A Igreja Católica, no século XVI, vivia uma situação que era muito difícil. Ela havia perdido espaço na Alemanha, Inglaterra e nos países escandinavos e estava em recuo na também na França, nos Países Baixos, na Áustria e na Hungria. Isto tudo devido ao avanço do protestantismo começado por Lutero e que tomou grandes proporções em toda Europa.
Diante dessa
situação, a Igreja Católica estabeleceu a Contra-Reforma, desenvolvendo um
conjunto de medidas abrangendo três correntes de ações:
1)-Atuar
contra a expansão do Protestantismo e consequente divisão da Cristantade.
2)-Investir na educação e reforma moral do Clero e dos leigos Cristãos e não Cristãos
3)-Promover
novas formas de expansão da fé católica através das Missões.
A Contra-Reforma
A
Contra-Reforma, ou Reforma católica, foi uma resposta da Igreja Católica em
meio a essa crescente onda do protestantismo. De maneira geral, essa resposta
consistiu em um conjunto de ações inspiradas por Deus e desenvolvidas pela
Igreja Católica, na qual perdura a promessa de que as portas do inferno jamais
prevalecerão.Diante dos
movimentos protestantes, a primeira reação da Igreja católica foi punir os
rebeldes, na esperança de que as idéias reformistas não se espalhassem mais e a
Igreja Católica recuperasse a unidade perdida.Assim, em meados do
século XVI, ela reativou os tribunais da Inquisição, que haviam criado no ano
de 1231, e que, com o tempo, haviam sido extintos em vários países.Os Tribunais
da Inquisição foram instaurados pelo Tribunal do Santo Oficio, outra
instituição eclesiástica criada na Contra-Reforma que tinha como objetivo
combater os desvios dos fiéis católicos e o crescimento de outras denominações
religiosas.Essa tática, entretanto, não obteve bons
resultados, pois não resolvia o principal motivador da reforma protestante: “A corrupção do alto
clero com a venda de objetos sagrados, relíquias(Simonia) e a questão sobre as indulgências.” Neste sentido, a Igreja, para organizar-se
internamente e definir com clareza sua doutrina, organizou o Concílio de Trento
(1545-1563). Segundo Pe.
José Besen (2004), este Concílio teve uma história demorada, com muitos
conflitos de interesses, a constante oposição de príncipes protestantes e
desacordos entre o papa e o imperador Carlos V.
Contudo, os 18 anos de duração do Concílio
ofereceram à Igreja verdadeiros instrumentos de renovação e reforma, dando-lhe
uma nova forma, dentre os quais pode-se citar:
1)-A
organização e a disciplina do clero: os padres deveriam estudar e formar-se em
seminários;
2)- Cada
diocese devia ter seu Seminário e selecionar melhor seus candidatos ao
sacerdócio;
3)- Não podiam
ser padres antes dos 25 anos, nem bispos antes dos 30 anos;
4)-
Estabeleceu-se que as crenças católicas poderiam ter dupla origem: as Sagradas
Escrituras (Bíblia) ou as tradições transmitidas pela Igreja;
5)-
Reafirmou-se de forma clara e verdadeira a sacramentalidade e indissolubilidade
do matrimônio, as Santas indulgências, o culto aos santos, às relíquias e
imagens;
6)- Apenas o
Magistério da Igreja estava autorizado a interpretar a Bíblia. Mantinham-se os
princípios de valia das boas obras, o culto à Virgem Maria e às imagens;
7)-
Reafirmação da infalibilidade do papa e o dogma da transubstanciação
eucarística, indo além da mera Consubstanciação protestante defendida por
Lutero.
Após o Concilio de Trento, a Igreja Católica teve
um vigoroso impulso à vida religiosa.Fugindo da
tentação do luxo e das artes, definiu-se como missão essencial da Igreja e de
seus pastores a salvação das almas:“seja lei suprema a
salvação das almas” - Para difundir a fé Católica, a partir da Contra-Reforma,
surgiram novas ordens religiosas, como a Companhia de Jesus (os Jesuítas),
fundada por Ignácio de Loyola em 1534. Os Jesuítas se
organizaram em moldes quase militares e fortaleceram a posição da Igreja dentro
dos países europeus que permaneceram católicos e desenvolveram ações para
barrar o avanço do protestantismo pelo mundo.Eles criavam
escolas, onde foram educados filhos das famílias nobres; foram confessores e
educadores de várias famílias reais; fundaram colégios e missões para difundir
a doutrina católica nas Américas e na Ásia. Segundo o
historiador Daniel-Rops: "Já na segunda
metade do século XV, tudo o que havia de mais representativo entre os
católicos, todos os que tinham verdadeiramente consciência da situação,
reclamavam a reforma, por vezes num tom de violência feroz, e mais
frequentemente como um ato de fé nos destinos eternos da 'Ecclesia
Mater'." Na Alemanha destacava-se Nicolau de Cusa, mas a
Espanha foi que sobressaiu-se como vanguarda da Reforma Católica em fins do
século XV. Os reis católicos
consideraram a reforma eclesiástica como uma parte essencial da restauração do
Estado, o que norteou a sua política.O Cardeal
Cisneros, com a aprovação da monarquia, reformou os franciscanos com São Pedro
de Alcântara e a vida monástica, em especial a dos beneditinos naquele país. A Universidade de
Alcalá, fundada por Cisneros, foi um grande centro de estudos teológicos e
humanísticos e fez publicar a célebre Bíblia Poliglota Complutense, em seis
volumes em 1517editada em hebraico, latim e grego.
A Igreja espanhola, nos primeiras
décadas do século XVI era, sem dúvida, a de maior nível espiritual e científico
do continente!
A obra de
renovação espiritual do clero e do povo levada a efeito por São João de Ávila
constitui um capítulo à parte na história religiosa do século XVI. Santa Teresa
de Ávila reformou a Ordem do Carmelo 17 e São João da Cruz estendeu a reforma
aos frades Carmelitas.Também na
Itália davam-se inquietações por uma renovação cristã, desde o início do século
XVI, um grupo de clérigos fervorosos vinha trabalhando para tornar os
sacerdotes da sua igreja mais dignos da missão que lhes cabia.Ali surgiram a
Ordem dos Teatinos (1524), austeros e ascéticos, fundados pelos Cardeais
Caetano de Thiene e Carafa, dentre os desta ordem se destacaria também Santo André
Avelino que pelo seu zelo receberia encargos reformardores, dentre eles o de
reformar os costumes do mosteiro feminino de Sant'Arcangelo a Baiano.
Também são GLORIOSOS FRUTOS desta época:
-A Ordem dos Barnabitas (do claustro
de São Barnabé (1534), fundada porAntônio Maria Zaccaria, auxiliado por
Bartolomeu Ferreira e Morigia com o escopo de educar a juventude e pregar
missões;
-Os Somascos (a primeira casa foi em Somasca), fundados por S.Jerônimo
Emiliano, fidalgo veneziano, com alguns padres lombardos, com a finalidade de
cuidar dos órfãos, dos pobres e doentes;
-Os Oratorianos, de São Filipe Néri e
do Cardeal Bérulle;
-Os Oblatos de Santo Ambrósio idealizados por Carlos
Borromeu para atender à cura d'almas e auxiliar o Arcebispo de Milão;
-Os Capuchinhos
como um novo tronco dos Franciscanos, alcançando grande popularidade pela
austeridade de vida, dedicação ao ensino, aos pobres e doentes,
-As Ursulinas de
Angela Merici, em Bréscia
-A Congregação de Nossa Senhora, para formar
educadoras de moças, segundo as normas de Pedro Fourier - dentre outras
organizações religiosas, foram manifestação da renovação da vida espiritual e
do ânimo reformista na Igreja Católica neste período.
O apogeu da Reforma católica, no
entanto, se deu com os papas reformistas.
-O primeiro deles
foi Adriano VI (1522 a 1523), que procurou moralizar os costumes da Cúria
Romana e combater os desperdícios. Convocou a Dieta de Nuremberg na qual o seu legado
reconheceu as culpas da Igreja e procurou estabelecer a união de França e
Espanha.
-Os papas Paulo III,
Paulo IV, Pio V e Sixto V cobriram um período que vai de 1534 a 1590, foram os
mais zelosos reformistas que presidiram a Santa Sé desde Gregório VII.
As finanças da
Igreja foram reorganizadas e os cargos foram ocupados por padres e religiosos
de reconhecida fama de disciplina e austeridade e foram rigorosos com os
clérigos que persistiam no vício e no ócio.A ação dos papas reformistas foi completada com a
convocação do Concílio ecuménico que se reuniu na cidade de Trento. Foi sob a
ação destes papas que a Reforma Católica alcançou o seu auge. Quando da sua eleição, o Papa Paulo III (Cardeal Alexandre
Farnese) tinha 66 anos e parecia fraco e doente, mas pôs mãos à obra com grande
energia. Era um reconhecido diplomata e estadista e decidiu convocar um
Concílio. Começou a
reforma da Igreja a partir da própria Cúria.27 Reformou o Colégio Cardinalício
nomeando homens como John Fisher, Giacomo Simonetta, Gasparo Contarini,
Reginaldo Pole, João Pedro Carafa, Fregoso, Tomás Badia, Gregório Cortese e
Giovanni Gerolamo Morone.Fisher, como
Thomas Morus, morreria mártir pelas mãos de Henrique VIII, outros viriam a ser
canonizados. Após reformar o colégio
de cardeais, Paulo III empreendeu a reforma do clero e das ordens religiosas,
especialmente os agostinhos, os dominicanos e os franciscanos.
O período que se seguiu ao Concílio de Trento foi
marcado por uma grande renovação da vida católica.
A Igreja
recobrou novo vigor. A reforma fundada nos decretos e nas constituições
tridentinas foi levada a efeito pelos papas que se sucederam.
A CONTRIBUIÇÃO DA IMPRENSA,DA EDUCAÇÃO E
MISSÃO INTERNA E EXTERNA NA IGREJA:
1)- Publicou-se
um Catecismo Romano, bem como por meio da bula Quo Primum tempore, um Missal e
um Breviário, por ordem de São Pio V (1566 - 1572), com o auxílio de Frei
Bartolomeu dos Mártires e de FreiLuís de Granada. 46 47 S. Pio V deu completa
execução aos decretos do Concílio e continuou o saneamento dos costumes da
Igreja e fomentou a criação de seminários para dotar os padres de uma cultura
mais ampla.
2)-A revisão
da Vulgata Latina exigiu muitos estudos e grandes esforços e só foi aprovada no
pontificado de Clemente VIII. 46 O espírito tridentino deu oportunidade ao
surgimento de bispos exemplares como São Carlos Borromeu, zeloso reformador da
Cúria Romana romana enquanto Secretário de Estado e que, mais tarde, estendeu a
reforma ao norte da Itália como arcebispo de Milão.
3)-São Filipe
de Néri contribuiu para a renovação do espírito cristão fundando a Congregação
do Oratório, dedicando-se à educação cristã da juventude e do povo e a obras de
caridade.
4)- São José
de Calassanz fundou as Escolas Pias e desenvolveu abnegada atividade de
formação da juventude entre as classes populares.
5)-São
Francisco de Sales difundiu educação moral e a piedade pessoal, através da vida
devota entre os leigos que viviam no
meio do mundo.
6)- S. Pedro
de Alcântara levou a Reforma Católica a Portugal e muito a auxiliou São Tomás de
Vilanova.
7)- Na
Alemanha as reformas decretadas pelo concílo não tiveram o beneplácito do
imperador Fernando I, mas seu sucessor Maximiliano II da Germânia foi dando
publicação aos poucos em todo o império, ali se distinguiram na aplicação das
leis eclesiásticas.
8)- Daniel
Breidel, Jacob d'Elz, Ernesto da Baviera e Teodósio de Fürstenberg, dentre
outros. Filipe II de Espanha as publicou com reserva da cláusula salvo os
direitos da coroa. A França aceitou com reservas as determinações do concílio
apesar dos esforços dos bispos franceses.
9)-Pela ação
de missionários como São Francisco de Sales e de pregadores como São Pedro
Canísioobteve-se a reconquista religiosa de uma porção importante dos povos do
centro europeu, e ainda da Suiça, da Áustria, na Baviera, na Polônia, na Boécia
e na Ucrânia. Portugal e Espanha levaram a fé católica para além-mar.
10)- Francisco
Xavier e Matteo Ricci levaram o catolicismo ao Japão e à China. A obra da
promoção cultural avançou paralelamente com a evangelizadora, enquanto se
reunia o concílio já haviam sido fundadas nas Américas tres universidades: a de
São Domingos em 1538, as de Lima em 1551 e a do México em 1553.
11)- Também
são fruto e consequëncia da Reforma Católica levada a efeito pelo concílio a
renovação da arte sacra cristã, com o surgimento do Barroco que é o estilo
artístico da Reforma católica, arquitetura, escultura, pintura e a literatura
foram impregnados pelo catolicismo barroco.
A cisão cristã
definitiva entre católicos e protestantes se deu com o final da Guerra
dos Trinta Anos e com a Paz de Vestfália (1648)
Com ela o avanço da
reconquista católica na Alemanha ficou bloqueado, ali estabeleceu-se o
princípio "cuius regio eius religio", (Cujo Rei, cuja religião),cada um siga a
religião de seu príncipe, o que consagrou a fragmentação religiosa germânica
num povo dividido em mais de trezentos principados e cidades.
ConclusÃO:
A
contra-reforma não atingiu o seu principal objetivo que era a unidade do
cristianismo e embora tenha utilizado diversos meios para chegar a essa
unidade, uns que deram certo e outros que não, não impediu o crescimento do
protestantismo.Mas, com a contra-reforma,
a Igreja Católica tomou novos rumos e reafirmou a sua vocação que é a salvação
de almas.A Igreja por
meio do Concílio de Trento conseguiu, apesar da lentidão em alguns países,
moralizar o clero, se libertar do luxo e dos privilégios que este havia obtido
com o passar dos anos.Apesar dessas
mudanças na igreja, ainda ficam, até os dias de hoje, as marcas das ações que
não deram certo, como a repressão e o derramamento de sangue, frutos das
diversas guerras entre católicos e protestantes, que fazem com que muitas vozes
de forma ANACRÔNICA, se levantem contra a Igreja Católica, questionando sua
doutrina e suas ações nos dias atuais.
Bibliografia:
-BESEN, Pe.
José Artulino. A Reforma da Igreja: O Concílio de Trento. Jornal Missão Jovem.
pag. 9 – n.º 191 – mês de Julho – Ano 2004.
-BETTENCOURT,
Estevão Tavares. Crenças, religiões, igrejas e seitas: quem são? Santo
André-SP: Editora o Mensageiro de Santo Antônio, 1999.
-FREI
BATTISTINI. A Igreja do Deus Vivo: curso bíblico popular sobre a verdadeira
Igreja.Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2001.
-MOURA, Jaime
Francisco de. As diferenças entre a Igreja Católica e Igrejas evangélicas.São
José dos Campos-SP: Editora ComDeus, 2005.
-WIKIPEDIA – A Enciclopédia
Virtual.
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