E então povo católico,
o que vocês vão ler a seguir talvez os escandalize, mas não devemos perder de
vista que a Igreja é formada por homens. Lembrem-se de que até mesmo no seu
núcleo original, formado por doze apóstolos escolhidos a dedo pelo próprio
Cristo, havia Judas Iscariotes. Talvez esse fosse um sinal de que os cristãos
nunca ficariam isentos da presença de traidores, mas que isso jamais
invalidaria o fato de que a Igreja é, e sempre será, guiada e sustentada pelo Deus
Vivo e assegurada a promessa de que as portas do inferno jamais prevalecerão
contra ela. Então, antes que
algum crente, protestante, evangélico ou anticatólico se anime, vai um alerta: isto é fato histórico comprovado, nenhum pecado pessoal dos
Papas pode causar, ou jamais causou qualquer arranhão no dogma da infalibidade
papal. Seja o papa santo ou pecador, ele é sempre infalível quando trata de
questões de fé e moral, ensinando a toda a Igreja (ex-catedra).
O
SAECULUM OBSCURUM, OU "PORNOCRACIA"
Machiavel, entre os
muitos estragos que sua pseudo-filosofia espalhou, legou ao mundo a imagem de
Rodrigo Bórgia (Alexandre VI) como Papa mundano e amoral. Numa coisa Machiavel estava certo: Rodrigo
não era flor que se cheire. No nosso
imaginário ele é talvez o pior papa da história, mas há papas no século X – o
Saeculum Obscurum – que fazem essa criatura parecer a Madre Teresa de Calcutá.Considerado o período
mais baixo da história da nossa amada Igreja, o Saeculum Obscurum recebeu esse
nome do historiador e cardeal César Baronius.
Utilizando-se dos Annales Eclesiasti de Liutpranto de Cremona, Baronius
trouxe à luz muitos acontecimentos tenebrosos desse período, para mostrar ao
mundo que a Santa Igreja nada tinha a esconder.
A verdade seria contada, ainda que isso denotasse vergonha pelos atos de
alguns dos homens que, mesmo indignamente, ocuparam o trono de Pedro.
Notem que interessante: este esforço de transparência
aconteceu no século XVI
Os demais
historiadores, por sua vez, chamaram o período de um nome bem menos elogioso:
pornocracia. Foram cerca de 59 anos de
903 a 963, somente comparáveis à decadência e à devassidão perpetradas por
Nero, Tibério, Calígula e Helioboros, sem exageros.A origem de todo esse mal
recai apenas sobre uma família de nobres romanos, mais precisamente sobre
certas mulheres dessa família: os Teofilactos.
O destino de Roma esteve por algum tempo ligado aos caprichos daquelas
“senhoras”, em especial Teodózia e suas filhas Marózia e Teodózia, a
jovem. Não eram prostitutas na acepção
da palavra, mas faziam por merecer o título (a palavra pornocracia é derivada
do alemão e não do grego, como pode parecer, e significa “governo das
prostitutas”).O período que vai de
880 a 1046 registrou o maior número de papas da história: 48, que dá uma média
de um ano e meio para cada papa. Uma
opinião pessoal minha é que esse foi o resultado da ira divina: Papai do Céu
zangou-se muito com o nefasto “Sínodo do Cadáver” (quando o corpo do Papa
Formoso foi desenterrado e julgado pelo infame Papa Estêvão VI).Antes de mais
nada, os dois primeiros papas que veremos não fazem parte da lista de
escroques: foram apenas vítimas da balbúrdia que já vinha sendo tramada pelos
Teofilacto. Tecidas as considerações, vamos em frente!
1)-Bento IV era um bom homem, que pouco pôde fazer
diante da devassidão que surgia no horizonte.
Restou a ele convocar um sínodo para tentar arrumar minimamente as
coisas. Culto e gentil, foi vítima das
intrigas e da mesquinharia demoníaca dos Teofilacto. Teve ainda que enfrentar os húngaros e os
sarracenos que batiam às portas de Roma.Com a morte de Lambert, o jovem Rei, a
Itália mergulhou no caos e os Estados Pontifícios perderam seu protetor,
Berengário. Este podia suceder o rei, mas foi derrotado pelos magiares e teve
suas pretensões contestadas por Luís II, O Cego, de Provença. Bento cometeu o erro de coroar Luís. Logo em seguida, recuperando suas tropas,
Berengário depôs Luís e o expulsou da Itália.A generosidade desse papa, sua
bondade e seu zelo pelo patrimônio público são lembranças de que ainda havia no
mundo homens dignos. Suspeita-se que
tenha sido envenenado pelos partidários de Berengário. Papa de 900 a 903.
2)-Leão V foi, antes de mais nada, uma vítima, vítima de
um mundo ao qual ele não pertencia, vítima da maldade humana, vítima de seres
imundos que inundaram Roma e a Casa de Deus de imundície. Era apenas um sacerdote de uma cidadezinha a
35 km de Roma (Príapo), cuja boa reputação repercutia naquela região. Foi uma ovelha jogada em meio aos lobos. Seu
pontificado durou apenas dois meses. O ambicioso sacerdote geral da
igreja de São Dâmaso, Cristóvão, promoveu uma revolução palaciana com o intuito
de assumir o trono. O Papa Leão V foi
jogado às masmorras.
3)- Cristóvão assumiu o papado, mas nem esquentou lugar,
pois foi logo deposto pelo infame Sérgio.
Ambos, Leão V e Cristóvão, foram torturados por meses antes de serem
assassinados na prisão. Somente registros extra-oficiais sobraram desse período
(presume-se que queriam apagar Leão V da existência).
4)-Sérgio III – Esse demônio é forte candidato a pior papa
da história! É o mesmo Sérgio que os inimigos do papa Formoso haviam desejado
fazer sucessor de Teodoro II, e foi chutado pra fora pelo Rei Lambert. Assassino e covarde, manchou de sangue o trono
do Príncipe dos Apóstolos. Sérgio era conde de Tusculum e marchou contra
Cristóvão para se vingar da humilhação que sofrera nas mãos dos partidários do
papa Formoso. Os tusculanos possuíam ligações sanguíneas com os Teofilacto, a
ambição de Cristóvão abriu espaço para a monstruosidade oportunista de Sérgio. Uma das suas primeiras atitudes foi convocar
um sínodo para confirmar… o Sínodo do Cadáver. Ganhou um 10.000 na escala
Alexandre VI de patifaria.Sérgio governou Roma com mãos de ferro graças ao
apoio dos Teofilacto, que agregaram ao seu redor a maioria da nobreza, bem como
através do favorecimento do funcionalismo público. Governou pelo medo e pela dor.Alguns defendem
suas obras, como a reconstrução da Basílica de Latrão que havia sido
parcialmente destruída por um terremoto que aconteceu durante o Sínodo do
Cadáver. Curiosidade: o poltrão que
estamos tratando foi ordenado diácono pelo nobre papa Formoso e, como as
ordenações deste foram injustamente canceladas, Sérgio se fez ordenar novamente
pelo papa Estevão VI (tão canalha quanto ele).
Parece uma idiotice, mas ele queria evitar que se invocasse contra ele o
cânon 15 do Concílio de Nicéia.O pulha planejava há tempos ser papa.Pra piorar
a coisa, Sérgio levou para sua cama a nefasta Marózia Teofilacto de apenas 15
anos.Certo da sua impunidade e sequioso por escrever seu nome na história,
Sérgio quis apagar os nomes de João IX, Bento IV e Leão V, datando o início de
seu papado em 897, como sucessor de Teodoro II.Mas parece que o ódio ao papa
Formoso era o mote de sua vida.
Reafirmando as anulações do Sínodo do Cadáver, Sérgio III instaurou o
caos na Igreja, uma vez que Formoso ordenara muitos padres e bispos que se viam
agora “desordenados” por obra e graça de um louco. Para consertar o que estava fazendo, Sérgio
determinou que todas as ordenações fossem refeitas… sem comentários. Contribuindo
ainda mais para o afastamento entre Ocidente e Oriente, Sérgio III aprontou das
suas também com Constantinopla. Quando o
imperador Leão VI, O Sábio (tava mais pra sabichão), foi proibido de casar-se
pela quarta vez pelo patriarca local, eis que vem Sérgio todo pimpão abençoar a
união do dito. Resultado: cheio de si, o
imperador chutou o patriarca, que não ficou nada feliz, bem como o povo grego
de Constantinopla. E a gracinha não acabou por aí: os Teofilactos ainda fizeram
Teodózia e Marózia Senadoras de Roma.
Não por acaso, muitos fiéis consideravam que o terremoto ocorrido
durante o Sínodo do Cadáver fora um sinal de descontentamento divino. Hoje, muitos de nós católicos, quando
chegamos a ter conhecimento da história nojenta desse papa, nos perguntamos:
por que o descontentamento divino não fez chover paus e pedras na cabeça de Sérgio
III,Papa de 904 a 911 ? Depois das coisas
terríveis acontecidas durante a pornocracia no século X e do dobrado pelo qual
passou a Igreja durante os primeiros tempos do Sacro Império Romano, chegamos
ao século XI. Poderíamos achar que a decadência espiritual do século anterior
afundaria a Igreja, mas o que se deu foi justamente ao contrário: sua
autoridades espiritual se fez mais e mais presente no mundo, e suas obras a
partir desse século foram responsáveis por toda estruturação da sociedade
ocidental.
O professor de história medieval da Universidade do Rio
de Janeiro (UNIRIO), Paulo André Parente, em uma de suas aulas disse:
“A hegemonia espiritual da Igreja Católica no Ocidente durante a Idade
Média, se existiu, deu-se tão somente no século XI”. Mais uma prova de que
a propalada “hegemonia” – ou seja, aquele velho papinho de que a Igreja
Católica era toda-poderosa e tinha um mega poder na Idade Média – deu-se apenas
durante um curto período, não cabendo aos detratores ficarem destilando suas
bobagens por aí.
Então vamos aos Papas do século XI:
1)- Silvestre II – Vive la France! Gerbert D’Aurillac foi o
primeiro Papa francês da história! Sucedeu Gregório V, sendo muito querido do
Imperador Oto III, que foi seu aluno 20 anos antes. Monge beneditino, Silvestre
II foi um grande intelectual. Atribui-se a ele a invenção do relógio mecânico,
dando prosseguimento aos ideais de São Nicolau.Esse papa foi um dos principais
idealizadores da universalidade da Igreja - ou seja, a grosso modo, podemos
dizer que ele desejava que a Igreja fosse mais “católica” do que “romana”. Bom,
a rapaziada em Roma não curtiu muito a ideia de universalidade – afinal, eles
temiam perder o seu poder de influência local – e, de forma não muito delicada,
retiraram tanto o Papa quanto o Imperador da Cidade Eterna, a qual o pontífice
retornou em fevereiro de 1001.Reparem que esse foi o Papa do milênio, época em
que muita pitonisa, assim como aconteceu no ano 2000, previa o fim do mundo.
Denunciou a simonia (venda de bens espirituais), o nepotismo, as violações do
celibato e possibilitou aos monges a eleição do abade dentro do monastério. Foi
sepultado na Basílica de Latrão. Papa de 999 a 1003.
2)-João XVII - Era um passo para frente e outro para
trás. João XVII foi um papa daquele tipo
“nada a acrescentar”. Colocado no trono de Pedro por João Crescentii – Capo dos
Crescentii, a poderosa família romana – seu papado durou apenas seis meses.Sobre
esse papa pairam mais dúvidas que certezas. Reparem que não falei de nenhum
papa João XVI. Isso ocorre porque entre João XV e XVII houve o antipapa João
XVI, e João XVII embarcou nessa contagem furada. Em outras palavras,
oficialmente, não existe um papa João XVI. A única coisa interessante ocorrida
nesse curto período foi o início da evangelização dos eslavos (para quem não
sabe: poloneses, sérvios, russos, bogomilos etc.). Papa de maio a novembro de
1003.
3)-João XVIII – Durante o pontificado de João XVIII, os
Crescentii deram mole e Gregório Tusculano – chefe da tenebrosa família
Teoficalto – assumiu o poder temporal da cidade. Nos bastidores, se tramava um
retorno aos tempos negros de Marózia Teofilacto. Gregório apoiou o papa João
XVIII, mas tencionava colocar no trono de Pedro um de seus filhos – não o fez
por serem ainda crianças. Dessa vez, o Espírito Santo deu à Santa Igreja um
grande Papa. João XVIII foi um grande realizador e trouxe a paz em vários
territórios sobre influência da Igreja Católica. Era um lutador, e insistiu
para espalhar o cristianismo nos lugares onde o paganismo ainda era uma
realidade viva. Canonizou santos
mártires poloneses e insistiu no trabalho iniciado por João XVII. Velho e
cansado, abdicou do trono e foi viver seus últimos dias como monge na Basílica
de São Paulo Fora-dos-Muros, servindo aos mais humildes. Durante seu
pontificado a cristandade uniu-se como a muito não se via. Embora essa situação tenha esboroado com a
morte de João Crescêncio, que era simpático aos bizantinos. Papa de 1004 a
1009.
4)- Sérgio IV – Chamava-se Pietro Boccapecora. Mudou seu
nome para Sérgio para não ser confundido com o Santo Apóstolo. Realizava um bom
papado quando, em 1012, durante uma revolta, veio a falecer. Suspeita-se que
tenha sido assassinado juntamente com o chefe da família Crescêncio, João II.
Foi sepultado na Basílica de São João de Latrão.
5)- Bento VIII – Outro Papa Teofilacto! Isso mesmo, Bento
VIII era Teofilacto, da família ascendente tusculana.E, para piorar, Bento VIII
inaugurou uma série de três papas leigos, todos Teofilactos. Era um milicão, um
tipo de “seu puliça”.Apesar do que possa parecer, não foi um mau papa. Era rígido e defendeu com unhas e dentes as propriedades
eclesiásticas e os direitos espirituais da igreja contra abades engraçadinhos
que achavam que podiam fazer o que lhes desse na telha. Chutou de volta os sarracenos para longe das
praias italianas. Era severíssimo no que
tange à questão do celibato, inclusive reduzindo à servidão subdiáconos
“casadoiros”.Está sepultado na basílica de São Pedro. Papa de 1012 a 1024.
6)-João XIX – Era irmão do antecessor, ou seja, outro
Teofilacto. Quando se lembra de um certo sobrinho neto desse Papa que usava o
mesmo nome (João XII), chega a dar arrepios! Passou de leigo a Papa no dia de
sua eleição (pra lá de ilegal). Nunca esteve tranquilo, vide o passado da
família e a sua eleição. Chovem acusações contra seu pontificado, principalmente
de simonia, mas nada nas fontes leva a crer na veracidade das acusações. Papa
de 1024 a 1032.
Papas do Século XI: "Pontificado de
bêbado não tem dono!"
Um papa que vendeu o
seu poder pontifício quando estava bêbado; um santo peregrino que foi eleito
papa por aclamação popular; papas que bateram firme no comércio de bens
espirituais por parte do clero e no envolvimento de sacerdotes com mulheres; um
papa que abriu caminho para as cruzadas e outro que as estabeleceu. A seguir, você conhecerá estas histórias e
muito mais:
1)- Bento IX - Sobrinho dos antecessores. Perigo, perigo!
Outro Papa tchutchuco, tinha apenas 20 anos quando foi colocado no Trono de
Pedro.Esse papado foi uma confusão só. Eleito três vezes, Bento IX foi destituído
em duas ocasiões! O problema é que ele era mais Teofilacto do que Papa, e fazia
o que sua detestável família queria. Além disso, era um completo ignorante dos
deveres de um Papa – em outras palavras, não passava de um moleque mimado, mal
saído dos cueiros. O primeiro chute que recebeu no traseiro deu-se durante uma
revolta popular em 1038. Caindo fora, refugiou-se num mosteiro e voltou em
seguida. Deve ser o papa mais xingado da história junto com o “trio demônio”
Sérgio III, João XII e Alexandre VI. Era um degenerado (palavras da
enciclopédia católica) e um tremendo cretino. Sua primeira abdicação deu-se em
1044 e, em seu lugar, foi levado ao sólio de Pedro o papa Silvestre III. Este
foi papa por meros 50 dias, já que o Conde Tusculum colocou Bento IX de volta
no trono.A segunda destituição de Bento IX foi tão ridícula que só rindo mesmo;
daquele tipo de façanha digno de um João XII. Bebaço, o papa VENDEU o que não
lhe pertencia, isto é, o seu título de Bispo de Roma para seu padrinho João Graziano,
que adotou o nome de Gregório VI. Essa gracinha levou ao paradoxo total de
haver três papas coexistindo: Bento IX,
2)-Silvestre
III e Gregório VI.O Imperador Henrique II foi a Roma para ser coroado. Mas por quem?
Fazendo um uni-duni-tê reconduziu o papa Bento IX de volta ao trono –
esse foi o Sínodo de Sutri. O problema é que, quatro dias depois daquele
Sínodo, outro foi realizado em Roma, e Bento IX caiu novamente. Como o
Imperador estava com saudades de sua cerveja alemã e não devia gostar muito de
salsichas italianas, para piorar a situação, arrumou ainda um outro papa (é
mole ou quer mais?), Suidger de Bamberg, que adotou o nome de Clemente II. Enfim,
dentro desse caos, com a inacreditável coexistência de QUATRO PAPAS (!!!),
Bento IX foi reempossado pela última vez em 1048, mas foi obrigado a cair fora
logo em seguida pelo Imperador. Bento
partiu para sua terra natal e, um ano depois, foi convocado a Roma para
responder acusações de simonia (venda de bens espirituais); como ele não
apareceu, foi excomungado. Provavelmente morreu entre o fim de 1055 e o início
de 1056. Papa de 1032 a 1044 com várias interrupções. Silvestre III - Ficou 50
dias no poder antes de ser destituído pelo Conde de Tusculum e pelo papa
Bentinho, o moleque. Silvestre III voltou,
então, às suas obrigações como Bispo de Sabina. Em 1046 foi condenado pelo
Concílio de Sucri, confinado e despojado de suas ordens sacras. Não temos fontes confiáveis, mas parece que
Silvestre III teve a cassação revogada e voltou a suas obrigações como bispo em
Sabina. Papa em 1045.
3)-Gregório VI - Esse aqui era padrinho do Bentinho IX.
Durante essa bagunça toda dos papas paralelos, foi com certeza o “menos ruim”
do período. Lutou para estabelecer a
ordem em meio ao caos criado pelo imperador e por Bento IX. Foi Gregório VI que
instituiu o exército pontifício para libertar e proteger os territórios da
Igreja. Obrigado a deixar o trono pelo imperador, partiu para Colônia com seu
capelão e futuro papa Gregório VII, onde passou seus últimos dias em oração,
como monge. Papa de 1045 a 1046.
4)-Clemente II instituiu algumas inovações em seu curto
papado. Uma deles foi a penitência de 40 dias para sacerdotes nomeados por
bispos pegos em simonia. Sua morte se
deu de repente, e suspeita-se que tenha sido envenenado, já que Bento IX
rondava por ali. Politicamente, Clemente II deu ao imperador uma importância
política decisiva para a eleição do Papa, o que na prática aumentou não só a
influência política do papado, mas também seu poderio militar. Papa de 1046 a
1047.
5)- Dâmaso II - O que podemos falar do papa Dâmaso II? Morreu de malária. Nada pôde realizar, ficando no Trono de Pedro
apenas 23 dias. Seu nome de nascimento era Poppo e foi bispo de Brixen até o
momento que o Imperador resolveu transformá-lo em Papa. Papa em 1048.
6)-São Leão IX - Antepassado espiritual de João Paulo II,
esse grande papa era conhecido como “O Papa Peregrino”: ia onde o povo estava
mesmo. Chegou a Roma como simples
peregrino, foi saudado pelo povo e coroado.Suas principais lutas foram contra a
simonia e o nicolaísmo, heresia que pregava, entre outras coisas, o casamento
dos clérigos. Atacou também os bispos-condes (bispos com grande poder
temporal), o que é visto como causa de sua prisão em Benevento. Muito embora não
tenha sido maltratado, Leão IX sentia-se triste e fadigado, vindo a falecer não
muito depois de seu retorno a Roma em 1054.Logo após a sua morte, o enviado papal em
Constantinopla, Humberto de Silva, excomungou o patriarca em nome do Papa
Miguel I (ato considerado ilegal, já que Leão IX já havia falecido e não se
tinha ainda escolhido seu sucessor), que como resposta excomungou o Papa (ou
seja, não excomungou ninguém). Esse
momento é conhecido como O Grande Cisma do Oriente, marco do afastamento em
definitivo dos cristãos orientais. Papa de 1049 a 1054.
7)-Vitor II - Foi o último papa chucrute até a eleição
de Bento XVI. Também foi o último dos
papas impostos pelo Imperador Henrique III. Dedicou-se ao combate à simonia,
seguindo os passos de seu antecessor. Destacou-se também no combate à
transferência das propriedades eclesiásticas.Em seus últimos dias, reuniu um
sínodo em Latrão que, depois, foi transferido para a Toscana. Morreu de malária
e, juntamente com a morte do Imperador Henrique III, terminava com ele a
reforma imperial e papal, depois de um período de 10 anos. Papa de 1055 a 1057.
8)-Estêvão IX – Frederico de Lorena (nome de batismo deste
papa) pouco fez, tendo também sido vitimado pela malária. Sua eleição não foi
comunicada ao Imperador – já que este ainda era uma criança –, sendo mais tarde
sido ratificada retroativamente.Sua eleição tinha por objetivo principal evitar
que os barões romanos voltassem a ter influência na eleição do pontífice como
na época dos Teofilactos e dos Crescentii.
Estêvão IX estava em viagem ao Sul da Itália para firmar uma aliança
contra os normandos, quando a malária o pegou. Papa de 1057 a 1058.
9)- Nicolau II – O grande marco do papado de Nicolau II foi
a bula In Nomine Domini, que instituiu que a eleição do Papa seria restrita
dali em diante aos cardeais. Era um golpe fatal na simonia, que estava sendo um
calo difícil de curar no pé da Santa Igreja.Durante sua eleição, deu-se um
conflito entre os reformistas (legados de São Leão IX e do Imperador Henrique
III) e os antirreformistas que elegeram um antipapa, o bispo de Valletri, João
(Bento X). A bagunça aumentou quando um grupo de bispos germânicos declarou
nulos os atos do papa Nicolau II (com autoridade advinda de onde?). Nicolau II
não teve tempo de lidar com as repercussões, vindo a falecer em julho de 1061.
Papa de 1059 a 1061.
10)- Alexandre II - Adotando a linha reformista, durante seu
pontificado, Guilherme, O Conquistador, invadiu a Inglaterra e teve suas
ambições contra o Rei Haroldo apoiadas pelo Papa. Deu-se aqui a famosa Batalha
de Hastings. Alexandre II não havia tido
sua eleição ratificada pelo Imperador do Sacro Império Romano Germânico, que
então elegeu um antipapa, Honório II. Este contou com o apoio da nobreza de
Roma, e o papa Alexandre foi deposto em 1062.Pelo papa legítimo, lutou o duque
de Lorena que, com uma força militar muito superior, chegou aplicando uma
voadora bonita na aristocracia romana. O duque persuadiu Alexandre II e o
antipapa Honório a voltar para suas dioceses originais enquanto se decidia a
questão. Alexandre teve ganho de causa, mas Honório o excomungou. Briga daqui e briga dali, o papa Alexandre II
passou a caneta em um monte de bispos acusados de simonia (venda de bens
espirituais), inclusive cinco de seus seis conselheiros. Dá pra se ver que as
coisas não corriam bem. Papa de 1061 a 1073.
11)- São Gregório VII - Foi um cabra macho. Este beneditino,
nascido na Toscana com o nome de Hildebrando, conseguiu o que muita gente
julgava impossível: botou ordem na bagunça de uma vez por todas. Morto
Alexandre II, Hildebrando foi aclamado como o novo Papa.Gregório VII foi
secretário do falecido papa Gregório VI, e foi ao lado dele que este grande
homem começou a caminhar pela seara que levaria à sua grande reforma da
cristandade católica. Em seu papado, ele instituiu valores que perduram até os
dias de hoje, entre eles, a determinação de que nenhum outro patriarca poderia
mais ostentar o título de Papa além do Bispo de Roma. Eis aqui umas das
primeiras realizações de São Gregório VII. Os 27 axiomas de sua reforma estão
publicados no seu Dictatus Papae, que objetivamente define o papel do pontífice
na sua relação com os poderes temporais, especialmente com os imperadores do
Sacro Império e suas manias de cientista-maluco-que-quer-dominar-o-mundo.
Vamos resumí-las da seguinte forma:
a)- O Papa é senhor
absoluto da Igreja, estando acima dos fiéis, dos clérigos e dos bispos, e acima
das Igrejas locais, regionais e nacionais, e acima dos concílios.
b)- o Papa é senhor
único e supremo do mundo, todos lhe devem submissão incluindo os príncipes,
reis e imperadores.
c)-a Igreja romana
não cometeu nunca erros(dogmáticos).
d)-quer resolver um
problema? Fale com Roma. Roma falou tá falado!
Óbvio que muita gente
não gostou! E a velha luta contra a simonia e a fornicação de clérigos
continuava. Posso dizer que Gregório VII foi o Papa da época que mais partiu
pra dentro contra essas coisas. Bateu onde mais doía, no bolso, cortando os
rendimentos dos “Dons Juans de batina” (padres que insistiam em se casar). Fez
o que precisava ser feito e pagou caro por isso, morrendo só e esquecido até
pelos seus colaboradores mais próximos. Papa de 1073 a 1085. Foi canonizado
pelo Papa Paulo V em 1606.
12)- Vítor III, Bem-aventurado – Foi um grande
partidário de São Gregório VII. Seu nome era Desidério e foi resistente à sua
própria eleição.Foi com Vítor III que surgiu a ideia das Cruzadas – com sua
proposta de uma ação militar contra os muçulmanos no Norte da África – porém
seu curto papado foi muito tumultuado e marcado pela presença do antipapa
Clemente III, em um momento da história do papado que lembra muito filme de
bang-bang barato. Os tumultos entre os partidários de Papa e do seu rival
davam-se rua a rua.No final, Vítor III saiu da cidade e retornou à sua diocese
em Monte Cassino. Com a saúde muito abalada, esse bom homem não chegou a
retornar ao seu trono por direito, estando sepultado naquela cidade. Foi
beatificado por Leão XIII em 1887. Papa em 1087.
13)-Urbano II - Os detratores da Igreja adoram chamar o Papa
Urbano de “monstro cruel responsável pelas atrocidades das Cruzadas”. Isso é
papo de idiota! Para começo de conversa, o Papa Urbano só reagiu. Já fazia tempo que a turma do
charutinho de repolho tava pedindo. Esse
papinho de marxista querendo dar um de defensor dos pobres arabinhos não cola
mais com a verdade dos fatos atuais.Então vejamos: Urbano II convocou os
cristãos a uma guerra contra os muçulmanos, a fim de reconquistar Jerusalém,
porque o nível humilhação pelo qual os peregrinos passavam já não podia ser
mais tolerado. Muitos papas
anteriormente fizeram vista grossa. A turcaiada tava doida pra conquistar a
Europa, ou vocês acham que a queda de Constantinopla não teria acontecido muito
antes se não fossem as cruzadas? Fora isso, como você acha que um turco tratava
um maronita (católico oriental)?O papa Urbano teve ainda que lidar com
problemas internos, como o Imperador Henrique IV nos seus calcanhares. Este
chegou a exilá-lo e lhe obrigou a entregar o poder ao antipapa Clemente III.
Jerusalém foi retomada pelos cruzados, mas a notícia não chegou a tempo para o
velho papa. Seu papado vai de 1088 a 1099.
Os Papas do Século XII: "Tempos de
Cruzadas" e de um Certo Barbarossa
Nesse tempo, os
hereges cátaros, hoje tidos como tão bonzinhos, espalhavam-se pelo sul da
França, pela Itália e, se contarmos os bogomilos, pela Europa Oriental. Atualmente, seu pseudo-heroísmo é propalado
aos quatro ventos; esconde-se descaradamente o seu dualismo herético doentio, e
não consta no mapa da fé o quanto de almas esses seres andaram prejudicando.
Mas tratamos isso quando falarmos de heresias. Vamos continuar então com a
história de nossos papas. Começando com:
1)- Inocêncio II - Seu papado começou de forma turbulenta.
Tendo sido eleito por uma facção composta de jovens cardeais, uma outra,
composta por cardeais de mais idade, resolveu eleger o antipapa Anacleto II
como sucessor de Honório II (é muito “II”, não acham?”). Enquanto Inocêncio era consagrado em Santa
Maria Nuova in Campo Vincino, o outro grupo consagrou Anacleto em Latrão. E
assim permaneceu durante oito anos.A curiosidade desse período foi o surgimento
das famosas "profecias de São Malaquias da Irlanda", em que todos os papas da
nossa era são apresentados. Por São Malaquias, Bento XVI é o penúltimo. O
próximo Papa, Pedro Romano, liderará a Igreja durante o período conhecido como
“última grande perseguição”, no qual a Igreja e seus fiéis verão a destruição
de Roma e a sede mundial da Igreja passará a ser Jerusalém (medo!) - Bom,
rezemos então! Os fatos de maior relevância do trabalho de Inocêncio II foi o
apoio dispensado aos Templários, dando-lhes completa autonomia. Além disso, na
esfera política, o senado de Roma resolveu que transformaria a cidade numa
república, aos moldes do que já ocorria em outras localidades do Norte da
Itália. Para tanto retirou o poder temporal do Papa, o que viria a provocar
distúrbios por mais de 40 anos. Papa de 1130 a 1143.
2)-Celestino II – Ao contrário de seu antecessor, foi eleito
por unanimidade. Durante seu reinado, houve uma celeuma com o Rei Luis VII da
França, que acabou por fazer com que o papa levantasse um interdito a todos que
dessem abrigo ao Rei dos franceses. Celestino II também recusou-se a ratificar o tratado que concedia
a soberania da Sicília e do sul da Itália a Rogério II. Essa situação com o Rei
Rogério só foi atenuada em virtude dos distúrbios internos em Roma e das
pressões que sofriam os Estados Pontifícios em suas fronteiras. Seu papado
durou cerca de seis meses somente, de 3 de outubro de 1143 a 8 de março de
1144.
3)- Lúcio II – Não estranha não gente, que tem mais Papas
“II”. A vida e morte de Lúcio II foi uma
aventura, e no seu curto papado aconteceram coisas de deixar Indiana Jones
morrendo de inveja. Eleito em 12 de março de 1144, foi imediatamente consagrado
para não abrir brechas para antipapas engraçadinhos.Foi o Papa Lúcio II que
estabeleceu a suserania papal sobre o Condado Portucalense o que, na prática,
criou o Estado português, retirando, daquele momento para sempre, qualquer
pretensão da coroa espanhola sobre nossa pátria-mãe. Enquanto isso, em Roma, o
Senado proto-marxista (tá, tá, é anacronismo, eu sei) botava suas manguinhas de
fora e fazia com que os sacerdotes se restringissem às suas atividades
espirituais. O Papa em pessoa organizou uma força militar para botar ordem no
galinheiro (é isso aí, Papa tinha que andar sempre com a faca nos dentes e
preparado para enfiar a mesma na caveira). Durante um assalto das forças papais
ao Capitólio, Lúcio II foi mortalmente ferido a pedradas e veio a falecer no
mosteiro de São Gregório, em 15 de fevereiro de 1145. Papa de 1144 a 1145.
4)- Eugênio III - Terminou a sequência de “II”. Eugênio III
era um Papa austero e honesto. Eleito Papa, manteve o hábito e o estilo de vida
dos monges. Foi o responsável pela convocação da 2ª Cruzada, motivada pela
tomada de Edessa pelos turcos. Estabeleceu uma reforma clerical e presidiu três
sínodos importantes: Paris, Triers e Reims.Eugênio III prometeu ao Rei
Frederico Barbarossa que lhe daria a Coroa Imperial que um dia fora de Carlos
Magno. Por sua vez, o Rei garantiu que não faria acordos com o Senado Romano e
com os normandos sem o consentimento do Papa, que buscava retomar o poder
temporal.Esse período foi conturbado, muito graças ao senador Arnaldo de
Breschia, que buscava colocar no trono de Pedro um Papa que coadunasse suas
ambições políticas. Eugênio III morreu de febre em Tívoli, antes de poder consagrar
Frederico. Seu restos mortais jazem ao lado de Gregório VII na Basílica de São
Pedro. Foi beatificado em 1872. Papa de 1145 a 1153.
5)- Anastácio IV – Conrado di Suburra já era avançado em anos
quando foi consagrado bispo de Roma. Era um homem de origem humilde e pouco se
sabe de seu passado. Foi feroz opositor de Anacleto II, o antipapa que
infernizou o papado de Inocêncio II, e graças a isto foi nomeado cardeal-bispo
de Sabina.De espírito conciliador, aproximou-se de Barbarossa, impedindo assim
as pretensões dos partidários do senador Arnaldo di Brechia (chamados
arnaldistas) ao poder em Roma. Anastácio estendeu os benefícios dados aos
Templários a também à famosa Ordem dos Cavaleiros do Hospital (hospitalários).Quando
a fome instalou-se na cidade eterna, o bom Anastácio alimentou o povo com o
tesouro papal – é… papas realmente são, invariavelmente, seres humanos
terríveis. Onde já se viu, dar comida a quem tem fome? Partiu desse mundo em dezembro de 1154 e foi
sepultado na Basílica de Latrão. Papa de 1153 a 1154.
6)- Adriano IV – Papa
“english” men! Aliás, o único até
hoje.
Coube a Adriano travar a batalha final contra Sauron, ops!, o senador Arnaldo
di Breschia, que queria tomar o poder em Roma: com o auxílio de Barbarossa, prendeu
e, executou Arnaldo em 1155. Não era à toa que o nome de batismo do Papa era
“breakspear” (quebra lança). Defendeu
com unhas e dentes a primazia papal sobre o poder temporal até o fim de seus
dias. Papa de 1154 a 1159.
7)-Alexandre III - E começou outra confusão. Uma minoria
resolveu eleger um certo Octaviano como novo Papa (lembranças de João XII) e,
com o auxílio do Imperador Barbarossa, excomungar o legítimo ocupante do trono,
Alexandre III. Graças ao apoio dos reis da França e da Inglaterra, Alexandre
foi confirmado como Papa.Só que as coisas não se resolveram assim de forma tão
simples. Com as tropas do Imperador Barbarossa ocupando Roma, o Papa não pôde
retornar à cidade, tendo que viver na França. Foi por meio de um convite do próprio
povo romano que Alexandre III pôde voltar.
Mesmo assim, teve que engolir o despotismo de Barbarossa, que fez subir
ao poder mais dois antipapas em sequência: Pascoal III e Calisto III. Só depois
de um quebra-pau violento, em 1178, Alexandre teve um pouco de sossego. Mesmo
assim, no ano seguinte, arrumaram outro antipapa: Inocêncio III.Um grande marco
histórico para nós que vivemos em Pindorama foi o reconhecimento formal da
Igreja da Independência portuguesa e do seu primeiro Rei, pai da nação, Dom Alfonso
Henriques em 1179. Alexandre III não teve sossego nem depois de morto, pois os
revoltados da comuna romana profanaram seu corpo que jazia na Basílica de
Latrão. Papa de 1155 a 1181.
8)- Lúcio III – A inquisição gera o maior dos blá-blá-blás
anticatólicos. Bom, já falei um pouco dela aqui no blog e ainda falaremos muito
ao logo da história do Catequista, pela glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mencionei isto porque foi o Papa Lúcio III que lançou as bases da Inquisição
medieval e do tribunal do Santo Ofício. Só mais um dado para enriquecer a luta
contra as inúmeras mentiras divulgadas sobre essa história: em Toulosse, centro
principal dos hereges Cátaros, num período de 100 anos, 42 pessoas foram
executadas. Isso é lá um número de
execuções que justifique a fama de um tribunal impiedoso e sangrento? Detalhe:
havia uma guerra ali! Toulosse foi o local em que mais pessoas “inocentinhas”
foram condenadas. Outra coisa, a Inquisição foi a primeira instituição de cunho
jurídico a desconsiderar a confissão sob tortura como válida.Lutando contra os
rebeldes romanos e contra as reivindicações da condessa Matilde de Toscana,
Lúcio III pediu o auxílio de Barbarossa. O Imperador, avançado em anos, queria
coroar seu filho Henrique IV. Não houve acordo e, antes que o imperador se
jogasse contra o papado de vez, Lúcio III faleceu em novembro de 1185. Papa de
1181 a 1185.
9)- Urbano III – Foi pé na porta e soco na cara. Recusou-se a coroar
como co-imperador o filho de Henrique VI, suspendeu o patriarca da Aquiléia por
coroar o filho do rei da Itália, recusou o candidato do imperador à sucessão e
apoiou uma revolta contra o imperador, entre outras coisas. Mas, no final, teve
que se render à força maior do Barbarossa. Exilado em Verona, Urbano III foi
expulso de lá pelas autoridades da cidade que apoiavam Barbarossa. Enquanto se
dirigia a Ferrara, adoeceu e morreu. Papa de 1185 a 1187.
10)- Gregório VIII - Ao contrário do seu antecessor,
buscou uma política mais “paz e amor” com o Imperador Barbarossa. Foi um reformista,
que buscou coibir a participação do clero em lutas armadas (o Frei Tuck, de
Robin Hood, não ia se criar com esse papa). Iniciou os preparativos para uma
nova cruzada e tentou convencer o Barbarossa a embarcar nessa, empreitada na
qual não obteve sucesso. Durante uma viagem de Ferrara para Roma, adoeceu e
morreu (tinha algum “problema” essa estrada de Ferrara, não?). Papa de em 1187.
11)- Clemente III – Foi durante o seu papado que o Barbarossa
partiu desse mundo, tendo morrido afogado com o peso da própria armadura após
cair de seu cavalo ao atravessar uma ponte (convenhamos, uma morte meio
idiota). Seu papado foi marcado pelos preparativos para a terceira cruzada.Clemente
III foi o primeiro papa romano eleito desde a revolta dos arnaldistas. Seu nome
foi bem aceito pelo povo; seu caráter bondoso e conciliador facilitou a
assinatura de um tratado entre os defensores da Roma secular e os defensores da
Roma mais espiritualizada. Isso, de certa forma, foi o lançamento das ideias
que levam ao nosso “estado laico”, da mesma forma que os arnaldistas são os
tetravôs do movimento revolucionário. Os Estados pontifícios, tomados pelo
Barbarossa, foram restituídos à Santa Igreja. Teria sido Clemente III a coroar
o novo imperador, mas faleceu subitamente antes que esse chegasse a Roma. Papa
de 1187 a 1191.
12)- Celestino III –
Esse papa teve problemas sérios com a irresponsabilidade do novo Imperador:
Henrique VI, ao voltar para a Alemanha, começou a nomear bispos a torto e a
direito (com ordem de quem, bwana-bwana?).Além disso, Henrique encarcerou o Rei da
Inglaterra Ricardo Coração de Leão, vitorioso da terceira cruzada e sob
proteção do Papa. O papa demorou a se manifestar contras as arbitrariedades de
Henrique, bem como contra seu plano de promover a união entre o Sacro Império e
a Sicília como reino hereditário e permanente. Henrique faleceu em 1197. Velho e doente, o papa pretendeu renunciar em
favor do cardeal Giovanni de Santa Prisca, mas sua proposta foi recusada pelo
colégio cardinalício. Papa de 1191 a 1198.
Terminado o século XII, iniciaremos agora um
período onde veremos a atuação das "ordens mendicantes"
A Ordem dos Frades
Menores, de São Francisco de Assis e a Ordem dos Irmãos Pregadores, de São
Domingos. Os próximos posts serão dedicados a melhor conhecer e entender os
motivadores dessas duas grandes ordens, tão importantes para nossa amada Igreja
e como prometido, vamos falar de mais um dos chamados papas da Renascença:
Inocêncio VIII. Giovanni Battista
Cibo entrou para a história como o sucessor de Sisto IV. Era tido como um boa
praça, uma pessoa amável até, mas de personalidade fraca e influenciável. Em
nada lembrava Sisto IV, mas essa fraqueza de caráter foi responsável pela ruína
de seu pontificado. Teve uma juventude dissipada e era dado aos prazeres
mundanos e ao hedonismo. Antes de abraçar o sacerdócio, gerou dois filhos, que
foram reconhecidos por ele.Cibo entrou para a Igreja como hoje se busca o
funcionalismo público: por segurança e estabilidade. O Papa Sisto, observando
seu caráter maleável, deu-lhe um cargo na cúria. Contava 37 anos quanto foi
nomeado cardeal. Isso foi um golpe para os dois principais competidores pelo
trono de Pedro – Rodrigo Bórgia e Giuliano della Rovere. Ambos viriam a
ocupá-lo mais tarde, e deles trataremos com detalhes A mitra caiu no colo de Cibo, visto como um
candidato de consenso.Seu papado teve como uma de suas marcas mais
distintas os problemas que lhe causou seu filho bastardo, Francesco, um bêbado
sem-vergonha que passava as noites vagabundando pelas estalagens de Roma. Por
zelo paternal ou para evitar mais escândalos, Cibo conseguiu casar seu filho
ordinário com uma das filhas de Lourenço de Médici. Tão caras foram as
festas que o papa teve a pachorra de penhorar a tiara papal para poder pagar a
rapaziada do buffet.Enquanto isso, Rodrigo Bórgia (futuro Papa Alexandre VI)
aprontava das suas. Criou um próspero mercado de indulgências, do qual saía uma
“comissão” que ia parte para o papa e parte para o devasso Francesco, filho
deste e chegado num casamento de arromba. Em poucos momentos em sua história o
nível moral da Cidade Eterna – aqui estamos falando de sua administração –
desceu a níveis tão baixos.O problema todo se concentrava no Colégio Cardinalício. Nesse período
ruim da história da Santa Igreja, que perdurou por 60 anos, eram dali que
saíram nossos amiguinhos, que agora lhes apresentamos. Todos os seis papas da
Renascença de que tratamos nesta série levaram o “selo Marózia” de aprovação
por escrotização do Trono Sagrado (quem leu acima sobre os “piores papas” sabe
quem é Marózia Teofilacto). Por conta de
nomeações que levavam mais em conta as posses do sujeito do que sua vocação
sacerdotal, o Sacro Colégio virou uma espécie de Country Club. Para ser
cardeal, nessa época, não era preciso nem ser padre. Era mais uma corte como a
do rei da França Luiz XIV do que outra coisa. Aliás, os papas da Renascença
eram especialistas na nobre arte de fazer filhos bastardos e os legitimarem
depois (lá se foi mais um princípio básico da Igreja).Não bastasse os problemas
internos e os escândalos, nos tempos de Inocêncio VIII tínhamos ainda um tipo
muito do chato, o Rei de Nápoles, que pentelhou o juízo do Papa além dos
limites do suportável. Movia campanhas de guerra, indo e vindo, ao que parece,
de pura maldade, só para azucrinar o juízo mesmo. Chegava às portas de Roma,
ameaçava e depois voltava. Essas incursões e a constante desobediência do Reino
de Nápoles fizeram com que o Papa buscasse apoio externo contra essa demanda.
Isso foi um grande erro. A França interessou-se em apoiar o Papa, já que a casa
dos reis de Anjou, que governava o país, estava de butuca na coroa de Nápoles
fazia tempo. O Rei de Nápoles, para não ter que enfrentar o exército francês,
firmou acordos mil com Roma. E não cumpriu nenhum posteriormente. Assim eram as
guerras naquela Itália fragmentada e confusa. Os atos de Inocêncio e do Rei de
Nápoles geraram confusões que perduraram por décadas.O apelo por reformas só
aumentava e o papa, por indolência, não lhes dedicava muita atenção. O único
ponto ao qual dedicou energias era o que dizia respeito a uma nova Cruzada. Só
tinha um problema: para os ocidentais em geral essa coisa de guerra santa seria
ruim para os negócios. O comércio com os infiéis era lucrativo para as cidades
italianas, que muitas vezes recorriam ao sultão para resolver suas querelas. O
resultado foi mais uma desmoralização do papado de Inocêncio VIII. Em 1486, o
papa publicou uma bula convocando os nobres para a Cruzada. Ninguém apareceu! Nos
últimos tempos de seu papado, Inocêncio VIII acabou buscando uma acomodação com
o inimigo, no caso o sultão turco, com o caso que passou à história como o do
Príncipe Djem. Este era irmão do sultão e lutou contra ele para usurpar-lhe o
trono. Perdeu. Nisso pediu auxílio aos Cavaleiros da Ordem de São João, que
tinha sede em Rodes. Djem passou a ser um trunfo político cobiçado por todos os
reinos da Europa, pois poderia ser usado como postulante ao trono. O papa foi
mais rápido e o “comprou” ao preço de dois cardinalatos – um para o Rei da
França e outro para o Grão-mestre de Rodes.
Temeroso com a possibilidade Djem ser usado pelos cristãos para promover
uma guerra que teria por objetivo depô-lo, o sultão começou a puxar o saco do
papa. Curiosidade: um dos presentes que o Sultão mandou para Roma foi a suposta
lança de São Longinus.E, em 1492, a Espanha estava com tudo e não estava prosa.
Acabava a longa guerra de unificação, Colombo fez sua famosa viagem, pareciam
dias de prosperidade para o grande reino ibérico. Inocêncio VIII, que nunca
teve uma saúde muito boa, agoniza em seu leito de morte. Implora que seja
eleito um papa mais eficiente que ele.A pequena introdução sobre a Espanha se
fez necessária porque, além de tudo aquilo, a Espanha ganhou um papa. Papa esse
que, tenho certeza, o povo espanhol preferiria não partilhar a nacionalidade.
Estamos de volta com o segundo post sobre Rodrigo Bórgia,
o Papa Alexandre VI
Assim que foi eleito
Papa, em 1492, Alexandre VI nomeou onze novos cardeais, entre eles, seu próprio
filho César e Alexandre Farnese, um moleque de 15 anos, irmão de sua amante.
César, pelo menos, legou a batina e renunciou algum tempo depois. Afinal,
assassinatos, conspirações e demais atividades pelas quais o rapaz tinha
inclinação ocupavam muito do seu tempo.O papado afastava-se das questões
espirituais como nunca. A Igreja da França estava fortalecida e com saudades
dos tempos de Avignon (quando esta cidade sediava o papado, no lugar de Roma),
e o papado, por sua vez, estava enfraquecido pela dissolução e pelos gastos
escorchantes com frivolidades. Isso foi um prato cheio para disseminação da
corrupção.Era crescente o apelo por reformas para acabar com esses abusos.
Enquanto isso, o Cardeal Della Rovere estava em campanha pela Europa pela
deposição do Papa Alexandre VI. O resultado foi que, em setembro de 1494, um
exército francês cruzou os Alpes disposto a pôr ordem na casa.Alexandre VI
ficou desesperado e acertou com Nápoles e Florença uma união para defesa da
Península. Só que Florença deu pra trás em virtude de um ataque de piti de
Pietro de Médici, que medrou bonito e abriu as portas de sua cidade para o
exército de Carlos VIII, o Rei da França. Alexandre VI teve que capitular, e os
franceses promoveram um desfile em Roma de cerca de seis horas. O sangue correu
em seguida. Saques e estupros para todo lado.As negociações envolveram o
príncipe Djem, irmão do sultão, que passou para a custódia francesa e “se
morreu” pouco tempo depois (foi dado como suicídio, mas todo o mundo sabia que
se tratava de assassinato, a despeito da falta de provas). Mas o verdadeiro
alvo dos franceses não era Roma; Carlos visava fazer valer sua pretensão à
coroa de Nápoles. De sua parte, Alexandre recusou-se a coroar Carlos, que
seguiu seu caminho em direção à cidade sulista.Mas Alfonso, o rei de Nápoles,
entregou a coroa para evitar mais sangue derramado, uma vez que o exército
francês destruiu todos os lugares por onde passou. Em seguida, Alfonso entrou para um convento e
seu filho, Ferrante II, jogou dez no veado e se mandou.Em meio a essa situação
maluca, forjou-se uma nova aliança para combater os franceses – batizada de
Santa Aliança – entre o Rei da Espanha, o papado, o imperador do Sacro Império
e a cidade de Veneza. Diante disso, os franceses, cientes das próprias bobagens
e do ódio da população nativa por eles, se mandaram de volta para casa para
evitar uma situação pior.Entre idas e vindas, alianças eram feitas e desfeitas
entre as potências da Santa Aliança; era realmente muito chato. Tudo isso
culminou com o grande saque e destruição de Roma, em 1527, assunto ao qual
ainda retornaremos. Essa barbárie ocorreu durante o papado de Clemente VII,
e foi bem pior do que o saque ocorrido
em 1494.
Vamos falar um pouco sobre um personagem obscuro mas
razoavelmente conhecido desse período: o monge dominicano "Girolamo Savonarola":
Ele, um zelote, não é
um ancestral direto de Lutero, mas a partir de 1490, esse rapaz barbarizou
Florença. No vazio espiritual no qual a Itália estava, ocupou o lugar que é,
por direito, da Santa Igreja. Seu alvo principal era o papa e a hierarquia. O
que causa mais revolta é que Savonarola era considerado motivo de piada até ter
uma atitude política. Saudou o rei Carlos da França como salvador e libertador
da Itália. A princípio, Alexandre VI simplesmente mandou Savonarola se calar,
não tomou atitudes mais drásticas – como soltar César Bórgia sobre o monge –
por temer revoltas, visto que ele era muito querido pelo povo. O monge
desconsiderou a proibição do papa, a quem considerava um herege infiel.
Alexandre o excomungou. Mais uma vez, Savonarola desconsiderou o papa.A
situação só reverteu positivamente para o lado de Alexandre VI quando esse
ameaçou toda a cidade de Florença de excomunhão, caso continuasse a proteger o
monge. Savonarola, que até então estava nos braços do povão, se viu com a
opinião pública voltada contra ele. Acabou seus dias sendo torturado e foi
entregue às autoridades civis para ser executado, fato que ocorreu em 1498,
data de seu enforcamento. Triste fim, mas o fogo da revolta aceso por ele não
foi apagado.No terceiro e último post dessa série, falaremos das últimas que
Alexandre VI aprontou antes de morrer. É coisa “muito pesada”.
As últimas vilezas de Alexandre VI, o Papa Bórgia!
Chegamos hoje ao terceiro
e último post sobre Alexandre VI, um dos papas mais vergonhosos da história! Alguns
leitores têm questionado as razões pelas quais expomos esse triste episódio do
papado. Não sejam ingênuos, amigos! A história do Papa Bórgia é lançada na
nossa cara por ateus e protestantes, e tem até série na HBO e CIA LTDA. É muito melhor portanto, que
entendamos essa história sob o ponto de vista católico, não acham? Ademais,
para quem não sabe, aqui no blog temos uma série que apresenta todos os papas,
desde São Pedro até a atualidade, e não faria sentido que simplesmente
fingíssemos que Alexandre VI não existiu.
Bem,
vamos ao que interessa?
O monge Savaranola,
preso e enforcado em 1498, acendeu o fogo da revolta contra o papado.
Pregadores pululavam como pulgas, alguns verdadeiros intelectuais, outros
radicais imbecis ou completos dementes. Mas se fosse para falar mal da Igreja e
do papa Alexandre VI, qualquer um conseguia uma plateia! As peripécias dos
Bórgias eram o centro das atrações. Eles eram como artistas “grobais” da época
e o povo estava sempre à cata do mais novo escândalo envolvendo a família do
papa.Um dos escândalos que chamou mais a atenção foi a anulação do casamento da
filha do Papa, Lucrécia Bórgia, com Giovanni Sforza. Alexandre VI tinha o
intuito de casar a “donzela” com o herdeiro da coroa napolitana, Alfonso, e
então jogou todo o peso de seu prestígio e toda sua grana para coagir Sforza a
aceitar. E conseguiu. Conseguiu, inclusive, que Sforza devolvesse a grana do
dote.Ao mesmo tempo em que Lucrécia se casava pela segunda vez, uma tragédia se
abatia sobre os Bórgia. O filho mais velho de Alexandre VI, Juan Bórgia, Duque
de Gândia, apareceu boiando no Tibre com nove perfurações de punhal pelo corpo.
A autoria do crime é creditada ao seu irmão, o famigerado César, mas nada foi
provado; esse caso é um dos grandes mistérios para os detetives da história.
Não há consenso, mas, de um forma geral, se considera a inocência de César. Esse
acontecimento deixou Rodrigo introspectivo, tomado por remorso. Não se sabe se
por pesar pela morte de Juan, ou por medo de ser a próxima vítima. Chegou a
declarar que o ocorrido a Juan fora uma punição divina pelos seus crimes; disse
que estava disposto a se reformar e, paralelamente, reformar a Igreja… Vai
sonhando! Como fruto desse surto de remorso do Papa, um grande programa foi
elaborado. Porém, entre as provisões a serem tomadas, constava uma em que era
necessária, antes da publicação da bula: que se despedisse de todas as suas
concubinas com uma antecedência de 10 dias. Alexandre perdeu completamente o
interesse.
No panorama político, a França agora tinha um novo rei e
uma nova dinastia!
Saiam de cena os
Valois e entravam os Orléans. Seu novo rei, Luis XII, passou a pleitear o trono
de Milão. Afetado com o recente passado, Alexandre VI passou a agir de maneira
cínica. Luis XII desejava o divórcio de seu indesejado casamento com a irmã de
seu primo e antecessor, Carlos VIII. Nada de mais, se a donzela e Rainha de
França em questão não fosse nada mais, nada menos do que Santa Joana da França
– fundadora da Ordem da Anunciação. Santa Joana ainda vai ter o seu post aqui
no blog; por hora, voltemos à história. As intenções nada românticas do rei Luis
tinham como objetivo o ducado da Bretanha. Para obtê-lo, o garoto bom de lábia
pretendia casar-se com a viúva de seu falecido primo Carlos, Ana da Bretanha.
Luis odiava Santa Joana e impunha a ela pesadas humilhações públicas. Sem
contar que nunca consumou o casamento.O papel de Alexandre VI nessa pantomima
foi vil, conforme sua natureza. Anulou o casamento do Rei, que pôde se casar
com Ana da Bretanha. Tudo pela módica quantia de 30 mil ducados – na época, uma
grana pretíssima. A amizade do papa com a coroa francesa era vista como uma
grande ameaça por seus inimigos, ou seja, todo o resto do mundo. Para
fortalecê-la, Luis XII buscou casar César Bórgia com a irmã do rei de Navarra,
o que levou Alexandre VI a endossar alegremente a reivindicação de Luis XII
pela coroa de Milão. O exército francês cruzou novamente os Alpes, derrotou as
forças milanesas e toda a Europa chiou horrores, sendo que o Papa fez ouvidos
de mercador. Em meio a essa barafunda, Cabral, do outro lado do mundo, chegava
aqui em Pindorama. Em Roma, comemorava-se
o ano do jubileu de 1500 e uma enorme multidão de peregrinos dirigiu-se
à Cidade Eterna. Não encontraram segurança em parte alguma, muito pelo
contrário, encontraram uma cidade tomada pelo caos. Imperava a “lei do cão”:
roubos, desordem pública e homicídios. Com o apoio do papai, César Bórgia dava
vazão à sua natureza violenta: agora, livre do hábito eclesiástico,
empenhava-se em ser um senhor da guerra. Lutou para trazer com mão de ferro as
províncias dos Estados Pontifícios que buscavam maior autonomia. Era um senhor
feudal por excelência, do tipo comparável a ditador norte-coreano. Sagaz e
amoral, não titubeava a fazer uso de espiões e informantes. Falar mal de César
Bórgia fazia mal à saúde… Para falar a verdade, que falasse mal dele ou de seu
pai corria sério risco de comer capim pela raiz. César metia medo em todo
mundo.A história mais emblemática sobre a violência do garotão diz respeito ao
segundo marido de sua irmã Lucrécia, Alfonso Biscegli. Certa ocasião, Alfonso
foi brutalmente espancado por cinco sicários. Estava se recuperando quando, um
dia, viu César em visita à sua esposa, passeando pelo jardim. Passando a mão
num arco e flecha, Alfonso tentou matá-lo. Errou. A guarda pessoal de César
subiu até seu quarto e o espancou até à morte.
Alexandre VI nada fez contra seu filhinho querido.Dois meses depois
dessa infâmia, César deu uma festança. Mas não foi uma festança qualquer, foi a
festa de triste lembrança, que entrou para a história como “O Balé das
Castanhas”. O que ocorreu foi relatado por Burchard e deu-se no Vaticano, no
palácio apostólico. Cinquenta prostitutas dançaram diante dos convivas de César
e do Papa após o jantar. A princípio vestidos, convidados e prostitutas,
depois… todo mundo nu! As castanhas em questão estavam espalhadas em
candelabros pelo chão e as prostitutas buscavam meios de colhê-las. Depois
disso, seguiu-se o “acasalamento”, com prêmios para aqueles que conseguissem o
maior número de cópulas. Foram muitas as
festas bizarras. Convém salientar que, no “Balé das Castanhas”, nem César, nem
Lucrécia, nem Alexandre VI participaram. Eles apenas observavam as bacanais que
promoviam. Antes que alguém questione a fonte, vale lembrar que Burchard era
bispo e mestre de cerimônias de Alexandre VI. Em 31 de dezembro de
1500, Lucrécia Bórgia casa-se pela terceira vez, com Alfonso, herdeiro dos
D’Este de Ferrara, numa festança milionária que durou uma semana e foi mais
cara que uma copa do mundo. Dinheiro não cresce em árvores e, para financiar
essa gastança, Alexandre VI criou 80 novos cargos na cúria, a serem vendidos
por 780 ducados cada um; designou nove novos cardeais à base da canetada – ou
melhor, na base da penada (na época, é claro, não tinha caneta bic). E, para
completar o botim, faleceu o rico cardeal Giovani Michele, após dois dias de
cólicas violentíssimas – cortesia, segundo alguns, do nobre e gentil César
Bórgia. Cercado de inimigos por todos os lados, Alexandre chegara, assim, ao seu
último ano de vida, 1503. Por conta da imoralidade, religiosos de prestígio
exigiam um novo concílio. Depois que tomaram consciência de com quem estavam
lidando, até cardeais nomeados pelo Papa pediam a sua saída. Até a torcida do
Torino pedia a saída do Papa, ninguém aguentava mais o cara e, principalmente,
ninguém aguentava mais César e sua tirania.Mas, como historiador, é dever nosso
desvendar os fatos. Uma das teorias da conspiração mais aceitas com relação à
morte de Alexandre VI era de que este teria sido envenenado. Muitas vezes, a
autoria de tal proeza é creditada ao próprio César. Mas a verdade é que, aos 73
anos, Alexandre era um velho frágil, a vítima perfeita para as doenças que,
desde sempre, devastavam Roma no verão.Mas o
povo estava feliz. Morrera o monstro espanhol e, com ele, o poder dos
Bórgia na Itália foi enfraquecendo. César, sem o apoio de Roma, não conseguiu
manter-se e foi chutado da Bota. Morreu aos 31 anos como sempre gostou de
viver: em meio à guerra, no campo de batalha.A impressão que temos do papado de Alexandre VI é a de um tempo de
contínua e desatada violência, homicídios em igrejas, cadáveres desovados em rios,
luta de facções , incêndios, saques, prisões, torturas. Some-se a isso
escândalos sexuais, frivolidades, cerimônias pomposas e diversões hedonistas em
geral. Já houve historiadores que pretenderam reabilitar o sujeito , mas não
dá, esse aqui não tem jeito mesmo.No post anterior
desta série, falamos do papado-relâmpago do Papa Pio III – 26 dias de luz em
meio às trevas e à insensatez da Renascença. Após a morte de Pio III, o Cardeal
Della Rovere foi eleito em 1503, aproveitando-se da comoção e desorientação
geral e “propinando” mais que político corrupto de cidadezinha do interior. Era
agora o Papa Júlio II. Foi um dos conclaves mais rápidos da história: durou
menos de um dia (e dizem, um dos mais “caros” também).Júlio II é um dos
Papas preferidos dos ateus, “prufissoris” de “estórias”, darwinistas e demais
ignorantes (aliás, pelos gestos, gostos
e atitudes dessa Papa, desconfio que ele mesmo fosse ateu). O “amor” dos
inimigos da fé por Júlio II advém do fato do mesmo ter sido o mecenas e
protetor do grande Miguel dos Anjos, o Michelângelo. Sob o pontificado de Júlio
e com a grana do Vaticano, Miguelão realizou suas obras mais magníficas,
inclusive a maior de todas: o teto da Capela Sistina. Assim como seus
antecessores nesse período, nomeados por nós como "Papas renascentistas ou Papas
insensatos" (Pio III é uma exceção, não se inclui nesse balaio).
Júlio II não
dava a mínima para questões espirituais da Igreja, estando cada vez mais de
guarda aberta para os reformistas. Suas paixões eram todas seculares e
absurdamente materialistas. Suas prioridades eram:
1. A restauração política e territorial da
autoridade do Papado sobre os Estados Pontifícios.
2. O embelezamento da Santa Sé (nisso ele
era, convenhamos, um mestre, pois não há nada mais belo que os afrescos de
Michelângelo nesse mundo).
3. A perpetuação de sua memória de forma
material, como mecenas das artes (Porém ser um bom pastor das Ovelhas de Cristo,
nada…
O completo desinteresse do
Papa por assuntos espirituais beirava o constrangedor e, para alguns, nesse
aspecto, Júlio II parecia PIOR que Alexandre VI, que, ao que revelou-se nas
fontes, ao menos ainda tinha algum temor dos castigos infernais. Convenhamos,
que nome se dá mesmo a quem se locupleta e se consola nas obras meramente
materiais? É chamada como?… Machiavel, no seu famigerado “O Princípe”, tem
César Bórgia como arquétipo do perfeito governante imoral; considero que Júlio
II não fica muito atrás.Uma de suas primeiras atitudes como Papa foi minar o
poder dos Bórgias. A seguir, utilizou-se do artifício secularista do casamento
político para garantir importantes alianças, casando parentes seus com os
Colonna e com os Orsinni.
A guarda suíça surgiu durante o papado de Júlio
II
No campo da ordem
pública, Júlio II revelou-se um alcaide de mão de ferro, prendendo e arrebentando
toda a malandragem. É bem verdade que Roma era um antro de trambiqueiros, pulhas
e malfeitores em geral. Para resolver o problema, foi contratada a Guarda
Suíça, que entra na história do Vaticano aqui, com Júlio II. E não era a guarda
que a gente está acostumado a ver: os caras eram mais furibundos e eficientes do
que o BOPE e o Mossad juntos. Excomunhão, para Júlio II, era simplesmente uma
arma política. Quando se deu a revolução de Ferrara, ele não pensou duas vezes:
vestiu uma cota de malha e, tal qual um Rambo medieval, foi para a frente de
batalha (Battlefield feelings). Nunca devemos nos esquecer que os cidadãos de
Ferrara atacados militarmente pelo Papa eram CRISTÃOS. Por conta do dedo do Rei
Luiz XII da França nessa barafunda com Ferrara, Júlio II acabou por desenvolver
uma profunda francofobia e tudo fazia para expulsar os franceses da Itália. O
responsável por atiçar contra o Papa os cavaleiros franceses era o cardeal
D’Ambroise, aquele que perdeu a eleição que parecia ganha. D’Ambroise já havia
sido, também, infectado por esses tempos insensatos e a ambição falava mais
alto do que a fé em seu coração.
Nesse cenário, surge a figura do Bispo Marcial de Sião,
Matthaus Schinner:
Amigo pessoal de
Júlio II, Schinner era um francófobo virulento, enérgico, excelente soldado,
incansável quando engajado numa causa. Junto com esse, feio tanto quanto, veio
no pacote Baubridge de York, também feito cardeal como Schinner. Esses dois
tocaram o terror nas frentes de batalha. Era o Vaticano armado até os dentes.Religiosos
e cardeais responsáveis pediam moderação ao Papa no seu modo beligerante, mas
ele fazia ouvidos moucos. E ele não era surdo somente com relação a isso: botou
abaixo o antigo prédio da Basílica de São Pedro sem pedir conselho ou aprovação
de ninguém. E aí teve início a vergonhosa venda de indulgências… O Papa Júlio II botou
abaixo o antigo prédio da Basílica de São Pedro sem pedir conselho ou aprovação
de ninguém. Alguns dirão: “Mas o prédio reconstruído é melhor!”. Sim, concordo.
A basílica antiga, construída pelo Imperador Constantino, deteriorou-se muito
ao longo de doze séculos, e havia risco de desabamento. Bramante, o arquiteto
responsável pelo projeto da nova basílica, construiu um prédio fantástico. Mas
a esses fatos somam-se outros…Em 1506 o Papa Júlio II colocou a pedra
fundamental da nova basílica e começou a construção, que duraria 120 anos. Por
conta da insanidade construtora de Júlio II, Bramante passou à eternidade não
somente como um brilhante arquiteto, coisa que ele de fato era, mas também com
o apelido de “Il Ruinante”. Foram 2.500 almas trabalhadoras empregadas na
demolição da basílica constantina. Na sua sanha de “primeiro eu”, Júlio estava
com pressa e não dava a mínima para o legado da Igreja Católica ao mundo. Alguns
religiosos conseguiram salvar alguns objetos sacros e outras preciosidades.
Infelizmente, muita não havia sido inventariada – tumbas, pinturas, mosaicos,
estátuas… Quem viu, viu. Essas obras inestimáveis foram para o esquecimento.
E qual o motivo principal da construção da nova basílica?
Ela abrigaria o
faraônico túmulo de Júlio II, um dos projetos mais ambiciosos e visionários de
Michelângelo, com mais de 40 estátuas em tamanho natural. É ou não é coisa de
materialista ateu? Por falta de verba, esse fabulosa tumba não pôde ser
concluída, e o projeto final ficou bem mais modesto. Por fim, como consequência
mais nefasta, a venda pública de indulgências está diretamente ligada à
questão, já que as obras da basílica estouraram as verbas dos Estados
Pontifícios. Quando esse absurdo chegou à
Alemanha, todo mundo sabe no que deu. Tanto quanto Alexandre VI, embora por
motivos diferentes, Júlio II simplesmente destruiu a aura de respeito e
santidade que havia em torno do Papa. Cada vez mais os governantes seculares,
os religiosos e o povo viam o Papa como um duque ou monarca como qualquer um
dos outros, e, como tal, deveria ser tratado. Essa abertura provou-se um
desastre nos séculos vindouros, mas falaremos disso mais tarde.A partir de então, a
bagunça e o desrespeito pela autoridade da Cátedra de Pedro era tanta que os
governantes seculares tiveram a pachorra de convocar um Concílio! Seria como se
o prefeito da sua cidade resolvesse rever o Catecismo, por exemplo. O pior é
que isso aconteceu com a anuência de nove cardeais! A cereja do bolo foi mandar
um convite ao Papa para ele pudesse participar do Concílio. Diante de tal
afronta, Júlio II – mais por desespero do que por convicção apostólica –
convocou o V Concílio de Latrão. Estava claro que este Concílio tinha como
objetivo principal segurar os anseios reformistas. Júlio II, como procurei
deixar claro, não tinha o menor interesse em assuntos religiosos. Mas,
ressalte-se, o Concílio de Latrão V adiou em alguns anos o desastre luterano
(que poderia ser detonado por qualquer outro maluco, calhou de ser o hesirarca oportunista alemão).
Não obstante, Júlio II obteve importantes vitórias no
campo da política!
Consolidou os limites
territoriais dos Estados Pontifícios, por exemplo. Mas a que preço? Preço de
sangue. Faleceu em 1513, banhado em prestígio secularista, tal qual era o seu
desejo, e pranteado pelo povo como libertador. A seguir: Leão X ou a indolência
baiana.
Leão X, o Papa da ostentação?
Esse post é o ponto
de interseção entre as nossas séries históricas mais populares e constantes: “A
História dos Papas” e “Lutero”. Hoje falaremos do Papa que entrou para a
história pela inabilidade em dar freio à malfadada reforma protestante! Claro
que seria muita falta de senso colocar a culpa dos disparates protestantes em
um único Papa desastroso. Leão X, por seus hábitos e temperamento, era reflexo
dessa monstruosidade que foi o período da Renascença (aliás, se há um termo que
merece ser “revisto” é esse: “Renascença” de quê? De tudo que não presta? Aí eu
concordo). Leão X era um Médici, e como todo Médici era um desastre histórico
ambulante! Existe uma frase que
seria atribuída a Giovanni de Médici (nome de pia de nosso querido Leão X), que
constaria em uma carta ao seu irmão, Giuliano de Médici, em que o aquele teria
afirmado: “Deus nos abençoou com o papado, vamos desfrutá-lo”. Como assim? Papado
agora é resort pra você ficar desfrutando? Muito embora – é sempre bom
salientar, pois as fontes históricas muitas vezes são traiçoeiras – não se
possa afirmar categoricamente que essa carta seja autêntica, logo de cara,
vemos que essa frase infeliz dava um mau agouro sobre qual seria a tônica do
novo papado e a visão do novo Papa, que estava ali para substituir o xerife de
armadura Júlio II.O problema era que se Júlio era um General Patton Medieval,
Leão X era hedonista ao extremo! A única semelhança que podemos dizer que
existia entre ambos era o fato de que, por qualquer visão mais acurada, ambos
eram ateus. Gente, não consigo ver nada de espiritual em quem age da forma como
esses papas agiram, não vejo nada que os diferencie dos piores e mais
furibundos ateus imagináveis. Leão X era filho de Lourenço de Médici, dito “O
Magnífico” (para uma cara receber o epíteto de “Magnifico”, a conta bancária
dele deveria ser algo “magnífico”… E era, aliás, ele era o dono do banco).
Mimado e ultra-rico, cresceu um moleque gordinho, mimado e um tremendo bon
vivant! Tanto é que transformou Roma num circo de prazeres. Foi, talvez o papa
mais esbanjador da história; numa época de Alexandres, Júlios e que tais, isso
não significa pouca coisa! Como eu sempre digo: tem que ser muito bom em ser
ruim! Seus puxa-sacos não tinham do que reclamar, uma vez que Leão era próspero
em acumular sobre eles riquezas e glória. Para esses, seu papado foi uma Idade
do Ouro! Entre seus conselheiros vamos encontrar um certo intelectual chamado
Bernardo de Bibbiena; fora tutor de Leão e era um homem inteligente e erudito.
Acabou sendo nomeado cardeal, apesar de suas inclinações nada religiosas. Era
de tipos como esse que o Papa se cercava. A procissão de posse de Leão foi um
escândalo de tanto luxo: típico para quem considerava o papado não missão de
evangelização, mas sim uma oportunidade de se locupletar com as delícias do
mundo. Era tanta família importante,
tanto símbolo heráldico e bandeiras desfilando pelas ruas de Roma que aquelas
descrições chatíssimas de brasões de família de “Crônicas de Gelo e Fogo” são
meras notas de rodapé diante dos muitos volumes que a descrição daquele momento
em termos heráldicos seriam necessários para conter a descrição. Todo pimpão,
exibia suas mitras, tiaras e orbes, confeccionadas especialmente para ele; para
serem carregadas, exigiam quatro carregadores.
Mordomos dos Médicis jogavam moedas de ouro para o povo do alto das
sacadas dos prédios. Um banquete de arromba e um show de fogos de artifícios
encerraram a festança. Claro que tudo isso não foi de graça: só para começar
temos aí um gasto de mais de 100 mil ducados, uma grana pra lá de preta; algo
como uma festa ao preço de um estádio de copa do mundo (padrão Brasil! Não
padrão Alemanha, fique claro).A partir de então, a gastança do Papa e seus
projetos de Imperador romano maluco não pararam mais. Orçou um milhão de
ducados para obras em São Pedro, sob a direção de Rafael, sucessor de Bramante
como arquiteto; gastou 150 mil ducados no casamento francês de seu irmão
Giuliano, o que era cerca de 50% mais do que a despesa anual do Vaticano com
gastos domésticos. Criou mais de dois mil cargos com intuito político e, para
cada cargo criado, lá se ia embora dos cofres mil ducados. Michelângelo, que
não era otário e queria mais era um mecenas para custear seus projetinhos nada
modestos, colou com mais um papa e conseguiu a aprovação de um projeto para
construção da Capela dos Médicis. A princípio, a capela homenagearia os
concidadãos florentinos de Leão X, mas, claro, também era uma homenagem para
ninguém mais ninguém menos que… Leão X.
Michelângelo era um cara egocêntrico; era também um grande artista,
talvez o maior de seu tempo e de todos os tempos, mas se lixava para as
dificuldades humanas, desde que conseguisse seus objetivos. Chama a atenção o
fato de Michelângelo ter ficado horrorizado com os gastos de Leão X para trazer o melhor mármore do mundo. Leão X
mandou construir uma estrada só para trazer o mármore de Santapietra, um
cafundó, desconhecido até pelos seus vizinhos. Mas o papa fofucho não era um
dos melhores amigos de Michelângelo a quem considerava um homem grosseiro e
difícil – e ele era! Nosso papa bolinha preferia Rafael, o arquiteto de seus
principais projetos, por ser mais gentil e cortês. As obras do projeto de
Michelângelo acabaram sendo suspensas e só foram completadas pelo primo de Leão
X, o também papa Clemente VII, o último dos papas insensatos da Renascença. Leão
quis transformar a faculdade de Roma no centro de erudição da Europa. Contratou
cem eruditos de primeira linha para aplicar as matérias clássicas mais
importantes, mas a corrupção e a estrutura corporativa da Universidade acabaram
fazendo com que mais esse projeto do Papa desse com os burros n’água. Outro
momento frustrante para o Papa foi a morte de Rafael, aos 37 anos. Além de ter
enriquecido o rapaz, era plano de Leão X nomear Rafael cardeal. Segundo consta,
Rafael morreu por excesso de gandaia. Vivia a vida “lôca” romana com toda
força. Houve muitas lágrimas nos lupanares romanos nesse dia. Deus
me perdoe, mas pelo menos o Espírito Santo nos poupou de um cardeal desse
naipe! Os gastos desnecessários de Leão X não pararam por aí. Ele fazia
banquetes com pratos de ouro e incitava os convidados a jogarem os pratos pela
janela, no Rio Tibre (claro que ele estendeu redes sob o rio para recuperar os
pratos que ninguém é assim tão otário).
Nessas refeições, eram servidas línguas de papagaio e peixes de
Bizâncio. A cereja do bolo foi o “Campo do Pano de Ouro”, em Balinghen, França,
preparado para o encontro dos reis Henrique VIII da Inglaterra e Francisco I da
França, em junho de 1520. O evento foi realizado sob a orientação do Cardeal
Wolsey, que era legado papal. O nome dado ao local se deveu ao esplendor dos
ornamentos, em especial as tendas e vestuários, que exibiam tecidos feitos com
linhas de seda e ouro.O encontro no
“Campo do Pano de Ouro” durou duas semanas; foram realizados torneios,
banquetes, exibições de músicas da melhor qualidade, entre outras atrações.
Para abrigar os pavilhões dos reis e do Papa, foi construída uma “cidade
temporária”, e a opulência era tamanha que havia até mesmo palácios. Para vocês
terem uma ideia, a barraquinha de camping do rei da Inglaterra ocupava uma área
de 10000 m², e em sua parte exterior havia fontes jorrando vinho tinto da melhor
qualidade. Essa loucura custou 4 milhões de ducados! Deixou o Reino da França
no vermelho por dez anos. Os leitores que estão acompanhando a nossa série de
posts sobre os papas insensatos da Renascença já puderam perceber que se
tratava de um quadro complexo, e esse humilde escriba tentou, até aqui, apenas
passar para vocês as linhas gerais da situação. Mas o que precipitou o fim da
unidade cristã foi o abuso de Leão X.
E do
nordeste da Alemanha, em Wittenberg, surgiria Lutero, o instrumento do mal (alguém já se perguntou: por que na Alemanha?)
Por que a Reforma não
surgiu na França, ou na Itália, ou na Inglaterra? Resposta: porque, graças ao
Papa Leão X, a Alemanha vivia uma situação de penúria espiritual e financeira! Certo fortalecimento econômico – e, antes de mais nada, o fortalecimento
TEMPORAL – se deu a partir do momento em que o Estado assumiu o controle e o
direcionamento da Igreja. Os grandes estados europeus, naquele tempo, possuíam
um governo forte, ou pelo menos governos regionais poderosos o suficientes para
resistir aos disparates que pudessem advir de doidos que viessem a ocupar a
Cátedra de Pedro, como Leão X. Mas a Alemanha, não! A Alemanha, como a
conhecemos hoje, é uma criação quiçá moderna. É um estado contemporâneo que
somente surgiu no século XIX. Nos tempos de Lutero, o que tínhamos era um bando
de duques e condes reunidos sobre o pomposo título de “Sacro Império
Romano-Germânico“. Pequenos duques e condes fracos: a vítima perfeita para os
desmandos financeiros de um Papa desesperado e completamente esvaziado de zelo
apostólico. Roma era extremamente antipática aos olhos do povo alemão por conta
disso. Era uma força alienígena e sanguessuga, mas que possuía a autoridade
legada por Jesus e era a casa do Espírito Santo (o povo alemão acreditava
nisso cegamente!). Mas, como manter essa imagem com um papa que por si não a respeitava
como deveria? Foi nesse barril de pólvora que Leão X soltou um idiota completo
chamado Johann Tetzel, um frade dominicano. Leão X? Esse continuava mais
preocupado com suas estátuas de mármore a serem construídas em Roma. As indulgências, a grosso modo, podem ser consideradas como uma dispensa da prática de boas ações,
sob condições particulares, no todo ou em parte, como penalidade. Deu
pra entender? Indulgências são penalidades, servem para pagar a pena dos
pecados já perdoados por meio do arrependimento e da confissão, enfim, elas não
perdoam a culpa, mas as penas temporais. Tetzel e outros panacas, contrariando a doutrina da Igreja, apregoaram
que as indulgências eram A LIBERTAÇÃO DO PECADO EM SI. Daí para começar a
barganha e a venda de graças, foi um pulo!
Sabem para onde ia originalmente o dinheiro das
indulgências?
Para hospitais,
orfanatos, casas de recolhimento e amparo de viúvas, obras de caridade. A
Igreja de Jesus sempre foi pobre, mas parece que esqueceram de ensinar isso a
Leão X. As indulgências da forma como foram originalmente concebidas e
distribuídas eram sim, completamente justificáveis; não eram dadas como a
absolvição do pecado, mas era sim a PENALIDADE POR SE TER COMETIDO UM PECADO.Tanto
que Lutero a pricípio em algumas de suas 95 teses as defende de forma brilhante
e notável, coisa que os protestantes claro, a todo custo tentam esconder! (Faça
uma consulta pela internet sobre as 95 teses de Lutero e confirmará).Porém, os cobradores de Leão, como Tetzel, na prática,
eram "traficantes da fé" (Alguma semelhança? Ou lembrança de algum nome de dono
de alguma denominação protestante ?) - Um terço da grana
arrecadada com a venda de indulgências ia direto para Leão X. Isso seria –
cometendo o mais nefasto anacronismo possível – como se você arrancasse
dinheiro da Alemanha para financiar obras na Itália. Muito embora as relações
humanas daqueles tempos fossem absurdamente diferentes das que temos hoje, a
revolta que isso pode provocar em um povo ainda é a mesma. Mas é meu dever salientar que,
mesmo Leão X, NUNCA, EM HIPÓTESE ALGUMA, proclamou uma besteira como falar que
as indulgências libertam a pessoa do pecado. Ele apenas foi convenientemente
omisso com a pregação distorcida e vergonhosa de Tetzel (ou seja, esse
Papa jamais proclamou qualquer doutrina errada, e assim o Magistério da Igreja
manteve-se santo e ileso, graças à infalibilidade papal concedida pelo Espírito
Santo).Despreparado como era para lidar com um assunto de raízes tão profundas,
Leão X vivia no seu claustro romano como seus antecessores, sem ter a mínima
ideia do que ocorria na Alemanha e tendo raiva de quem sabia – vide a sua
desconsideração pelos avisos dados. Não podemos negar que antes de Lutero houve
um Wycliffe e um Jon Huss (já falamos sobre essas figuras em nossas postagens
sobre Lutero e a Reforma Protestante; não vamos repetir aqui o que explicamos
antes).Após os fatos que narramos na Dieta de Worms, num embate entre as forças
de Carlos V e francesas, as cidades de Parma e Piacenza voltaram ao domínio dos
Estados Pontifícios. O Papa, como era de costume, deu uma festança. Pegou um
resfriado; o resfriado evoluiu para pneumonia e, por fim, ele veio a falecer.Em
oito anos de pontificado, Leão X consumiu 5 milhões de ducados e deixou um
rombo de 800 mil para seu sucessor. O belicoso Júlio II ao menos tinha como
justificativa para seus desmandos e gastos o desejo de ratificar e fortalecer
os Estados Pontifícos. Leão X nem isso: ele apenas gastava dinheiro ,porque é o
que Médicis fazem. Era compulsivo e descontrolado e nem um pouco católico, numa
visão final e realista. Os cardeais que elegeriam o sucessor de Leão, quando se dirigiam ao
Concílio, foram vaiados! Com razão...
Em
tempos de crise religiosa e eclesiástica, principalmente quando ela atinge as
mais altas autoridades da Igreja, é normal aparecerem duas tentações
opostas:
1)-A primeira , e a mais grave, é a de revolta contra a autoridade do Papa, que pode levar ao cisma e à heresia.
2)- A segunda, mais sutil, é a de, por respeito à autoridade, aceitar em silêncio os erros, ou fechar os olhos para os pecados de escândalo em que uma autoridade da Igreja possa a vir a incorrer.
Como vimos acima, no fim da Idade Média e no Renascimento, por exemplo, muitos católicos caíram na primeira tentação, aderindo a inúmeras seitas heréticas. Lutero e a Reforma, hoje tão louvados por muitos daqueles que se dizem católicos, levaram ao ápice essa revolta, ao atacarem o próprio papado, sob o pretexto de que havia corrupção em Roma, e muitos Papas daquele tempo eram realmente conhecidos por sua vida escandalosa. Os heresiarcas confundiam a pessoa que estava no sólio de Pedro com o Papado em si mesmo. Tantos foram os inegáveis escândalos de alguns papas desse tempo que entre os teólogos mais importantes se estudou, de novo, a possibilidade de um Papa cair em heresia enquanto pessoa particular, embora nunca enquanto Papa, exercendo o seu ministério "ex-cathedra". São Roberto Belarmino, o grande Doutor da Igreja nessa época, foi um desses teólogos.O Concílio Vaticano I, realizado em 1870, proclamou o dogma da infalibilidade papal, estabelecendo que, quando o Papa ensina "ex-cathedra", isto é, como Vigário de Cristo, com o poder dado por Nosso Senhor a São Pedro, ensinando toda a Igreja sobre questões de Fé ou de Moral, com a vontade explícita de definir uma doutrina e condenando a sentença oposta, o Papa é infalível. Esse dogma da infalibilidade do Papa, ao qual aderimos do mais profundo de nossas almas, é a garantia de que a Igreja jamais errará! O próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, ao dar as chaves a Pedro, lhe disse: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E Eu te darei as chaves do Reino dos céus. Tudo o que ligares na terra será ligado no céu. Tudo o que desligares na terra, será desligado no céu. E as portas do Inferno não prevalecerão contra ti..." (Mateus 16,18). É sobre essas palavras santíssimas de Nosso Senhor que a Igreja se baseou para proclamar a infalibilidade papal. É nisto que se fundamenta a devoção que todo católico deve ter pelo Papa, seja ele quem for. Os inimigos da Igreja sempre quiseram criar confusões acerca desse ponto, ora atribuindo ao Papa enquanto tal, e à Igreja, os pecados em que um Papa pode cair como pessoa particular, ora estendendo a infalibilidade a qualquer ação do Supremo Pontífice. ATENÇÃO!!! ATENÇÃO!!! O Papa só é infalível como supremo mestre da Igreja, ao se pronunciar "ex-cathedra", mas isso não o torna impecável pessoalmente. Ao querer confundir infalibilidade com impecabilidade, os inimigos da Santa Sé buscam minar a devoção e a fé que se deve ter na infalibilidade pontifícia. Ao pretender estender a infalibilidade a qualquer ação, discurso ou atitude do Papa, leva-se os fiéis a cair num erro que os porá em grave tentação, quando lhes ficar patente que o Papa, como pessoa particular, erra e ou peca como qualquer um de nós. Não se deve porém, rejeitar a infalibilidade do Sumo Pontífice por causa de seus possíveis pecados ou erros pessoais, nem negar suas possíveis faltas morais por causa do brilho do carisma infalível de sucessor de Pedro. Quanto ao Sumo Pontífice, pois, é preciso sempre ter em mente que ele continua infalível enquanto Papa, mesmo quando pecador enquanto homem, e que ele permanece um homem possivelmente pecador e falível, mesmo sendo Pontífice infalível quando fala "ex cathedra". Para ilustrar o que dizemos, convém lembrar como agiu S. João Bosco no início do pontificado de Pio IX Como se sabe, o Papa do incomparável Syllabus, o Papa da Imaculada Conceição, o Papa que proclamou o dogma da infalibilidade pontifícia, teve no início de seu pontificado, atitudes que muito favoreceram os liberais. Ele anistiou os terrorristas e carbonários presos nos Estados da Igreja, deu uma constituição liberal para esses Estados, nomeou um primeiro ministro liberal; enfim ajudou tanto os revolucionários que Roma se tornou o refúgio de anarquistas, carbonários e revolucionários de todas as gamas e de todos os tipos. Por isso, a Maçonaria fazia gritar pelas ruas das cidades italianas e por todo o mundo: "Viva Pio IX ". São João Bosco, que vivia então em Turim, ordenou a seus alunos que jamais gritassem "Viva Pio IX" e sim "Viva o Papa !" Com isso, D. Bosco desfazia a manobra carbonária. Devemos gritar sempre "Viva o Papa", pouco importando o nome daquele que está no trono de Pedro. Seja ele santo ou pecador, devemos manter ao Papa, "doce Cristo na terra", como dizia Santa Catarina de Siena, nossa devoção filial e nossa fidelidade a tudo o que ele ensina, como legítimo sucessor de Pedro e com o poder das chaves.Hoje a compreensão desses princípios é muito necessária, pois somos ameaçados por dois erros opostos com relação ao Papa: o sede-vacantismo e o infalibilismo universal.Nós rejeitamos a ambos.Um dia, Cristo perguntou aos apóstolos: "Quem dizem os homens que eu sou ?" Os apóstolos responderam : "Uns dizem que és Elias, outros dizem que és João Batista que voltou ". E Cristo ainda: "E vós quem dizeis que eu sou ? ". Eles se calaram, não sabendo o que dizer.Não sabiam o que dizer, após terem visto tantos milagres. Não sabiam o que dizer, após terem ouvido tantas verdades.Até que S. Pedro proclamou: "Tu és o Cristo, filho de Deus vivo!" Hoje, Deus nos pergunta: Que dizem os homens que é o Papa? E alguns respondem que ele é um homem comum, outros (hereges incubados de católico), ultrajam-no, dizendo-o que o papa é o anticristo.E nós, quem dizemos que é o Papa? “Ele é Pedro redivivo. Ele é, de fato, plenamente, "o doce Cristo na terra". Com Santa Catarina de Siena repetimos essa afirmação tão doce ao nosso coração de católicos, tão cheia de verdade, dessa Verdade que, desde o batismo, é a luz de nossas almas e de nossas vidas. Sim, nós temos essa certeza: "Nós, católicos, somos filhos da certeza",porque somos filhos formados pela Santa Mãe Igreja de Cristo: "Coluna e Sustentáculo da verdade" (I Tim 3,15) E com a certeza que nos dá a palavra de Cristo e o dogma da infalibilidade papal, firmes sobre a pedra, nós dizemos com toda força de nossas almas: o Papa é Pedro reinando em Roma. O Papa é o vigário de Cristo. E quando esse século maldito nos interroga com sua boca atéia ou com sua língua progressista; quando ele, sorrindo irônico, duvida de nossa fé; quando nos ameaça e nos interroga, dizendo: "E quem é o Papa ?", com ufania lhe respondemos que ele é nosso Pai na Fé ! Depois de séculos de santidade gerada pela Igreja e por sua doutrina, infalivelmente repetida pelos papas de todos os tempos; após dois mil anos de milagres, como não saber responder a esta pergunta que o mundo, hoje, nos faz com insolência: "E quem é o Papa? " O Papa é a Rocha sobre a qual Nosso Senhor edificou a sua Igreja. E quando esse século subjetivista e relativista, sem convicções, que de cada pseudo-cientista, ou de cada guru faz um "papa" infalível, repele os Papas do passado e do presente, porque pensa que tudo evolui, nós lhe respondemos que passarão os céus e a terra, mas as palavras do Papa, falando "ex-cathedra" jamais passarão. Disse um poeta, que: "É fácil acreditar na luz, ao meio dia. Difícil é crer no sol, à meia noite". Era fácil acreditar e ter verdadeira devoção ao Papa, quando em Roma reinavam São Gregório VII, Pio IX ou São Pio X. Difícil foi manter a verdadeira fidelidade e a verdadeira devoção ao Papa, em Avignon, ou no tempo do Grande Cisma do Ocidente, ou na corte de Roma renascentista. Difícil ainda mais é manter fidelidade à Igreja e a verdadeira devoção ao Papa, nestes dias de trevas, durante o eclipse do sol católico, causada pelos relativistas e progressistas com suas achologias, relativizando os dogmas proclamados solenemente pela Igreja, e absolutizando seus próprios dogmas pré fabricados.
É pois em meios a algumas trevas progressistas e relativistas
infiltradas não só no Vaticano II, como em todos os demais concílios do
passado da Igreja, odiados e incompreendidos pelos que erram à esquerda, no
centro e à direita, que proclamamos com Fé:
Nós cremos na Igreja Una, Católica Apostólica e Romana. Nós cremos no Papa!
"Viva o Papa! Viva o Papa! Doce, doce Cristo na terra!"
Diante
de tudo isto, vemos verdadeiramente que quem sustenta a Igreja, não são homens,
mas o Espírito Santo de Deus, que nos assegura em suas promessas:
“E
Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não
te revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, Pois
também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela! E eu te darei
as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos
céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus (Mateus
16,17-19).
“Eis que
estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos!” (Mt 28, 20).
REFERÊNCIAS DE CONSULTA:
-TUCHMAN, Barbara. A
Marcha da Insensatez: De Tróia ao Vietnã. Editora José Olympio, 1986.
-RUSSEL, J.G.. Field of Cloth of Gold: men and manners in 1520. London: Routledge,
1969
Fonte Original do texto: O
Catequista
-----------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente, e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.