*Por: Jeffrey Tucker
Sendo mais RACIONAIS que emocionais em nossas
respostas: "Por acaso a política sempre foi assim tão brutal com as amizades
pessoais?"
Conheço várias
pessoas, até então amigas entre si, que estão entrando em brigas no Facebook,
em guerra no Twitter, em discussões no Instagram, e em rixas no Snapchat. Aquilo que começa como uma desavença
ideológica termina em amargura e rancor.
As pessoas estão provocando umas às outras, exigindo que aquelas que têm
uma posição política contrária à sua saiam de suas redes sociais. Algumas até mesmo cortam relações totais com
amigos e familiares. E tudo isso por causa de
diferenças políticas.
Fico até pensando: "Como será o Natal entre estas
pessoas, antes, amigas?"
Para deixar claro, a
filosofia política de fato importa e, consequentemente, a política em si é algo
que afeta a vida de todos. No entanto, a
briga partidária pelo controle temporário do aparato estatal é menos importante
do que as contendas eleitorais nos fazem crer. Você pode estar sendo facilmente manipulado por políticos, ideólogos e
intelectuais profissionais! E amizades e a família são coisas preciosas demais para serem descartadas por razões temporárias!
É realmente
lamentável que a política cause divisões permanentes, e de uma maneira tão
desnecessária!
As pessoas que rearranjam suas relações pessoais de acordo com a
política imaginam que estão assumindo em definitivo o controle de suas vidas; o
que elas aparentemente não percebem é que estão, na prática, deixando que estranhos
controlem suas vidas! Estranhos que não sabem nem ao menos de sua existência, e que nos momentos de dificuldades, não vão poder ajuda-las, ao contrário de nossos amigos(as) e familiares. Pense bem nisto antes de cortar relações!
A política é um velho sistema que busca dividir as pessoas para mais
facilmente dominá-las!
“Divide et impera” sempre foi o lema
da política e dos políticos e governantes do passado e do presente!
Permitir
que a política fundamentalmente influencie algo tão importante quanto a amizade
e a família significa conceder a vitória efetiva aos maus políticos! Significa dar a eles muito mais importância
do que eles merecem!
Trollagem e banimentos!
Agora, é claro que é
necessário levar em conta um pré-requisito:
-Se há alguém em sua rede social deliberadamente trollando você, lhe
perturbando e continuamente enviando links de sites que você despreza, então a
melhor resposta é simplesmente bloquear essa pessoa. Não responder. Não entrar em discussões improdutivas. Simplesmente bloqueie, calmamente, sem dramas
e anúncios espalhafatosos. Muito menos
faça qualquer denúncia!
-A maioria das pessoas que eu conheço já bloqueou mais de cem pessoas ao
longo dos últimos meses, insufladas pelas batalhas políticas e ideológicas que
vêm sendo travadas pela direita e pela esquerda nas redes sociais, cada uma em
defesa de seus políticos de estimação.
-Simplesmente bloquear é uma reação muito mais sensata do que confrontar,
o que levaria a infindáveis e amargas discussões. E não há nada mais improdutivo e exaustivo do
que intermináveis discussões na internet.
Pessoas que querem arrastar você para esse meio de fato merecem uma
exclusão do seu círculo de conversação.
Mas,
excetuando-se esses casos extremos, vejo como uma atitude sem sentido expulsar
alguém da sua vida só por causa de diferenças políticas!
- Primeiro, ao se
isolar e negar a si mesmo acesso a diferentes pontos de vista, você corre o
risco de se isolar de um crítico honesto que pode ensinar a você algo que você ainda
não sabe. Pode ser sobre qualquer coisa da vida, mas
talvez até mesmo sobre política. Fechar
a porta para eventuais informações importantes não é uma atitude sensata, é FECHAR-SE NUMA BOLHA!
- Segundo,
conversar com pessoas com opiniões opostas é uma boa maneira de você treinar a
manter a calma, a raciocinar rápido, a falar com fluência e segurança, e a
conversar de maneira civil e cortês, sempre se direcionando ao interlocutor de
uma maneira que possa realmente ser compreendido e compreendê-lo, para se possível, persuadi-lo a ver a questão sobre outro ponto de vista.
- Terceiro, e mais
importante, ao isolar-se de tudo e todos, odiar os outros por suas visões
políticas, e considerar que pessoas com diferentes pontos de vista, sejam menos
merecedoras de um tratamento digno, é exatamente o tipo de atitude que o sistema
político quer que você tenha! Talvez até o seu politico ou partido ganhe, mas quem sai perdendo é o conjunto da sociedade.
Mas, são só os outros que são agressores?
Um contra-argumento a
esse meu ponto foi feito por um amigo meu ano passado. Sendo ele também um libertário, ele considera
que qualquer pessoa que defenda qualquer medida governamental — mesmo que só
casualmente, sem pensar mais profundamente no tema — é uma defensora da
agressão estatal. Afinal, qualquer coisa
que o governo faz só pode ser feita, em última instância, por meio da
tributação da renda (uma agressão à propriedade privada) e da restrição ao
empreendedorismo. Consequentemente, as únicas pessoas que esse meu amigo diz
serem dignas de sua atenção são aquelas que seguem firmemente sua perspectiva
anarcocapitalista e voluntarista.
Quaisquer outras pessoas são consideradas por ele uma ameaça direta à
sua vida e liberdade. A mim isso parece ser excessivamente severo. A verdade é que as pessoas normais que
defendem algum tipo de ação governamental diferente de você, não são via de regra pessoas violentas, claro que em todas vertentes político-partidárias existem exceções que não devem ser generalizadas.
-Se uma pessoa defende mais gastos do governo com educação
pública, ela acredita estar apenas defendendo políticas que serão boas para terceiros. Em sua mente, ela não está decretando guerra
e incitando a violência contra a propriedade privada dos pagadores de impostos, na maioria das vezes elas não percebem que deverão ser obrigadas, e obrigar ao conjunto da sociedade, a dar ainda mais dinheiro para financiar programas
ineficientes, e ou, que serão desviados. Se você simplesmente
cortar relações com essa pessoa, como você poderá persuadi-la de que ela pode estar equivocada, mesmo sendo sincera e bem intencionada? E não são só os
libertários que agem assim. Um ex-amigo
meu, de esquerda, era um crente fervoroso na tese do aquecimento global. Eu não fazia a menor ideia de que ele pensava
assim até o momento em que, enquanto tomávamos um café, o assunto surgiu. À época, apenas expressei algum ceticismo de
que a ciência a esse respeito já estava solidamente comprovada e que o debate
sobre causas e efeitos, soluções, custos e benefícios eram bastante controversos. Eu realmente fui bastante comedido em meus
comentários. No entanto, por algum
motivo, eles foram o suficiente para fazê-lo explodir de raiva. Ele disse que eu era "um obscurantista que
negava a ciência e um maluco apologista do capitalismo". Ele se levantou e foi embora. E foi isso. Fiquei perplexo. Eu estava apenas discordando dele, de maneira
bem cautelosa. No entanto, por algum
motivo, ele ingenuamente acreditava que qualquer um que discordasse dele era o
responsável direto pela elevação do nível dos oceanos, pelo derretimento das
calotas polares, e pela gradual desintegração do planeta. Ele havia deixado que a política ambiental controlasse sua vida e até mesmo
determinasse suas amizades. Como
consequência, nós dois nos tornamos espiritualmente mais pobres em decorrência
dessa amizade desfeita.
Reconsidere agora o efeito tóxico que está sendo causado pelo crescimento da influência desta tal "política de identidade pessoal"
As pessoas estão
perdendo a capacidade de ver algum valor nas outras. Imagine como você me faria sentir se você
acreditasse que a brancura da minha pele representa uma opressão e uma
indelével mácula na ordem mundial? Não haveria nenhuma chance para qualquer
tipo de interação civilizada. Afinal, eu
não posso mudar minha raça. Da mesma
forma, e se eu acreditasse que o fato de você ser negro, ou gay, ou ateu fosse
a causa da destruição demográfica e cultural — como seria possível agir
civilizadamente nesse contexto? A
imposição dessa política de identidade está gerando exatamente esse tipo de
desavença irracional e de rixas supérfluas entre as pessoas. Exatamente o que o estado e seus defensores
intelectuais estrategicamente querem.
Qual é o objetivo de
uma amizade?
O que os libertários acima
mencionados não conseguiram perceber é que eles são culpados pelo mesmo erro! Permitiram que a política invadisse e conduzisse suas vidas, determinando as
condições para sua felicidade pessoal.
Tão logo esse tipo de coisa começa a acontecer, não há como parar.
Deveria todo
mundo concordar com cada ponto de sua "forma de pensar" para ser seu amigo?
Mateus 5,46-48: "Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos igualmente assim? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de notável? Não agem os gentios também dessa maneira? Assim sendo, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai que está nos céus"
Deveria haver tolerância zero
para a mais mínima diferença de idéias, de visões, de prioridades, de
aplicações e de objetivos?Em outras
palavras, deveriam todos os seus amigos acreditar exatamente em tudo aquilo que
você acredita? Se essa é a sua perspectiva, então não há muito sentido em ter
uma amizade e conversar com alguém que tenha exatamente o mesmo ponto de vista
que o seu em absolutamente todas as coisas.
No mínimo, isso seria incrivelmente tedioso. Ficar em casa pensando na sua própria
infalibilidade teria o mesmo efeito.O mesmo é válido para uma sadia e madura amizade. É necessário ouvir pontos de vista
distintos. É sempre bom termos acesso ao
que pensam os outros. Mesmo que não
concordemos com nada do que dizem, ainda assim passamos a compreender as
pessoas e o mundo de uma maneira mais completa quando ouvimos o que os outros
têm a dizer — com sinceridade, cordialidade e honestidade. Em outras palavras, amizades desse tipo nos
ajudam a ter uma mente aberta e nos mantêm humildes e sempre dispostos a
aprender mais.
Não
se engane: "Em grau maior ou menor, políticos sempre irão trair você!" Isso é inevitável em relação a própria natureza humana falha!
Tampouco é uma boa
ideia desfazer amizades por causa de opções político-partidárias. Políticos raramente mantêm uma mesma opinião
sobre qualquer assunto ao longo de suas carreiras. Muito pelo contrário! Aliás, essa gente se
molda estritamente de acordo com as tendências da opinião corrente das maiorias. Quando a maioria da população clama por mais estado, políticos adotam um
discurso mais intervencionista. Já
quando a maioria da população começa a reclamar do excesso de estado, políticos
até ontem estatistas começam a adotar um discurso mais liberalizante.Seguir as
ideias de um político, ou mesmo de um partido político, até o ponto de afetar
seu relacionamento com família e amigos significa comprometer sua própria
integridade intelectual, psicológica e espiritual. Simplesmente não vale a pena! E muito menos ainda se for feito em nome de partidos políticos, até mesmo porque politica e religião não definem caráter para quem é oportunista.
Uma das grandes
tragédias da política é que ela é capaz de transformar pessoas que, na vida
real, seriam pacíficas, leais e grandes amigas em inimigas amargas e
rancorosas!
Sempre penso nisso quando
vejo brigas de rua insufladas por militantes político-partidários, cada um
brigando em nome do seu político ou partido político favorito. Quem realmente ganha com isso? Se você colocasse essas mesmas pessoas em um
restaurante, em um cinema ou em um shopping, elas teriam todos os motivos para
ser corteses, gentis e civilizadas, e nenhum motivo para gritar obscenidades e
distribuir sopapos entre si. Isso é algo que
realmente deveria ser mais refletido.
Cada um de nós é um ser humano com sentimentos, esperanças, sonhos e
desejos de viver uma vida bem vivida — cada indivíduo, independentemente de sua
raça, religião, identidade de gênero, opção sexual ou ideologia quer isso. E a política não deveria interferir em nada
disso. Se o desejo é por um mundo mais pacífico e de mais compreensão, uma
maneira de ajudar a criá-lo é viver como se tal mundo já existisse! Acima de tudo, isso significa jamais deixar a
política interferir nas relações humanas. As relações humanas, e não a política, são o nosso verdadeiro tesouro!
*Conteúdo adaptado do: Mises Brasil
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é verdade! a polarização está destruindo amizades e a fraternidade...
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