por *Francisco José Barros de Araújo
a "FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA" DA DOUTRINA CATÓLICA
A doutrina da Igreja Católica, ou simplesmente a doutrina católica, é constituída por um conjunto de crenças, ensinamentos, preceitos e de leis que fundamentam a Igreja Católica Apostólica Romana
Segundo o Catecismo de São Pio X (ainda válido), a doutrina católica "é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação" e da vida eterna. - "As partes principais e mais necessárias da Doutrina […] são quatro:
1)-O Credo (em que cremos, e porque cremos? A transmissão da fé)
2)-O Pai-Nosso (os 7 pedidos perfeitos - A oração do Sr)
3)-Os 10 Mandamentos (relações com Deus e o próximo)
4)-Os Sacramentos (a vida na graça e as virtudes)
A Igreja Católica ensina que tudo aquilo em que crê foi sendo revelado por Deus ao longo da história, alcançando sua plenitude em Jesus Cristo, o Filho de Deus, o Messias e Salvador da humanidade. Toda a doutrina católica tem sua base nessa Revelação, mas a compreensão dela é progressiva: exige estudo e reflexão contínuos da Teologia, sempre em fidelidade àquilo que Deus revelou e sob a orientação segura do Magistério da Igreja. Para os católicos, a fé não é apenas acreditar em Deus de maneira teórica, mas entregar-se a Ele de forma livre, total e amorosa, oferecendo a adesão da inteligência e da vontade à Sua Palavra. Essa Revelação divina chega até nós por meio da Igreja, especialmente através da Sagrada Tradição. A fé verdadeira, como ensina São Paulo, “opera pela caridade” (Gl 5,6). Por isso, o caminho de santificação de um católico não se limita a receber os sacramentos, mas inclui também o esforço diário de conhecer e cumprir a vontade de Deus. Isso se realiza vivendo os mandamentos do amor ensinados por Cristo, praticando boas obras e seguindo as orientações de vida que a Igreja, fundada por Jesus, continua a transmitir até hoje. Essa entrega a Deus tem como objetivo último a salvação e a realização do Reino de Deus. Nesse Reino, após a ressurreição dos mortos e o fim dos tempos, o mal deixará de existir e os justos viverão eternamente em Deus, com Deus e junto de Deus.
As principais verdades
da fé encontram-se expressas e resumidas no Credo dos Apóstolos, no Credo
Niceno-Constantinopolitano e também em variadíssimos documentos da Igreja, como
por exemplo no "Catecismo da Igreja Católica" (CIC). Actualmente,
para um acesso e compreensão mais fácil à doutrina, encontra-se também a
síntese do CIC, designada por "Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica" .
1) Sobre os Dogmas (verdades de fé)
A Igreja Católica, assim como as demais Igrejas cristãs, professa um vasto conjunto de doutrinas. No entanto, nem todas ocupam o mesmo nível de importância: existe entre elas uma verdadeira hierarquia, de acordo com a ligação que cada uma possui com o fundamento da fé cristã.Dentro dessa hierarquia, destacam-se os dogmas, que são verdades de fé definitivas, infalíveis e imutáveis. Não podem ser colocados em dúvida, pois estão contidos, de modo explícito ou implícito, na Revelação divina, ou mantêm com ela uma ligação necessária. Por isso, os dogmas constituem o alicerce de toda a doutrina católica.Os dogmas são proclamados solenemente pelo Supremo Magistério da Igreja — seja pelo Papa, seja por um Concílio ecumênico em união com o Papa. Uma vez definidos, não podem ser revogados nem mesmo por outro Papa ou Concílio (cf. Mt 16,19). O fiel católico, portanto, tem o dever de aderir a eles com fé firme e irrevogável (cf. Lc 10,16).Além dos dogmas, a Igreja também reconhece outras verdades que ainda não foram proclamadas como tais, mas que estão em processo de reflexão e amadurecimento. Elas se dividem em três categorias:
a) Verdades de fé – já são objeto de crença e veneração por toda a Igreja, mesmo sem terem ainda recebido a definição solene como dogma. Podem ser aprofundadas e melhor compreendidas ao longo do tempo.
b) Verdades próximas da fé – estão muito próximas de serem reconhecidas como verdades de fé, sendo quase dogmas em potencial.
c) Hipóteses teológicas – são ideias ou teorias que a Igreja não assume oficialmente, mas que podem ser livremente aceitas ou rejeitadas pelos fiéis, sem prejuízo para a fé. Permanecem como campo de estudo e reflexão dos teólogos.
2) Ortodoxia, Heterodoxia e Heresias
A ortodoxia é o conjunto da doutrina oficial proposta e ensinada pelo Magistério da Igreja. No entanto, ao longo da história, surgiram versões teológicas heterodoxas, que se afastam desse ensinamento normativo.
Um exemplo atual bastante discutido é a teologia da libertação, que contém elementos que divergem do ensino oficial da Igreja. Em alguns casos, tais desvios podem ser tolerados enquanto a Igreja avalia seus limites e consequências. Em outros, podem ser corrigidos ou condenados em parte ou totalmente. Entretanto, é importante notar que nem toda doutrina heterodoxa é considerada heresia. A heresia ocorre apenas quando há uma negação direta e consciente de um dogma ou de uma verdade fundamental da fé. Já as correntes heterodoxas, mesmo quando criticadas ou corrigidas, não atacam necessariamente o núcleo da fé católica.
3)-Revelação divina e a "sagrada Tradição" (apostólica/patrística)
Segundo a fé católica, Deus se revela por meio de acontecimentos e palavras, manifestando o Seu plano de salvação em Cristo. Essa Revelação, iniciada desde a criação e o Antigo Testamento, foi plenamente realizada em Jesus e não haverá outra até a Sua volta na Parusia.Embora completa, essa Revelação ainda precisa ser compreendida cada vez melhor pela Igreja ao longo dos séculos. Ela é transmitida fielmente pela Igreja sob duas formas inseparáveis:
-Tradição oral: testemunho dos Apóstolos sobre Cristo, transmitido aos bispos e preservado até hoje.
-Tradição escrita (Sagrada Escritura): registro inspirado por Deus, formado pelos 73 livros da Bíblia.
Nem tudo foi escrito, por isso muitos ensinamentos continuam a ser transmitidos pela Igreja através dos costumes, da liturgia e do Magistério.
As chamadas revelações privadas (como aparições marianas) podem ajudar os fiéis em sua vivência da fé, mas não fazem parte do depósito da fé e não podem corrigir ou superar a Revelação definitiva em Cristo.
4) Magistério da Igreja e desenvolvimento da Doutrina
A Igreja, guiada pelo Espírito Santo, tem a missão de interpretar a Revelação. Esse poder de ensinar chama-se Magistério. Ele garante que tanto a Tradição oral quanto a escrita sejam recebidas com igual respeito.Embora a Revelação seja imutável, sua compreensão cresce ao longo dos séculos — o que se chama desenvolvimento da doutrina. Isso não cria novas verdades, mas aprofunda aspectos já contidos na fé. Esse processo se dá por meio de teólogos, concílios, Papas e bispos, sempre sob a luz do Espírito Santo.Quando uma verdade é definida como dogma, torna-se definitiva e não pode ser negada, nem mesmo por um Papa ou Concílio.
5) Notas históricas sobre a formulação do Magistério
-Concílios dos primeiros séculos: Niceia (325), Constantinopla (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451) definiram os dogmas sobre Cristo, a Trindade e a salvação, resumidos no Credo.
-Santo Agostinho (séc. V): aprofundou a doutrina do pecado original e da graça.
-São Tomás de Aquino (séc. XIII): afirmou a harmonia entre fé e razão.
-Concílio de Trento (1545–1563): reafirmou os sacramentos e a presença real de Cristo na Eucaristia contra a Reforma Protestante.
-Dogmas marianos: Imaculada Conceição (1854), Assunção de Maria (1950).
-Concílio Vaticano II (1962–1965): não proclamou novos dogmas, mas orientou a Igreja para o diálogo com o mundo moderno, a liturgia, o ecumenismo e o papel dos leigos.
6) Doutrina e conhecimento científico – Fé e Razão
A Igreja ensina que a Bíblia contém verdades teológicas, mas nem sempre históricas ou científicas. Muitas passagens, como o Gênesis, devem ser lidas de modo alegórico, respeitando o contexto da época.
Seguindo Santo Agostinho e São Tomás, a Igreja afirma que fé e razão não se contradizem, pois ambas vêm de Deus. Por isso, aceita a compatibilidade da criação divina com teorias modernas, como o Big Bang e a evolução. Contudo, ainda há divergências em temas éticos, como: início e fim da vida, clonagem, contracepção, fertilização artificial e uso de células-tronco embrionárias.
7) Deus Uno e Trino
A Igreja professa um único Deus, Criador de todas as coisas, onipotente, onipresente e onisciente. Ele é amor e verdade, e deseja salvar toda a humanidade.Esse Deus único é Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Três Pessoas distintas, mas uma só natureza divina, em perfeita comunhão de amor. Este é o mistério da Santíssima Trindade, centro da fé católica.
8) Deus Pai: Criador e sustentador do mundo
Deus Pai é a primeira Pessoa da Trindade, origem sem origem, princípio e fim de todas as coisas. Ele é amoroso e misericordioso, sempre disposto a salvar e perdoar os homens.Embora o Pai seja especialmente associado à criação, o Filho e o Espírito Santo também participaram desse ato divino.
O Credo Niceno-Constantinopolitano proclama:
"Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis."
9)-Criação Invisível aos olhos humanos: O mundo e
Anjos!
O mundo, que é bom,
ordenado e amado por Deus, foi criado "livremente, com sabedoria e
amor", a partir do nada (2Mac 7,28), para que Deus possa "manifestar
e comunicar a sua bondade, verdade, beleza" e amor supremos. A obra da
criação culmina na obra ainda maior da salvação, por isso "o fim último da
criação", nomeadamente da humanidade, "é que Deus, em Cristo, possa
ser «tudo em todos» (1 Cor 15,28)" no seu eterno Reino.
A criação é constituída
por "seres espirituais", que são os anjos, e por "seres
materiais", que constituem o "mundo visível" ou o mundo
natural. Os anjos são seres pessoais "puramente espirituais,
incorpóreas, invisíveis, imortais" e inteligentes. Eles servem e obedecem à
vontade de Deus, especialmente "no cumprimento da missão de salvação, em
prol de todos os homens". Segundo São Basílio Magno, «cada fiel tem ao seu
lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à vida», sendo estes
protetores chamados de anjos da guarda.
Segundo a doutrina
católica, o Gênesis, ao narrar que o mundo foi criado em «seis dias» por Deus,
quer acima de tudo revelar à humanidade "o valor dos seres criados e a sua
finalidade de louvor" e serviço a Deus, dando particular destaque ao valor
do Homem,[68] que é "o vértice da criação visível". Logo, a
Igreja Católica, corroborando com a ideia de Santo Agostinho, admite a
possibilidade de o mundo não ser criado literalmente em apenas seis dias de 24 hs.
10)-a queda dos anjos: o demônio e O "MaU moral"
No princípio do mundo, ocorreu a chamada queda dos anjos, que consiste na rebelião de um grupo de anjos, liderado por Satanás (ou Lúcifer). Eles, sendo "criados bons por Deus", transformaram-se em demónios, "porque, mediante uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino, dando assim origem ao Inferno". Eles, o símbolo do mal, "procuram associar o homem à sua rebelião […]; mas Deus afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno", que se irá realizar plenamente no fim dos tempos, quando o Mal acabará por desaparecer. A Igreja ensina que o mal "é uma certa falta, limitação ou distorção do bem", e é ainda a causa do sofrimento humano, que "está na interação do bem e do mal no mundo" e que "está enredado no mistério da liberdade humana".Os católicos professam que a existência do Mal é um grande mistério, mas eles têm a certeza de que Deus, sendo bom e omnipotente, não pode nunca ser a causa e origem do Mal. Eles têm fé de que Deus "não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse o bem". O exemplo mais marcante disso seria "a morte e ressurreição de Cristo", que, sendo o maior mal moral, trouxe a salvação para a humanidade.
11)-O Homem: a sua Queda, o Pecado original e pessoal
O homem foi "criado à imagem e semelhança de Deus", significando que, ao contrário de todas as criaturas, ele "tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa, mas alguém capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas", sendo por isso chamado à santidade e à bem-aventurança (felicidade) eternas. Segundo o Gênesis, que pode ser interpretada como uma alegoria, todo o género humano é descendente de Adão e Eva, o primeiro casal da Terra.
Ambos têm "uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo", vivem "numa complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino". Logo, são chamados a serem "um para o outro", formando um matrimónio indissolúvel de «uma só carne» (Gn 2, 24), e também "a transmitir a vida humana […] e a dominar a Terra como «administradores» de Deus", daí a grande responsabilidade do Homem no eterno projeto ou plano de Deus.Na perspectiva católica, o homem é "ao mesmo tempo corpóreo e espiritual", sendo o corpo mortal mas a alma imortal. Isto porque a alma "é criada diretamente por Deus", por isso ela "voltará a unir-se novamente ao corpo, no momento da ressurreição final". Segundo o projeto inicial de Deus, todo o género humano não devia "nem sofrer nem morrer", mas sim, viver eternamente em santidade e junto de Deus.
Mas, Adão e Eva, como eram livres e por isso sucumbiram à tentação do Diabo, comeram o fruto proibido, desobedecendo assim a Deus e querendo "tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn 3, 5)". Assim, eles perderam a sua santidade original e cometeram o seu primeiro pecado, dando origem ao pecado original.Além disso, eles espalharam este pecado a todos os homens, que são seus descendentes, fazendo com que todos passassem a morrer, a cometer muitos pecados, a sofrer e a serem ignorantes.Mas, felizmente, "Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo contrário, pré-anunciou de modo misterioso que o mal seria vencido". É o primeiro anúncio da vinda de Jesus, o Salvador, que, entre outras coisas, instituiu o Baptismo para a remissão (mas não a eliminação) do pecado original e de outros pecados.
12)-Deus Filho: "Jesus Cristo, o nosso senhor, Salvador, e libertador do pecado!"
Jesus Cristo é a figura central do Cristianismo, porque, por vontade de Deus Pai,Ele encarnou-se (veio à Terra) para anunciar a salvação e as Bem-aventuranças à humanidade inteira, "ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4)"; e para "anunciar as boas novas do Reino de Deus"... Santo Atanásio, um famoso Padre e Doutor da Igreja, afirmou que Jesus, "o Filho de Deus, Se fez homem, para nos fazer Deus", ou seja, para nos tornarmos santos como Deus.Jesus (do hebraico, Yeshua), que significa "Deus Salva",[86] é o o «Messias» (em hebraico) ou o «Cristo» (em grego), porque é o «Ungido do Senhor». Mais especificamente, Ele é consagrado por Deus Pai e ungido pelo Espírito Santo para a sua missão salvífica. Para os cristãos, Ele aceitou o título de Messias e exprimiu o seu verdadeiro significado e sentido para toda a Humanidade: Jesus, «descido do céu» (Jo 3,13), foi crucificado e depois ressuscitado, e é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate pela multidão» (Mt 20,28).O Credo Niceno-Constantinopolitano (texto aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa) faz referência a Jesus Cristo:
"Creio em um só Senhor,
Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de
todos os séculos:
Deus de Deus, luz da
luz,
Deus verdadeiro de Deus
verdadeiro;
gerado, não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas
foram feitas.
E por nós, homens, e
para nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito
Santo,
no seio da Virgem Maria.
e se fez homem.
Também por nós foi
crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro
dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde
está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua
glória
para julgar os vivos e
os mortos;
e o seu Reino não terá
fim."
13)-sobre Natureza divino-humana de Jesus e o seu nascimento na plenitude dos tempos!
O dogma cristológico ensina que Jesus Cristo, Nosso Senhor,é a encarnação do Verbo divino,[88] verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Salvador e Bom Pastor da Humanidade.Ele é também «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, porque, "no momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu «Filho predilecto»". Aliás, Jesus Cristo apresenta-se a Si mesmo como o Filho que «conhece o Pai» (Mt 11,27), afirmando assim "a Sua relação única e eterna com Deus Seu Pai". Por isso, ele é o único e verdadeiro Sumo Sacerdote e Mediador entre os homens e o Pai que está nos céus, chegando a afirmar que "«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6)".[92]. Jesus, sendo Deus, rebaixou-se da sua condição divina para ser um homem, tendo aprendido, tal como as outras pessoas, muitas coisas através da experiência e da sua inteligência humana, apesar de conhecer íntima e plenamente os desígnios eternos de Deus e logo a Sua infinita sabedoria. Segundo o dogma mariológico, Jesus foi concebido virginalmente no seio da Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo. Ele nasceu em Belém, na Palestina, no tempo de Herodes, o Grande e do imperador romano Otávio César Augusto. Jesus procede de Deus Pai e é eternamente consubstancial (pertencente à mesma natureza e substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado porque encarnou-se, assumindo a Sua natureza humana. Jesus é considerado o filho perfeito porque subordinou a sua vontade humana à vontade divina do Pai, que consiste na salvação de toda a humanidade. Por isso, é-lhe atribuído a redenção do mundo.
14)-Ministério e ensinamentos de Jesus
O ministério público de Jesus começou após o Seu batismo no Jordão e se estendeu por cerca de três anos. Nesse período, Ele percorreu principalmente a Galileia, a Samaria e a Judeia, anunciando que o Reino de Deus estava próximo. Seus ensinamentos se resumiam na chamada à conversão, ao arrependimento dos pecados e à fé em Deus. Entre as suas pregações mais marcantes estão o Sermão da Montanha, onde ensinou as Bem-aventuranças, e a oração do Pai-Nosso, modelo de oração cristã. Jesus também ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, apresentando este duplo mandamento como o centro da Lei e dos Profetas. Seus milagres — curas, exorcismos, a multiplicação dos pães, a transformação da água em vinho e até a ressurreição de mortos — confirmavam a autoridade da sua palavra e manifestavam a misericórdia e o poder de Deus. Cristo também revelou um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12), que é a essência do Evangelho e o caminho da verdadeira vida cristã.
15) Jesus e o Antigo Testamento
No Antigo Testamento, Deus anunciou a vinda do Messias por meio dos profetas, especialmente Isaías. A Igreja ensina que Jesus é o cumprimento dessas profecias: Ele não veio abolir a Lei e os Profetas, mas levá-los à perfeição (Mt 5,17). Em Cristo, a antiga Aliança foi renovada e instaurado o Novo Testamento, unindo continuidade e novidade no plano divino.
16) Mistério Pascal e Salvação
Jesus amou tanto a humanidade que entregou livremente a sua vida na cruz para vencer o pecado e abrir o caminho da salvação. Ressuscitou ao terceiro dia, vencendo também a morte e oferecendo a todos a esperança da ressurreição. Após quarenta dias de convivência com os Apóstolos, ascendeu ao Céu, prometendo o Espírito Santo, que veio no Pentecostes. Hoje, Ele permanece vivo na sua Igreja e de modo especial na Eucaristia, até que volte em glória no fim dos tempos.
17) Deus Espírito Santo: Guardião e Santificador da Igreja
O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, sendo o Amor divino derramado sobre os homens. Revelou-se plenamente em Pentecostes e desde então guia, anima e santifica a Igreja. Ele concede a vida nova dos filhos de Deus, une os fiéis num só Corpo Místico e inspira a oração. Foi o Espírito que concebeu Cristo no seio de Maria, que falou pelos profetas e que continua a conduzir a Igreja com seus dons e graças.Credo Niceno-Constantinopolitano:
“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, que procede do Pai e do Filho, e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, Ele que falou pelos profetas…”
18) A Oração Cristã
A oração é encontro vivo entre Deus e o homem, expressão do desejo humano de Deus e da sede de Deus por nós. É diálogo, louvor, súplica e ação de graças, e pode transformar a história. Não é passiva, mas exige decisão, perseverança e combate espiritual contra distrações e tentações.
19) Oração no Antigo e Novo Testamentos
No Antigo Testamento, a oração esteve presente na vida dos patriarcas, reis e profetas, sendo os Salmos sua expressão mais forte. No Novo Testamento, Jesus é o modelo perfeito de oração: rezava em momentos decisivos e ensinou os discípulos a rezar com confiança. Ele próprio ordena: “Pedi e recebereis” (Jo 16,24).
20) Oração na vida da Igreja
O Espírito Santo é o mestre interior da oração, conduzindo a Igreja à união com Cristo. A liturgia, sobretudo a Eucaristia e a Liturgia das Horas, é a oração oficial da Igreja, à qual se unem as devoções populares, como o Rosário.As formas essenciais da oração cristã são: bênção e adoração, petição e intercessão, ação de graças e louvor. A devoção a Maria, aos Anjos e aos Santos como intercessores também faz parte da vida de oração. Como dizia São Pio de Pietrelcina: “Reza e espera. Deus é misericórdia e escutará tua oração. Ela é a chave que abre o coração de Deus.”
21) Pai-Nosso: Síntese do Evangelho
No Sermão da Montanha, Jesus ensinou o Pai-Nosso, considerada a oração perfeita. Nela, os cristãos pedem a santificação do Nome de Deus, a vinda do Seu Reino, a realização da Sua vontade, o pão de cada dia, o perdão, a força contra a tentação e a libertação do Maligno. Rezar o Pai-Nosso é reconhecer Deus como Pai e viver como filhos, unidos a Cristo no Espírito Santo. Por isso, esta oração é chamada a síntese de todo o Evangelho e continua sendo a oração central da Igreja.
22)- Igreja: Corpo de Cristo e semente do Reino de Deus
Jesus confiou a São Pedro as chaves do Reino e, com ele, aos Papas e bispos que o sucedem. A Igreja é o povo reunido por Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito Santo. Nela subsiste a única Igreja fundada por Cristo, dotada da plenitude dos sacramentos para a salvação. Sua missão é santificar e anunciar o Evangelho a todas as nações, conforme o mandato de Jesus (Mt 28,19). No Credo, professamos que a Igreja é una, santa, católica e apostólica, além de ser chamada de Esposa de Cristo.
23) Organização hierárquica e regional
A Igreja é formada por clérigos e leigos, com diversos consagrados em ordens e institutos. Sua hierarquia tem três graus: diáconos, presbíteros e bispos, sendo o Papa sucessor de Pedro e Vigário de Cristo na Terra. Existem 23 Igrejas sui juris (latina e orientais), com tradições próprias, mas unidas na mesma fé e em comunhão com o Papa. No dia a dia, a vida cristã é vivida principalmente na paróquia, sob o cuidado do pároco.
24) Cultos católicos
-O culto central é a adoração dada somente a Deus (latria).
-A Igreja também pratica a veneração (honra) dos santos (dulia): "Dai honra a quem merece honra" - é um princípio bíblico, do apóstolo Paulo aos Romanos (Romanos 13,7) que a igreja acatou.
-E a especial veneração a Maria (hiperdulia): "todas as gerações me chamarão bem-aventurada" é parte do Cântico de Maria (ou Magnificat), encontrado no Evangelho de Lucas 1, 48-50 que a Igreja também acatou em suas festas.
Isso se expressa tanto na liturgia oficial (como a Missa e a Liturgia das Horas) quanto na piedade popular (orações e devoções). A veneração de imagens e relíquias é permitida, pois remetem ao amor a Cristo e aos santos.
25) Liturgia católica
A liturgia é a celebração pública do mistério de Cristo, sobretudo de sua Páscoa. O ponto central é a Eucaristia, fonte e cume da vida cristã, onde Cristo continua sua obra de redenção. Pela liturgia, a Igreja oferece culto a Deus e santifica os fiéis por meio dos sacramentos. Ela é celebrada especialmente no Domingo e na Páscoa, mas assume formas diversas segundo as tradições das Igrejas particulares.
26) Sacramentos instituídos por Cristo
A Igreja ensina que os sete sacramentos foram instituídos por Jesus e confiados à Igreja como sinais eficazes da graça:
-Iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia.
-Cura: Reconciliação e Unção dos enfermos.
-Serviço da comunhão e missão: Ordem e Matrimônio.
Todos os sacramentos conduzem à Eucaristia, onde se renova o mistério pascal de Cristo.
27) Salvação e santidade
A salvação é comunhão eterna com Deus, alcançada pela fé em Cristo e adesão à Igreja. A santidade começa no Batismo e cresce pela prática dos mandamentos e obras de caridade, na esperança da vida eterna. Todos são chamados à perfeição da caridade, que é a verdadeira santidade.
28) Justificação, graça, misericórdia, mérito e liberdade
A salvação é dom gratuito de Deus, fruto da graça e do sacrifício de Cristo, não de méritos humanos. A graça santificante recebida no Batismo é fonte de conversão e santidade. Contudo, a liberdade humana é necessária: o homem pode aceitar ou rejeitar a salvação. As boas obras têm valor diante de Deus, mas sempre como fruto da graça que nos precede. Assim, o cristão coopera livremente com a ação de Deus para alcançar a vida eterna.
29)-Salvação para os não-católicos!
A Igreja Católica ensina que toda salvação vem de Cristo e passa pela Igreja, mesmo para quem não é formalmente católico. Se alguém, sem culpa própria, não conhece a fé, mas busca sinceramente a Deus e procura fazer o bem, pode ser salvo pela graça de Cristo, que age de formas misteriosas. Isso vale também para os não-cristãos. Os cristãos não-católicos, pelo batismo, já participam parcialmente da Igreja de Cristo. Contudo, a Igreja não afirma que todas as religiões são iguais, mas que todo bem e verdade encontrado nelas vem de Cristo por meio da Igreja. Em resumo: fora da Igreja não há salvação, porque toda salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, ainda que de modo invisível para os não-católicos.
30) Doutrina Católica sobre o Sofrimento
O sofrimento entrou no mundo pelo pecado, não por vontade de Deus. Porém, em Cristo, o sofrimento ganhou sentido redentor: unindo nossas dores ao sacrifício da cruz, participamos da salvação. Assim, o sofrimento pode ser caminho de purificação, conversão, fortalecimento e mérito espiritual. Ele também prova a fé, como no caso de Jó. Por isso, quando aceito com amor e resignação, torna-se participação no mistério da cruz de Cristo.
31) Comunhão dos Santos
A comunhão dos santos é a união espiritual de todos os cristãos em estado de graça, repartindo dons, sacramentos e orações. Ela se expressa em três realidades:
-Igreja Militante: os fiéis que peregrinam na Terra.
-Igreja Padecente: as almas do purgatório, que precisam de orações e sacrifícios.
-Igreja Triunfante: os santos do Céu, que intercedem por nós.
Os santos canonizados são oficialmente reconhecidos como modelos e intercessores, dignos de veneração (não de adoração). Eles são sinal visível da comunhão que une Céu, Purgatório e Terra em Cristo.
32)-Virgem Maria: Mãe de Deus e nossa!
Maria foi escolhida por Deus desde a eternidade para ser Mãe de Jesus, preservada do pecado original (Imaculada Conceição). Concebeu Jesus pelo Espírito Santo, permanecendo virgem mesmo após o casamento com São José. Por ser Mãe de Cristo, é também Mãe da Igreja e de todos os que Jesus veio salvar, cooperando com amor maternal na salvação de cada pessoa. Após a Assunção, continua intercedendo pelos fiéis e é modelo de fé e caridade. O culto a Maria (hiperdulia) é veneração, distinta da adoração a Deus, e se expressa em festas, orações (como o Rosário) e peregrinações, destacando sua poderosa intercessão.
33) Morte, Ressurreição, Juizo particular e Universal, e Vida eterna
Após a morte, a alma se separa do corpo e inicia a vida eterna. Cada pessoa passa primeiro pelo juízo particular, que avalia sua fé e obras. Este juízo determina se a alma vai para:
-Paraíso/Céu: felicidade eterna junto a Deus, para os que morreram em estado de graça.
-Purgatório: purificação temporária para aqueles que morreram na amizade com Deus, ajudada pelas orações e sacrifícios dos vivos.
-Inferno: separação eterna de Deus, para quem rejeitou voluntariamente Seu amor e graça.
-O juízo final ocorre no fim do mundo, confirmando os juízos individuais.
34) Juízo Particular (logo após a morte, conforme Lucas 16,19-31)
É o julgamento imediato da alma após a morte, determinando seu destino definitivo (Céu, Purgatório ou Inferno). Deus respeita a liberdade humana, mas deseja que todos se arrependam. A doutrina dos novíssimos resume o destino final: morte, juízo, paraíso e inferno (o Purgatório é transitório).
35) Fim do mundo, Juízo Final, Ressurreição, e Reino de Deus
No fim do mundo, ocorrerá o Juízo Final, quando Jesus ressuscitará todos os corpos. Cada pessoa receberá retribuição definitiva: bem-aventurança eterna ou condenação. O mundo será renovado em novos céus e nova terra, e o Reino de Deus alcançará sua plenitude, reunindo todas as coisas em Cristo. O mal será eliminado, os salvos viverão eternamente com Deus, e os ímpios permanecerão afastados no fogo eterno.
36)-Moral católica
A moral católica orienta o homem a viver em relação com Deus e com os outros, libertando-o do pecado. Ela se baseia na dádiva de si mesmo e na prática diária do bem. A salvação depende da conduta humana, após a graça recebida no Batismo. Transgredir as normas morais constitui pecado, embora intenções e circunstâncias possam atenuar a responsabilidade; porém, o ato em si permanece moralmente errado, pois o fim não justifica os meios.
37) Dignidade, Liberdade e Consciência moral
O homem tem dignidade por ser criado à imagem de Deus, o que garante liberdade e consciência moral. A liberdade permite escolher entre o bem e o mal; o abuso dela leva ao pecado. A consciência moral, guiada pela razão e pela Lei divina, ajuda a discernir a qualidade dos atos e assumir responsabilidade. Deve ser educada e corrigida para estar em sintonia com Deus, respeitando o princípio de que ninguém deve agir contra sua própria consciência.
38) Lei moral natural
A Lei moral de Deus orienta para o bem e proíbe o mal, conduzindo à bem-aventurança. Ela se manifesta em três níveis:
-Lei natural: escrita no coração humano, permite discernir bem e mal, é universal, mas pode ser obscurecida pelo pecado:
Romanos 2,12-16: "Todo aquele que pecar sem a lei também sem a lei perecerá, e todo aquele que pecar sob a lei pela lei será julgado. Porque não são os que ouvem a lei que são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei é que serão declarados justos. De fato, quando os gentios, que não têm a lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam‑se lei para si mesmos, embora não possuam a lei. Mostram que as exigências da lei estão gravadas no coração deles. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando‑os, ora defendendo‑os. Isso tudo se verá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, por meio de Jesus Cristo, conforme o meu evangelho o declara."
-Antiga Lei: revelada no Antigo Testamento, especialmente nos Dez Mandamentos, prepara para a Nova Lei.
-Nova Lei: revelada por Jesus no Novo Testamento, plena expressão do amor a Deus e ao próximo, resumida no Sermão da Montanha, e considerada a perfeição da Lei natural e da Antiga Lei, auxiliada pela graça do Espírito Santo.
39)- "Dez Mandamentos" da lei de deus (a espinha dorsal das escrituras)
Moisés recebeu os Dez Mandamentos como síntese da Lei de Deus, base da moral católica. Cumpri-los é obrigatório, pois Jesus afirmou que são essenciais para a vida eterna. Eles orientam o homem em seu dever para com Deus e o próximo:
1º - Adorar a Deus e amá-l'O sobre todas as coisas.
2º - Não invocar o Santo Nome de Deus em vão.
3º - Guardar domingos e festas de guarda.
4º - Honrar pai e mãe (e aos demais legítimos superiores).
5º - Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).
6º - Guardar castidade (nas palavras e nas obras).
7º - Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo).
8º - Não levantar falsos testemunhos.
9º -
10º- Não cobiçar as coisas alheias.
Esses mandamentos podem ser resumidos em dois princípios: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. Infringir um mandamento afeta todo o Decálogo, pois ele é um conjunto orgânico e indivisível.
40) As Virtudes
Virtude é uma disposição firme e habitual para fazer o bem, oposta ao pecado, e visa tornar o homem semelhante a Deus.
-Virtudes humanas: regulam atos, paixões e conduta; principais são Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança (cardinais).
-Virtudes teologais: vêm de Deus e orientam para Ele; são Fé, Esperança e Caridade (Amor). A maior de todas é a caridade, segundo São Paulo.
41)- o Pecado diante do livre arbítrio
O pecado é uma palavra, ato ou desejo contrário à Lei de Deus, causado pelo abuso da liberdade humana e que ofende a Deus (Santo Agostinho). Pode ser contra Deus, o próximo ou a si mesmo, e se manifesta em pensamentos, palavras, ações ou omissões. Repetido, gera vícios contrários às virtudes, ligados aos sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça. Há pecados mortais, que afastam da graça e podem levar ao Inferno se não houver arrependimento, e pecados veniais, que causam apenas punições temporárias. O pecado original enfraquece a natureza humana, mas pode ser perdoado pelo Batismo.
42) Perdão sacramental e divino, e indulgências
O perdão de Deus é acessível a todos, católicos ou não, mediante arrependimento sincero e disposição para praticar o bem. Para os católicos, pecados mortais exigem reconciliação para retornar à comunhão com a Igreja. O perdão é concedido sacramentalmente (Batismo e Reconciliação), mas também diretamente por Deus. No entanto, o perdão não elimina penas temporais, que podem ser atenuadas por indulgências, boas obras em vida ou purificação no Purgatório, preparando a alma para entrar pura no Céu.
43)-Amor, Sexualidade e Castidade
A Igreja Católica convida todos os fiéis a viver a castidade, virtude moral e dom de Deus que integra positivamente a sexualidade na pessoa, promovendo a unidade entre corpo e espírito e o domínio das paixões. Esse domínio leva à liberdade e à felicidade; a falta dele gera infelicidade. A castidade está ligada à temperança e é chamada a todos os batizados, pois a sexualidade só se torna verdadeiramente humana quando vivida na entrega mútua entre homem e mulher, no matrimônio sacramental, que é indissolúvel. Os atos sexuais fora do matrimônio — como sexo pré-marital, adultério, masturbação, pornografia, prostituição, estupro e relações homossexuais — são considerados pecados graves, expressões da luxúria. Já o amor conjugal verdadeiro é uma dádiva de si mesmo, expressão de entrega e respeito mútuo, refletindo a vida de Deus. Ele exige compromisso, fidelidade e permanência, e a sexualidade nesse contexto não serve apenas para procriação, mas também fortalece a intimidade e a comunhão do casal, sendo fonte de alegria e prazer. Além da castidade conjugal, existem outras formas de castidade: virgindade ou celibato consagrado (religiosos e clérigos) e continência ou abstinência sexual (não casados). A castidade permite que o amor humano seja vivido plenamente, de forma digna, íntegra e fecunda.
44)-Preservativos e DST's
Em relação às doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs), a Igreja defende que a fidelidade no
casamento, o amor recíproco, a castidade e a abstinência são os melhores meios
de combatê-las, em detrimento do preservativo. Aliás, segundo a opinião da
Igreja, o uso actual e indiscriminado de preservativos incentiva um estilo de
vida sexual imoral, promíscuo, irresponsável e banalizado, onde o corpo é usado
como um fim em si mesmo e o parceiro(a) é reduzido(a) a um simples objecto de
prazer. Este tipo de vida sexual é fortemente condenada pela Igreja.
45)-Homossexualidade
A Igreja considera moralmente errados os atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, pois não respeitam a complementaridade homem-mulher nem podem gerar vida. Ter tendências homossexuais não é pecado, mas ceder a elas é considerado ato desordenado. A Igreja não discrimina os homossexuais e os orienta a viver na castidade, oferecendo suas dificuldades a Deus, cultivando autodomínio, amizade desinteressada, oração e graça sacramental, aproximando-se da perfeição cristã. A Igreja também repudia o reconhecimento legal de uniões homossexuais.
46) Vida, Planeamento familiar e Contracepção
A vida humana é sagrada desde a concepção até a morte natural, sendo inviolável. Práticas como homicídio, aborto, eutanásia, clonagem ou uso de embriões vivos são condenadas. A reprodução deve ocorrer naturalmente no sexo conjugal, e a regulação de nascimentos é permitida apenas pelo planeamento familiar natural, com métodos como a continência periódica. Contraceptivos artificiais (pílula, preservativo, esterilização) são moralmente condenados.
47)-Doutrina Social da Igreja
Embora a missão principal da Igreja seja espiritual — a salvação da humanidade, ela também desenvolveu a Doutrina Social da Igreja (DSI), que orienta os fiéis e homens de boa vontade a serem responsáveis na construção da sociedade. A DSI analisa criticamente as realidades sociais, políticas e econômicas, fixando princípios sobre dignidade humana, direitos, liberdade, família, participação social, paz, economia, Estado, trabalho, bem comum, solidariedade, preservação ambiental, desenvolvimento integral e justiça com caridade evangélica. A participação do clero na política é proibida, cabendo aos leigos a missão de melhorar as realidades temporais e exercer o poder político de forma ética e humana. A DSI se sistematizou a partir de 1891 com a Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, enfrentando os desafios da sociedade industrial. Ela repudia ideologias totalitárias ou ateias, e critica abusos do capitalismo, como o primado do lucro sobre a dignidade do trabalho e do ser humano.
48)-A doutrina católica
em unidade com outras Igrejas cristãs (ecumenismo)
Igrejas Ortodoxas
A Igreja Ortodoxa tem doutrina muito próxima da Católica, compartilhando a mesma Tradição, mas apresenta divergências em pontos como:
-Reconhecimento apenas dos 7 primeiros concílios
-Não aceitação da Imaculada Conceição de Maria Santíssima
-Doutrina do Purgatório
-Primazia e infalibilidade do Papa Romano
-Filioque
-Batismo por infusão
-Liturgia eucarística eclesial
-Indissolubilidade do matrimônio
-Celibato clerical.
O ecumenismo moderno reduziu muitas dessas diferenças, com destaque para o Documento de Ravena (2007), que reconheceu a primazia do Bispo de Roma como “protos” ou primeiro entre os patriarcas, embora ainda haja divergências sobre os privilégios desta primazia.
Igrejas Protestantes
Iniciadas por Martinho Lutero, as igrejas protestantes compartilham com a Igreja Católica o Credo Niceno-Constantinopolitano, mas divergem em pontos centrais:
-Salvação somente pela fé (sola fide) sem as boas obras
-7 sacramentos (apenas Batismo e Eucaristia como sinais de fé)
-Ausência de purgatório, culto de Maria e santos Cristãos
-Interpretação pessoal da Bíblia
-Tradição oral
-Hierarquia
-Função da Igreja, e autoridade do Papa.
Apesar disso, algumas denominações, como setores anglo-católicos, se aproximam da doutrina católica. O diálogo ecumênico moderno trouxe consensos sobre a doutrina da justificação (Declaração Conjunta 1999) e outras questões importantes com anglicanos e luteranos.
Conclusão
Assim, a Doutrina Católica, apoiada na Sagrada Tradição e no Magistério, confirma a autoria mosaica do Pentateuco, sem negar a possibilidade de fontes ou acréscimos posteriores. O essencial, porém, é que Moisés, obediente ao mandato divino, foi o redator responsável pela codificação da Lei dada por Deus ao Seu povo. Cristo mesmo faz referência ao “Livro de Moisés”, reconhecendo sua autoridade e autenticidade. Dessa forma, a fé católica não se sustenta em meras hipóteses humanas, mas na coerência da Revelação, na constância da Tradição e na assistência do Espírito Santo à Igreja, que nos assegura a verdade da Escritura Sagrada.
BIBLIOGRAFIA
-Bíblia Sagrada. Tradução da CNBB. São Paulo: Edições CNBB, 2018.
-Concílio Vaticano II. Constituição Dogmática Dei Verbum. 18 de novembro de 1965.
-Comissão Bíblica Pontifícia. Resposta sobre a Autoria do Pentateuco, 27 de junho de 1906. In: Denzinger, H. Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações da Igreja Católica. 43ª ed. São Paulo: Paulinas, 2007.
-Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
-RATZINGER, J. Introdução ao Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2015.
-BENTO XVI. Verbum Domini: Exortação Apostólica Pós-Sinodal. São Paulo: Paulinas, 2010.
-BROWN, Raymond E. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2004.
*Francisco José
Barros de Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme
diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17 - Perfil curricular no
sistema Lattes do CNPq Nº 1912382878452130.
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