É claro que
não. Primeiramente, infalível, em termos absolutos, só Deus é.
E ai muitos católicos de
IBGE fazem coro com os inimigos da Igreja confundindo Infalibilidade, com erros
históricos da Igreja e impecância. Ora, o papa é apenas infalível quando
decreta um dogma, mas não goza da impecãncia e se confessa regularmente a um
simples sacerdote.E os erros históricos da Igreja não foram no campo dogmático,
mas administrativo de alguns líderes da Igreja, aos quais o Papa João Paulo II em
uma atitude inédita, jamais feita por qualquer líder poliítco ou religioso, fez
um mea culpa durante seu pontificado pedindo perdão a Deus e á humanidade pelos
erros “históricos” da Igreja.
A Igreja
participa da infalibilidade divina em algumas condições, que são, segundo a
tradição da própria Igreja: as declarações de um concílio ecumênico presidido
pelo Papa; a definição “ex cathedra” de um papa, quando proclama um novo dogma;
os ensinamentos dos bispos em comunhão com o Papa; o que pertence à fé do povo
de Deus (chamado de “senso fidei”), em comunhão com os seus pastores.
Passamos de
uma tradição milenar de comunicação eclesial pausada e medida a uma
superexposição midiática dos papas, o que os torna cada vez mais próximos, mais
“humanos” e menos “sacralizados” que em épocas passadas.
No entanto, isso não significa que o Papa seja
menos infalível em seus pronunciamentos. Como podemos entender esta nova
situação?
Fora das
condições de infalibilidade anteriormente comentadas, o Papa continua sendo o
Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, e todos os seus ensinamentos devem ser
escutados pelos católicos com muito respeito e consideração.
As afirmações papais
contidas em documentos como encíclicas, exortações etc., terão mais ou menos
valor doutrinal segundo sua relação com as verdades da fé cristã e a tradição
da Igreja.
Um valor ainda
mais diferente têm suas afirmações em livros ou entrevistas, segundo sua
relação com doutrinas já proclamadas pela Igreja como tais. Mas, nestes casos,
como já aconteceu com João Paulo II e Bento XVI, o Papa se submete à crítica
(sobretudo a uma crítica saudável e construtiva) dos especialistas nas diversas
matérias, e inclusive a qualquer pessoa.
Talvez um dos problemas
seja a compreensão do que é a opinião pública dentro da Igreja, especialmente
entre os próprios cristãos. Pode ou deve haver uma opinião pública? Quais
seriam seus limites?
Especialmente
desde a época do Concílio Vaticano II, vem se falando da necessidade de uma
“opinião pública” dentro da Igreja. Se entendermos bem este conceito, trata-se
de algo saudável e conveniente, mas que tem seus limites.
E os limites estão na
revelação cristã. Se algo pertence claramente à revelação e foi declarado como
tal pela Igreja, cabe continuar aprofundando e desenvolvendo seus conteúdos,
mas sempre na mesma linha.
Na nova
exortação apostólica, o Papa fala de renovar as estruturas, de conversão
pastoral, inclusive do próprio papado, e de não ter medo de revisar os costumes
que foram úteis em outras épocas, mas que hoje podem já não ser mais adequados
para a evangelização.
Devemos entender que isso inclui a comunicação?
Uma exortação
apostólica como a “Evangeliigaudium”, especialmente se chega depois de um
sínodo universal, tem um grande valor, igual ou maior que uma encíclica, no
conjunto dos ensinamentos de um papa – sem querer, com isso, dizer que tem o
mesmo valor que os dogmas já declarados pela Igreja.
Além disso,
esta exortação tem um grande sentido programático. As expressões mencionadas
por você são propostas que o Papa apresenta com toda a sua força de pastor e
mestre, ainda que, insisto, tenham valores diferentes inclusive dentro do
próprio documento, segundo se refiram a temas que pertencem aos núcleos da fé
ou da vida cristã.
Com relação ao
caso concreto da comunicação, pelo que o Papa faz, primeiro, e depois pelo que
ele diz, podemos entender que também propõe certa mudança de estilo.
Em suma,
trata-se de um falar combinado com uma escuta (e o Papa escuta muito), para dar
testemunho da tradição cristã, e esta tradição tem muitos caminhos. Dessa
maneira, também aprendemos o valor do testemunho, da vida e da palavra que
precisamos dar da nossa fé, como cristãos, tudo isso unido a uma preocupação
efetiva pelos outros, sobretudo pelos mais pobres e necessitados.
Conclusão: Se
a opinião pessoal de um papa não goza de infalibilidade, imagina opiniões
pessoais de simples bispos, ou padrecos espalhados por ai, que se põem a dar
palpites em nome da Igreja...
“Existem pouquíssimas pessoas neste mundo que realmente odeiam CEGAMENTE a Igreja Católica, mas infelizmente há milhões que odeiam o que eles PENSAM ser a Igreja Católica, pois se o que eles odeiam, realmente fosse a religião Católica – os católicos também a odiariam. (Fulton J. Sheen)”.
Inma Alvarez
para Aleteia
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