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Geraldo Vandré e a Falácia Sobre o Militarismo: Lições de Dever, Coragem e Responsabilidade

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 29 de agosto de 2018 | 21:18







Geraldo Vandré errou ao afirmar que “um militar não vive e não morre sem razão”; na realidade, ocorre exatamente o oposto.  A longa evolução da arte militar — sua organização, disciplina e funcionamento — é o resultado de séculos de experiência, tentativa e erro, aperfeiçoamento estratégico e aprendizado coletivo. Não se trata de fruto de ideias improvisadas ou de reflexões de pseudo-iluminados; é o produto de um desenvolvimento contínuo, rigoroso e fundamentado na história da humanidade. O aparato militar é, acima de tudo, uma instituição em que a sociedade atribui a um grupo específico responsabilidades essenciais: a preservação da soberania, a proteção da integridade nacional e, em última instância, a segurança coletiva.  Nesse contexto, o militar assume conscientemente riscos que ultrapassam a esfera individual. Sua vida e sua morte não são aleatórias; há um compromisso assumido, que se estende também à sua família, que é protegida e amparada pela sociedade como reconhecimento da entrega e do sacrifício envolvidos. Contrariamente à interpretação superficial sugerida pela música de Vandré, o militar não “vive e morre sem razão”: sua existência está pautada em responsabilidades claras, decisões calculadas e um sentido de dever profundo.  Portanto, longe de ser uma figura de tragédia aleatória ou de destino sem propósito, o militar é um agente consciente de sua missão, cuja vida e sacrifício carregam significado. A sociedade, ao reconhecer essa dedicação, reforça não apenas a importância da disciplina e do treinamento, mas também a dignidade do compromisso assumido por aqueles que se colocam na linha de frente em defesa do bem comum. Nesse sentido, a frase de Vandré não apenas ignora a complexidade histórica e social da vida militar, mas subestima o propósito, a razão e a ética que permeiam cada ação do homem e da mulher de farda.




“Os militares são homens que mais por soldos e salários, fizeram a opção, em abraçar uma causa maior, vivem em comum, comendo do mesmo alimento, dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam. De noite, a outro toque de corneta, se deitam. Da sua vontade em favor de si próprios fizeram renúncias, incluindo a de sua própria vida, em favor do outro, (e não há maior amor, do que aquele que dar a vida pelo próximo). Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico. As belezas de suas ações heroicas são tão grande que os poetas não se cansam de as celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente os conhece-os por militares. Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; e os seus soldos. Publicistas e alguns jornalistas demagogos, e irresponsáveis, e de vista curta, acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a vida. Eles, porém, calados, continuam fazendo todos os dias o seu trabalho e arriscando suas vidas para defender e presevar as nossas. E quando ele se põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina". (MONIZ BARRETO - Carta a El-Rei de Portugal, 1893).




As palavras de Moniz Barreto se referem de forma poética, mas irrefutável, às especificidades daqueles que abraçam a carreira das armas. As dimensões continentais do Brasil, a sua representatividade no cenário mundial, as pendências e os contenciosos que envolvem até mesmo os países mais desenvolvidos denotam que a sobrevivência das nações depende, fundamentalmente, da capacidade de suas Forças Armadas sustentarem as decisões estratégicas do Estado, bem como de atuarem contra ameaças à sua integridade política. Recursos humanos altamente qualificados, treinados, motivados e bem equipados são o fundamento da capacitação de qualquer Força Armada, refletindo o desejo da própria sociedade. As Forças Armadas são, portanto, o elemento final para a preservação dos interesses vitais de uma nação.









Características da Profissão Militar



a. Risco de vida: Durante toda a sua carreira, o militar convive com risco. Seja nos treinamentos, na sua vida diária ou na guerra, a possibilidade iminente de um dano físico ou da morte é um fato permanente de sua profissão. O exercício da atividade militar, por natureza, exige o comprometimento da própria vida.


b. Sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia: Ao ingressar nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a severas normas disciplinares e a estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua vida pessoal e profissional.


c. Dedicação exclusiva: O militar não pode exercer qualquer outra atividade profissional, o que o torna dependente de seus vencimentos, historicamente reduzidos, e dificulta o seu ingresso no mercado de trabalho, quando na inatividade.


d. Disponibilidade permanente: O militar se mantém disponível para o serviço ao longo das 24 horas do dia, sem direito a reivindicar qualquer remuneração extra, compensação de qualquer ordem ou cômputo de serviço especial.


e. Mobilidade geográfica: O militar pode ser movimentado em qualquer época do ano, para qualquer região do país, indo residir, em alguns casos, em locais inóspitos e destituídos de infraestrutura de apoio à família.


f. Vigor físico: As atribuições que o militar desempenha, não só por ocasião de eventuais conflitos, para os quais deve estar sempre preparado, mas, também, no tempo de paz, exigem-lhe elevado nível de saúde física e mental. O militar é submetido, durante toda a sua carreira, a periódicos exames médicos e testes de aptidão física, que condicionam a sua permanência no serviço ativo.


g. Formação específica e aperfeiçoamento constante: O exercício da profissão militar exige uma rigorosa e diferenciada formação. Ao longo de sua vida profissional, o militar de carreira passa por um sistema de educação continuada, que lhe permite adquirir as capacitações específicas dos diversos níveis de exercício da profissão militar e realiza reciclagens periódicas para fins de atualização e manutenção dos padrões de desempenho.


h. Proibição de participar de atividades políticas: O militar da ativa é proibido de filiar-se a partidos e de participar de atividades políticas, especialmente as de cunho político-partidário.


i. Proibição de sindicalizar-se e de participação em greves ou em qualquer movimento reivindicatório: O impedimento de sindicalização advém da rígida hierarquia e disciplina, por ser inaceitável que o militar possa contrapor-se à instituição a que pertence, devendo-lhe fidelidade irrestrita. A proibição de greve decorre do papel do militar na defesa do país, interna e externa, tarefa prioritária e essencial do Estado.


j. Restrições a direitos trabalhistas: O militar não usufrui alguns direitos trabalhistas, de caráter universal, que são assegurados aos trabalhadores, dentre os quais incluem-se: remuneração do trabalho noturno superior à do trabalho diurno; jornada de trabalho diário limitada a oito horas; obrigatoriedade de repouso semanal remunerado; e remuneração de serviço extraordinário, devido a trabalho diário superior a oito horas diárias.


k. Vínculo com a profissão: Mesmo quando na inatividade, o militar permanece vinculado à sua profissão. Os militares na inatividade, quando não reformados, constituem a "reserva" de 1ª linha das Forças Armadas, devendo se manter prontos para eventuais convocações e retorno ao serviço ativo, conforme prevê a lei, independente de estarem exercendo outra atividade, não podendo por tal motivo se eximir dessa convocação.


l. Conseqüências para a família: As exigências da profissão não ficam restritas à pessoa do militar, mas afetam, também, a vida familiar, a tal ponto que a condição do militar e a condição da sua família se tornam estreitamente ligadas:


-A formação do patrimônio familiar é extremamente dificultada.

-A educação dos filhos é prejudicada.

-O exercício de atividades remuneradas por cônjuge do militar fica, praticamente impedido.

-O núcleo familiar, não estabelece relações duradouras e permanentes na cidade em que reside, porque ali, normalmente, passará apenas três anos.




A Formação Militar




O ingresso na carreira militar ocorre mediante concurso público, do qual participam milhares de jovens. As escolas de formação militar organizam suas atividades de modo muito exigente: formaturas, aulas, reuniões, manobras, exercícios físicos e inspeções. Uma programação que começa, diariamente, às 06:00 hs da manhã com a "alvorada" e termina às 22:00 hs com o "toque de silêncio". A maior parte delas funciona em regime de internato. Não se trata, apenas, de uma situação acadêmica, em que, terminada a aula, ou mesmo antes, o aluno retira-se para sua casa ou para onde lhe aprouver. Durante todo dia, estão presentes os encargos e deveres, as condições de disciplina e a exposição aos riscos do treinamento militar, em qualquer nível.Os alunos de uma escola militar são submetidos a rigorosos testes de avaliação, que abrangem os campos intelectual, psicológico, físico, moral, disciplinar e de aptidão específica para a carreira militar. Os valores e as atitudes próprios do militar e a necessária capacitação profissional serão desenvolvidos por meio do serviço diário, da orientação constante, de um cuidadoso e realístico programa de ensino e de instrução, que abrange aulas, conferências, exercícios práticos e manobras, em que o risco estará sempre presente, como em qualquer atividade militar.




Os objetivos dos sistemas educacionais das Forças Armadas se referem




- À formação e ao aperfeiçoamento do combatente.

- Á formação do chefe militar, para os diferentes níveis hierárquicos da carreira.

- À especialização de técnicos (nas três Forças Armadas) em áreas como: planejamento; engenharia nuclear; informática; medicina; hidrografia e inúmeras outras.




A Carreira Militar




O processo de ascensão funcional na carreira militar difere das práticas existentes nas demais instituições. Os postos e as graduações dos militares são indispensáveis, não só na guerra, mas também em tempo de paz, pois traduzem, dentro de uma faixa etária específica, responsabilidades e a habilitação necessária para o exercício dos cargos e das atribuições que lhes são correspondentes. O militar exerce, ao longo de sua carreira, cargos e funções em graus de complexidade crescente, o que faz da liderança fator imprescindível à instituição. Esses aspectos determinam a existência de um fluxo de carreira planejado, obediente a critérios definidos, que incluem a higidez, a capacitação profissional e os limites de idade, tudo isto influindo nas promoções aos postos e graduações subsequentes. Sem esse fluxo, a renovação permanente, possibilitada pela rotatividade nos cargos, ficaria extremamente prejudicada e a operacionalidade atingida. Essas promoções são realizadas segundo um planejamento a longo prazo, necessário para definir, com exatidão, as vagas existentes em cada posto ou graduação e administrar o fluxo de carreira nos diferentes quadros de oficiais e de graduados. A exemplo do que ocorre em todo o mundo, não é só uma temeridade, como também uma irresponsabilidade, com relação à operacionalidade da Força, exigir exercício pleno das atividades militares de Oficiais e Praças em idade avançada.




A Inatividade




O militar ingressa na inatividade quando passa para a Reserva. Ao passar para a Reserva, continua mantendo vínculos com a respectiva Força Armada, ficando pronto para ser convocado. Essa obrigação só desaparece com a reforma, por idade ou por incapacidade física. O termo "aposentadoria", largamente usado para definir a situação de inatividade, na realidade não traduz fielmente o que ocorre com os militares. Para os trabalhadores em geral, este termo é aplicável e correto porque, ao serem aposentados, permanecem nesta situação de acordo com a sua vontade e conveniência. Na prática, os militares em inatividade, observados sua condição física e o limite de idade para a Reforma, encontram-se "em disponibilidade remunerada", situação determinada pelas condições relativas à carreira, mais especificamente, o fluxo de carreira, à rotatividade nos cargos e os limites de idade para cada posto ou graduação, tudo isto visando à conseqüente e necessária renovação dos efetivos da Força. Pesquisa realizada pelo Ministério da Defesa demonstra que, em vários países o militar recebe tratamento previdenciário especial, haja vista as evidentes peculiaridades comuns às Forças Armadas em todo o mundo.




Critérios de passagem para a inatividade


Basicamente, o militar das Forças Armadas pode passar à inatividade de forma voluntária ou involuntária (ex-offício). Voluntariamente, só depois de completar 30 (trinta) anos de serviço, e, ex-offício, ao atingir a idade limite de permanência no serviço ativo (variável com o posto ou graduação), ou quando apresentar problema de saúde que o incapacite para o serviço ativo. Na verdade, o trabalho extra e freqüente, exercido pelos militares, sem qualquer compensação financeira, acumulado ao longo da carreira, faz com que os trinta anos de efetivo serviço correspondam a muito mais do que o previsto para a aposentadoria de um outro servidor federal ou trabalhador assalariado b. Direitos previdenciários extintos pela MP 2131/2000 (reeditada como MP 2215- 10, de 31 Ago 01-LRM) -Licença especial de 6 meses/10 anos de Sv -Licença especial de 6 meses, não gozada, não conta mais em dobro para a inatividade -Remuneração do posto / graduação acima -Gratificação de tempo Sv (anuênio) -Cômputo do tempo de estudante universitário nos casos em que o ingresso é mediante concurso público -Habilitação da filha à pensão militar.








É a importância paga, mensalmente, aos beneficiários do militar falecido ou assim considerado, nos termos da Lei. É de origem bicentenária (1795-período colonial, antes de surgir na Alemanha em 1883, o embrião da previdência social). Os militares da união (da ativa e inativos) sempre contribuíram para a pensão militar. Todos os militares da união (da ativa e inativos) contribuem, mensalmente, com 7,5% para a pensão militar e com até 3,5% para a assistência médico-hospitalar, sobre os seus proventos. Vale destacar que os Art 142 e 144 da CF/88 estabelecem as atribuições das Forças Armadas e das Forças Auxiliares. As Forças Auxiliares possuem um sistema previdenciário vinculado aos Estados da Federação. Mesmo quando na inatividade, o militar permanece vinculado à sua profissão. Nessa situação, o militar é classificado em dois segmentos bem distintos -a reserva e a reforma. Os militares na reserva estão sujeitos a leis militares, em especial ao Estatuto dos Militares e ao Regulamento Disciplinar, podendo ser mobilizados a qualquer momento. Esse elenco de especificidades, inerentes à profissão, enforma o aparato legal que regula as diferentes situações e relações do militar no Estado. Portanto, ao se abordar o tema da remuneração dos militares na inatividade, devem ser consideradas as peculiaridades do ofício do militar, anteriormente analisadas. A questão da remuneração dos militares federais na reserva e dos reformados, bem como das pensões, é percebida a partir de conceitos, de entendimentos e de uma suposta racionalidade que não se amparam na legislação vigente e nem na realidade. O que se observa, quanto a essa discussão, na maioria das vezes, é um verdadeiro exercício de ficção e de total desconhecimento do assunto, que se tomam evidentes até mesmo no emprego de conceitos básicos. Assim, com muita frequência, constata-se a referência ao regime previdenciário dos militares. Ora, os militares federais nunca tiveram e não têm um regime previdenciário estatuído, seja em nível constitucional, seja no nível da legislação ordinária. Essa característica é histórica no Brasil O Art. 142, da Constituição Federal, no inciso X do seu parágrafo 32, estabelece, literalmente, que a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, "consideradas as peculiaridades de suas atividades". Que significa isto? Significa que as condições de transferência do militar para a inatividade, inclusive os seus vencimentos, são estabelecidas a partir das peculiaridades das atividades do militar, peculiaridades essas que não são consideradas, portanto, apenas para efeitos de remuneração na ativa e de contrato de trabalho, mas se estendem às demais relações de trabalho do militar. Essa perspectiva é histórica, mais que centenária, na legislação brasileira. As condições de transferência do militar para a inatividade e de percepção de pensões estão estabelecidas no Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880, de 09 de dezembro de 1980), na Lei de Remuneração dos Militares (Medida Provisória n° 2.215-10, de 31 de agosto de 2001) e na Lei de Pensões (Lei n° 3.765 de 04 de maio de 1960). Em todos esses diplomas legais e na própria Constituição Federal, como já foi dito, nunca houve e não há qualquer referência a sistema ou a regime previdenciário dos militares federais. Portanto, não há regime previdenciário dos militares e, logicamente, não há o que referir a equilíbrio atual do regime previdenciário dos militares federais, porque ele não existe e por essa razão, quase que ontológica, porque não existe, não pode ser predicado e, conseqüentemente, não pode ser contributivo, nem de repartição. A remuneração dos militares na inatividade, dos reformados e os da reserva, é total e integralmente custeada pelo Tesouro Nacional. Portanto, os militares não contribuem para "garantir a reposição de renda" quando não mais puderem trabalhar. Essa garantia é totalmente sustentada pelo Estado. Os militares federais contribuem, sim, com 7,5% da sua remuneração bruta para constituir pensões, que são legadas aos seus dependentes e com 3,5 % , também da remuneração bruta, para fundos de Saúde. Cabe ressaltar que as origens da pensão militar, no Brasil, remontam ao Século XVIII, quando criado o Plano de Montepio Militar dos Oficiais do Corpo da Marinha, em 23 de setembro de 1795. Este documento foi o primeiro ensaio no sentido de assegurar à família do militar falecido assistência condigna e compatível com o ambiente social em que vivia. Portanto, o advento da pensão militar tem uma historicidade que antecede mesmo ao movimento previdenciário no Brasil, cuja origem é atribuída à Lei ELOY CHAVES de 1923. O desenvolvimento histórico da legislação brasileira sobre pensões militares reforça sempre o sentido da constituição de um patrimônio que, após a morte do militar, será legado aos seus dependentes. É por isso que o militar contribui, durante toda a sua vida profissional e na inatividade, até a sua morte, para formar esse patrimônio. É necessário entender esses fundamentos que têm sustentado, historicamente, no Brasil, a instituição de pensão militar . Não se trata de um sistema de repartição, em que um universo de contribuintes sustenta um universo de beneficiários. Essa visão é extemporânea à gênese da instituição da pensão e pode provocar decisões equivocadas e danosas. Inúmeros cálculos já realizados indicam que, com uma remuneração anual de 6%, os recursos arrecadados com essas contribuições atendem à despesa com a pensão do militar por toda a vida do seu cônjuge e dos seus filhos e, se considerarmos os descontos de 7,5 % sobre a remuneração bruta, procedimento em vigor a partir de dezembro de 2000, o capital acumulado suporta por tempo infinito o pagamento das pensões dos herdeiros do militar. A carreira militar é estruturada de forma singular, pois tem características diferenciadas em vários aspectos que vão desde o tipo de promoção de seus profissionais, ou o modo peculiar de que se reveste o exercício de suas funções, até a condição especial de seus inativos. Alterar os princípios dessa estrutura, que são internacionalmente reconhecidos, significa correr o risco de inviabilizar tal carreira para o fim maior a que se destina. A profissão militar inicia-se, para a maioria de seus profissionais (oficiais e graduados) em escolas cujo ingresso é feito mediante concurso público de âmbito nacional. Ao exame de escolaridade, apenas uma das etapas da seleção, associam-se exames médicos, de aptidão física e psicológicos. Nessas escolas, o estudante militar executará, gradualmente, todas as atividades exigidas dos profissionais militares já formados, com o esforço necessário e os riscos decorrentes. Ele não é, portanto, um estudante comum participando de um ambiente acadêmico. Daí justificar-se a contagem do tempo de serviço passado nas escolas de formação.



A passagem do militar para a inatividade pode ser feita segundo dois critérios principais:




1)- Por contar, no mínimo, 30 (trinta) anos de serviço.


2)- E/ou, atingir a idade-limite prevista para o posto ou graduação.


A preservação de tais princípios é fundamental para assegurar-se o indispensável rejuvenescimento dos quadros e a manutenção de níveis adequados de competência profissional. No tocante à Assistência Médico-Hospitalar, as Forças Armadas possuem um sistema de saúde que cumpre dois papéis: manter em atividade uma estrutura de paz que possa evoluir, com facilidade, para tempo de guerra, e proporcionar assistência médica à família militar e às comunidades civis em regiões carentes. A falta de um regime previdenciário próprio, que contemple as peculiaridades da profissão militar, poderá acarretar, às Forças, modificações substanciais em sua estrutura, no seu moral e, conseqüentemente, na sua eficiência, a saber:



1)- A submissão dos militares aos critérios de limites de idade idênticos a outras profissões inviabilizaria o perfil e o fluxo de carreira anteriormente abordados, com repercussões danosas na operacionalidade das Forças.


2)- A evasão dos militares mais antigos e a diminuição dos candidatos à carreira das Armas.


3)- comprometimento do sistema de saúde militar para fins operacionais, que é mantido em permanente estado de prontidão em face da necessidade de atender à família militar e a um expressivo segmento civil nas regiões mais carentes.



Se há uma parte do Brasil que não deu nenhum problema nos últimos tempos pós regime militar, foram os militares.Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo: quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais? O Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem, de repúdio à impunidade, de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.










Constatamos três grandes avanços da democracia brasileira, pós período governamental militar



1)-A estabilidade ainda que não totalmente perfeita, das instituições representativas: Executiva, legislativa e judiciária.


2)-O fim da hiperinflação, que impedia qualquer planejamento econômico, e investimento internacional.


3)- Avanços contra a pobreza absoluta e a completa falta de inclusão social.





Um conceito fundamental que causa muita confusão nos liberais é o entendimento equivocado sobre o individualismo




O problema é que a palavra possui vários significados que são usados de formas distintas e foram incorporados ao pensamento liberal. Uma olhada no Aurélio deixa claro o problema:




“Individualismo: [De individual + ismo] S. m. 1. A existência individual. 2. Fig. Sentimento, conduta, etc., egocêntricos, egocentrismo. 3. Filos. Doutrina ou atitude que considera o indivíduo como a realidade mais essencial ou como o valor mais elevado. 4. Filos. Doutrina que explica os fenômenos históricos ou sociais por meio da ação consciente de indivíduos. 5. Filos. Doutrina pela qual a sociedade deve visar, como fim único, ao bem dos indivíduos que a constituem.”



Como podem ver são vários conceitos que, mesmo estando presentes no pensamento liberal, tem significados diferentes, isso gera muita confusão. É o caso de quem acredita que o liberal é um defensor do egoísmo por tomar o segundo sentido da palavra. Não que o egoísmo não tenha um papel fundamental no pensamento liberal, Smith já falava do padeiro que nos atendia ao buscar seus próprios interesses, o tema também está na Fabula das Abelhas de Mandeville (link aqui) e nem vou falar de Ayn Rand. Porém muitos autores liberais usam o terceiro e o quarto significado do termo, economistas em geral e estudiosos do pensamento austríaco devem estar familiarizados com o quarto significado, também conhecido como individualismo metodológico. É esse significado, muito mais que o de egoísmo, que justifica as maximizações de utilidade nos cursos de economia. Aprofundando o terceiro significado do termo, aquele que coloca o indivíduo como valor mais elevado. Nesse sentido o termo individualismo aparece como antônimo de tribalismo ou coletivismo, não de altruísmo. Esse é o sentido usado por Karl Popper.Se alguém for a uma única obra de Popper recomendamos que seja “Sociedade Aberta e seus Inimigos”, livro em que Popper explica bem esse significado de individualismo e mostra os riscos totalitários no pensamento coletivista. Fica a dica para quem quiser conhecer uma análise diferente de autores como Platão, Mill, Hegel e Marx. Popper usa alguns exemplos de passagens marcantes que ilustram o conceito de individualismo como antônimo de tribalismo e não de altruísmo. O primeiro exemplo vem de ninguém menos que Jesus Cristo, insuspeito de ser egoísta. Repare no seguinte trecho em Mateus, 22, 34-40:


“E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”




Esse trecho normalmente é resumido como “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Repare que Cristo não faz referência à tribo, o próximo, que deve ser amado como a você mesmo, é um indivíduo. Acima de você e dos outros indivíduos apenas Deus. Não há um lugar para tribo acima do indivíduo, a não ser que alguém considere que a tribo é a representação de Deus. Uma visão que me parece doentia do estado, mas que existe por aí. No sentido usado no Popper, que é o terceiro sentido listado no Aurélio, A lei do Senhor, tal como resumida por Cristo, é uma lei individualista, não egoísta, mas que coloca o indivíduo, ou seja, meu próximo, em pé de igualdade a mim.Seria estranho que Cristo colocasse a tribo, uma criação humana, acima do indivíduo, que afinal foi criado a imagem e semelhança de Deus. Outra passagem usada por Popper para ilustrar o individualismo é um trecho de Ideologia Alemã de Karl Marx. No trecho um dos raros momentos em que Marx descreve a sociedade comunista, lemos:



“ Ao passo que na sociedade comunista, na qual cada homem não tem um círculo exclusivo de atividade, mas se pode adestrar em todos os ramos que preferir, a sociedade regula a produção geral e, precisamente desse modo, torna possível que eu faça hoje uma coisa e amanhã outra, que cace de manhã, pesque de tarde, crie gado à tardinha, critique depois da ceia, tal como me aprouver, sem ter de me tornar caçador, pescador, pastor ou crítico.”



Note que no mundo idealizado por Marx a escolha do que fazer é determinada pelo indivíduo, e não pelo coletivo. Marx fala “tal como me aprouver” e não “tal como aprouver à tribo”, ou o estado. Como conciliar essa escolha individual com a ideia que “a sociedade regula a produção geral” é coisa que eu não sei dizer, tente perguntar a algum marxista. O que interessa aqui é que uma sociedade onde o indivíduo, e não a tribo, escolhe onde trabalhar é uma sociedade individualista. No mundo perfeito de Marx, contradições à parte, cada um escolhe o que fazer, em sociedades coletivistas é a tribo, ou o estado, que escolhe e determina, o que cada um deve fazer. Em uma sociedade coletivista a tribo escolhe se o indivíduo vais ser soldado, crítico literário ou médico de acordo com as necessidades da tribo, no mundo de Marx a escolha segue o que “aprouver” o indivíduo.Na lei da coletivista o indivíduo deve amar o estado mais que a ele mesmo ou ao próximo, é antiga lição de morrer pelo estado ou viver sem razão individual, mas sempre coletiva, da qual falava Geraldo Vandré em sua letra, da música caminhando e cantando. Na lei dos profetas o indivíduo deve amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a ele mesmo. Assim como o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado, da mesma forma: O estado foi feito para o homem, e não o homem para o estado.Como toda filosofia o individualismo deve ser mesclado com algum pragmatismo quando tratamos de temas aplicados.









A esquerda gosta de usar o capitalismo para falar mal do capitalismo. Gosta de usar a tecnologia, por exemplo, para condenar o avanço tecnológico capitalista. Gosta de usar ferramentas desenvolvidas em Israel para pregar o boicote a Israel. Usa o Facebook para falar mal dos Estados Unidos e do livre mercado. E por aí vai.Para variar um pouco, vamos deixá-los experimentar do próprio veneno. 










Vamos pegar novamente a música símbolo do movimento comunista no Brasil de autoria de Geraldo Vandré, uma música que marcou toda uma geração, e adaptá-la para os tempos modernos, para combater o próprio socialismo, o bolivarianismo, o lulopetismo:




“Nos quartéis lhes ensinam antigas lições / De morrer pela pátria e viver sem razão...”




Segundo a esquerda, os soldados (mas jamais os esquerdistas fanáticos), aprendiam lições, como se houvesse uma lavagem cerebral aceitavam cumprir as ordens do governo cegamente, mas acredito que em sua maioria, muitos sabiam exatamente o que combatiam (a ditadura comunista atéia), e a quem combatiam (militantes armados, dispostos a matarem e a morrerem) e evidentemente, concordavam com os meios e fins da Contrarrevolução Comunista. Como diz a frase, eles supostamente, aceitavam morrer pelo seu país, seu povo e familiares, mesmo que para isso eles fossem recriminados e mal entendidos pela população que apoiava a implantação de uma ditadura comunista no Brasil.



“Somos todos soldados, armados ou não...”



Isto é verdade: ser ou não soldados, lutando por uma causa, todos eram soldados armados, ou não, a diferença está nas armas usadas (reais e intelectuais), e na motivação de seu uso.



“Os amores na mente, as flores no chão / A certeza na frente, a história na mão...”


A maioria, se não todas as pessoas que participavam ativamente dos manifestos de ruas, eram motivadas pelas perdas de pessoas e valores ameaçados que sofriam, de ambos os lados (dos revolucionários e contrarrevolucionários).



“Aprendendo e ensinando uma nova lição...”



Grande parcela dos jovens brasileiros de hoje, desconhecem as motivações de ambos os lados, ou seja, dos revolucionários e contrarrevolucionários. Muitos jovens de hoje, não conseguem imaginar que existiu um tempo em que não havia internet, raves, DVD, CD, TV em cores e muito menos TV a cabo, shopping centers, big brother, redes sociais, entre outras coisas. Os jovens são movidos a saciar seus desejos e vontades muitas vezes supérfluas e estão mais preocupados com o próprio bem-estar. Insatisfação contra a corrupção, violência, injustiça, leis, governos, escolas, valores morais estabelecidos e ameaçados.










CONCLUSÃO


A música de Geraldo Vandré nos lembra da importância de compreender a história, repensar atitudes e lutar por ideais, direitos e deveres. Mesmo décadas após o regime militar, ela nos inspira a não permanecer passivos diante dos acontecimentos, mas a agir de forma consciente e responsável, construindo uma sociedade democrática e justa.No cenário atual, os jovens clamam por participação efetiva e novas formas de engajamento político. Ignorar suas vozes é perder oportunidades de renovação e de construção de um país melhor. Nem o capitalismo tradicional nem o marxismo apresentam a verdade completa; ambos oferecem apenas visões parciais da realidade social e humana. O Reino de Deus, como síntese, nos ensina a reconciliar o individual e o coletivo, a agir com justiça, ética e coragem.








O Comunismo, em sua prática histórica, revela os riscos da despersonalização e da opressão, mesmo quando nasce de uma aspiração legítima por justiça social. Por outro lado, o Brasil enfrenta hoje uma corrupção sistêmica que exige paciência, compromisso moral e reforma política e educacional. É um processo gradual, semelhante à abstinência de um vício, que requer coragem, disciplina e conscientização coletiva. A verdadeira transformação depende de ação ética, diálogo intergeracional e fidelidade a princípios sólidos. A lição final é clara: não podemos assistir passivamente à história — devemos fazer a nossa hora, enfrentar desafios, corrigir erros e construir um Brasil melhor, sem renunciar aos valores da justiça, da liberdade e da responsabilidade cidadã.



BIBLIOGRAFIA



-VANDRÉ, Geraldo. Para Não Dizer que Não Falei das Flores. Rio de Janeiro: RCA Victor, 1968.


-TEMPLE, William. Christianity and Social Order. Londres: Macmillan, 1942.


-MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Londres: Penguin Classics, 1848.


-BARRETO, Moniz. Carta a El-Rei de Portugal. Lisboa, 1893.





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9 de setembro de 2018 às 12:15

Veja um relato pessoal de alguém que viu um pouco da revolução socialista de perto: http://carlosliliane64.wixsite.com/magiaeseriados/um-relato-pessoal

Anônimo
25 de outubro de 2025 às 19:06

Fato!

O Comunismo, em sua prática histórica, revela os riscos da despersonalização e da opressão, mesmo quando nasce de uma aspiração legítima por justiça social. Por outro lado, o Brasil enfrenta hoje uma corrupção sistêmica que exige paciência, compromisso moral e reforma política e educacional. É um processo gradual, semelhante à abstinência de um vício, que requer coragem, disciplina e conscientização coletiva. A verdadeira transformação depende de ação ética, diálogo intergeracional e fidelidade a princípios sólidos. A lição final é clara: não podemos assistir passivamente à história — devemos fazer a nossa hora, enfrentar desafios, corrigir erros e construir um Brasil melhor, sem renunciar aos valores da justiça, da liberdade e da responsabilidade cidadã.

Everaldo

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CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Blog educativo e formativo inspirado em 1Pd 3,15, dedicado à defesa da fé e à evangelização. Nele somos apenas o jumentinho que leva Cristo e sua verdade aos povos, proclamando que Ele é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14,6) e que sua Igreja é a coluna e sustentáculo da verdade (1Tm 3,15). Nossa Missão: promover a educação integral da pessoa, unindo fé, razão e cultura; fortalecer famílias e comunidades por meio da formação espiritual e intelectual; proclamar a verdade revelada por Cristo e confiada à Igreja. Nossa Visão: ser um espaço de evangelização que ilumina também os campos social, político e econômico, mostrando que fé e razão caminham juntas, em defesa da verdade contra ideologias que afastam de Deus. Áreas de Estudo: Teologia: mãe de todas as ciências. Filosofia: base da razão e da reflexão. Política: análise crítica de governos e ideologias à luz da fé. Economia: princípios éticos e cristãos aplicados à vida financeira. Rejeitamos uma imagem distorcida e meramente sentimentalista de Deus, proclamando o verdadeiro Deus revelado em Jesus Cristo. Nosso lema é o do salmista: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória” (Sl 115,1).

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