomea%C3%A7%C3%A3o%2C%20destacando%20suas%20expectativas.
-https://www.acidigital.com/noticias/o-que-pensa-dom-victor-fernandez-novo-prefeito-do-dicasterio-para-a-doutrina-da-fe-58896
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