Vamos responder primeiramente com a
fundamentação bíblica para o tema:
Em
primeiro lugar, respondendo com as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo a São
Pedro,
(dizendo que ele devia perdoar setenta vezes sete vezes aos seus ofensores), lembro
que isso vale para as ofensas pessoais que nos são feitas. Devemos sempre
perdoar os que nos ofenderam. Mas nós não temos o direito de perdoar as ofensas
feitas injustamente e continuamente aos outros, principalmente aos mais fracos e indefesos. Se alguém ofender ao senhor,
cabe ao senhor perdoá-lo, e não a outrem. Ora, o criminoso ofende não somente à
sua vítima. Ele ofende e viola, também, o direito de Deus e da sociedade. E nós
não temos direito de perdoar as ofensas feitas a Deus e à sociedade. Por isso,
é que Deus aprova e recomenda em alguns casos a guerra justa e o direito dos povos e Nações à Legítima Defesa.
Para comprovar isto, citaremos uma frase de Nosso Senhor Jesus Cristo no
Apocalípse: "Quem matar à
espada, importa que seja morto à espada" (Apoc. 13,10).É
o próprio Cristo quem nos ensina então, que o assassino convicto e irredutível, deve
ser punido com a morte.
E para São Pedro,
Jesus disse:
"Pedro, guarda a
espada na bainha (repare que Jesus não manda São
Pedro jogar fora a sua espada, mas guarda-la) porque quem com ferro fere, com o ferro deverá ser ferido..."
(Mt.26, 52).
Portanto,
Cristo deu expressamente aberta esta possibilidade a São Pedro com o poder de
condenar alguém à morte. E quando Jesus foi julgado por Pilatos, este lhe
disse:
"Não me respondes? Não sabes que tenho poder de te livrar ou de te
condenar [à morte]? Respondeu Jesus; "tu não terias poder algum sobre mim, se não te fosse dado pelo
alto" (Jo. 19, 10-11).
|
(Podem
até querer DOURAR a pílula, mas aqui é uma SENTENÇA DE MORTE!) |
Portanto,
Cristo nos ensinou que a autoridade, cujo poder vem de Deus, tem poder de
condenar à morte. Poderia citar muitos outros textos da Bíblia , defendendo a
pena de morte. Para resumir referências: (Rom 1,32; Atos, 25,11; Rom. 13, 4;
Ex. 26, 12-17; Jer. 48,10).
Prof. Orlando Fedeli - Montfort
MAGISTÉRIO DA IGREJA E OS PRINCÍPIOS DA GUERRA JUSTA E DA LEGÍTIMA DEFESA PESSOAL E PÚBLICA:
CIC §2314 "Qualquer ação
bélica que tem em vista a destruição indiscriminadamente nada de cidades
inteiras ou de vastas regiões, com seus habitantes, é um crime contra Deus e
contra o próprio homem a ser condenado com firmeza e sem hesitações." Um dos
riscos da guerra moderna é dar ocasião aos possuidores de armas científicas,
principalmente atômicas, biológicas ou químicas, de cometerem tais crimes.
CIC §2316 A produção e o
comércio de armas afetam o bem comum das nações e da comunidade internacional.
Por isso as autoridades públicas têm o direito e o dever de regulamentá-los. A
busca de interesses privados ou coletivos a curto prazo não pode legitimar
empreendimentos que fomentem a violência e os conflitos entre as nações e que
comprometam a ordem jurídica internacional.
Ausência de guerra e paz
CIC §2304 O respeito e o
desenvolvimento da vida humana exigem a paz. A paz não é somente ausência de
guerra e não se limita a garantir o equilíbrio das forças adversas. A paz não
pode ser obtida na terra sem a salvaguarda dos bens das pessoas, sem a livre
comunicação entre os seres humanos, o respeito pela dignidade das pessoas e dos
povos, a prática assídua da fraternidade. E a "tranqüilidade da
ordem", "obra da justiça" (Is 32,17) e efeito da caridade.
§2315 A acumulação de
armas parece a muitos urna maneira paradoxal de dissuadir da guerra os
eventuais adversários. Vêem nisso o mais eficaz dos meios suscetíveis de
garantir a paz entre as nações. Este procedimento de dissuasão impõe severas
reservas morais. A corrida aos armamentos não garante a paz. Longe de eliminar
as causas da guerra, corre o risco de agravá-las. O dispêndio de riquezas fabulosas na fabricação de novas armas sempre
impede de socorrer as populações indigentes e entrava o desenvolvimento dos
povos. O superarmamento multiplica as razões de conflitos e aumenta o
risco de esses conflitos se multiplicarem.
O primeiro dever de evitar a guerra!
|
(Hitler queria dominar o mundo e evidenciar a raça ariana) |
§2307 - O quinto
mandamento proíbe a destruição voluntária da vida humana. Por causa dos males e das injustiças que
toda guerra acarreta, a Igreja insta cada um a orar e agir para que a Bondade
divina nos livre da antiga escravidão da guerra.
§2308 Cada cidadão e cada
governante deve agir de modo a evitar as guerras. Enquanto, porém, "houver
perigo de guerra, sem que exista uma autoridade internacional competente e
dotada de forças suficientes, e esgotados todos os meios de negociação pacífica, não se poderá negar
aos governos o direito de legítima defesa.
|
(Genocídio dos Judeus nos Campos de Concentração Nazistas)
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Sobre a Guerra justificada (de defesa)
§2309 É preciso
considerar com rigor as condições estritas de uma legítima defesa pela força
militar. A gravidade de tal decisão a submete a condições rigorosas de legitimidade
moral. É preciso ao mesmo tempo que:
1)- O dano infligido pelo
agressor à nação ou à comunidade de nações seja durável, grave e certo.
2)- Todos os outros meios
de pôr fim a tal dano se tenham revelado impraticáveis ou ineficazes.
3)- Estejam reunidas as
condições sérias de êxito.
4)- Emprego das armas não
acarrete males e desordens mais graves do que o mal a eliminar. O poderio dos
meios modernos de destruição pesa muito na avaliação desta condição.
Estes são os elementos
tradicionais enumerados na chamada doutrina da "guerra justa". A
avaliação dessas condições de legitimidade moral cabe ao juízo prudencial
daqueles que estão encarregados do bem comum.
Injustiças e
desigualdades econômicas sociais como causas de guerra
§2317 As injustiças, as
desigualdades excessivas de ordem econômica ou social, a inveja, a desconfiança
e o orgulho que grassam entre os homens e as nações ameaçam sem cessar paz e
causam as guerras. Tudo o que for feito para vencer essas desordens contribui
para edificar a paz e evitar a guerra:Pecadores
que são, os homens vivem em perigo de guerra, e este perigo os ameaçará até a
volta de Cristo. Mas, na medida em que, unidos pela caridade, superem o pecado,
superarão igualmente as violências, até que se cumpra a palavra: "De suas
espadas eles forjarão relhas de arado, e de suas lanças, foices. Uma nação não
levantará a espada contra a outra, e já não se adestrarão para a guerra"
(Is 2,4).
Lei moral durante os conflitos armados e a obrigação de resistir aos ataques injustos!
§2312 A Igreja e a razão
humana declaram a validade permanente da lei moral durante os conflitos
armados. "Quando, por infelicidade, a guerra já se iniciou, nem tudo se
torna lícito entre as partes inimigas."
§2313 E preciso respeitar
e tratar com humanidade os não-combatentes, os soldados feridos e os
prisioneiros. Os atos deliberadamente contrários ao direito dos povos e a seus
princípios universais, como as ordens que os determinam, constituem crimes. Uma obediência cega não é suficiente para
escusar os que se submetem a esses atos e ordens. Portanto, o extermínio de um
povo, de uma nação ou uma de minoria étnica deve ser condenado como pecado
mortal. Deve-se moralmente resistir às ordens que impõem um genocídio.
VEJA A RECENTE "EVOLUÇÃO DO ENSINO" DA IGREJA SOBRE A PENA DE MORTE (DE SÃO JOÃO PAULO II Até o PAPA FRANCISCO):
Tradicionalmente, a Igreja Católica sempre admitiu
a possibilidade da aplicação da pena de morte e da GUERRA JUSTA Este
posicionamento pode ser encontrado nos vários Catecismos antigos, nos
documentos papais e nos escritos dos grandes teólogos da Igreja. Diante disso, procede a afirmação
de que o Papa João Paulo II, em sua encíclica Evangelium Vitae, concluiu e ensinou, que a pena de morte e a Guerra
Justa deve ser evitada? Nem a Igreja mudou o seu ensinamento nem o Papa
João Paulo II mudou o ensinamento da Igreja. O que mudou foi a circunstância em que a Igreja pode ou
não aplicar esse ensinamento moral.
Para
que um ato possa ser moral ou imoral não basta que ele seja avaliado em si
mesmo, é preciso levar em conta três fatores:
1)- O ato em si mesmo?
2)- A intenção?
3)- As circunstâncias ?
-O ato em si mesmo pode ser bom. Ex. Rezar. Contudo,
se for feito com a intenção errada, por vaidade, exibicionismo, ou
interesses egoístas e prejudiciais aos outros, por exemplo, pode ser
inadequado.
-Apesar de ser bom, o ato de comer, por exemplo, se for praticado em
uma circunstância errada pode ser também inadequado. Ex. Comer dentro da
Igreja.
-Assim, para que a moralidade de um ato seja realmente boa, é preciso
avaliar também a intenção e a circunstância.
Em relação à pena de morte e à Guerra Justa, essa
avaliação também se aplica. Para a Igreja, o ato da pena de morte em si mesmo é
bom. Isso se dá porque por detrás dessa ação existe a realidade da legítima
e proporcionada da defesa. O que vem a ser isto?
O
Catecismo da Igreja Católica esclarece:
"A legítima defesa das pessoas e das
sociedades não é uma exceção à proibição de matar o inocente, que constituiu o
homicídio voluntário. A ação de defender-se pode acarretar um duplo efeito: um
é a conservação da própria vida, o outro é a morte do agressor. Só se quer o
primeiro; o outro, não. O amor a si mesmo permanece um princípio fundamental da
moralidade. Portanto, é legítimo fazer respeitar seu próprio direito à vida.
Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a
matar o agressor: ‘Se alguém, para se defender, usar de violência mais do que o
necessário, seu ato será ilícito. Mas, se a violência for repelida com medida,
será lícito... E não é necessário para a salvação omitir este ato de comedida
proteção para evitar matar o outro porque, antes da de outrem, se está obrigado
a cuidar da própria vida.’ (Sto Tomás de Aquino)A legítima defesa pode não ser
um direito, mas um dever grave, para aquele que é responsável pela vida de
outros." (CIC 2263-2265).
Ou seja, numa situação em que um inocente está
sendo agredido injustamente, as duas vidas: tanto da vítima, quanto do
agressor, têm a mesma dignidade perante Deus, contudo, o fato de um ser vítima
e outro ser um criminoso permite que a vítima use dos meios necessários para
defender-se e até mesmo tirar a vida do criminoso. Assim, é um ato moralmente
reto fazer uso da força para uma legítima e proporcionada defesa.Esse mesmo pensamento pode ser aplicado entre
duas sociedades. É o caso da guerra justa. Quando uma sociedade inocente está
sendo agredida por uma sociedade criminosa, por legítima e proporcionada
defesa, a sociedade agredida pode se defender realizando uma guerra que é justa
a fim de defender seus cidadãos, seu solo, sua soberania.
E no
caso de “um indivíduo” contra uma sociedade?
É a questão da pena de morte. Trata-se de uma
situação em que uma pessoa está lesando o bem comum e não tem remissão,
portanto, deve ser retirado do convívio da sociedade, seja pela prisão perpétua
ou pela pena capital. Nos dias atuais, com o desenvolvimento das sociedades é
possível retirar uma pessoa do convívio social de forma definitiva, sem
necessariamente ter que aplicar a pena de morte. Além do mais, é preciso
admitir que os sistemas judiciários não são infalíveis e que em alguns países,
eles são verdadeiros instrumentos de injustiça. Assim sendo, a pena de morte
não encontra no mundo real a sua aplicabilidade. É isso que o Papa João Paulo II afirma na sua encíclica Evangelium
Vitae, no número 56: "Nesta
linha, coloca-se o problema da pena de morte, à volta do qual se registra,
tanto na Igreja como na sociedade, a tendência crescente para pedir uma
aplicação muito limitada, ou melhor, a total abolição da mesma. O problema
há-de ser enquadrado na perspectiva de uma justiça penal, que seja cada vez
mais conforme com a dignidade do homem e portanto, em última análise, com o
desígnio de Deus para o homem e a sociedade. Na verdade, a pena, que a sociedade inflige, tem « como primeiro efeito
o de compensar a desordem introduzida pela falta ». A autoridade pública
deve fazer justiça pela violação dos direitos pessoais e sociais, impondo ao
réu uma adequada expiação do crime como condição para ser readmitido no
exercício da própria liberdade. Deste modo, a autoridade há-de procurar
alcançar o objetivo de defender a ordem pública e a segurança das pessoas, não
deixando, contudo, de oferecer estímulo e ajuda ao próprio réu para se corrigir
e redimir. Claro está que, para bem conseguir todos estes fins, a medida e a
qualidade da pena hão-de ser atentamente ponderadas e decididas, não se devendo
chegar à medida extrema da execução do réu senão em casos de absoluta
necessidade, ou seja, quando a defesa da sociedade não fosse possível de outro
modo. Mas, hoje, graças à organização cada vez mais adequada da instituição
penal, esses casos são já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes. Em todo o caso, permanece válido o
princípio indicado pelo novo Catecismo da Igreja Católica: « na medida em que
outros processos, que não a pena de morte e as operações militares, bastarem
para defender as vidas humanas contra o agressor e para proteger a paz pública,
tais processos não sangrentos devem preferir-se, por serem proporcionados e
mais conformes com o fim em vista e a dignidade humana »." (EV)
O
Catecismo da Igreja Católica trata de forma descomplicada o mesmo assunto, em seus
números 2267 e seguintes:
"O ensino tradicional da Igreja não
exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade do
culpado, o recurso à sentença de morte,
se essa for a única praticável para defender eficazmente a vida humana contra o
agressor injusto. Se
os meios incruentos bastarem para defender as vidas humanas contra o agressor e
para proteger a ordem pública e a segurança das pessoas, a autoridade se
limitará a esses meios, porque correspondem melhor às condições concretas do
bem comum e estão mais conformes à dignidade da pessoa humana."
Assim, existia até a evolução deste ensino, uma possibilidade legítima do
recurso à pena de morte. Todavia, quanto à circunstância, no
mundo real e atual, ela já
não encontra ocasião de aplicabilidade, pois existem outros meios de se
alcançar a legítima e proporcionada defesa que não a morte. Conclui-se, então, que somente
tendo a noção real do valor do homem enquanto imagem e semelhança de Deus é
possível defender e valorizar a vida humana. O Evangelho da vida é algo que a
Igreja quer pregar e promover. É esta a ideia de João Paulo II em sua encíclica.
E é por isto que a Igreja hoje, embora teoricamente aprove a possibilidade da
pena de morte, já não encontra mais ocasião para a sua aplicação, pois existem
outros meios incruentos para retirar o indivíduo do convívio social.
Papa Francisco muda o parágrafo do Catecismo sobre a Pena de Morte
Por Vatican News - Cidade do Vaticano
O novo Rescrito do Papa, ou seja,
a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado na manhã desta
quinta-feira, no Vaticano. O Santo Padre recebeu em audiência, no dia
11 de maio p.p., no Vaticano, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da
Fé, Cardeal Luís Ladaria, durante a qual aprovou a nova redação do Catecismo da
Igreja Católica (n. 2267), sobre a “pena de morte”. O novo Rescrito do
Papa, ou seja, a decisão papal sobre a questão da pena de morte, foi publicado
na manhã desta quinta-feira, no Vaticano:
“Durante muito tempo, o recurso à pena de morte, por
parte da legítima autoridade, era considerada, depois de um processo regular,
como uma resposta adequada à gravidade de alguns delitos e um meio aceitável,
ainda que extremo, para a tutela do bem comum. No entanto, hoje, torna-se cada vez mais viva a consciência de que a
dignidade da pessoa não fica privada, apesar de cometer crimes gravíssimos.
Além do mais, difunde-se uma nova compreensão do sentido das sanções penais por
parte do Estado. Enfim, foram desenvolvidos sistemas de
detenção mais eficazes, que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, sem
tirar, ao mesmo tempo e definitivamente, a possibilidade do réu de se redimir. Por isso, a Igreja ensina, no Novo Catecismo, à luz do
Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a
inviolabilidade e dignidade da pessoa, e se compromete, com determinação,
em prol da sua abolição no mundo inteiro”.
Se o uso das armas for a “única solução” contra o Estado Islâmico? A Igreja será contra?
Nas redes sociais, a guerra tem sido apontada por
muitos internautas católicos como “a única solução” para “acabar com o Estado
Islâmico”
O Vaticano tem se declarado reiterada e
explicitamente CONTRA uma guerra, com base no próprio conceito de “guerra
justa”, cujas premissas, segundo o
Catecismo da Igreja Católica (cf. CIC, §2309), são quatro e devem ser
simultâneas:
1)- Que o dano infligido pelo agressor à nação ou à
comunidade de nações seja durável, grave e certo.
2)- Que todos os outros meios de pôr fim a tal dano se tenham revelado
impraticáveis ou ineficazes.
3)- Que estejam reunidas as condições sérias de êxito.
4)- Que o emprego das armas não acarrete males e desordens mais graves do que o
mal a eliminar.
Consideremos cada uma destas condições
no contexto justificativa de combate ao Estado Islâmico:
1. QUE O
DANO INFLIGIDO PELO AGRESSOR À NAÇÃO OU À COMUNIDADE DE NAÇÕES SEJA DURÁVEL,
GRAVE E CERTO
Esta condição se verifica! O grupo jihadista tem se
expandido não apenas territorialmente, mas também capilarmente por todos os
continentes mediante estratégias de guerrilha ideológica, usando desde
estruturas religiosas físicas até uma vasta gama de canais virtuais para
recrutar militantes e organizar atentados. Além disso, tem conseguido a adesão
de outros grupos terroristas sanguinários, como o selvagem Boko Haram, da África
Ocidental, atualmente mais mortífero que o próprio Estado Islâmico.
2. QUE
TODOS OS OUTROS MEIOS DE PÔR FIM A TAL DANO SE TENHAM REVELADO IMPRATICÁVEIS OU
INEFICAZES
Esta condição não se verifica. São imprescindíveis pelo menos
três respostas alternativas não bélicas para enfraquecer e derrotar o agressor,
e elas ainda não foram dadas adequadamente:
1. Resposta logística - O cardeal Angelo Bagnasco, presidente da
Conferência Episcopal Italiana, propôs um “embargo planetário” para
enfraquecer o Estado Islâmico. “A maneira certa e mais eficaz eu não acho
que sejam as armas, e sim o embargo planetário, concreto e monitorado, contra
essas forças obscuras como o Estado Islâmico. Do ponto de vista político,
ninguém deveria falar com essas pessoas; elas têm que se sentir isoladas. Do
ponto de vista comercial, ninguém deveria comprar o petróleo barato deles nem
vender armas e comida para eles. O
isolamento global, monitorado, sem meios termos e estritamente controlado pela ONU, eu acredito que é
firmemente possível e que é a única resposta eficaz”.
De fato, o grupo terrorista conta no mínimo com a omissão de governos de
dezenas de países. O Estado Islâmico não apenas se apossou de campos de
petróleo iraquianos cuja produção é facilmente vendida a compradores
estrangeiros, como também está por trás de uma rede de contrabando de riquezas
arqueológicas e culturais (saqueadas das cidades milenares que invadem),
tráfico de drogas (como as cápsulas de captagon, que eles próprios produzem,
consomem e vendem para países como a Arábia Saudita) e tráfico de mulheres e
crianças (com clientela em todo o Oriente Médio). O grupo também é abastecido de armas,
mantimentos e recursos tecnológicos trazidos de fora dos seus domínios, além de
operar transferências bancárias internacionais com as quais mantêm agentes em
dezenas de países, inclusive do chamado “primeiro mundo”. Um embargo planetário decidido e
firme abalaria drasticamente a organização.
2. Resposta cibernética - O grupo de hackers ativistas Anonymous anunciou na semana passada que
vai “caçar” os membros do Estado Islâmico e já começou derrubando 5.500 contas
no Twitter ligadas ao EI. É só o primeiro passo de uma guerra cibernética
focada em destruir o principal mecanismo de recrutamento do grupo terrorista,
que atrai a maioria dos seus jovens militantes através de fóruns, chats e redes
sociais.Além de minar as ferramentas de recrutamento
do grupo, a estratégia do Anonymous deixaria exposta a hipocrisia dos líderes
jihadistas, que, enquanto declaram seu ódio ao Ocidente, não se fazem de
rogados ao usar os recursos e tecnologias ocidentais que eles dizem que
“afastam os fiéis de Deus”.O Anonymous poderá ainda expor as finanças,
comunicações e logística do grupo terrorista, além de informações de
inteligência reunidas (mas não compartilhadas suficientemente) por várias
organizações governamentais. Em anos recentes, aliás, o grupo hacker já
invadiu sites de governos como o do Canadá, da Austrália, da Tunísia e da
Turquia. O risco desta operação é que o Estado Islâmico leve a guerra
cibernética a sério e melhore suas estratégias, tornando o combate online muito
mais complexo e perigoso para um mundo que, assim como eles, também depende da
internet em sua atual organização sócio-econômica.
3. Resposta religiosa - O mesmo cardeal Bagnasco reforçou a importância
crucial de que o mundo islâmico também “levante a voz e condene esta barbárie”.
Não se trata de novidade alguma, já que o papa Francisco repete este apelo aos
líderes muçulmanos com notável frequência. E vários dos líderes muçulmanos mais influentes do
planeta estão fazendo a sua parte e denunciando com clareza a selvageria e
impiedade dos terroristas. Como o Estado Islâmico se diz seguidor do islã
sunita, é particularmente veemente toda declaração feita por líderes religiosos
dessa corrente, como Ahmed al-Tayeb, o grande imã da universidade egípcia de
Al-Azhar, uma das instituições sunitas mais prestigiadas do planeta. Al-Tayeb
tem se pronunciado com frequência, inclusive em encontros formais com outros
líderes muçulmanos, contra “os crimes bárbaros cometidos em nome dos costumes
desta religião” e declarando que os países muçulmanos não podem ignorar “a sua
responsabilidade no aparecimento do extremismo que fez nascer organizações como
a Al-Qaeda e outros grupos armados”. Ao mesmo tempo, ele denuncia que parte da
responsabilidade é também do Ocidente, citando a invasão americana do Iraque e
a ingerência ocidental na Síria e pedindo que a coligação antijihadista
“combata os países que apoiam o terrorismo financeira e militarmente”.Iyad
Madani, líder da Organização para a Cooperação Islâmica, também tem condenado
com força os crimes terroristas do Estado Islâmico, atribuindo-os à “decadência
intelectual, fragmentação política e abuso do islã, a grande religião da
misericórdia”. Suas declarações são influentes porque a organização
reúne 57 países e é o maior bloco de países muçulmanos que existe no planeta.As respostas oficiais de líderes islâmicos são imprescindíveis para que os seguidores do alcorão em todo o mundo rejeitem as interpretações radicais do seu livro sagrado. Para isso, Al-Tayeb tem usado termos bastante fortes ao se pronunciar sobre a interpretação divulgada pelo Estado Islâmico: ele define o grupo jihadista como satânico! Ao mesmo tempo, o Santo Padre tem insistido muito na necessidade da convivência civilizada, respeitosa e fraterna entre as religiões, independentemente da sua discordância teológica.
O Vaticano
fomenta abertamente as boas relações ecumênicas e inter-religiosas desde o
concílio Vaticano II. João Paulo II fez história ao organizar o primeiro
encontro inter-religioso em Assis, em 1986, repetido depois por Bento XVI e
seguido por Francisco ao convidar os líderes políticos de Israel e da Palestina
para fazerem um impensável encontro de oração no Vaticano. O Pontifício Conselho para a
Cultura vem realizando há vários anos a iniciativa Pátio dos Gentios, encontros
entre crentes de diversas religiões e não crentes, para discutirem juntos
temáticas culturais, filosóficas, sociais, políticas e econômicas, além de
concretizarem iniciativas humanitárias em parceria. O cardeal Pietro
Parolín, secretário de Estado vaticano, declarou neste mês que os muçulmanos
deverão participar das celebrações do Jubileu da Misericórdia, convocado pelo
papa Francisco.A resposta religiosa “oficial” é determinante para combater as
manipulações sectárias dos conteúdos religiosos por interesses e objetivos
particulares.
3. QUE ESTEJAM REUNIDAS AS CONDIÇÕES, SÉRIAS, DE ÊXITO
Esta condição está muito longe de
verificar-se. Nem sequer existe acordo entre os países capazes de combater
belicamente o Estado Islâmico no tocante à estratégia de ataque.Para começar,
os EUA e seus aliados ocidentais têm particular interesse em derrubar o
presidente sírio Bashar Al-Assad, enquanto a Rússia quer mantê-lo no poder. A
Turquia está “aproveitando” a “desculpa” de combater o Estado Islâmico para
bombardear os curdos. A Arábia Saudita “aproveitou” a “desculpa” do Estado
Islâmico e da Al-Qaeda na Península Arábica para bombardear o Iêmen, piorando o
caos que já era tétrico no país. Quanto à “modalidade” de guerra, os EUA e seus
aliados defendem ataques exclusivamente aéreos, enquanto a Rússia e a maioria
dos especialistas, inclusive ocidentais, afirmam que os ataques por terra
seriam imprescindíveis para destruir as bases jihadistas. Ainda que houvesse êxito inicial,
o histórico da política norte-americana de armar grupos violentos contra outros
grupos violentos é de reviravoltas funestas (entre as quais o fortalecimento do
regime de Saddam Hussein, o surgimento da Al-Qaeda e o poderio do Taliban,
todos anteriormente “ajudados” pelos EUA e depois transformados em pesadelos). As
invasões e intervenções dos EUA no Oriente Médio, por fim, têm sido
invariavelmente um retumbante fracasso de médio a longo prazo, sendo o Iraque o
exemplo mais evidente no momento. Mais problemático ainda: o
Estado Islâmico não é apenas um exército físico e pontualmente localizado, mas
uma ideologia capilarmente difusa e capaz de se reestruturar em prazo curto
caso não sejam dadas as respostas logística, cibernética e religiosa citadas no
ponto anterior.
4. QUE O
EMPREGO DAS ARMAS NÃO ACARRETE MALES E DESORDENS MAIS GRAVES DO QUE O MAL A
ELIMINAR
A versão laicista da história fez questão, ao longo
dos últimos 300 anos no mínimo, de tergiversar uma série de fatos relacionados
com a ação secular da Igreja, em particular a Inquisição e as Cruzadas.
Estas últimas, em particular, foram pintadas apenas como uma sucessão de
guerras covardes e motivadas pelas ambições materiais e ideológicas da Igreja.O
atual horror do Estado Islâmico tem tornado mais compreensíveis as verdadeiras
raízes das Cruzadas, que, basicamente, foram uma justa reação a 400 anos de
abusos sofridos pelos cristãos sob domínio muçulmano na Terra Santa
(cf. este artigo da Aleteia baseado na tese do acadêmico britânico Paul
Crawford).No entanto, o fato é que as Cruzadas, no fim das contas, não apenas
não resolveram a situação dos cristãos na Terra Santa como a pioraram, além de
acarretarem, como toda guerra, uma série inegável de abusos, covardias e
degenerações em prol de interesses particulares que nada tinham nem de
religioso nem de humanitário.O contexto, além do mais, era muito diferente do
atual. Se na época era compreensível a concepção de uma cruzada, hoje temos uma
noção mais completa do que implica uma resposta bélica e da necessidade prévia
de respostas não bélicas para que seja encarado o cerne das agressões, e não
apenas as suas concretizações externas.
Tem sido comum nas redes sociais, entre os
defensores da guerra imediata contra o Estado Islâmico, a afirmação de que “foi
graças às Cruzadas que a Europa se manteve cristã”. Na realidade, as três
batalhas decisivas que impediram o avanço islâmico na Europa foram ou
anteriores ou posteriores às Cruzadas:
1ª)-A de Poitiers, que barrou a invasão da
França de Carlos Martel pelo Califado de Córdoba em 732.
2ª)-A de Lepanto, em que a
Liga Santa derrotou a expansão mediterrânea do Império Otomano em 1571.
3ª)-E a de
Viena, em 1683, em que a coalizão Polaco-Austro-Alemã venceu o mesmo Império
Otomano e reverteu sua expansão pela Europa do Leste.
É óbvio e inegável o direito à legítima
defesa, e é imperativo que a selvageria do Estado Islâmico seja decididamente
combatida e eliminada. O que não é nada óbvio nem inegável é que a “única forma”
de legítima defesa diante do horror do Estado Islâmico seja o uso das armas
como defendido por certos governos e por certos comentaristas mal informados e
fundamentalistas.
Fonte: Aleteia
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O ensino da igreja sobre a legítima defesa é muito interessante, confessos que não conhecia.
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