Discurso do Papa Francisco por
ocasião da Visita Ad Limina Apostolorum dos bispos dos Países Baixos
Apresentamos o discurso pronunciado
pelo Papa Francisco aos bispos dos Países Baixos, por ocasião da
Visita “Ad Limina Apostolorum” realizada nesta segunda-feira, 2 de dezembro, no
Palácio Apostólico Vaticano.
Queridos irmãos no Episcopado,
Nestes dias nos quais vocês realizam
a vossa visita ad limina Apostolorum, saúdo cada um de vocês com afeto no
Senhor e vos asseguro a minha oração para que esta peregrinação seja roca de
graça e fecunda para a Igreja nos Países Baixos. Obrigado. Obrigado, querido Cardeal
Willem Jacobus Eijk, pelas palavras que me dirigiu em nome de todos!
Permitam-me, antes de tudo, exprimir
o meu reconhecimento pelo serviço de Cristo e do Evangelho que vocês realizam
para o povo que vos foi confiado, em circunstâncias muitas vezes árduas. Não é
fácil conservar a esperança nas dificuldades que vocês devem enfrentar! O
exercício colegial do vosso ministério episcopal, em comunhão com o Bispo de
Roma, é uma necessidade para fazer crescer esta esperança, em um diálogo
verdadeiro e uma colaboração efetiva.
Fará bem a vocês olhar com confiança
aos sinais de vitalidade que se manifestam nas comunidades cristãs das vossas
dioceses. São sinais da presença ativa do Senhor em meio aos homens e mulheres
do vosso país que esperam autênticos testemunhos da esperança que nos faz
viver, aquela que vem de Cristo.
A Igreja, com
paciência materna, prossegue os seus esforços para responder às inquietações de
tantos homens e mulheres que experimentam a angústia e o desencorajamento
diante do futuro.
Com os vossos sacerdotes, os vossos
colaboradores diretos, vocês querem se fazer próximos às pessoas que sofrem do
vazio espiritual e que estão em busca de sentido para suas vidas, mesmo se nem
sempre o saibam exprimir. Como acompanhá-los fraternalmente nesta busca, se não
se colocando em escuta para partilhar com eles a esperança, a alegria, a
capacidade de seguir adiante que Jesus Cristo nos dá?
Por isso, a Igreja procura propor a fé de maneira
autêntica, compreensível e pastoral.
O Ano da Fé foi uma feliz oportunidade
para manifestar como o conteúdo da fé pode alcançar cada homem.
A antropologia
cristã e a doutrina social da Igreja fazem parte do patrimônio de experiência e
de humanidade sobre o qual se funda a civilização européia e essas podem ajudar
a reafirmar concretamente o primado do homem sobre técnicas e sobre estruturas.
E este primado do homem pressupõe a abertura à transcendência.
Ao contrário, suprimindo a dimensão
transcendente, uma cultura se empobrece, enquanto essa deveria mostrar a
possibilidade de conectar em constante harmonia fé e razão, verdade e
liberdade.
Assim, a Igreja não
propõe somente as verdades morais imutáveis e atitudes contracorrente no que
diz respeito ao mundo, mas propõe as como a chave do bem humano e do
desenvolvimento social. Os cristãos têm uma missão própria para concentrar-se
neste desafio. A educação das consciências torna-se então prioritária,
especialmente mediante a formação do juízo crítico, embora tendo uma abordagem
positiva sobre realidades sociais; se evitará, assim, a superficialidade dos
juízos e a resignação à indiferença.
Depois, isso requer que os católicos,
sacerdotes, pessoas consagradas, leigos adquiram uma formação sólida e de
qualidade. Encorajo-vos vivamente a unir os vossos esforços para responder a esta
necessidade e permitir um melhor anúncio do Evangelho.
Neste contexto, o
testemunho e o compromisso dos leigos na Igreja e na sociedade têm um papel
importante e devem ser fortemente apoiadas. Todos nós batizados somos
convidados a ser discípulos-missionários, lá onde estamos!
Em vossa sociedade, fortemente
marcada pela secularização, encorajo-vos também a estar presente no debate
público, em todas as áreas em que está em causa o homem, para tornar
visível a misericórdia de Deus, e sua ternura por todas as criaturas.
No mundo de hoje, a
Igreja tem o dever de repetir incansavelmente as palavras de Jesus: “Vinde a
mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt
11, 28).
Mas nos perguntemos: quem nos encontra, que
encontra um cristão, percebe algo da bondade de Deus, a alegria de
ter encontrado Cristo?
Como afirmei frequentemente, a partir
da experiência autêntica do ministério episcopal , a Igreja não se expande por
proselitismo, mas por atração. Ela é enviado por todo o mundo para
acordar, despertar, manter a esperança!
Daí a importância
de incentivar aos seus fiéis a acolherem as ocasiões de diálogo, tornando-se
presentes nos lugares onde se decide o futuro, levando assim uma contribuição
aos debates sobre as grandes questões sociais relativas, por exemplo, a
família, o matrimônio, o fim da vida.
Hoje, mais do que nunca, se
sente a necessidade de avançar no caminho do ecumenismo, convidando a um
verdadeiro diálogo que procure os elementos da verdade e da
bondade, e ofereça respostas inspiradas no Evangelho.
O Espírito Santo
nos impulsiona a sair de nós mesmos e ir em direção aos outros! Em
um país rico, sob diversos aspectos, a pobreza afeta um número cada vez maior
de pessoas. Valorizem a generosidade dos fiéis para trazer luz e compaixão de
Cristo nos lugares em que se espera, em particular, para as pessoas mais
marginalizadas! Além disso, a escola católica, proporcionando aos jovens uma
sólida educação, continuará a favorecer a formação humana e espiritual, num
espírito de diálogo e de fraternidade com aqueles que não compartilham
sua fé.
Portanto, é importante que os jovens
cristãos recebam uma catequese de qualidade, que sustente a fé que
possuem, e o leve a encontrar Cristo. Formação sólida e espírito de abertura !
Eis como a Boa
Notícia continua a difundir-se!!!
Vós sabeis bem que o futuro e a
vitalidade da Igreja nos Países Baixos depende também das vocações sacerdotais
e religiosas! É urgente suscitar uma pastoral vocacional vigoroso e atraente, e
também a busca comum de como acompanhar o amadurecimento humanoe
espiritual dos seminaristas.
Que eles vivam uma relação pessoal
com o Senhor, isso será a base de toda a vida sacerdotal deles! Sentimos
também a urgência de rezar pelo Dono da messe!
A redescoberta da oração sob diversas formas e,
particularmente, a adoração eucarística, é uma motivo de esperança que
faz a Igreja a crescer!.
Como é importante e imprescindível
estar perto de vossos presbíteros, disponíveis a cada um de vossos sacerdotes,
para apoiá-los e orientá-los, se eles precisarem! Como pais,
encontrem tempo para recebê-los e ouvi-los, sempre que eles pedirem.
E não se esqueçam
também de ir ao encontro daqueles que não se aproximam, pois alguns deles,
infelizmente, não cumprem bem os seus compromissos. De um modo muito
particular, desejo exprimir a minha compaixão e garantir-vos a minha
oração por cada vítima de abusos sexuais e às suas famílias.
Peço-vos para continuar a apoiá-los
no doloroso caminho de cura, realizado com coragem. Estejam atentos para
responder ao desejo de Cristo, o Bom Pastor, tenham um coração para defender e
fazer crescer toda a unidade em todos e entre todos.
Para concluir, gostaria dar graças,
convosco, pelos sinais de vitalidade com que o Senhor abençoou a Igreja que
está nos Países Baixos, neste contexto, que nem sempre é fácil. Ele vos
encoraje e vos confirme na delicada missão de guiar as vossas comunidades no
caminho da fé e da unidade, da verdade e da caridade.
Eu confio a vós, os
sacerdotes, as pessoas consagradas e fiéis leigos das vossas Dioceses à
proteção da Virgem Maria, Mãe da Igreja, de coração dou a minha Bênção
Apostólica, penhor de paz e alegria espiritual e fraternalmente , peço que não
se esqueçam de rezar para mim!
(Tradução: CN notícias)
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