As Ordens religiosas e a posse de escravos:
Ao tentar denegrir a
imagem da Igreja Hierárquica, em favor da IGREJA POPULAR instrumentalizada por
estes teólogos esquerdistas de plantão entre eles essa persona non grata: O
padre da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO *José
Oscar Beozzo , que cospe no prato do qual se alimenta, vem vergonhosamente acusar
a Igreja do passado com sua visão reducionista, deturpada e anacrônica
justificar teologicamente a escravidão, afirmando de
forma “GENERALIZADA” que a Igreja
tornou-se uma voz ativa na manutenção do sistema escravista, beneficiando-se
também dele, fazendo uso da mão - de - obra escrava. O muito imparcial (SQN) desonesto
e omitidor dos fatos, o padre da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO *José Oscar Beozzo, em
seu artigo a História da Igreja Católica no Brasil, em relação ao catolicismo e
a situação do negro afirma que:
“Na ordem prática, está o
envolvimento da Igreja com a economia e sociedade escravista, tornando-se ela
mesma proprietária de escravos e escravas, explorando-os tanto em atividades
produtivas como nos serviços domésticos. Muitas das Ordens religiosas
brasileiras faziam uso da mão - de -obra escrava, usando - os em suas terras e
conventos” (BEOZZO, José Oscar “A Igreja
na crise final do Império (1875 - 1888)” in História da Igreja do Brasil,
Petrópolis, Vozes, 1980, tomo II/2, p. 274).
Civilização, barbárie e relativismo: Conteste
seu professor Petralha!
(Por: Reinaldo Azevedo)
Sempre que se apontam
os crimes da esquerda, passados e presentes, lá vêm os neo-relativistas (que nada têm
de “neo”, uma vez que defendem algo bem antigo) com a sua ladainha:
- “E o que dizer da
história da Igreja Católica?
- “E o que dizer do
capitalismo?
- “E o que dizer da
colonização da América” (como sabem, um neo-relativista pensa que é índio)?
Nas universidades
brasileiras, jovens são verdadeiramente molestados por esse tipo de abordagem
de seus professores petralhas. Os estudantes pressentem que o vagabundo está
disposto a justificar os crimes da esquerda, mas, muitas vezes, por falta de
experiência política, falta-lhes uma boa resposta. Afinal, estão lidando com
especialistas em farsa.
Vamos enfrentá-los?
Peguemos o caso da Igreja. Sua história sempre foi meritória? Ah,
evidentemente não. Mas esperem: com que olhos se quer ver o passado? À luz do
que sabemos hoje ou do que se sabia então? E os jesuítas? Só fizeram um bem à
América? Quem está perguntando? Um herdeiro dos tupis ou um da cultura
ocidental? No segundo caso, a resposta é “sim”.
Recomendo, com
entusiasmo, que vocês comprem ou aluguem a série Roma, uma formidável
reconstituição de época. Ganhei de presente todos os DVDs e os vi com grande
interesse. Não chegam a ser uma alternativa a Edward Gibbon ou a Suetônio, mas
contribuem para educar a percepção:
Vê-se a história segundo o seu tempo, não com os olhos judiciosos de
quem emprega critérios contemporâneos para analisar o passado (a isso se chama:
Anacronismo).
No caso dos jesuítas, então, o debate pode ser ainda mais
interessante!
É farta a bibliografia demonstrando que o alcance humanista (mesmo para
a época) de sua pregação era superior àquele da colonização em sua dimensão
puramente econômica.
Basta ler Padre
Vieira. Ainda assim, que se observe: ver um senhor do engenho do século 17 com
os mesmos olhos de censura com que, justamente, vemos hoje um explorador
de trabalho escravo não é humanismo, mas estupidez.Voltemos à esquerda. Dá para
perdoar o comunismo trazendo para a arena do debate outras experiências
históricas, de sorte que ou condenamos tudo ou absolvemos tudo? Fosse eu um
comunista, recomendaria que não se fizesse isso. Porque aí seria pior. Para um
comunista, melhor é ficar com Lênin, um imoralista muito pouco preocupado com o
que a humanidade havia produzido na cultura até então. Melhor ser um
intelectual bárbaro do que idiota.
A esquerda intelectual privatiza as palavras. É o caso de “reacionário”,
sinônimo de tudo o que há de ruim, atrasado, passadista. A “direita” seria,
assim, “reacionária”. Eu não ligo que me chamem de reacionário. Mas sei que não
sou. Se olho a trajetória da história humana, entendo que seu aspecto mais
virtuoso é a liberdade individual.
Não é por acaso que a
pedra de toque das democracias é o “habeas corpus”, o “seja dono do teu corpo”.
Ele é o reconhecimento, no terreno jurídico, da existência do indivíduo.
Observem: quando se instala uma ditadura, qual é a primeira providência dos
gorilas? Justamente a suspensão do habeas corpus, que nunca valeu nos países
comunistas. Afinal, o corpo individual não existe; só o do estado.
Por que o comunismo é nefasto, entre tantos outros defeitos? Porque
despreza, ignora ou esmaga as conquistas da civilização. Ele, sim, é
genuinamente reacionário. Faz a história humana caminhar para trás. Pegue-se o
caso da União Soviética. Em três décadas de consolidação do socialismo, matou-se
mais gente do que o que se conhecia da sangrenta história russa (para ficar na
república mais importante) até ali. E por quê? Para se construir qual homem?
Para se construir
homem nenhum, uma vez que o indivíduo não existia. O
jesuitismo, acreditem, era um avanço no seu tempo: incorporava o humanismo
judaico-cristão, uma novidade para os povos que viviam sob o ditadura da
natureza. E certamente colaborou para algumas tantas injustiças.
Mas era “progressista”. Trata-se de uma visão canhestra, pobremente marxista,
supor que ele era apenas a superestrutura ideológica da colonização. Não era.
Os jesuítas foram até o limite do que a cultura cristã havia produzido
até ali, inclusive opondo-se à escravidão — até o
limite, claro, do que permitia o estado. Quando ultrapassaram esse limite,
foram expulsos do Brasil (Ahhh! Estão agora entendendo os reais motivos da
expulsão dos Jesuistas?)
A pergunta que vocês
têm de fazer aos entusiastas da esquerda, aos amantes do relativismo, a seus
professores esquerdopatas e a eventuais fãs da União Soviética é a que segue:
O que foi que os comunistas fizeram do estoque
que já conhecíamos de liberdades públicas, de liberdades individuas, de
tolerância, de convivência com a diferença?
Eu respondo: eles o
massacraram; preferiram o totalitarismo, pressuposto da “ditadura do
proletariado”. Nesse particular (e em muitos outros), não se distingue no
nazifascismo.
Cretinos me escrevem,
por exemplo, afirmando que Edir Macedo nada mais faz do que repetir o que a
Igreja Católica fez no passado. Trata-se de mentira, de ignorância histórica,
de falta de leitura. Mas nem vou me dedicar a isso agora. Prefiro fazer uma pergunta:
ainda que fosse verdade, caberia reeditar supostas práticas superadas há
séculos?
A verdade insofismável é que: “REACIONÁRIA é a esquerda”.
Em nome de um suposto futuro, ela despreza a maior de todas as
conquistas do homem: a liberdade de consciência.
Observem que esta
história de que, no fundo, tudo é a mesma coisa nunca serve para elogiar a
democracia e sempre é útil para fazer a apologia do comunismo, das esquerdas e
do crime em nome de uma causa. A tese, em suma, de que o crime é uma constante
na história humana nunca serve aos inocentes e sempre busca aliviar as costas
dos culpados.
O comunismo jogou no lixo cinco séculos de cultura humanista e, ainda
hoje, se manifesta em metástases.
Pauta a ignorância
engajada no Capão Redondo e nas redações. Prometeu uma nova civilização. Como deu com
os burros n’água, contenta-se em glorificar a barbárie. Quem diria! Um
relativista é sempre um absolutista: do crime!
PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: "Por que o mui
imparcial, desonesto e omitidor dos fatos, o padre da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO José
Oscar Beozzo, omitiu estes fatos em seus livros e comentários? Será que foi
meramente acidental ou proposital?... Mistérios"
COMENTÁRIO – Sobre a Igreja e a escravidão:
Reproduzo abaixo o
comentário de um leitor ao post de Reinaldo Azevedo. Infelizmente, ele se
identifica apenas como Messias, sem deixar nenhuma outra referência. Um
certo Eny Seidel disse que a ordem dos jesuítas foi uma instituição
maquiavélica, que defendia os índios e apoiava a escravidão dos negros.
Vejam esse excertos do Pe. Antônio Vieira:
"Saibam os pretos, e não
duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe
sua, porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo
corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres" (Sermão XIV
em Sermões, vol. IX Ed. das Américas 1958, p. 243).
Citando no final o trecho de 1Cor 12,12, o Pe. Vieira
observa que:
O apóstolo assim
falou "porque não cuidassem, os que são fiéis e senhores, que os pretos,
por terem sido gentios e serem cativos, são de condição inferior"
(ib. p. 246).
No sermão XXVII, o Pe. Vieira censura o tráfico de
escravos:
"Nas outras terras, do que
aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela
(na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se
vende e compra. Oh! trato desumano, em
que a mercância são homens! Oh! mercância diabólica, em que os interesses
se tiram das almas alheias e os ricos são das próprias!" (ib. p. 64).
Considera o pregador a disparidade existente na sociedade
escravagista:
"Os senhores poucos, os
escravos muitos; os senhores rompendo alas, os escravos perecendo à fome; os
senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros; os senhores
tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses; os
senhores em pé, apontando para o açoite, como estátuas da soberba e da tirania,
os escravos prostrados com as mãos atadas atrás, como imagens vilíssimas da
servidão e espetáculos da extrema miséria" (ib. p. 64).
Interroga então o Padre Antônio Vieira:
"Estes homens não são filhos
do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do
mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e
morrem como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu?
Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão
triste, tão inimiga, tão cruel?" (ib. p. 64).
PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: "Por que o mui imparcial, desonesto e omitidor dos fatos, o padre da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO José Oscar Beozzo, omitiu estes fatos em seus livros e comentários? Será que foi meramente acidental ou proposital?... Mistérios"
Eis o que diz o Papa Gregório XVI-( 1831-1845):
"Pelas passadas de nossos predecessores, admoestamos e conjuramos por Jesus Cristo todos os fiéis, de qualquer estado e condição que sejam, para que, daqui em diante, não continuem a oprimir tão injustamente os índios, negros ou outros quaisquer homens, privando-os de seus bens ou fazendo-os escravos, nem mesmo se atrevam a dar auxílio ou favor àqueles que tal tráfico exercitam, por meio do qual os negros, como se fossem animais bravios, e não homens, são reduzidos à escravidão de qualquer maneira que seja e, sem respeito para as leis da justiça e da humanidade, comprados, vendidos e condenados aos mais duros trabalhos, além do inconveniente de eternizar as guerras, e as discórdias nos países em que se faz o comércio da escravatura, em razão da esperança do ganho com que se animam os que se ocupam na apreensão dos negros. Tudo isto, portanto, Nós reprovamos, como altamente indigno do nome de cristão, em virtude da autoridade apostólica que Nos compete e, com essa mesma autoridade, proibimos que qualquer eclesiástico ou leigo, sob qualquer pretexto que seja, se atreva a favorecer ou proteger o tráfico da escravatura ou pregar e ensinar em público ou em particular; de qualquer maneira que seja, coisa alguma contra o que nestas nossas letras se acha determinado".
Poucos decênios após o Primeiro Sínodo Diocesano do Brasil, o Papa Bento XIV, (1740 até 1758),fazendo eco a predecessores seus, houve por bem profligar (destruir) a escravatura.
A Bula "lmmensa Pastorum" assim
redigida foi endereçada aos Bispos do Brasil e de outras partes da América, a
fim de que tentassem obter melhores condições de vida para os escravos.
O documento lembra, de início, que
"Não devemos ter maior caridade do que nos preocuparmos em colocar nossa existência não só a favor dos cristãos, mas
também da escravatura e inteiramente a favor de todos os homens".
A seguir, expõe o problema:
"Por isto recebemos certas notícias não sem gravíssima tristeza de
nosso ânimo paterno, depois de tantos conselhos dados
pelos mesmos Romanos Pontífices, nossos Predecessores, depois de
Constituições publicadas prescrevendo que aos infiéis do melhor modo possível
dever-se-ia prestar trabalho, auxílio, amparo, não
descarregar injúrias, não flagelos, não ligames, não escravidão, não morte
violenta, sob gravíssimas penas e censuras eclesiásticas..."
O Pontífice ainda recorda, renova e confirma as
declarações dos Papas Paulo III em 1537, e Urbano VIII em 1639.
-O primeiro ordenou
ao Arcebispo de Toledo que protegesse os índios da América e ameaçou de excomunhão,
cuja absolvição ficaria reservada ao Papa, quem os subjugasse.
-Quanto a Urbano
VIII, estipulou severas censuras canônicas para todos os que violentassem o
livre arbítrio dos índios, convertidos ou não.
-Bento XIV chama
desumanos os atos de prepotência contra os escravos e estabelece haja
excomunhão "latae sententiae ipso facto incurrenda" (isto é,
excomunhão infligida desde que cometido o delito) e outras censuras canônicas
para os que maltratavam os índios.
E por "maus tratos aos índios" explica
o Pontífice que entende escravizar, vender, comprar, trocar, dar, separar de
suas mulheres e filhos, esbulhar, levar para outros lugares, cercear de
qualquer modo a livre ação, deter no cativeiro, como também, por qualquer
pretexto, ajudar de qualquer forma os agentes destas iniqüidades. Exorta
finalmente os Bispos a que "com diligência, zelo e caridade cumprissem a
sua tarefa".
O Marquês de Pombal, por alvará de 8/5/1758, mandou executar esta Bula em todo o Brasil apenas no tocante aos indígenas!
Na verdade, o teor do documento refere-se a todos os homens, incluídos
os de origem africana trasladados para o Brasil.
A Igreja Católica
sempre condenou a escravidão de negros, índios ou quaisquer povos. O
engraçado (aliás, trágico), é que os que acusam a Igreja de escravocrata ou de
que dizia que índios ou negros não tinham alma, não apresentam nenhuma
prova, nenhum documento de nenhum papa para provar essa acusação. Isso não
passa de teoria da conspiração inventada por anticlericais (como Voltaire, que
aliás, era traficante de escravos africanos) e esquerdistas em geral, que só
apresentam um lado da moeda.
NOVAMENTE A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: "Por que o mui imparcial, desonesto e omitidor dos fatos, o padre
da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO José Oscar Beozzo, omitiu estes fatos em seus livros
e comentários? Será que foi meramente acidental ou proposital?... Mistérios"
O próprio Marx defendia a escravidão dizendo: “O lado bom
da escravidão”:
“Permita-me dar a você um exemplo da dialética do Sr. Proudon.
A liberdade e a escravidão constituem um antagonismo. Não há nenhuma
necessidade para mim falar dos aspectos bons ou maus da liberdade. Quanto à
escravidão, não há nenhuma necessidade para mim falar de seus aspectos maus. A
única coisa que requer explanação é o lado bom da escravidão. Eu não
me refiro à escravidão indireta, a escravidão do proletariado; eu refiro-me à
escravidão direta, à escravidão dos pretos no Suriname, no Brasil, nas regiões
do sul da América do Norte. A escravidão
direta é tanto quanto o pivô em cima do qual nosso industrialismo dos dias de
hoje faz girar a maquinaria, o crédito, etc. Sem escravidão não haveria nenhum
algodão, sem algodão não haveria nenhuma indústria moderna. É a escravidão que
tem dado valor às colônias, foram as colônias que criaram o comércio mundial, e
o comércio mundial é a condição necessária para a indústria de máquina em
grande escala. Conseqüentemente, antes do comércio de escravos, as colônias
emitiram muito poucos produtos ao Mundo Velho, e não mudaram visivelmente a
cara do mundo. A
escravidão é conseqüentemente uma categoria econômica de suprema importância.
Sem escravidão, a América do Norte, a nação a mais progressista, ter-se-ia
transformado em um país patriarcal. Apenas
apague a América do Norte do mapa e você conseguirá anarquia, a deterioração
completa do comércio e da civilização moderna. Mas abolir com a escravidão seria varrer a América para fora do mapa.
Sendo uma categoria econômica, a escravidão existiu em todas as nações desde o
começo do mundo. Tudo que as nações modernas conseguiram foi disfarçar a
escravidão em casa e importá-la abertamente no Novo Mundo. Após estas reflexões
sobre escravidão, que o bom Sr. Proudhon fará? Procurará a síntese da liberdade
e da escravidão, o verdadeiro caminho dourado, em outras palavras o equilíbrio
entre a escravidão e a liberdade.”(Carta de Karl Marx a Pavel Vasilyevich Annenkov, Paris - Escrita em
28 de dezembro de 1846 Rue d'Orleans, 42, Faubourg Namur.Fonte: Marx Engels Collected
Works, vol. 38, p. 95.Editor: International Publishers (1975) - http://br.geocities.com/fusaoracial/)
Poderia citar vários
exemplos, mas estou sem tempo. Fica para a próxima.
Um abraço,
Messias
A Igreja e a escravidão no Brasil
Site: Presbíteros
Em síntese: O
Centenário da Abolição da Escravatura no Brasil ocasionou a publicação de
várias obras atinentes ao assunto, portadoras de notícias e documentos poucos
divulgados referentes à ação humanizadora da Igreja em favor dos escravos. Três
dessas obras são utilizadas nas páginas seguintes, pondo-se em relevo traços da
atitude da Igreja frente à escravatura. A ocorrência do Centenário da Abolição
no Brasil oferece-nos ocasião de voltar ao assunto, valendo-se de obras
recém-editadas sobre o mesmo e portadoras de novos dados, extraídos de
Arquivos, que põem em mais claro relevo a ação humanizante da Igreja perante o
fato escravagista.
De modo especial referimo-nos a três publicações:
1)-Cônego José
Geraldo Vidigal de Carvalho, A Escravidão. Convergências e Divergências.
Ed. Folha de Viçosa 1988.
2)-Idem: A
Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro 1988.
3)-Jaime Balmes, A
Igreja Católica em face da Escravidão, com Adendo do Côn. José Geraldo
Vidigal de Carvalho: A Igreja e a Escravidão no Brasil,
São Paulo 1988.
Estas três obras
apresentam informações e documentos pouco divulgados, que passamos a resumir ou
ocasionalmente transcrever subsequentemente:
I - O Tráfico Negro no Brasil e a Igreja
1. As tribos da
África Ocidental praticavam a venda de homens negros como escravos. Procuravam
assim os vencedores na guerra retirar algum lucro da vitória: trocavam por
dinheiro ou mercadorias os adversários prisioneiros; para estes, era preferível
ser vendidos como escravos a permanecer sob o domínio de africanos vencedores;
estes tratavam ignominiosamente os vencidos.No Brasil, a exploração das
minas e demais riquezas naturais sugeriu aos portuguesas a procura de escravos
na África – coisa, aliás que já outros povos (como, por exemplo, os árabes da
península ibérica) praticavam, para atender aos serviços da agricultura e da
indústria. Principalmente após D. Afonso, que reinou até 1453, os reis de Portugal
perderam o controle sobre a importação de escravos, de modo que os colonos
portugueses, levaram multidões de africanos para a Europa. Conseqüentemente,
também os trouxeram para o Brasil, fazendo negócios
altamente lucrativos tanto para
quem vendia como para quem comprava os negros.
2. A Igreja não se
calou diante de tais costumes. Entre os documentos que o atestam, além dos que
já foram citados em PR, existe uma carta
do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da
Sardenha, que diz:
“Há uma coisa a respeito da qual
desejamos admoestar-vos em tom paterno;
se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que
esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição
dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas
terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora
consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados,
esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim
proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor
Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que
compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas
almas” (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).
O Papa Pio II, em 7
de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus (grande
crime)¹.Em 1571 Tomás de Mercado, teólogo de Sevilha,
declarava desumana e ilícita a traficância de escravos, tanto mais que
instaurava uma luta fratricida entre os próprios africanos. Em
sua Summa de Tratos y Contratos, este autor afirmava não haver justificativa
para negócio tão infame.
3. Houve mesmo
sacerdotes que se sacrificaram, tanto no Brasil como fora, em favor dos
escravos.
Sejam citados, entre outros, os Padres Afonso Sandoval S. J.
e Pedro Claver. O primeiro foi o
pioneiro do trabalho em prol dos negros em Cartagena das Índias, porto de
tráfico no Mar das Antilhas; com grande
coragem denunciou os maus tratos de muitos traficantes; através
de seus escritos, tentou suscitar uma mentalidade antiescravagista; para melhor
trabalhar, procurou conhecer a cultura africana a fim de entender mais
perspicazmente aqueles pobres seres humanos que ele defendia. Quanto a
Pedro Claver, em 1610 chegou de Sevilha a Cartagena das Índias, onde o Pe.
Sandoval lhe ensinou o amor aos negros. Na Colômbia foi
ordenado sacerdote e passou a trabalhar com o Pe. Sandoval junto aos negros. No
ano seguinte, foi para o Peru; retornou depois a Cartagena e assumiu também as
missões entre os escravos das fazendas do interior. Durante toda a sua vida,
cuidou de cerca de trezentos mil escravos. Em 1639,
quando o Papa Urbano VIII publicou um documento em favor dos escravos, viveu
dias felizes. Todavia esse servidor dos escravos morreu paralítico, de
doença contraída nas missões da região pantanosa de Tolu e Finu, aos 8 de
setembro de 1654.
4. As Constituiçoens
primeyras do Arcebispado da Bahia (1707) mais de uma vez se voltaram para a
sorte dos escravos, procurando fazer que os senhores lhe propiciassem ou
facilitassem os bens espirituais. Assim, por exemplo, no tocante ao sacramento
do matrimônio, rezavam as Constituições:
“Conforme o direito divino e
humano, os
escravos e escravas podem casar com outras cativas ou livres e seus senhores
lhe não podem impedir o matrimônio nem o uso dele em tempo e lugar
conveniente, nem por esse respeito os podem tratar pior, nem vender para outros
lugares remotos, para onde o outro, por ser cativo ou por Ter outro justo
impedimento, o não possa seguir, e, fazendo o contrário, pecam mortalmente e
tomam sobre suas consciências culpas de seus escravos, que por este temor
se deixam muitas vezes estar e permanecer em estado de condenação” (D. Sebastião Monteiro de Vide,
Constituiçoens, título 71).
Os sacramentos da
Eucaristia e da Penitência eram de fácil acesso aos escravos, principalmente na
Quaresma, em vista do cumprimento do preceito pascal. No
concernente ao sacramento da Ordem, o impedimento para os escravos não era
racial, mas provinha da própria condição de escravos. Regozijavam-se,
porém, quando entravam em contatos com sacerdotes negros, que vinham da Costa
de Angola ou da ilha de São Tomé, onde havia um cabido de cônegos todos
negros.
5. Deve-se notar
também o papel benéfico desempenhado pelas Irmandades
de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, cujas igrejas eram
pontos de encontro de escravos e livres; aí cultuavam a Deus e faziam suas
devoções como também exprimiam suas aspirações e deixavam via à tona seus
íntimos sentimentos.Dentre os Estatutos dessas Confrarias merecem destaque
alguns tópicos como os seguintes:
“Toda pessoa, preta ou branca, de um ou outro
sexo, forro ou cativo, de qualquer nação que seja, que quiser ser Irmão
desta irmandade, irá à mesa ou à casa do Escrivão da Irmandade pedir-lhe faça
assento de Irmandade” (cap. I do Compromisso da Irmandade da Paróquia do Pilar de Ouro Preto).
O capítulo II do mesmo Compromisso reza:
“Haverá nesta Irmandade um Rei e uma Rainha, ambos pretos, de qualquer
nação que sejam, os quais serão eleitos todos os anos em mesa a mais votos e
serão obrigados assistir com o seu estado as festividades de Nossa Senhora e
mais Santos, acompanhando no último dia atrás do pálio”.
Vê-se que nestes
textos desaparecem as diferenças raciais; além do que, escravos e livres são
equiparados entre si.
6. Descendo através
dos tempos, temos uma Carta do Papa Pio VII enviada ao
Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os
maus tratos infligidos a homens vendidos como animais; ao que acrescentava:
“Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar
como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar
ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a
esta Carta Apostólica” (citado por L. Conti, A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro, em O
Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX. Lisboa 1979, p. 337).
O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal
nos seguintes termos:
“Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é
planamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para
que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que… o vergonhoso
comércio de negros seja extirpado para o bem
da religião e do gênero humano”.
Pio VII também muito
se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a
instituição da escravatura fosse condenada e abolida.
7. Quanto à travessia
do Oceano Atlântico por parte dos escravos trazidos em navios negreiros, verifica-se
hoje que descrições de Castro Alves e outros autores são hiperbólicas e
poéticas, fugindo à realidade histórica. Os brancos
tinham interesse em prover à conservação da vida de seus escravos em condições
tão boas quanto possível, visto que os negros deviam ser oferecidos aos colonos
do Brasil, que os examinariam de perto antes de os comprar. Julga-se até que os
traficantes contratavam médicos que acompanhavam a população dos navios
negreiros.
II - Alforrias e “Mão Posta”
1. A
alforria é ato de libertar um escravo. Tal prática foi notável no
Brasil colonial não só em favor dos inválidos (como erroneamente já se disse). Havia
ocasiões propícias à concessão de alforria por parte dos senhores: festas
familiares, confecção de testamento, visitas episcopais. A alforria podia
ser concedida também como recompensa à lealdade no serviço.
Além disto, registram-se os vários casos de escravos que compravam a sua
liberdade ou a conseguiam através de padrinhos e madrinhas benfeitores.
Os libertos ajudavam
os ex-companheiros de serviço a conseguirem a sua libertação. As próprias Irmandades emprestavam dinheiro para que o
escravo se tornasse forro. Podia outrossim ocorrer a chamada
“coartação”: o escravo e o patrão estipulavam o preço do resgate, que o servo ia
pagando aos poucos; entrementes, o cativo já gozava de vários direitos do homem
livre. Mais: os escravos que denunciassem um contrabando, eram
libertados pelo Estado. Aqueles que encontrassem diamantes acima de vinte
quilates, eram alforriados.Na Bahia os negros organizaram “fundos de
empréstimos” para facilitar a compra da alforria; essas organizações foram-se
convertendo em sociedades emancipacionistas. A eficácia de tais instituições
pode-se avaliar pelo seguinte depoimento de Herbert S. Klein, doutor pela
Universidade de Chicago e autor do livro African Slavery in Latin America and the
Caribbean, onde assevera:
“Na época do primeiro censo nacional brasileiro,
em 1872, havia 4,2 milhões de pessoas de cor livres e 1,5 milhão de escravos.
As pessoas de cor livres não apenas ultrapassavam em número os 3,8 milhões de
brancos, mas também representavam 43% da população brasileira, de 10 milhões de
habitantes. Tudo isto mais de uma década antes da abolição da escravatura” (pp.
241-3).
A Igreja incentivou as formas de libertação dos cativos,
como bem dizia D. Pedro Maria de Lacerda, bispo do Rio de Janeiro:
“Provemos que os aplausos tantas vezes dados a quem dava alforria, eram
aplausos sinceros, nascidos de um coração ansioso de ver a liberdade refulgir
mais e mais entre os homens à sombra da Cruz”
(Carta Pastoral anunciando a Lei nº 2040 de 27/09/1871).
2. A Manu
posita (Mão posta) era a prática de angariar recursos para
redimir cativos por parte de pessoas caridosas; estas eram chamadas
“manuposteiros”. Constituiam associações com o Seu Regimento; os membros dessas
entidades tinham cada qual a sua função: ora a de esmolér, que pedia donativos
por ocasião das festas ou nas fazendas, nas igrejas, nas ermida, etc. ora a de
escriturar as receitas (escrivães), ora a de guardá-las e distribui-las na
qualidade de tesoureiro…
Aliás, existiam na
Igreja a Ordem da SS. Trindade, desde 1198, e a dos Mercedários ou Nolascos
desde 1222, destinadas a redimir os cativos detidos pelos Sarracenos.Os
Trinitários e os Mercedários suscitaram, por seu trabalho, uma mentalidade
anticativeiro, que se exprimiu no Brasil através dos manuposteiros. Assim
descreve o historiador Vítor Ribeiro a solenidade do resgate realizada pelas
Ordens Religiosas:
“Era revestida de pompas
estranhas a expedição de resgates. Os redentores, depois de terem recolhido as
esmolas em cofre especial, despediam-se de El-Rey e do seu convento, deixavam
crescer longas barbas, embarcavam com o
cofre, e iam à Mauritânia expor-se a mil
perigos, vexames e emboscadas com a cautela que a experiência lhes ia
aconselhando; negociavam os resgates por intermédio do governo de Bey ou das
autoridades e, por fim, conseguindo libertar os cativos, reconduziam-nos ao
reino, onde faziam e publicavam longas listas de resgates, com os nomes,
idades, naturalidades, condições de cativeiro e libertação e custo dos resgates.
Depois, em dia aprazado, fazia-se em Lisboa solene procissão em que entravam
várias Ordens e Confrarias,
especialmente a da Misericórdia e a Nossa Senhora do Resgate, a qual dava volta
à Igreja velha da Misericórdia e regressava ao convento” (cf. História de Portugal, vol. IV , Damião Peres (Dir.) Barcellos,
Portucalense Editora 1932, p. 565).
O Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro Maria de Lacerda, em
1871 escrevia na sua Carta Pastoral referente à Lei do Ventre Livre:
“A Igreja Católica alegra-se
imensamente à vista do que acaba de realizar-se entre nós. E como não? Por ventura não é a Igreja Católica que deu ao mundo São
João da Mata e que aprovou a Ordem dos seus Religiosos da Santíssima Trindade,
cujo fim principal foi resgatar os que gemiam cativos em poder dos Sarracenos?
Não foi a Igreja Católica que aprovou a Ordem dos Religiosos das Mercês,
instituída por São Pedro Nolasco com o fim de resgatar os cativos que viviam sob
o poder dos infiéis, obrigando-os a um heroísmo assombroso de caridade,
ligando-os com um solene voto a se deixarem eles mesmos em ferros como penhora
e reféns, se tanto fosse preciso para o resgate dos Cristãos? E a Igreja
Católica não celebra há tantos séculos a 24 de setembro de cada ano a
instituição dessa heróica Ordem Religiosa, criada por inspiração de Maria
Santíssima, a quem a Igreja reconhece tanti operis Institutricem? E graças a
Deus, no quinto dia dentro do oitavário desta festa é que a nova lei brasileira
foi sancionada
pela Augusta princesa Imperial Regente”.
Os frutos da
mentalidade humanitária despertada pelo Cristianismo são atestados por vários
relatos de viajantes e cronistas que passaram pelo Brasil. Entre outros, merece
atenção Henry Koster. Filho de ingleses, nascido em Portugal, chegou ao Brasil
em 1809. No seu livro Travels in Brazil relata viagens ao Nordeste e refere-se
à condição dos escravos. Atesta Koster:
“Os escravos no Brasil gozam de maiores vantagens que seus
irmãos nas colônias britânicas. Os numerosos dias santos para os quais a Religião Católica
exige observância, dão ao escravo muitos dias de repouso ou tempo para
trabalhar em seu proveito próprio. Em trinta e cinco desses dias e mais
nos domingos é-lhes permitido empregar seu tempo como
lhes agradar”.
Atribui à opinião
pública força suficiente para obstar que os senhores diminuíssem o número
destes dias, o que revela uma mentalidade altamente humanitária da sociedade de
então.Desce Koster a detalhes sobre as alforrias, porta aberta para a
libertação dos cativos.Destaca o papel não relevante das associações
religiosas:
“Os escravos possuem sua Irmandade como as pessoas livres, e a ambição que empolga geralmente o escravo é ser admitido
numa dessas confrarias, e ser um dos oficiais ou diretores do conselho
da sociedade”
Focaliza a terna devoção dos cativos a Nossa Senhora do
Rosário:
“Algumas vezes, pintada com a
face e as mãos negras. Ressalta que os reis do Congo brasileiro invocam a Nossa
Senhora do Rosário e são vestidos como vestem os brancos. Conservam, é verdade, a dança do seu país, mas nessas festas são
admitidos pretos africanos de outras nações. É que
tribos de diversas regiões africanas, muitas até rivais na África, aqui se
irmanavam sob o signo da Mãe comum, a Virgem Maria, que tanto amavam
e veneravam”.
Que os escravos eram respeitados se deduz deste assento:
“Os escravos no Brasil são regularmente casados de acordo com
as fórmulas da Igreja Católica. Os proclamas são publicados como se fossem para
pessoas livres. Tenho visto vários casais
felizes (tão felizes quanto podem ser os escravos), com grande número de filhos
crescendo ao redor deles”.
Nota ainda Koster que:
Era permitido que os escravos se casassem com
pessoas livres. Se a mulher era escrava, o filho permanecia cativo; mas se o homem era escravo e a mulher forra, o filho era também
livre.
NOVAMENTE A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: "Por que o mui imparcial, desonesto e omitidor dos fatos, o padre
da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO José Oscar Beozzo, omitiu estes fatos em seus livros
e comentários? Será que foi meramente acidental ou proposital?... Mistérios"
A GRANDE VERDADE É QUE SE NÃO FOSSE A IGREJA CATÓLICA,
AINDA HAVERIA ESCRAVIDÃO – VEJA ESTA CRONOLOGIA:
- Em 13 de
Janeiro de 1435,
através da bula Sicut Dudum,[2] o papa Eugénio IV mandou restituir à liberdade os
captivos das ilhas Canárias.
-Em 1462, o
papa Pio II (1458-1464) deu instruções aos bispos contra “La tratta
dei Negri” proveniente da Etiópia; o papa Leão X (1513-1521) despachou no mesmo
sentido para os reinos de Portugal e Espanha.
-Em 1537, o
papa Paulo III (1534-1549), através da bula Sublimus Dei[3] (23 de
Maio) e da encíclica Veritas ipsa[4] (9 de Junho), lembrava aos cristãos que os
índios “das partes ocidentais, e os do meio-dia, e demais gentes”, eram seres
livres por natureza.
- O papa
Gregório XIV (1590-1591) publicou a Cum Sicuti[5] (1591) e, nos
séculos seguintes, contra a escravidão e o tráfico se pronunciam também os
papas Urbano VIII (1623-1644), na Commissum Nobis[6] (1639) e Bento XIV
(1740-1758) na Immensa Pastorum[7] (1741).
-No século XIX, no mesmo sentido se
pronunciou o papa Gregório XVI (1831-1846): “Aos escravos pertencem os sábados
de cada semana para providenciar sua própria subsistência, além dos domingos e
dias santificados. Os que são diligentes raramente deixam de comprar sua
liberdade. Os monges não guardam interferência alguma quanto às roçarias dadas aos
escravos, e quando um desses morre ou obtém sua alforria, permitem que leguem
seu pedaço de terra a qualquer companheiro de sua escolha. Os escravos
alquebrados são carinhosamente providos de alimento e roupa”. (Grifo nosso).
Testemunha ainda que muitos agricultores tratavam sua
escravaria com carinho. Aliás, alega textualmente:
“Embora os negros sejam
sustentados por seus amos, existindo
terras com abundância, permitem aos escravos plantar o que quiserem e vender as
colheitas a quem lhes aprouver. Muitos criam galinhas e porcos e,
ocasionalmente, um cavalo para alugar e possuir o dinheiro assim obtido” (Transcrito do livro de J. Balmes: A Igreja
Católica em face da Escravidão, pp. 108-110).
São estes alguns
aspectos da história da escravidão no Brasil que devem ser postos em relevo
para que se tenha uma visão tão objetiva e fiel quanto possível do período
analisado.
III – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
É necessário, sim,
reconhecer o passado com realismo e veracidade. Mas não se pode esquecer o
presente ainda trágico, que a humanidade vive, trazendo até hoje a chaga da
escravatura, embora dissimulada ou elegantemente rotulada. Eis, a
propósito, o que se refere na imprensa de nossos dias:
-O Mundo tem 200
milhões de crianças escravas. Londres – Em alguns países podem ser comprados
pelo equivalente a apenas US$ 15 e em outros trabalham até 20 horas por dia.
Não se trata dos robôs produzidos pela moderna tecnologia, mas de vítimas de um
comércio que se acreditava há muito desaparecido: a escravidão de crianças.
-Segundo a Sociedade
contra a Escravidão, que tem sede em Londres, há no mundo pelos menos 200
milhões de crianças escravas, trabalhando em fazendas, fábricas, na indústria
do sexo, esgotando-se em longos expedientes, freqüentemente maltratadas e
sempre pagas com migalhas.
-No livro “Crianças
escravizadas”, recentemente lançado, Roger Swayer, de 57 anos, doutor em
História, afirma que há no mundo mais escravos hoje que durante o século
passado, quando a escravidão se tornou ilegal. Autor de muitas outras sobre a
escravidão, ele explica que aparece até como participação forçada das vítimas
em conflitos bélicos.Swayer descreveu em seu livro as condições imperantes numa
fábrica do norte da Índia, onde foram libertadas 27 crianças. Algumas haviam
sido seqüestradas, outras vendidas por mães desesperadas para receber algumas
rúpias imprescindíveis a alimentar o resto da família e outras “hipotecadas” a
prestamistas que os parentes das vítimas utilizam para adquirir comida.
“Qualquer tentativa para escapar dos estreitos limites de uma jornada de
trabalho de 20 horas era reprimida por golpes com uma vara de ferro ou bambu, e
a penalidade por chorar era ser golpeado por uma pedra envolta de pano. O castigo por tentar fugir
era ser pendurado numa árvore de cabeça para baixo”.
-Na Europa e nos Estados Unidos, as
crianças-escravas trabalham fundamentalmente para a indústria de sexo:
“O sofrimento físico das crianças
utilizadas na indústria do cinema pornô, na prostituição e no tráfico de
narcóticos faz com que, comparadas às
crianças do Terceiro Mundo, pareçam privilegiadas”, escreveu Swayer, segundo
quem a prostituição infantil e juvenil está proliferando em Paris, Nova York e
Londres. Somente em Paris, segundo especialistas, existem 8.000 crianças de
ambos os sexos dedicadas à prostituição, em sua maioria provenientes da Argélia
e Marrocos. Em várias grandes cidades dos Estados Unidos existem os
denominados “cavalariços”, meninos de entre 12 e 14 anos que praticam a
prostituição” (O Globo, 25/07/88, p. 12).
Como se vê, ainda mais importante do que censurar o passado é considerar o presente e dar-lhe os remédios de que carece para evitar a persistência da escravatura em nossos dias.
Na verdade, somente a fé em Deus, que suscita o amor ao próximo, é
capaz de conter a onda de erotismo e ganância que degradam o ser humano em
nossos tempos. Possa, pois, o passado servir de escola e advertência ao
presente, contribuindo para despertar a consciência do homem contemporâneo para
uma das grandes nódoas do momento.
ENCERRAMOS NOVAMENTE COM A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: "Por que o mui imparcial (sqn), desonesto e omitidor dos fatos, o padre
da TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO José Oscar Beozzo, omitiu estes fatos em seus livros
e comentários? Será que foi meramente acidental, POR DESCONHECIMENTO, ou foi proposital?... Mistérios"
BIBLIOGRAFIA:
-http://www.presbiteros.com.br/site/a-igreja-e-a-escravidao-no-brasil-2/
-TERRA, JOÃO EVANGELISTA MARTINS, A Igreja e o Negro no
Brasil. Ed. Loyola 1983.
-PR 274/1984, pp. 240-247
-PR 267/1983, pp. 106-132.
-Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador: João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.
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