"Todo reacionário é
conservador, mas nem todo conservador é reacionário" - O pernambucano Nelson Rodrigues
(1912-1980), o maior dramaturgo brasileiro, que se assumia como “reacionário”, mas
seu discurso nunca correspondeu com sua práxis. Apoiou a
ditadura militar (coisa abominável no Credo Reacioánio), até
descobrir que seu filho, Nelsinho, era militante de uma organização
clandestina, foi preso e torturado e ficou na cadeia de 1972 até 1979. Nelson
morreria no ano seguinte. Apesar de ser um anticomunista ferrenho, o escritor
teve muitos amigos esquerdistas e comunistas, como João Saldanha, e inclusive
interveio junto aos militares para tirar alguns da prisão. A obra teatral de
Nelson, por outro lado, foi alvo constante da censura durante quase toda a sua
vida por desafiar a moral, os bons costumes e a igreja, o que não condiz muito
com o perfil de um reacionário raiz. Estas nuances fizeram com que alguns
críticos teatrais, como Sábato Magaldi, se tornassem reticentes sobre o que há
de real e de pilhéria no “reacionarismo” assumido de Nelson: “Um
dia será necessário rever o epíteto de reacionário que o próprio Nelson se
afixou, escreveu Magaldi. Na verdade, há muito de feroz ironia nesse
qualificativo. Porque Nelson Rodrigues foi reacionário
apenas na medida em que não aceitou a submissão do indivíduo a qualquer regime
totalitário” (isto sim, faz parte do Credo Reacionário!) - No frigir dos ovos,
convenhamos, sua crítica ao totalitarismo dos regimes comunistas liderados pela
extinta União Soviética estava correta e os esquerdistas de então é que estavam
equivocados como o bonde da história provou. Na biografia O Anjo Pornográfico,
o escritor Ruy Castro oferece ao leitor as inúmeras facetas do dramaturgo e
cronista, e algumas delas simplesmente não ornam com o estigma de reacionário
que deu a si mesmo. Nelson acertadamente criou a expressão “complexo de
vira-latas”, melhor definição para os brasileiros de ontem e de hoje
complexados com os Americanos. Muitos o conhecem apenas pela frase “sou
reacionário: minha reação é contra tudo que não presta”. Mas será que seu
reacionarismo é de fato e de direito? Vejamos pelas suas obras e tirem suas
conclusões:
1)-"O Beijo no Asfalto"
(1960): Favorece o homossexualismo masculino!
2)-"Bonitinha, mas Ordinária" (1963):Banalização
do Estupro!
3)-"Álbum de Família" (1945):
Favorece o Incesto!
4)-"Toda Nudez Será Castigada"
(1965):Favorece o Adultério!
5)-"Os Sete Gatinhos" (1958):Favorece
a Prostituição!
6)-"Asfalto Selvagem ou Engraçadinha,
Seus Amores e Seus Pecados": Favorece o Lesbianismo!
Ora, sem querer desmerecer toda genialidade literária de Nelson Rodrigues, mas se ele diz que "sua reação é contra tudo que não presta”, nestas obras supra citadas acima, elas não favorecem as virtudes (como no movimento reacionário) e sim os vícios, que não edifica ninguém, pelo contrário, os degrada, portanto, o conjunto da obra de forma individual, não presta para nada!
Termos equiparados no
senso comum contemporâneo, conservadorismo e reacionarismo apresentam, no
entanto, trajetórias distintas na história das ideias. A ideologia
conservadora, em especial, é detentora de um debate interno muito rico. Foram-se os tempos aquele em que o pensamento da esquerda
se dizia revolucionário. E a direita era acusada de reacionária, e seus
componentes conhecidos pela alcunha de "reaças". As coisas mudaram rapidamente e agora vemos uma esquerda
fisiológica e pasmem! reacionária defendendo a volta do Status Quo da ERA
PTISTA com toda a roubalheira da Petrobras, BNDES, Correios, rodovias,
hidroelétricas, estatizações, troca de favores e coisas afins, as ideias do ex
ditador fascista e depois presidente Getúlio Vargas, inclusive sua CLT copiada
da carta Del Lavoro do fascista assumido: Mussolini. A história tem estes
paradoxos. Até o
articulista do JC Henrique Matthiesen entrou nesta onda e “emPTzou” estas ideias,
ou seja, falou muito sem dizer nada, defendendo que a classe dominante do
Brasil do século XXI tem "ideário escravagista". Tudo por causa da
Reformas Trabalhista, que acabou com as mamatas dos inumeráveis Sindipelegos com
Sindicato pra tudo quanto é lado e para todas as causas possíveis (incluindo o sindicato dos sindicatos).Ficaram
inconformados com o fim daquele desconto compulsório no salário dos
trabalhadores, e claro, estão a defender também, todas jabuticabas da justiça
trabalhista, um avanço revolucionário getulista, segundo ele. Terminou o
espevitado articulista concluindo que: “Hoje temos uma escravidão voluntária” - Claro que
desabafou como um saudoso da liberdade getulista e tão ao gosto do arquejante e
desacreditado PT e da hoje falida CUT. A
grande verdade é que esta visão ultrapassada da luta de classe, (quando o mundo
inteiro busca paz, diálogo e conciliação), já se tornou, e cada vez mais isto
se confirma, um mero argumento retórico para o discurso político fora de época,
em um mundo em que as empresas se valorizam mais, à medida que tem mais preocupação
com a sua responsabilidade social, ambiental e sustentabilidade. Escravos
voluntários hoje são aqueles que não veem a evolução dos tempos e ficam
amarrados a uma esquerda obsoleta, banida com aquelas desonrosas exceções ditatórias,
de todo o planeta.
As elites continuam existindo, mas pouco a pouco perdendo o
viés negativo de outrora, e compõem fundações como a de Gates ou
Buffet, usando a maior parte de suas fortunas para melhorar o mundo e
as condições em que as pessoas mais pobres vivem!
Mas o que é, afinal, o conservadorismo?
Ninguém sofre mais preconceito no Brasil do que o conservador. É a atual “Geni” e o grande pária da sociedade, visto como um ser primitivo, reacionário e saudosista. Há muita confusão acerca do que significa o conceito. Se alguém se conservador, e defende a volta do Regime Militar (um evento histórico necessário, mas temporário), realmente difícil defendê-lo. Para
responder a essa questão, João Pereira Coutinho escreveu o excelente livro “As
ideias conservadoras”, da editora Três Estrelas. Ele resgatou em Edmund Burke,
o “pai” do conservadorismo moderno, os principais valores defendidos pelo
movimento político conservador. Trata-se de leitura altamente recomendável,
capaz de elucidar muitas dúvidas existentes e até compreensíveis, quando se
mistura conservadores “de boa estirpe” com reacionários:
a)-Para começo de conversa, o
conservadorismo é reativo, ou seja, ele nasce para combater ameaças
revolucionárias provenientes de utopias paridas por pensadores que amam a
abstrata Humanidade, mas não se importam muito com o próximo. Burke escreveu suas clássicas reflexões justamente para reagir à
Revolução Francesa, e fez alertas antes de ela descambar para o sangrento
terror de Robespierre.
b)-Ao preferir o familiar ao desconhecido, o testado ao nunca
testado, o conservador tende a ser cético com mudanças muito radicais,
especialmente aquelas derivadas de utopias, com propostas para uma “solução
final” para os complexos problemas da vida em sociedade.
c)-Mas não são apenas os revolucionários que representam uma
ameaça. Os reacionários são
igualmente perigosos. São “revolucionários do avesso”, que desdenham da mesma
forma do presente e sonham também com uma utopia.
d)-Tanto os revolucionários como os reacionários acreditam em um
mundo harmonioso, estático, “onde os homens, porque dotados de uma natureza
fixa e inalterável, desejam necessariamente as mesmas coisas”. Ambos demonstram
desprezo pela realidade.
e)-Isso não quer dizer, naturalmente, que o conservador será
contrário a qualquer mudança. Ele apenas
adota postura mais prudente, assume conduta mais moderada, respeitando as
tradições que sobreviveram aos “testes do tempo”. Ele será favorável a reformas
que possam ajudar no processo de evolução continuada da sociedade, mas sempre
levando em conta nossas limitações e imperfeições. Isso exige maior cautela e humildade, assim como respeito aos
aspectos circunstanciais do momento.
Os
“engenheiros sociais”, que pretendem remodelar nossas almas, criar um mundo
novo do zero ou regressar a um inexistente, terão no conservadorismo um
obstáculo! Tendo o homem um intelecto limitado, o conservador irá alertar para as
consequências não planejadas ou intencionais, reforçando sempre aquilo que nós
não conhecemos. Prudência é a palavra-chave aqui. “Um conservador entende que a realidade é sempre mais complexa, e
mais diversa, que a simplificação apaziguadora das cartilhas ideológicas”,
escreve Coutinho. Alguns
valores básicos, ou “primários”, terão de ser sempre respeitados, se quisermos
preservar a civilização. Mas, fora isso, deverá haver tolerância e
respeito para com a diversidade. Os “progressistas” falam em
pluralidade, mas se mostram, na prática, os mais intolerantes com divergências;
os conservadores praticam a verdadeira tolerância, dentro dos
limites necessários para a sobrevivência da própria civilização e da
tolerância. Respeitar
tradições, o legado dos que vieram antes de nós, e também se preocupar em
preservar e deixar um legado positivo para os que ainda virão, tudo isso é
parte da mentalidade conservadora, que reconhece que somos parte dessa “herança
coletiva”. O estadista jamais irá encarar a sociedade como uma tela em branco
na qual pode pintar o que lhe aprouver. Terá responsabilidade por
saber que fazemos parte de um processo interminável, e que devemos respeito aos
mortos e aos que estão para nascer. Por fim, nem todos os conservadores admiram a “sociedade
comercial”, juntando-se aos esquerdistas nos ataques ao capitalismo selvagem. Coutinho
busca em Thatcher, e no próprio Burke, uma visão alternativa, que reconcilia o
conservadorismo com o livre mercado, uma “ordem espontânea” que preserva as
liberdades individuais. A defesa conservadora do capitalismo é mais ética do que
utilitarista: precisamos respeitar as escolhas dos indivíduos, possíveis apenas
em um ambiente de trocas voluntárias. Dentre muitas dinâmicas,
diversos “tipos ideais”, abrangidos pelo termo conservadorismo – possivelmente
o mais compatível com as expectativas das elites – seja:
a)-O do exercício do
poder, em particular o de natureza política, como “cimento” da sociedade, instância
de controle sem o qual a anarquia se instala, corroendo toda a
estrutura da “nação”.
b)-Em busca da evolutio
dentro da ordem, o conservador pretende a manutenção das regras do sistema político.
Isso acima de quaisquer outras considerações.
c)-Um método no qual a mudança não se encontra, a priori, excluída, até porque – seguindo a receita aviada pelo grande teórico do conservadorismo no século XVIII, Edmund Burke: “um Estado onde não se pode mudar nada não tem meios de se conservar”.
Curiosamente, a frase do político irlandês poderia ter sido pronunciada noutro contexto geográfico, o da Itália do Risorgimento magnificamente recriada por Visconti, em O Leopardo (a partir de um romance de Lampedusa). No filme, o personagem principal, o Príncipe de Salina, profere a célebre sentença: “É preciso que as coisas mudem para que permaneçam como estão”. Pelo que se pode pensar, nada obstante as atualizações, o eco das ideias articuladas por Varnhagen e outros precursores, continua ouvido no Brasil de hoje. Comumente associado à esfera da política, o conservadorismo fornece, no entanto, no plano da cultura, a sua melhor chave de compreensão. Ou seja, aparentemente simples, a execução da proposta conservadora demanda o manejo de uma sofisticada rede de produção simbólica, organismo responsável por gerar e reproduzir valores culturais de afirmação do estabelecido, em níveis que se articulam o Estado, a igreja, a escola, a economia, as artes, os esportes, entre outros nexos.Um procedimento no qual não basta produzir o veto às concepções de mundo ditas progressistas, ou ainda o repúdio às expectativas de avanço da sociedade utópica, como na cartilha do reacionarismo. A alternativa metodológica de pensadores como Varnhagen e seus seguidores supõe uma outra atitude: a da arbitragem entre os níveis de mudança e de continuidade a ser administrados nos variados compartimentos da vida pública e privada. Marcado pela prudência e busca de coerência, esse tipo de pensamento venceu as barreiras do tempo, especialmente por sua conformidade ante às expectativas dos segmentos situados tanto no topo como na base da pirâmide social.
QUAL O
VERDADEIRO PENSAMENTO REACIONÁRIO?
Frequentemente
confundidos no Brasil, reacionarismo e conservadorismo têm em comum apenas a
oposição à idéia de progressismo (não do verdadeiro progresso: moral, econômico e sócio cultural). De resto, exibem programa
político e base social inteiramente distintos. Em ciência política,
reacionário pode ser definido como uma pessoa ou entidade com opiniões
políticas que favorecem o retorno a um estado político anterior da sociedade. Como adjetivo, a palavra reacionário descreve pontos de vista e políticas
destinadas a restaurar um certo status quo do passado. Um reacionário é
literalmente alguém que reage contra algum desenvolvimento ou mudança não testada com sucesso na história, ou se
opõe a propostas de mudança na sociedade que modifiquem para o pior principalmente os valores morais. O termo é normalmente usado em
associação ou mesmo no lugar de conservador, embora isso seja bastante
relativo. A palavra "reacionário" é freqüentemente usada no contexto
do espectro político de esquerda e direita. No uso popular, é comumente usada
para se referir a uma posição altamente tradicional, oposta à mudança social ou
política de forma radical. No
entanto, de acordo com o teórico político Mark Lilla, um reacionário anseia por
derrubar uma condição atual de percebida decadência e recuperar um passado
idealizado. Tais indivíduos e políticas reacionárias favorecem transformação
social, em contraste à pessoas ou políticas conservadoras que buscam mudanças
incrementais ou preservação da política existente. As ideologias
reacionárias também, podem ser radicais, no sentido de extremismo político, a
serviço do restabelecimento das condições passadas. No discurso político, ser
reacionário é geralmente considerado negativo; Peter King observou que é
"um rótulo rejeitado, usado como uma provocação e não como um distintivo
de honra".
Apesar disso, o descritor "reacionário político" foi
adotado por escritores como:
1)-O Monarquista Austríaco
Erik von Kuehnelt-Leddihn:
2)-O jornalista escocês
Gerald Warner do Craigenmaddie:
3)-O Teólogo político Colombiano Nicolás Gómez Dávila:
4)-E o Historiador americano
John Lukacs:
O
sentido histórico do termo "reacionário" refere-se àquele que se
contrapõe ao presente, e consequentemente às mudanças revolucionárias, sociais
e políticas. Nesse sentido, entende-se como reação o conjunto de forças resilientes que
atuam no sentido de retorno ao estado anterior.
O reacionário é gêmeo do revolucionário!?
O termo foi empregado
pela primeira vez no contexto da Revolução Francesa (1789-1799) no sentido de
que reacionários
eram os que reagiam contra as mudanças iniciadas pela Revolução e
pretendiam um retorno ao Antigo Regime.
No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels afirmam
que:
“As
Classes médias, pequenos comerciantes, pequenos fabricantes, artesãos,
camponeses - combatem a burguesia porque esta
compromete sua existência como classes médias. Não
são, pois, revolucionárias, mas conservadoras; mais ainda, reacionárias,
pois pretendem fazer girar para trás a roda da história.”
Nesse sentido, equivocadamente,
as religiões são às vezes, qualificadas por alguns como reacionárias. Isto
decorre, em parte, da oposição a filósofos religiosos como Louis de Bonald,
Joseph de Maistre e François-René de Chateaubriand, e em parte do que Karl
Popper chamou de crença progressista (identificada como historicista) no
caráter manifesto da verdade que não conduz à construção do conhecimento mas à
procura dos obstáculos à manifestação da verdade.
Ao se identificar a religião
como geradora de preconceitos, os progressistas procuram abolir a religião. Diante da polarização
direita x esquerda em curso na sociedade brasileira, o centro conservador
ressurge, conspira e prepara o seu retorno à ordem política e social anterior
ao advento do PT no poder, corrigindo os erros e avançando gradualmente. Será
que, mais uma vez, caberá aos conservadores (e não reacionários) exercer a sua
secular tutela sobre os conflitos políticos no Brasil?
Nada
melhor que revisitar os artigos do Credo Reacionário (original) para entende-lo!
I - Eu não hesito em anunciar que sou um
reacionário!
Eu o tomo com um profundo
orgulho, na verdade! Não vejo mais razão em olhar para a frente, para um futuro
desconhecido, ao invés de olhar para trás nostalgicamente para valores
conhecidos e comprovados. O termo “reacionário”, na forma em que uso,
não representa um conjunto de ideias definitivos e imutáveis.
Representa uma atitude de espírito. Como um reacionário, eu
me ressinto em opor o espírito e as tendências da época em que sou obrigado a
viver e buscar restaurar o espírito que teve a sua melhor personificação em
períodos já passados. As circunstâncias em que o termo
“reacionário” é aplicado como um epíteto para fascistas e outras marcas do
homem moderno – as quais um verdadeiro reacionário tem apenas desprezo – não é minha culpa. Como um
reacionário honesto, eu naturalmente rejeito o Nazismo, Comunismo, Fascismo e
todas as ideologias relacionadas que são, de fato, um reductio ad absurdum da
chamada democracia e do “povo no poder”. Eu rejeito os
pressupostos absurdos do governo da maioria, do parlamento hocus-pocus, o falso
liberalismo materialista da Escola de Manchester e o falso conservadorismo dos
grandes banqueiros e industrialistas. Eu abomino o centralismo e a uniformidade
da vida em rebanho, o espírito estúpido racista, o capitalismo privado, bem
como o capitalismo de estado (socialismo) que contribuíram para a ruína gradual
da nossa civilização nos últimos dois séculos. O verdadeiro
reacionário desses dias é um rebelde contra os pressupostos prevalecentes e um
“radical” que vai até as raízes. Pessoalmente, sou um reacionário da fé Cristã
Tradicional, com uma perspectiva liberal e com propensões agrárias. Onde tantos
ao redor adoram o “novo”, eu respeito as formas e as instituições que têm
crescido organicamente por um longo período de tempo. Os períodos que precederam as
duas grandes tempestades – a Idade Média e a Renascença, terminadas pela
Reforma e no século XVIII, terminada pela Revolução Francesa – essas são ricas
em formas e ideias de importância duradouras. A universalidade de Nicolas de Cues ou de um
Alberto Magno, a glória da Catedral de Chartes e o barroco tardio da Áustria,
figuras inspiradoras como a Maria Teresa, Pascal, George Washington ou Leibnitz
fascinam-me mais do que os três “homens comuns” do nosso tempo – Mussolini,
Stalin e Hitler ou o esplendor democrático de uma loja de departamentos ou o
vazio espiritual dos comícios comunistas e fascistas magnetizados por uma
multidão em êxtase. A nota introdutória a este declínio da civilização foi
escrita pelo bárbaro real do trono Inglês que suplantou o espírito católico do
seu país com um provincianismo paralisante; e pelo primeiro “moderno” – o de Genebra, que pregava o
retorno à selva na forma de um barbarismo idílico. Estes dois cavaleiros
– Henrique VIII, Rousseau – eram apenas os arautos das coisas mais fatídicas
que estavam por vir. O desastre final foi, na Revolução Francesa, diante do
eterno dilema de escolher entre liberdade e igualdade, decidiu-se pela
igualdade. A guilhotina e os
magistrados de Estrasburgo que acreditavam que a torre da catedral deveria ser
demolida porque essa estava acima do nível igualitário de todas as outras
casas, são símbolos do modernismo e do “progresso” perverso. As massas, formando
maiorias organizadas e abraçando ideias idênticas e odiando uniformemente todos
aqueles que ousam ser diferentes, são o produto atual dessas várias
revoltas. Padre ou judeu, aristocrata
ou mendigo, gênio ou imbecil, o não conformista-político e explorador da
filosofia – todos eles estão na listas dos proibidos. O rebanho manda hoje em quase
todos os lugares, com diversos meios e sob os mais diversos rótulos. É a essa
tirania que eu me oponho.
II - Como um reacionário, acredito em liberdade,
mas não igualdade (igualitarismo ideológico)!
A única igualdade posso
aceitar é a igualdade espiritual de dois bebês recém-nascidos,
independentemente da cor, credo ou raça de seus pais. Não aceito nem o igualitarismo
degradante dos “democratas”, nem as divisões artificiais do racistas, nem as
distinções de classe dos comunistas e esnobes. Seres humanos são
únicos. Eles devem ter a oportunidade de desenvolver suas personalidades — e
isso significa responsabilidade, sofrimento, solidão.
Não somente gosto do princípio da
monarquia como também gosto de todas as pessoas que são coroadas. E há todos os
tipos de coroas, a mais nobre delas, composta por espinhos.O Homem Moderno — este
animal dócil, “cooperativo” e urbanizado — não é preferência de um reacionário. Eu
acredito na família, na hierarquia natural dentro da família e no abismo
natural entre os sexos. Eu amo os velhos cheios de dignidade e pais orgulhosos,
mas também adoro crianças corajosas e justas. Em uma hierarquia o membro mais
inferior é funcionalmente tão importante quanto o mais elevado. E o abismo
entre os homens e as mulheres me parece uma coisa boa também. Não há triunfo na
construção de uma ponte sobre uma mera poça. Eu gosto de pessoas com
propriedades. Não estou nada entusiasmado com um colega
desenraizado em um apartamento, com um número social como sua principal
distinção. Eu detesto o capitalismo que concentra a propriedade na mão de
poucos, não menos do que o socialismo que quer transferi-lo para o grande
ninguém, uma hidra com um milhão de cabeças e sem alma: Sociedade.
(nem Marx era defensor do igualitarismo)
Gosto de pessoas com sua própria morada, com seus
próprios campos, com seus próprios pontos de vista levando-os a ações
independentes. Eu tenho medo da massa:
os 51 por cento que votaram em Hitler e Hugenberg; a multidão em frenesi que
apoiou o Terror Francês; os 55 por cento dos brancos dos Estados do Sul que
mantiveram 45 por cento dos negros “em seu lugar” com uma ajuda de torchas e
cordas. Eu temo todas as massas que consistem de homens com medo de serem
únicos, de serem pessoas; se importando mais com a segurança do que a liberdade,
temendo seus vizinhos ou a “comunidade” mais do que Deus e suas consciências. Essas
são pessoas que não exigem somente a igualdade, mas também identidade. Eles
suspeitam de qualquer um que se atreve a ser diferente. Eles preferem
apenas os “ordinary, decent chaps” ingleses, “regular guys” americanos ou “rechte Kerle” no padrão
alemão. O homem moderno parece
ter apenas um desejo: ver tudo moldado na sua própria imagem; ele detesta
personalidade e tenta se assimilar. O que ele não consegue assimilar, ele extirpa.
Toda a nossa época é marcada por um vasto sistema de nivelamento e agências que
compõem as escolas, anúncios, quartéis, bens, jornais, livros e ideias
produzidos em massa. O lado sombrio desse processo pode ser visto no ostracismo
social praticado contra as minorias nas democracias pseudo-liberais; nos
matadouros humanos e campos de concentração das nações totalitárias
superdemocráticas; nos fluxos intermináveis de refugiados vagando sem rumo em
todo o mundo.Liberdade, afinal, é um ideal aristocrático.Em Washington, na
frente da Casa Branca, na Jackson Square, há um simbolo maravilhoso: o
monumento ao igualitarismo americano cercado por estátuas dos quatro nobres
europeus que vieram para a América lutar pela liberdade e não pela identidade –
o nobre Russo – Kosciuszko, Barão yon Steuben, o Conde de Rochambeau e o
Marquês de Lafayette. O Barão de Kalb é comemorado em outros lugares e ao Conde
Pulaski foi dado o nome a uma rodovia em Nova Jersey e uma estatua em Savannah.
Pulaski foi o único general morto no Grande Levante Whigs Americano. Nós ,
reacionários (quer saibamos ou não) somos todos Whigs. Nossa tradição, em
países de lingua inglesa, repousa sobre a Carta Magna, que só os ignorantes
chamará de “democrática”.Eu não tenho afinidade pelo “liberalismo” do
século XIX, com seu materialismo grosseiro e a crença pagã na “sobrevivência do
mais apto”, ou seja, do mais
inescrupuloso.Nas condições
europeias, sou naturalmente monarquista,
porque a monarquia é, basicamente, supra-racial e supra-nacional. As
instituições livres sobrevivem melhor não somente nas monarquias do Noroeste da
Europa, mas também na área etnicamente mista da Europa Central e Oriental. Um
europeu deve preferir monarcas de origem estrangeira com esposa estrangeira,
mãe e filhos estrangeiros do que um “líder” político pertencente
apaixonadamente a uma nacionalidade, classe ou partido específico.Eu me
sinto mais livre como um homem que não faz parte da escolha de ninguém do que
se fosse alguém nomeado pela maioria, seguindo cegamente as emoções
superaquecidas. Voltaire teve mais chances de influenciar os tribunais de
Paris, Putsdam e São Petersburgo do que um Dawson, Sorokin, Ferrero ou um
Bernanos tiveram para influenciar as massas “democraticas”. Os monarcas
europeus intelectualmente e moralmente igualaram-se com seus imitadores
republicanos. Os Bourbons certamente são comparáveis com os politicos das três
Republicas Francesas. Os Fuhers da era totalitária podem ter sido muitas vezes
mais “brilhante” e bem sucedidos pois eram menos escrupulosos. Apoiado por
plebiscitos cuidadosamente encenados, eles se sentiram justificados em tolerar
matanças que nenhum Bourbon, Habsburg ou Hohenzollern teriam arriscado. Platão
nos disse, há mais de dois mil anos atrás, que a democracia se degenera inevitavelmente
em ditaduras e de-Toccqueville re-enfatizou isso em 1835. A maioria dos idiotas, de ambos os lados do
Atlântico, continuaram a confundir democracia com liberalismo, dois elementos
que podem, ou não, coexistir. Uma “proibição” apoiada por 51 por cento
do eleitorado pode ser muito democrático, mas é dificilmente liberal.
III - O que nós reacionários queremos, é
liberdade e a diversidade!
Nós acreditamos que
existe uma força peculiar na diversidade. St. Estevão, Rei da Hungria, disse a seu
filho: “Um reino de apenas uma linguagem e um costume, é tolo e frágil”. Isso é
contrário a crença supersticiosa demo-totalitária de nossa época da
uniformidade. Os fascistas italianos que destruíram todas
as instituições culturais de não-italianas. Os Tecnocratas
progressistas clamavam que, uma vez que essa guerra chegasse à América, iriam
confiscar toda a impressa de língua estrangeira. Como um
reacionário, gosto de patriotas; que ficam entusiasmados com a sua pátria, sua
terra natal; e não gosto de nacionalistas, que ficam excitados com sua língua e
seu sangue. O reacionário defende a ideia de solo e liberdade, ele luta contra
o complexo de sangue e igualdade. Como um reacionário, eu
possuo opiniões definitivas como também opiniões provisórias. “Nas coisas necessárias, a unidade; nas duvidosas, a
liberdade; e em todas, a caridade” é um bom programa reacionário. Se
eu considerar algo ser a Verdade, eu desconsidero toda opinião que
contrária. Mas discordo com alguns
eclesiásticos medievais ou com os conservadores de visão curta, que acreditavam
que o erro pode ser combatido pela força. Qualquer erradicação meticulosa de
erro por meios artificiais (sempre dirigida contra pessoas e não contra a idéia
em si) acaba fazendo a Verdade ser intragável, obsoleta e desinteressante. Como
reacionário, respeito qualquer pessoa que, com coragem e sinceridade, mantém
visões errôneas, embora seguindo sua consciência. Eu tenho
infinitamente mais respeito a um anarquista fanático catalão, ou por um Judeu
Ortodoxo, ou por um Calvinista linha dura do que a um humanitário
pseudo-liberal com uma veneração secreta a um estado onipotente. Um verdadeiro
reacionário é um homem de fé absoluta e generosidade absoluta. Ele concilia
dogma e liberdade. Como um reacionário, gostaria
de ver materializado neste país, mais ideias anti-democráticas dos Pais
Fundadores. De fato, poucos escritores europeus escreveram mais fortemente contra
ao demos do que Madison, Hamilton, Marshall, John Adams ou mesmo Jefferson que
esteve do lado da aristocracia do mérito, não pela regras da massa. No entanto,
o centralismo de Hamilton é basicamente esquerdista. Nem aqui nem na
Europa isso deve prevalecer. O que precisamos de ambos os lados do Atlântico é
mais uma atitude pessoal. Colossialismo e
coletivismo são o inimigo. O agricultor de Hindelang, por exemplo, deve antes
de tudo, ter orgulho de ser o chefe de uma família, dono de uma fazenda e
depois, de ser um morador de Hindelang. Após um reflexão mais aprofundada, ele
deve encontrar orgulho em ser um dos camponeses do Vale do Allgau e também por
ser Bávaro. Seu Germanismo deveria ser uma unidade mística no próprio horizonte
de seus pensamentos. Mas a tendência moderna é a de estabelecer
uma hierarquia inversa de lealdades. A ênfase nazista em noventa milhões de
alemães, a ênfase Soviética sobre “as massas”, a identificação pelo “maior” com
o “melhor, nos mostra a degradação expressa na adoração da quantidade, o nosso
desprezo pela pessoa, todo o nosso desespero moderno pela singularidade humana. Eu defendo que o Estado,
as empresas e as fábricas, são os grandes donos de escravos de nossos tempos.
“Fulano” trabalha como o seu antepassado espiritual, o servo medieval, um dia e
meio por semana para o seu senhorio. De quatro cheques semanais, ele entrega
pelo menos um para a empresa que aluga o seu habitat. Se não fazê-lo, resultará
em desapropriação, uma ameaça desconhecida para o servo feudal do século XIII.
Na fábrica, ele trabalha, diferentemente de um membro da guilda, para
investidores desconhecidos, bem como para líderes sindicais corruptos, se não,
como na URSS, para uma combinação leviatã de Estado e Sociedade. Os
trabalhadores devem possuir as ferramentas de produção; não existe nenhuma
razão terrena para que eles não devam possuir fábricas, em um sentido literal ou
ser titulares de todas as ações comercializadas. Uma usina pode ser uma
comunidade viva não menos do que uma oficina medieval. Eu gosto das pessoas
que são “atrasadas”, como os tiroleses, os alpinistas suíços os escoceses, os moradores de Navarra, os bascos,
os sombrios camponeses dos Bálcãs os
curdos. Eles escaparam de um mal menor da servidão na Idade Média e do grande
mal da urbanização dos tempos modernos. Eles são bastante reacionários,
conservadores e amam a liberdade. Eles podem dar ao luxo de serem conservadores
porque sua cultura está fora de sintonia com os tempos modernos; o que eles
possuem, vale a pena preservar. O conservador urbano, por outro lado, não é
senão um “progressista” inibido. Eu acredito no homem de
excelência, no homem do dever; contra o Homem-Comum cuja a única força está
nos números, cuja a manifestação política é a submissão à “convicções”
pré-fabricadas ou a “líderes” que, diferentemente dos “governantes”,
não diferem das massas, mas personificam todas as suas piores características. Hoje, um grupo de
genuínos reacionários carregam o peso da luta contra o super-progressismo na
sua forma totalitária. Eles sabem que a democracia, como força, não pode lidar
com os totalitários; formas embrionárias não podem ter sucesso contra manifestações
mais maduras. Platão, de Tocqueville, Donoso Cortes, Burckhardt sabiam disso. A
democracia progressista como um pseudo-liberalismo nada mais é que um
Girondino, um precursor do Terror. Entre este punhado estão Winston Churchill e
o Conde Galen, Conde Preysing e yon Faulhaber, Niemoller e Georges Bermanos,
Giraud e d’Ormesson, Conde Teleki, Calvo Sotelo, Schuschnigg e Edgar Jung.
Nenhum deles fez compromisso com a perversidade quer dos Girondinos ou com o
Terror em suas formas modernas; vivos ou mortos, eles não iram ceder. Eles
não acreditaram necessariamente em um Passado Glorioso em oposição a um
Admirável Mundo Novo, mas eles viram as calamidades do presente, crescendo dos
erros do passado, nas catástrofes do futuro.
Eles estão isolados pela suspeita que os rodeia. Eles são considerados
desmancha-prazeres por não entrar na apologia universal do Progresso.
Eles se tornaram inflexíveis e apaixonados. Eles vão levar suas bandeiras até a
morte, e suas bandeiras são muito antigas, vaidosas e ilustres.
Extraído de: "O Credo do Reacionário" (Por Erik von Kuehnelt-Leddihn)
BIBLIOGRAFIA:
-David Robertson; David
Professor Robertson (2002). A Dictionary of Modern Politics(em inglês). [S.l.]: Psychology Press
-Credo of a Reactionary por
Erik von Kuehnelt-Leddihn – The American Mercury, under his alias Francis
Stuart Campbell
-MARX, K. e ENGELS, F. Manifesto do Partido Comunista.
-Wikipedia
– A enciclopédia virtual
-POPPER, Karl A Miséria Do Historicismo. São Paulo: Edusp, 1980
-https://mundoconservador.wordpress.com/2017/01/04/o-credo-do-reacionario/
-https://www.institutomillenium.org.br/revolucionrios-reacionrios/
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