COMENTÁRIOS DO BLOG BERAKASH: “Ora
sem querer ser ofensivo e tirar os méritos justos e honoríficos de seus pais e
avós, mas desejando unicamente ser verdadeiro, este argumento é falacioso, ou
seja é falso e muito usado em retórica, conhecido como a falácia do argumentum
ad verecundiam ou, argumentum magister dixit, é uma expressão em latim que
significa apelo à autoridade ou argumento de autoridade, é uma falácia lógica
que apela para alguma autoridade a fim de validar um argumento. Este raciocínio
é absurdo quando a conclusão se baseia exclusivamente na credibilidade do autor
da proposição e não nas razões que ele apresentou por mais sinceras que tenha para
sustentá-la, pois sabemos que a sinceridade não é o critério da verdade, pois
uma pessoa pode estar sinceramente equivocada. Exemplo comum desta falácia: “O grande psicanalista Freud fumava,
portanto, o fumo deve ser bom.” O argumento é falso porque não leva em
conta que apesar de Freud ser uma autoridade em psicanalise, ele não é uma
autoridade nos efeitos possíveis do fumo no organismo, é tanto que o próprio
Freud teve câncer devido ao fumo. Fazendo um paralelo com a filiação a
maçonaria, tanto você que se filou, seu pai e seus avós, por mais honestos e sinceros
que sejam ou tenham sido em seus propósitos na filiação, não valida a filosofia
maçônica como algo inquestionável, por melhor que sejam as intenções. Seria o mesmo que alguém dizer também: Sou Católico, meu pai é Católico, meu avô é Católico, nasci em uma família Católica, portanto a Igreja Católica é inquestionável...ora isto é uma argumentação infantil. Ao usar este argumento é como se você simplesmente quisesse encerrar o assunto, sem um necessário aprofundamento. Ao questionar a doutrina seja Católica, Maçônica, espírita, protestante, ou de qualquer outra instituição, não está se querendo questionar o caráter e a idoneidade pessoal de seus membros, mas, a doutrina em si, se é conciliável ou não com o Cristianismo...simples assim." - Minha mãe sempre dizia uma coisa quando eu queria algo que ela sabia que não era bom para mim, mas eu dizia: Tudo mundo tem! Ela então arrematava: "Se todo mundo for comer b o s t a? Você vai também?"
No momento em que
tanto se discute sobre Maçonaria e suas relações com as Igrejas e o
Cristianismo, minha indicação de leitura obrigatória é “Maçonaria e Igreja:
conciliáveis ou inconciliáveis” do Padre Jesus Hortal, teólogo Jesuíta e Reitor
da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Hortal fez doutorado de
Filosofia em Roma e Direito Canônico na Universidade Gregoriana.Por que indico um
padre? Porque a capacidade dele está acima de quaisquer preconceitos. Hortal
lecionou na Universidade Católica de Goiás, no Colégio Cristo Rei (Faculdade de
Teologia) de São Leopoldo-RS, na UNISINOS, da mesma cidade, e na PUC de Porto
Alegre. O livro “Maçonaria e Igreja: conciliáveis ou inconciliáveis” foi
editado pela Paulus, em 1993, na série “Estudos da CNBB”, volume 66. É um
pequeno volume no formato 12x18 com 87 páginas.Profundo, breve e
fácil de ler – tríplice característica dos bons autores – o livro do padre
Hortal aborda, com coragem, os efeitos da primeira reprovação oficial da Igreja
Católica promulgada contra a Maçonaria: a bula do Papa Clemente XII “In
eminenti apostolatus specula”, de 28 de abril de 1738. Observem que,
considerando a época, foi uma reação muito rápida do Vaticano, apenas 21 anos
após a fundação da Grande Loja da Inglaterra em 1717. A sentença de Clemente
XII, atenuada aqui e ali, prevalece nos dias de hoje em face da Declaração de
26 de Novembro de 1983, assinada pelo então Prefeito da Sagrada Congregação
para a Doutrina da Fé, Cardeal Joseph Ratzinger, atual Papa emérito Bento XVI.Polêmicas à parte, o
melhor que podemos fazer é estudar o livro do padre Hortal que advoga e pondera
sobre um POSSÍVEL e DESEJÁVEL diálogo entre as duas instituições – a Igreja
Católica Romana e a Maçonaria.Os observadores superficiais que pretendem
"dourar a pílula" e adocicar o problema fariam bom negócio se
estudassem a questão de um ponto de vista desapaixonado e sério, principalmente no tocante às iniciações, juramentos e doutrina maçônica.
A
INICIAÇÃO MAÇÔNICA RELATADA POR UM MAÇON:
Uma
Iniciação sempre traduz uma expectativa porque é um princípio, e todo começo
importa em fato novo. Em Maçonaria a Iniciação é a chave, o ponto
de partida, precedida, tão somente, pelos atos preparatórios. O vocábulo Iniciação não se apresenta isolado; deva-se entender a
palavra sob o aspecto filosófico, portanto ela é compreendida como sendo entrar
em iniciação ou seja, ingressar num início. Uma iniciação não é um ato comum
e tampouco exclusivo da Maçonaria ou de outra Instituição paralela. A criança é
iniciada na escola quando ingressa no complexo (para ela) mundo das letras e
dos números, da escrita e da oralidade. A puberdade envolve uma iniciação ao
sexo; a maioridade, a iniciação à vida. A
evolução normal dos povos civilizados apresenta uma tendência para a
simplificação. A iniciação maçônica de hoje difere muito da dos tempos iniciais, como
acontece com os processos iniciáticos religiosos. O homem atual
desenvolveu o poder da síntese, deixando de lado as evoluções desnecessárias.
Questiona-se muito a respeito da validade ou não deste comportamento que,
atingindo a Igreja, lhe causou certos transtornos. O fator que mantém as tradições e que apresenta a iniciação maçônica
como tradição do que era em séculos passados, é o símbolo. A supressão de certos atos, com a
justificativa de modernizá-los, de simplificá-los, de adaptá-los às
circunstâncias da atualidade, vem ferir a validade do símbolo. A
Maçonaria atual, modernizada, não abre mão de certos atos simbólicos porque
eles representam de modo compreensível todo um conjunto de mistérios.A
revelação não supre o valor do símbolo. O mistério permanece e cada vez mais
ele pode ser fortalecido e também ampliado, renovado e recriado. A mística é a
grande atração para os maçons. Eles aceitam e mantêm a tradição. Paralelamente à iniciação, o iniciado deixa ou adquire hábitos, jura e
promete novas atitudes, novos comportamentos, nova filosofia de vida. Podemos exemplificar com a
iniciação do sacerdote da Igreja que faz voto de celibato. Os Templários faziam
voto de pobreza. Se fôssemos verificar a respeito das variações iniciáticas
entre os povos, religiões, raças e posições geográficas, nos perderíamos em um
emaranhado de conceitos, válidos todos eles quando questionados e
quando recebida a justificativa. A criação
do homem, embora lendária, foi uma iniciação. Juntado o pó com a água, feito o
barro, concluída a modelagem, veio o sopro divino e, ainda que surgindo adulto,
o primeiro homem símbolo teve um longo aprendizado. A sua posição era cômoda
porque nada tinha para deixar atrás ou de lado. Tudo era princípio. Houve, sim, um voto. Apenas um: o de não comer dos frutos da Árvore do
Conhecimento. Não temos qualquer preocupação em duvidar desse princípio da
criação. Mesmo que tenha sido uma tradição simbólica, início da saga hebraica,
ele representa um ponto de partida. Se, antes, já existia o ser humano - os
denominados "filhos da terra" - desses não temos a história. Iremos
nos defrontar com teorias, as mais credenciadas, mas não poderemos sobre essas
teorias construir nossa filosofia. A Maçonaria acredita num princípio e aceita
a tese hebraica, porque obedece aos Landmarks, que são os 25 princípios básicos
de sua doutrina. A importância de estabelecer critérios analíticos em
torno desse princípio não é vital. O posicionamento maçônico atual é o de crer e
aceitar a existência de um Deus a quem denomina de Grande Arquiteto do Universo
e da existência de uma vida após a morte. Portanto, iniciação implica em aceitarmos um novo princípio. com todas
as injunções que o compõem, inclusive com abrir mão de tudo o que era antes da
iniciação. Esta
secção, separando o passado do presente, não é possível ocorrer no plano
físico. O iniciado, ao deixar o Templo, ao retornar ao "mundo",
esquece a sua nova condição e readquire o comportamento que tinha, isto
paulatinamente, porque a "natureza não dá saltos". O mundo então o
recebe como ser mais aperfeiçoado. Toda
iniciacão se desenvolve no plano mental, espiritual e místico.Muitos tendem a
dar à Maçonaria um aspecto religioso e assim, dentro das Lojas, formam-se
correntes as mais diversas. O religioso, de forma geral, tende a adaptar a
Maçonaria aos seus princípios; assim, sob o ponto de vista espírita, o maçom
espírita praticante construirá em sua iniciação um panorama que não conflitue
com sua crença. Porém, sem afirmar que a
Maçonaria é agnóstica, a religião, embora extremamente necessária, não está
incluída na filosofia maçônica. Crer em Deus e numa vida futura não implica em
qualquer princípio religioso. A religião fundamenta-se sempre, na fé. A
Maçonaria prescinde desta fé. O maçom
religioso será, sempre, um maçom compreensivo, embora os seus conhecimentos
religiosos possam frear a sua caminhada para o alto. O religioso crê no
dualismo: Deus e Diabo. A Maçonaria aceita a Deus como um Princípio,
sem a preocupação de perquirir sobre a origem deste Princípio. O homem,
é criatura; o Criador é Deus. O homem é eterno; a Eternidade é Deus.
Temos,
portanto, na iniciação um aspecto curioso:
Trata-se de uma Iniciação Maçônica e não de
uma iniciação religiosa. Uma
iniciação escolhida, aceita, experimental, e não uma iniciação imposta. A
religião pode ser seleção, mas genericamente é imposta. Nossos pais, por
exemplo, nos impõem um nome que devemos suportar até a morte. Paralelamente,
nossos pais nos dirigem para uma religião: a religião deles. Na maturidade, o homem pode escolher o seu
próprio destino religioso, porém, a influência do lar será a base de tudo.
A Maçonaria tem a faculdade de reconduzir o descrente para a sua crença
inicial. A
Maçonaria aproxima o seu adepto a Deus. Ela o apresenta como uma obra
perfeitamente construída, adornada e acabada por um Grande Arquiteto. O
mistério se denomina, também, Deus. Para a Maçonaria o Diabo nada é; ela aceita
o dualismo como equilíbrio de forças. O Diabo será apenas oposição, descrença,
desamor.
O
homem passa constantemente por iniciações! Nem sempre, são iniciações
conscientes!
A Iniciação Maçônica, como vimos, é formada por um conjunto de fatores.
Inicialmente individual, para posteriormente integrar-se a um grupo. As
iniciações inconscientes resultam de uma evolução espiritual; o que se processa
no homem, dentro de seu universo, ainda não está muito bem definido, mas
existe. E a materialização do "conhece-te a ti mesmo", da revelação
do grande mistério da Criação. Homem, quem és? A
Maçonaria dá muitas respostas, mas se torna necessário que o candidato passe,
efetivamente, por uma Iniciação. A Maçonaria precisa com muita urgência, para
sobreviver, de iniciados, e não de elementos que passam por uma iniciação sem
que a morte se efetive. Para uma comparação, com a finalidade de que haja
compreensão maior, foi necessário para Jesus que morresse para cumprir a sua
missão de redimir o homem. Sem uma morte, não haverá iniciação. Portanto, em resumo, a Iniciação nada mais é
do que a aceitação da morte. Assim, esta morte perde o seu aspecto trágico.
Quando o homem se convencer de que a morte é redenção e não castigo, não a
temerá; a receberá como Iniciação para uma nova aventura. Todos aqueles que
tiverem um amigo maçom e que forem propostos como candidatos ao ingresso na
Maçonaria, terão uma oportunidade única e exclusiva. Sempre, contudo, que o
candidato busque entender a Iniciação. Nos
Estados Unidos, onde a Maçonaria é levada a sério, as Lojas distribuem aos
candidatos um manual que serve de orientação. Nós, brasileiros ainda temos tabu
quanto ao ingresso na Ordem. O candidato, já adentrando a Câmara das Reflexões,
ainda ignora o que seja a iniciação. Esta falha é imperdoável. Cabe ao
apresentador, ao padrinho esclarecer seu afilhado acerca do que seja a
iniciação maçônica. Obviamente se esse mestre souber realmente da importância
deste conhecimento. O homem em núpcias prepara-se para a
iniciação do casamento, tendo já passado por um período de noivado. O casamento
indubitavelmente, é uma das fases mais importantes tanto para o homem quanto
para a mulher. Trata-se de uma iniciação séria que cada vez menos é assim
considerada, pois assistimos a desfazimentos de casamento por motivos os mais
fúteis possíveis. O importante da iniciação do casamento é que se apresenta contínua. Cada dia
que passa surgem problemas que devem ser solucionados, e isto perdura até o
fim; não o fim de um casamento mas o da vida. Passado o período de
"mel", surgem os filhos e a grande problemática do amadurecimento, o
encaminhamento dos filhos para a vida, as questões que.eles geram, as
preocupações. Depois, vem os netos, as enfermidades, a velhice. Muitas vezes o
casamento se interrompe com a morte da companheira, afastamento permanente que
causa traumas. Mesmo havendo separação, prematura ou não, as funções geradas
pelo casamento não cessam; em caso de separação judicial, subsiste a manutenção
do outro cônjuge, dos filhos menores e desamparados: uma continuidade trágica,
perturbadora, que traz, sempre, infelicidade. Assim é o
maçom. A sua iniciação não apresenta um ponto estanque; é contínua e
permanente, porque a cada dia que passa novas experiências surgem. Até o fim, o
fim da vida, o maçom prossegue nos atos misteriosos e místicos da iniciação. O
maçom é para sempre, in eterno. Temos a iniciação profissional. No início
entusiasta, depois rotineira. Conforme a profissão, ela se apresenta insossa,
repetitiva, um castigo, tudo sempre igual: um patrão. uma tarefa, sempre em
busca da aposentadoria. Há profissões, porém, que exigem progresso, atividade
constante, e que dão grande satisfação; como acontece nas pesquisas
científicas. A
Maçonaria também possui essa parte: a grande busca, a experiência, o próximo
como elemento de trabalho operativo. Essas iniciações são simultâneas:
religiosas, espiritualistas, científicas, operacionais, místicas, enfim, um
corolário de princípios que não cessa prossegue até o fim da vida, desta vida. Não podemos fixar uma norma a respeito da
iniciação; a Maçonaria dispõe de tradição para realizar iniciações formalmente
iguais, revestidas de simbolismo escolar. No entanto, nem a Maçonaria, nem as
religiões, nem a própria vida, iniciam alguém. A iniciação é mística
individual, pois ela se realiza dentro do indivíduo. Se
obedece a ritos rígidos, esses são externos, daí que a cerimônia iniciática se
reveste de características fixas, enquanto a cerimônia mística envolve a
personalidade do iniciando e difere de indivíduo para indivíduo. Com isto,
surge a incógnita da possibilidade ou não de encararmos uma iniciação rotulada
de atualizada ou moderna.A
iniciação, seja qual for, será sempre paralela ao desenvolvimento espiritual do
indivíduo. Uma obra clássica não significa antiga, de séculos passados. O
clássico pode ser moderno e atual; o que classifica é o lugar que encontra na
sociedade. Assim, podemos fixar uma iniciação clássica como a aceita por uma
maioria. Sempre, porém, ela será atual no conceito do iniciando e não no
conceito do iniciador.A
instrução era feita, há cinqüenta anos atrás, de conformidade com os métodos
tradicionais; primeiramente, a alfabetização, para depois, ano após ano, num
trabalho de paciência beneditina, incutir na mente do aluno o conhecimento
previamente programado, numa escala crescente para desenvolver o raciocínio até
atingir a universidade, onde a personalidade do mestre passava a plasmar a
cultura. Hoje, a televisão se encarrega de tudo. Amanha, quem sabe, a telepatia
dará a orientação precisa e correta. Portanto, quando se cogita de entender o que
seja uma iniciação, deve-se atentar a todas as suas nuances e facetas, para,
depois, colher os resultados. Ë por este motivo que sempre alertamos: o
iniciado não é o que passa por uma iniciação, mas o que inicia. O
segredo, o grande segredo maçônico é o comportamento do iniciando na Câmara das
Reflexões, tão conhecida pelos maçons e de certo modo um assunto esotérico,
ainda particular, de vendado de forma muito discreta numa linguagem apropriada
compreensão dos maçons, daqueles verdadeiramente iniciados. O candidato,
concluída a sindicância e aprovado pelo plenário, sem voto divergente, é
chamado. Esta chamada contém muito misticismo. Dissera Jesus ao discípulo:
"vem e segue-me". O candidato, nesta altura já avisado de que a sua
entrada para a Maçonaria foi aceita, responde a chamada. Ë muito importante ser
chamado. Na competição atual, o homem busca alcançar
um espaço; ele desbrava caminhos, luta e nem sempre vence. Porém, na Maçonaria,
quando menos espera, recebe o chamado, transmitido pelo seu apresentador, seu
padrinho. Esse chamado deve ser atendido? O que passa pela mente do candidato?
O atender o chamado significa um ato de obediência. A obediência de modo geral,
significa submissão, ou seja, uma concordância tácita de que tem disposição
para ingressar em uma Instituição que desconhece. O enigma deve ser decifrado e o homem, por ser desafiante, ousado,
impetuoso, passa a enfrentar o desconhecido. Ignora o nome dos participantes
da Instituição onde anuiu ingressar, ignora a filosofia do grupo, os conceitos,
a parte esotérica. Porém, aceita e acompanha o padrinho até o Templo. Atender
ao chamamento é o resultado do trabalho de preparação que aludimos acima. Toda
Loja, toda jurisdição maçônica trabalhou com muito interesse para atrair o novo
irmão que irá beneficiar com a sua personalidade e presença a fraternidade
universal. É o retorno, o eco das vibrações enviadas através da mente, da voz,
das práticas, do misticismo, do mistério. Se o chamamento for bem equacionado,
se as vibrações emanadas tiverem sido bem distribuídas, indubitavelmente
atingiram em cheio o candidato e ele não poderá, de modo algum, negar o
chamamento. Não será
ele quem decide. A congregação é que decidiu recebê-lo. E a fatalidade da
preparação a que ninguém escapa, a atração irresistível em busca, inconsciente,
da perfeição. Assim, o candidato se entrega totalmente â iniciação. Aqui cessa a
participação individual para dar lugar à participação do grupo.
Extraido de: Samaúma - Portal Maçônico (Texto do Ir. Rizzardo a Camino)
Fonte:http://blogdamaconaria.blogspot.com.br/2008/08/iniciao-manica.html#.V0MKFGOMtEI
Arquivos Secretos do Vaticano e a
Franco-Maçonaria - História de uma Condenação Pontifícia
Em 2010 a editora brasileira Madras traduziu do francês a gigantesca obra de outro padre, José Antonio
Ferrer Benimeli - também jesuíta - historiador considerado pelos próprios
pesquisadores Maçons como "o maior conhecedor da historia da Maçonaria e
suas imbricações com a Igreja Católica Romana". Trata-se do livro
"Arquivos Secretos do Vaticano e a Franco-Maçonaria, História de uma
Condenação Pontifícia" (ISBN:978-85-370-0288-9).O livro tem 672
páginas mais 160 no apêndice perfazendo 832 páginas redigidas com seriedade,
isenção e caráter acadêmicos. Nem poderia ser de outro modo, pois Benimeli é
profesor de História Contemporânea na Universidade de Zaragoza, diretor do
Centro de Estudos Históricos sobre Maçonaria e acadêmico correspondiente da
Real Academia de Historia. Para quem for incapaz de assimilar as teses do padre
Hortal num livro de 83 páginas, o fôlego é capaz de acabar diante de Ferrer
Benimeli, - não só pelo tamanho físico da obra como pelo arsenal de
conhecimentos que o autor pressupõe de seus leitores. Entre nós ainda é mais
cômodo contarmos "histórias da carochinha" antes de dormir do que
encarar a verdade e os compromissos de frente. A reconciliação entre a Igreja e
Maçonaria é possível e desejável; mas só acontecerá quando os Maçons se
debruçarem sobre os estudos como fazem esses jesuítas há mais de 50 anos - com
seriedade, espírito acadêmico e isenção. Não podemos tampar o sol com a peneira
deixando aos amadores o ônus de uma "pesquisa" que requer, no mínimo,
formação nos diversos campos da História, da Filosofia, da hermenêutica e do
sentido religioso inerente a cada homem (Maçom ou não); faz-se necessária uma
visão moderna (atualizada) da benemerência maçônica e do chamado "clero
franco-maçom" (herança que não pode ser desconsiderada) e dos recentes
documentos do Vaticano que estão vindo à tona. Da parte da Igreja
Católica antevejo uma boa dose de boa-vontade e seriedade nesses estudos que,
infelizmente, não encontram paralelo nem respaldo entre aqueles Maçons que se
aventuram nesse campo desprovidos de documentação fidedigna ou respaldo nas
especialidades das cátedras universitárias. Temos, é verdade, Maçons capazes
para esse empreendimento, mesmo no Brasil. Mas tudo nos leva a crer que eles
aguardam o momento certo para exporem suas teses e dialogar com as Igrejas. Aí
sim, os obreiras da Ordem e os Fiéis do Cristianismo encontrarão o "elo
perdido" dessa história que ambos erigiram no passado. Não obstante, e
enquanto aguardamos esses interlocutores da Ordem Maçônica - dispostos e
PREPARADOS para um debate CONSTRUTIVO, permanecerá a antiga posição de Joseph
Ratzinger, quando ele presidia a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé:"não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se
sobre a natureza das associações maçônicas."
Onde se situa e situava a
"machinatio" maçônica, ou não, contra a Igreja Católica citada no
Código de Direito Canônico ?
É freqüente escutar,
entre católicos, vozes em defesa da Maçonaria, alegando que pessoas a ela
filiadas, durante longos anos, nunca viram nem ouviram nas Lojas algo de semelhante
a uma ação concreta e maquiavelicamente maquinada contra a Igreja ou o Estado.
Em outros ambientes, pelo contrário, espalhou-se a ideia da Maçonaria como um
conjunto de criminosos, dedicados a tramar conspirações tenebrosas contra tudo
o que de bom e santo possa existir. O Código de Direito Canônico de 1917 parece
ir nessa última direção, quando fala de maquinação. Mas em que consistia essa
maquinação, cujo protótipo eram as associações maçônicas? De acordo com a interpretação comum dos comentaristas daquele corpo
legal, a palavra latina machinatio não significava necessariamente o
planejamento de ações maquiavélicas concretas, destinadas a destruir, pela
força, a Igreja ou o Estado. Podia tratar-se de uma machinatio ideológica, ou
seja, da transmissão sistemática de idéias que entrassem em conflito com as
verdades católicas, mesmo que isso não fosse dito abertamente. - "Existe a
machinatio, - escreve Regatillo, citando uma declaração do Santo Ofício, de
10/05/1884 - se (a sociedade) pretende violar a liberdade e os direitos da
Igreja, afastar os fiéis dela, relaxar a disciplina, subverter, por meios
ilícitos, tanto aberta quanto clandestinamente, a organização social, a forma
legítima de governo ou a seguridade do Estado". Não era necessário que a
sociedade em questão pretendesse fazer tudo isso; bastava esse "pretender
afastar os fiéis da Igreja", para que pudesse ser enquadrada na condenação
geral. Para compreender melhor o porquê de acusação tão grave, tenha-se
presente o contexto histórico que, nos países de maioria católica, onde o
catolicismo era a religião oficial do Estado, não é estranho que as ideias de
liberdade fossem interpretadas, por uns e por outros, como apelos a uma ação deliberada
contra a Igreja Católica, considerada, pelos liberais, e anticlericais como um
empecilho à própria liberdade. Neste contexto podemos
destacar a figura do Padre Jean Meslier (Mazerny, 15 de junho de 1664 -
Étrépigny, 17 de junho de 1729), que foi um controverso sacerdote católico
francês. Jean Meslier nasceu neste lugar obscuro da França, e Ingressou na
carreira eclesiástica unicamente para garantir seu sustento(Coisa comum na
época e até em dias recentes), já que sua família era pobre. Porém, passou
a vida inteira se lamentando dessa escolha. Sua notoriedade se deve à autoria de um tratado
filosófico espalhafatoso promovendo o ateísmo, descoberto após sua
morte. Apresentado como um "testamento" aos seus paroquianos e a toda
humanidade, o texto denuncia a "falsidade e validade de todas as
divindades e de todas as religiões do mundo". Dele é a conhecida frase
erroneamente atribuída a Voltaire: "O homem só será
livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre",
encontrada no livro Extrait des sentiments de Jean Meslier, editado por
Voltaire. Atualmente após a
Declaração Dignitatis Humanae do Concilio Vaticano II, podemos compreender que
não é a mesma coisa, de um lado, reconhecer a autonomia da pessoa humana, em
matéria religiosa, frente a todas as autoridade civis, e, de outro lado,
reivindicar uma autonomia absoluta perante o próprio Deus. Ora, as declarações
do Syllabus de Pio IX (uma encíclica, e não um pronunciamento ex cátedra da
Igreja) condenavam, pura e simplesmente, qualquer ideia de liberdade religiosa,
como um mal em si, absolutamente intolerável. Daí o surgimento, nos países
latinos, de fortes correntes libertárias, não só à margem, mas expressamente
contra a Igreja Católica. A separação entre Igreja e Estado, que hoje nos parece um ponto
pacífico, era encarada pela maçonaria neste tempo como uma meta que somente
poderia ser atingida com a derrota da Igreja Católica. Por outro lado, junto
com essa separação, propugnava-se a secularização dos cemitérios, do matrimônio
e do ensino, a liberdade irrestrita de imprensa, a confiscação dos bens
eclesiásticos e até a extinção de todas as Ordens e Congregações Religiosas.
Todas essas foram bandeiras defendidas nas Lojas do Grande Oriente da França e
das "obediências" maçônicas com ele relacionadas. Em nenhum país a luta
anticlerical foi tão violenta como na França; e em nenhum país mais do que na
França, as Lojas maçônicas reuniram, em seu seio, uma quantidade tão grande de
"livre-pensadores".
Em 1877, o Grande Oriente da França riscou de
seus estatutos e documentos o nome do Grande Arquiteto do Universo. Algo
depois, suprimiu todas as referendas religiosas e tomou uma feição com claras
inclinações ao ateísmo."Idênticas alterações foram feitas nos Altos Graus, especialmente
no grau filosófico 30 (Cavaleiro Kadosh), que fora no século XVIII, conforme
nos relata Paulo Naudon, um grau cristão. Foram os ritualistas do século XX que
o transformaram numa pantomima em que eram pisoteadas a Tiara e a Coroa"
(MELLOR, Alec, Os Grandes problemas da atual Franco-Maçonaria. Os novos rumos
da Franco-Maçonaria, São Paulo, s/a, Editora Pensamento, p. 162).A mesma tendência foi
seguida pelos Grandes Orientes da Bélgica, da Espanha, da Itália e, em parte,
dos países latino-americanos, embora nem todos tenham chegado aos extremos do
ramo francês.Alec Mellor descreve, do seguinte modo, o clímax da luta da
Maçonaria francesa contra a Igreja Católica:"Em 19 de novembro de 1899, durante a inauguração da estátua de
Datou O triunfo da República, cerca de 4.000 franco-maçons, paramentados com
seus 'adornos', haviam sido mobilizados pelo Grande Oriente para desfilarem
diante dela, bradando: Viva a República social! Abaixo os jesuítas!”A Convenção de 1902
vota uma moção de congratulações a Emile
Combes, presidente do Conselho, e uma outra de 151 votos contra 141, propondo
que o casamento religioso ou o Batismo dos filhos fosse considerado delito maçônico.Em julho de 1902,
Combes manda fechar mais de 3.000 escolas cristãs, criadas antes mesmo da lei
de 1o de julho de 1901 sobre associações. Em setembro, ele obtém do Conselho de
Estado um parecer, declarando inútil o exame dos dossiês das Congregações, pedindo
que fossem autorizadas.Durante o ministério Briand, que lhe sucedeu, a França vive
sucessivamente a lei de Separação, a famosa circular sobre os inventários e os
escândalos das verbas para Missas. A política procedente das Convenções do
Grande Oriente havia atingido seus objetivos de guerra". (MELLOR, Alec, Os
Grandes problemas da atual Franco-Maçonaria. Os novos rumos da
Franco-Maçonaria, São Paulo, s/a, Editora Pensamento, p. 162).Apesar dos esforços
para estabelecer uma paz, ou pelo menos uma coexistência pacífica, entre católicos
e maçons, realizados por homens como Lantoine, o Pe. Berteloot, o Pe. Riquet e
o citado Alec Mellor, ainda em 1968 o então Grão Mestre da França, Jacques
Miterrand, comentando a frase de Garnier-Pages, sobre a relação entre a
Maçonaria e a República, acrescentava:"Isto não significa apenas aderir ao direito à auto-determinação,
segundo o princípio por nós criado, mas significa também servir à República, e
isto exige, no nosso mundo ocidental, também a rebelião contra as forças da
reação encamadas pela Igreja Católica Romana. Não nos contentamos em ser, ao
interno de nossos templos, a República secreta; somos, ao mesmo tempo, a
anti-Igreja" (Citado por Joseph STIMPFLE, na revista "30 Giomi"
(ed. brasileira), nov. 1986, p. 50)
Não
generalizemos, porém todo o tema indevidamente!
O Grande Oriente da
França não é reconhecido, como Maçonaria regular, pela Grande Loja Unida da
Inglaterra; a mesma coisa acontece com as potências maçônicas que seguem uma
orientação claramente anti-religiosa, ou anticlerical!
COMO SE
POSICIONAM NOSSOS BISPOS FAVORÁVEIS A ESTE DIÁLOGO E APROXIMAÇÃO?
Ao fazer uma palestra
em comemoração ao 53º aniversário da Loja Maçônica Coronel Balthazar, o bispo
diocesano de Jales, D. Demétrio Valentini, nos dá um exemplo desta tendência ao
dizer que: “Existe hoje clima propício para uma aproximação entre a Igreja Católica
e a Maçonaria. Para ele, ambas as instituições, que tiveram grandes diferenças
no passado, estão maduras o suficiente para que possam prosperar em proveitoso
diálogo.”
Para
um melhor entendimento desta problemática vou destacar abaixo algumas partes do
texto do “Estudo da CNBB 66” do Pe. Jesus Hortal:
“O que é a Maçonaria ou
Franco-Maçonaria? Essa pergunta recebeu, de amigos e inimigos, ao longo dos
tempos as respostas mais variadas. Contetemos-nos,
por enquanto, com a autodefinição do Grande Oriente do Brasil, em sua
Constituição de 1967: “A Maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica,
filantrópica, educativa e progressista. Proclama a prevalência do espírito
sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da
humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática
desinteressada da beneficência e da investigação constate da verdade. Seus fins
supremos são: a liberdade, a igualdade e a fraternidade”. O interessante
dessa definição, que até poderia receber uma interpretação bastante positiva, é
que não diz nada a respeito do caráter
iniciático da sociedade, um traço admitido por todos. Daí que se torne
necessário procurar saber em que consiste a essência filosófica, filantrópica,
educativa e progressista da Maçonaria.” ( p. 11)
“Alguém, lendo este pequeno trabalho,
poderia pensar que estamos preconizando
uma espécie de “cruzada” contra a Maçonaria. Nada mais longe do nosso
pensamento. Nem queremos declarar uma guerra, nem muito menos ser vitima dela.
Ao contrário, como temos dito bem claramente, preconizamos o diálogo. Mas um
diálogo onde todos se apresentem abertamente, sem esconder ou disfarçar nada,
nem do seu ser, nem dos seus objetivos. Só assim será possível progredir na
compreensão mútua, para o bem de todos.” (cit. p. 104)
“Os maçons e os autores que lhes
são favoráveis costumam argumentar que
as iniciações maçônicas não impõem nenhuma doutrina como obrigatória. Ao
contrário, ao indicar o dever de procurar sempre a verdade, a única coisa que
transmitem é um método, colocando o homem na posição de eterno inquiridor.
Contudo, levados às suas consequências lógicas, os princípios metodológicos
descritos colocam uma fronteira muito clara: tudo deve ser atingido pela razão
natural. Por isso, tais princípios deveriam conduzir ao relativismo
doutrinário, à negação de qualquer religião revelada e ao racionalismo. O
papel redentor de Cristo, a mediação da Igreja e a sua autoridade hierárquica –
verdades que conhecemos pela revelação divina e não por dedução da razão
natural – deixam de ter sentido. A
Igreja passa, assim, para o plano meramente humano, como instituição que pode
ter os seus méritos, mas que também deve ser combatida, sempre que se oponha a
esse primado da razão humana...Em qualquer hipótese devemos deixar bem claro
que o ser católico e o ser maçônico são duas realidades diversas, verdadeiramente
incompatíveis entre si. (pp. 83-84; 101).
A carta de 1974 e a tentativa de alcançar a paz De forma semelhante ao
que ocorreu no campo do ecumenismo, também na questão maçônica houve algumas
tentativas de abertura de diálogo, após a Segunda Guerra Mundial, ainda durante
o pontificado de Pio XII (1939-1958). Durante o Concilio Vaticano II,
alçaram-se vozes, ou mais exatamente, uma voz, a de d. Sérgio Méndez Arceo,
então bispo de Cuernavaca, no México, pedindo a revisão da posição da Igreja em
relação à Maçonaria. Em 6/12/1962 e em 20/11/1963 o bispo mexicano argumentou, na aula
conciliar, em favor da aproximação entre católicos e maçons; mas
especificamente, solicitou nova atitude pastoral em face da Maçonaria,
argumentando sobre a possibilidade do reconhecimento de maçonarias que não
maquinam contra a Igreja e os poderes do Estado. Na reunião de 21 a 23 de outubro de 1969, bispos de toda a Escandinávia
(Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia) decidiram defender a mesma
idéia de maçonarias que não conspiram contra a fé cristã. Nas Filipinas,
encontros entre representantes da Igreja e da Maçonaria levaram a uma série de
conclusões que pareciam mostrar a conciliabilidade entre o ser católico e a
filiação às lojas maçônicas. Dentro desse quadro incipiente de diálogo, o
cardeal König, sucessor de Innitzer no Arcebispado de Viena, conseguiu formar
uma comissão mista católico-maçônica, que acabou produzindo um documento
conhecido como “Declaração de Lichtenau”, assinada por nove maçons e três
teólogos católicos dos países de língua alemã, destinada ao papa Paulo VI e ao
prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, cardeal Seper, como
contribuição para o estudo de ulteriores medidas, propugnava a abolição das
condenações canônicas a Maçonaria (Hortal, 2002, p. 56).
Como os acontecimentos se
precipitavam, tornava-se necessária uma tomada de posição por parte das
instâncias superiores da Santa Sé. Mesmo que ainda prematuro para a publicação
de uma decisão definitiva, a 19/07/1974, a Sagrada Congregação para a Doutrina
da Fé, enviou ao cardeal John Krol e algumas Conferências Episcopais uma carta
sobre a questão que envolvia a relação Igreja/Maçonaria. Após lembrar as consultas realizadas por muitos bispos acerca da
interpretação do cânon 2.335 do Código de 1917, que impunha a pena de
excomunhão aos católicos que se filiassem na Maçonaria, a carta prosseguia:
Durante o longo exame da questão, a Santa Sé consultou diversas vezes as
Conferências Episcopais interessadas de modo particular pelo assunto, a fim de
tomar conhecimento mais acurado tanto da natureza e da atuação da Maçonaria em
nossos dias quanto do pensamento dos Bispos a respeito. A grande divergência de respostas, pela
qual transparecem as situações diferentes de cada nação, não permitiu à Santa
Sé mudar a legislação vigente, a qual, por isto, continua em vigor, até que
nova lei canônica seja publicada pela competente Comissão Pontifícia para a
revisão do Direito Canônico. No entanto, no exame dos casos particulares, é
necessário levar em consideração que a lei penal está sujeita a interpretação
estrita. Por conseguinte, pode-se ensinar e aplicar, com segurança, a opinião
daqueles autores segundo os quais o cânon 2.335 se refere unicamente aos
católicos que dão o nome às associações que de fato conspiram contra a Igreja.
Em qualquer situação, porém, continua firme a proibição aos clérigos, aos
religiosos e aos membros dos Institutos Seculares, de darem o nome a quaisquer
associações maçônicas. (p. 58).
Pelo teor da carta, se depreende
um alcance muito limitado. Restringe-se à interpretação do cânon 2.335, sem
fazer qualquer menção aos demais dispositivos canônicos que se ocupam da
Maçonaria. Ademais, sequer declara
abolida a pena de excomunhão para os que se inscrevesse na Ordem maçônica.
Apenas afirma que, de acordo com os princípios gerais da legislação canônica,
essa pena nem sempre se aplicava. Não se verificando a machinatio de fato, a
pena não deveria ser aplicada.Todavia, a carta “Parecia insinuar o desejo de
mudança, mas também transparecia a insuficiência para tanto dos dados
recolhidos até o momento.” Por essa razão, a Sagrada Congregação para a
Doutrina da Fé declarava que a legislação vigente, relativa à Maçonaria,
continuava em vigor e, para confirmar essa vigência, lembravam-se as proibições
para os clérigos e os membros dos institutos de vida consagrada. (Hortal -p.
59).
O novo Código de Direito Canônico
foi dia 25/01/1983.Já não havia nele qualquer referência explícita à Maçonaria.
O polêmico cânon 2.335 foi substituído
pelo cânon 1.374, com a seguinte redação: Quem se inscreve em alguma associação
que maquina contra a Igreja seja punido com justa pena; e quem promove ou
dirige uma dessas associações seja punido com interdito (excomunhão). A
imposição da “justa pena” não era mais automática, mas ficava à discrição do
juiz ou da autoridade administrativa competente, que, de acordo com o que se
dizia na Carta da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé de 1974, deveria aplicá-la apenas se ficasse
comprovado que uma determinada associação maquina contra a Igreja. Com
isso, católicos simpáticos à Maçonaria viram, nessa redação, como que uma
confirmação de suas afirmações. “Se não está mais penalizada com excomunhão
automática a inserção na Maçonaria – argumentavam -, segue-se que é licito ao
católico inscrever-se nela” (Hortal, 2002, pp. 67-68).
Como essas interpretações aparecem por toda parte e havia muitos
católicos esperando a entrada em vigor do novo Código de Direito Canônico para
se inscreverem na Maçonaria, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, agora
sob a direção do cardeal Ratzinger, viu-se obrigada a intervir outra vez no
assunto. Em 26 de novembro de 1983, na véspera da entrada em vigor do novo
Código, publicou uma Declaração sobre as associações maçônicas, com o seguinte
teor: Foi perguntado se mudou o parecer
da Igreja a respeito da Maçonaria, pelo fato de que no novo Código de Direito
Canônico ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior. Esta
Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério
redacional seguido também quanto às outras associações igualmente não
mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.
Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das
associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados
inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a
inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em
estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão. Não
corresponde às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a
natureza das associações maçônicas com um juízo que implique derrogação do
quanto acima estabelecido e isto segundo a mente da declaração desta Sagrada
Congregação, de 17 de fevereiro de 1981. O Sumo Pontífice João Paulo II,
durante a audiência concedida ao subscritor Cardeal Prefeito, aprovou a
presente Declaração, e ordenou a sua publicação. (Hortal - pp. 68-69)
Essa Declaração, emitida pela mais alta autoridade em questão
doutrinária, a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, com a anuência do
Santo Padre, declara a incompatibilidade entre os princípios da Maçonaria e a
doutrina da Igreja Católica. Além disso, a partir dela as Conferências ficavam proibidas de se
pronunciarem com um juízo que implique derrogação das normas dadas. “Ficava
também claro que não se poderia defender uma suposta compatibilidade entre
Igreja católica e Maçonaria, com base na omissão da pena de excomunhão no novo
Código” (Hortal - p. 69-70).
No Brasil permanece
uma certa ambiguidade neste tema do diálogo e aproximação aberta entre Igreja e
maçonaria, isto porque o Grande Oriente do Brasil é reconhecido simultaneamente, e
mantém relações com a Grande Loja Unida da Inglaterra e com o Grande Oriente da
França. Por isso e por causa de atitudes bem concretas em tempos
passados, como na chamada "Questão Religiosa", somente um posicionamento
claro, sem ambigüidades,e segredos das autoridades maçônicas brasileiras,
poderia dissipar as dúvidas a respeito do relacionamento entre Maçonaria e
Igreja em nosso país, o que até o momento por parte da maçonaria não tem sido
possível. No dia do Juízo o critério para fazer parte dos eleitos, não é quantos graus filosóficos e superiores você galgou, ou de quanto conhecimento gnóstico você adquiriu. Deus não vai querer saber se você encontrou a pedra filosofal, ou quantos títulos você tem. O critério divino será muito simples, porque Deus é simples:Mateus 25,34-36: "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver..."
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