Não se pode exagerar o valor e eficácia sacramental,
como se fosse um rito mágico ou um amuleto, superstição ou fanatismo. A civilização
tecnicista de hoje dificulta a compreensão dos símbolos e da dimensão
transcendente das coisas. Muitas vezes os sacramentos são banalizados, mas,
para que produzam na pessoa todo o fruto que podem produzir, é muito importante
compreendê-los bem. Deus se expressa em categorias humanas, por meio de
elementos sensíveis e perceptíveis para a pessoa, que está formada de corpo e
alma. E Ele quis utilizar tais elementos para dar a sua graça aos que não a têm,
ou aumentá-la nos que já a possuem.
No entanto, os
sacramentos são recebidos frequentemente sem as disposições necessárias para
aproveitar todos os seus frutos e muitas pessoas têm dificuldade para
compreender seu sentido. Em seu livro “A náusea”, por exemplo, o filósofo
Jean-Paul Sartre oferece um pobre olhar sobre a Eucaristia, ao escrever que,
“nas igrejas, à luz dos círios, um homem bebe vinho na frente de mulheres
ajoelhadas”. Só quem adere de coração à Igreja, só quem se deixa ensinar por
ela e cresce nela, poderá se apropriar plenamente da riqueza dos sacramentos.
Os sacramentos formam um organismo no qual cada um tem
seu lugar vital, ainda que a Eucaristia ocupe um lugar único, porque todos os
outros estão ordenados a ela como ao seu fim, segundo São Tomás de Aquino. Cristo
age nos fiéis de diversas maneiras, por meio dos sacramentos: pelo Batismo,
assume-os em seu próprio Corpo, comunicando-lhes no Espírito a filiação divina;
pela Crisma, fortalece-os no mesmo Espírito, para que possam confessá-lo diante
dos homens; pela Confissão, perdoa os pecados e os vai curando de suas doenças
espirituais; pela Unção dos Enfermos, conforta os doentes e moribundos; pela
Ordem, consagra alguns para que, em seu nome, preguem, guiem e santifiquem o
seu povo; pelo Matrimônio, purifica, eleva e fortalece o amor conjugal do homem
e da mulher; e todo este sistema mana da Eucaristia, que contém o próprio
Cristo.
Quem quer colocar-se em contato com a carne
de Cristo, portanto, basta que se aproxime dos sacramentos da Igreja. Para
ganhar fruto, porém, mais do que simplesmente recebê-los, é preciso fazê-lo com
fé, assim como a hemorroíssa do Evangelho tocou com confiança a fímbria do manto
de Cristo (Jo 5, 25-34). Os sacramentos são sinais verdadeiramente eficazes da
graça de Deus, mas só geram frutos na vida daqueles que se abrem dócil e
generosamente à ação divina, ou seja, sem a fé e as disposições necessárias, é considera-los
meros amuletos supersticiosos.
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.