A escolha de Sofia é uma expressão oriunda de um romance do escritor William Styron, que invoca a imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão e
enorme sacrifício pessoal. Neste romance autobiográfico, Sofia é uma bela Polonesa, presa com seus dois filhos pequenos,
no campo de concentração de Auschwitz durante a II Guerra. Um sádico oficial nazista dá a ela
a opção de salvar apenas uma das suas crianças da execução, ou ambas morrerão, obrigando-a à
terrível decisão de escolher. A escolha
de Sofia passou desde então, a ter este significado quando nos vemos forçados a fazer opções difíceis.
1ª)-A ESQUERDA MATERIALISTA BRASILEIRA RADICAL
DEFENDE: "O que importa é o estado de
BEM ESTAR SOCIAL, não importando os meios, pois os fins justificam os meios" (ainda
que ao final de tudo, todos possamos ir para o inferno de barriga cheia e tendo
gozado de todos os prazeres possíveis e imagináveis!).
2ª)-A DIREITA BRASILEIRA "CRISTÃ E CONSERVADORA" DEFENDE: "A questão MORAL não pode
ser separada da questão SOCIAL, e jamais é aceitável cometer um mau
deliberado para dele tirar algum bem! E por fim, o próprio Jesus coloca a importância da QUESTÃO MORAL SOBRE A
SOCIAL ao declarar: De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro
e no fim vir a perder-se?” (Mateus 8,36).
Escolher entre uma coisa declaradamente má e outra claramente boa é fácil - Porém, o nível de dificuldades vai se elevando:
1)-É fácil optar entre duas coisas quando ambas tem elementos bons e maus em certo equilíbrio?
2)-É fácil escolher entre duas coisas boas?
3)-É fácil escolher entre duas coisas notada e comprovadamente ruis, mas tenho que escolher uma delas, não podendo optar pela neutralidade?
4)-É fácil fazer uma escolha que vai beneficiar a mim individualmente, como classe trabalhista, ou corrente ideológica, mas que não vá beneficiar ao conjunto da sociedade?
Diante das circunstâncias em que se
encontram os Cristãos na atual política brasileira, onde nenhum dos candidatos apresenta uma
clara convergência com o que diz os Princípios da Doutrina Social da Igreja,
consideramos que esta leitura reflexiva poderá iluminar a decisão dos eleitores nas eleições - Leia e divulgue!
O que chamamos de
"princípio do mal menor" pode ser expresso, em sentido amplo, da
seguinte maneira:
“Diante de males inevitáveis é preciso escolher o
menor!”
Temos nesse caso, temos dois campos de
aplicação do princípio:
1)-O genérico (da
prática).
2)-E o específico (da ética envolvida na decisão).
Num primeiro sentido (amplo), o princípio do mal
menor significa que, prevendo males inevitáveis, é preferível permitir o menor,
escolhendo-o para evitar o mal maior. Num segundo sentido (mais restrito), o princípio do mal menor
significa que, quando todas ou cada uma das possíveis decisões a
serem tomadas, são realmente negativas e não existe alternativa para tomar uma
decisão, é preciso optar pela menos negativa!
-No primeiro sentido, o mal menor se
refere às conseqüências derivadas de uma decisão numa situação que obriga a
fazer uma escolha; sendo essa situação inevitável, escolhe-se a conseqüência
menos prejudicial.
-No
segundo sentido, refere-se, ao contrário , à decisão em si mesma, que se revela
problemática no momento em que qualquer decisão é negativa; nessa situação de
perplexidade, é preciso decidir-se por aquilo que parece menos mal. Em ambos os
sentidos a aplicação desse princípio tem limites relacionados com os chamados
"absolutos morais" ou com as ações desordenadas em si próprias.
Santo
Tomás de Aquino concebe o mal menor como:
“A
escolha preferível entre males inevitáveis, ressaltando que o mal moral não
pode ser cometido em razão de as consequências previstas representarem males
menores em relação às consequências materiais penosas que o agir com retidão
implica. A escolha do mal menor é lícita somente
quando não existe nenhuma outra alternativa possível e os males em questão são
inevitáveis; é lícito então escolher entre eles
o mal menor.”
Santo
Afonso Maria de Liguori, no seu célebre tratado Teologia
Moral (1755), resume o argumento do mal menor em relação à consciência
assim:
"Consciência
perplexa é a de quem, diante de dois preceitos estabelecidos, acredita que pecará
se escolher um ou outro, caso possa suspender a ação, é obrigado a adiá-la
enquanto consulta pessoas competentes. Se não puder suspendê-la, é obrigado a escolher o mal menor, evitando
transgredir o direito natural mais do que o direito humano. Se não é capaz de
discernir qual seja o mal menor, faça o que fizer, não peca, porque nesse caso falta a liberdade necessária
para que exista pecado formal. Porém, quando o argumento do mal menor é
empregado num contexto em que não são levadas em
consideração a exigência ética da verdade moral objetiva e a existência de
valores morais absolutos, mas apenas e exclusivamente as conseqüências tidas
como positivas ou negativas, prescindindo da moralidade da escolha em si mesma, o argumento do mal menor
degenera em sofisma.”
Na encíclica Libertas (1888,
n.23), Leão XIII afirma o princípio de tolerância:
“Se a tolerância [a um mal] prejudica
ao bem público, ou causa ao Estado maiores males, a consequência é
sua ilicitude, porque em tais circunstâncias a tolerância deixa de ser um
bem."
O princípio da tolerância é mal
entendido e mal aplicado quando se afasta do realismo ético e universal, em detrimento do idealismo ideológico de grupos organizados e lobistas economicamente poderosos, os quais descambam em leis imperfeitas, injustas, criminosas, contrárias a Deus, à ordem natural e ao bem comum
dos homens. Há alguns que ainda não
entendem que as leis corruptas e radicalmente libertárias (depravadas), são corruptoras! Muitas
leis iníquas são caminhos de perdição para o povo e conduzem à degradação moral
e cultural de uma nação. É muito difícil nestas circunstâncias considerá-las em sã
consciência, como males menores que devem ser tolerados. Os
católicos devem aplicar o princípio da tolerância com um discernimento
cuidadoso, o qual deve ser livre dos
condicionamentos mundanos, ideológicos e dos lobistas econômicos (principalmente a indústria do aborto), que são falsos, sutis e produzem uma "falsa sensação de justiça", mas se mostra perversa e pervertedora ao longo do tempo.
Pode nos iluminar
nessa questão tão delicada o ensinamento concreto de São João Paulo
II ao tratar das leis reguladoras do aborto Na encíclica "Evangelium
vitae", de 1995 - começa por nos advertir que:
“Na
cultura democrática do nosso tempo, acha-se amplamente generalizada a opinião
segundo a qual o ordenamento jurídico de uma
sociedade haveria de limitar-se a registrar e acolher as convicções da
maioria e, consequentemente, dever-se-ia construir apenas sobre aquilo que
a própria maioria reconhece, decide e vive como moral." (NÃO EXISTE "MORAL DEMOCRÁTICA" PARA O CRISTÃO!)
Num cenário em que somente se
prevejam maus candidatos com "chance de ganhar", uma declaração da
Conferência Episcopal Espanhola é para nós Cristãos esclarecedora e norteadora:
“Não se poderia falar de decisões
políticas morais ou imorais, justas ou injustas, se o critério exclusivo ou determinante para sua
qualificação for o do êxito eleitoral ou o do benefício
material corporativista. As decisões políticas devem ser
morais e justas, não só consensuais ou eficazes. Quando o argumento do mal menor é empregado num contexto em que não são
levadas em consideração a exigência ética da verdade moral objetiva e a
existência de valores morais absolutos, o argumento do mal menor degenera em sofisma”.
CONCLUSÃO:
Eis
a difícil escolha de Sofia para alguns brasileiros(as) na nossa atual política a nível federal, estadual e municipal. Claro, que para quem é Cristão,
é uma questão de princípios, meios e fins, e está muito clara nossa escolha
pela segunda do exemplo inicial desta matéria acima (não o prático, mas o específico que envolve os valores morais) porém, nem sempre as coisas nos são apresentadas com tanta clareza, mas que pelo ao menos não percamos como Cristãos, nossos critérios morais para nossas escolhas, que devem ser sempre os evangélicos, ou sejam, aqueles indicados por Cristo e que sejam claramente defendidos sem ambiguidades, por nossos representantes, do contrário, teremos que fazer a difícil escolha de Sofia que padre Paulo Ricardo nos ajuda no exemplo abaixo:
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