O ícone da Mãe de Deus Virgem do Sinal é uma expressão da espiritualidade mariana e do mistério da Encarnação!
Representa Maria em oração, com as mãos sobre seu ventre, enquanto o Menino Jesus aparece em seu seio, envolvido em uma "mandorla" – símbolo de glória divina. A mandorla, segundo o Dicionário Oxford, é um elemento utilizado em imagens bizantinas e românicas que consiste numa “espécie de auréola de formato oval, símbolo de glória e apoteose, na qual se inserem, de corpo inteiro, as figuras de Cristo ou da Virgem em majestade”. Essa imagem da Virgem do Sinal está ligada ao Advento, período que prepara os cristãos para celebrar o Natal, ou seja, a encarnação do Verbo de Deus, Jesus Cristo!
O mistério retratado no ícone é inspirado na profecia de Isaías:
“Por isso, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem vai dar à luz um filho e lhe dará o nome de Emanuel” (Isa 7,14)
O ícone conecta a espera do Messias à maternidade de Maria, que aceitou ser o canal da salvação divina!
E caso alguem queira contradizer essa afirmação dizendo que o canal da Salvação é Jesus, NÃO! Jesus é própria Salvação!
A mandorla que envolve o Menino Jesus remete à luz divina que ilumina a humanidade por meio do nascimento de Cristo. Portanto, o ícone tem relação com viver o Advento com maior intensidade, em preparação para acolher o mistério do Natal. Os detalhes do ícone reforçam a mensagem de esperança e entrega total à vontade de Deus.
Ao assumir o papel de "Theotokos – Mãe de Deus" –, Maria se torna um modelo de fé e serviço!
De acordo com a tradição apostólica e dos primeiros Cristãos, o título Virgem do Sinal também tem base na profecia cumprida, como está no Evangelho de Mateus 1,23: "Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco".
Durante o Advento, o ícone ajuda a meditar sobre o papel de Maria no plano divino e renovar a expectativa pela vinda de Cristo. A mensagem central do ícone da Virgem do Sinal é essencialmente a mesma do Advento:
A chegada de Jesus, o Messias esperado, é uma manifestação do amor e da promessa de Deus para a humanidade! Junto de outros ícones, como o Pantocrator, a representação da Virgem do Sinal é utilizada na Escada do Advento, prática devocional inspirada na passagem de Gênesis 28, 10-19, conhecida como o “sonho de Jacó”. Maria Santíssima é frequentemente referida como a "porta do Céu" porque foi por ela que Jesus encarnou-se e remiu a humanidade.
Pierre de Craon: "Maria a escada de Jacó"
"E (Jacó) viu em sonhos uma escada posta sobre a terra, cujo cimo tocava o céu, e os anjos do Senhor subindo e descendo por ela, e o Senhor apoiado na escada...Tendo Jacó despertado do sonho, disse: Não há aqui outra coisa senão a Casa de Deus e a porta do céu. " (Gênesis 28 )
Que escada maravilhosa é essa que une o céu e a terra? Que verdades ela nos revela? Que virtudes descem e sobem por ela? Que maravilhas, que harmonias ela encerra?
Escada Larga, majestosa e altíssima, feita da pedra mais pura e sublimada, cujos primeiros degraus tocam a terra, e cujo cimo está no alto dos céus. Esta é na verdade a escada da salvação, por onde descem para nós os anjos de Deus, e por onde devemos galgar para nos unirmos a Deus que nela se apoia. Esta é a escada da verdade. Ela representa a revelação que Deus nos fez pela Sagrada Escritura. Por ela baixam até nós as verdades luminosas que nos conduzem ao paraíso. Esta é a escada da verdade, e portanto da Igreja, que une a terra ao céu. Por seus degraus descem os dogmas revelados por Deus e confirmados pelo Magistério infalível de São Pedro. Por ela sobem as verdades de fé, as doutrinas ensinadas pelos santos doutores e aprovadas pela tradição católica.
Essa é a escada pela qual a Sabedoria de Deus desceu dos céus até nós! Ela é pois figura de Nossa Senhora, Virgem que percorreu os caminhos da Judéia, e cuja alma tocava, o trono de Deus. Santa Virgem que, por ser filha de Jacó, tocava a terra, e por ser Mãe de Deus, tocava o céu. Santa Maria, trono da Sabedoria em que Deus repousa e se apoia amorosamente: "Maria Régis solium Dei reclinatorium Trinitatis triclinium Sanctitatis palatium"
Se esta é a escada da verdade, ela tem que representar Nosso Senhor Jesus Cristo, verdade, caminho e vida. Verbo de Deus encarnado!
Ela toca o solo porque Ele se fez homem, do mesmo pó de que Adão foi formado. Ela toca o céu porque Ele possui também natureza divina, e sua Pessoa é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E a escada de Jacó é a figura da Encarnação, escada pela qual Deus veio até nós, e pela qual os homens podem oferecer a Deus tudo o que fazem "per Ipsum, in ipsum, cum Ipsum". Esta é a escada das virtudes e da santidade. Como tal de novo ela pode ser aplicada à Sagrada Escritura e à Santa Igreja, porque todas as virtudes nos vem da revelação e da Igreja, através dos sacramentos.
Com mais propriedade ainda ela se aplica a Nossa Senhora, como medianeira de todas as graças!
Por que não há bem, algum que nos venha de Deus e que não passe por ela. São Bernardo a chama "o colo da Santa Igreja" pois que é a união entre sua cabeça e seu corpo, e necessariamente todas a graças de Cristo nos vem por meio dela. Por ela Cristo veio ao mundo, por Ela necessariamente é preciso ir até Cristo. Esta é a escada maravilhosa que, conforme São Luís de Montfort, a Sabedoria utilizou para vir até nós, e portanto é o caminho mais sábio, curto, seguro e perfeito para se alcançar o céu.
E com quanta razão Jacó disse que nela não havia outra coisa senão a casa de Deus e a porta do céu! Pois Maria é a Domus Dei, Domus Áurea, em que Jesus habitou realmente ao se encarnar. Ela é a Janua Caeli, porta do céu, porque por ela Deus veio até nós, e por ela chegaremos até Deus. Esta escada das virtudes é a figura de Cristo, Deus três vezes santo, e modelo de todo homem. Escada da redenção, porque pelos merecimentos de Cristo é que somos salvos, porque todas as graças são graças de Cristo. Esta escada é a figura da Cruz, cravada no solo e levantada aos céus, sobre a qual e pela qual todas as virtudes de Deus vem até nos, Cruz pela qual nossas virtudes sobem até o Altíssimo.
Ela representa Nosso Senhor com suas virtudes tão contrastadas e tão harmônicas. Deus infinito a quem os ventos obedeciam e que era obediente a José e a Maria. Ele tocava o solo como o bom pastor em busca da ovelha perdida, mas lançava os maus por terra apenas ao dizer "ego sum ". Ele, que perdoava a pecadora arrependida e que como juiz terrível clamava aos fariseus "Vae vobis ." Ele é a escada de Jacó por sua generosidade celestial ao se fazer alimento de nossas almas e tonar a terra ao multiplicar os pães e peixes.
Esta é a escada das maravilhas e das harmonias entre o céu e a terra, pois, que é a beleza senão "o eterno no passageiro", "o infinito no limitado", "o inefável no definível"? Deus ao criar o universo, fê-lo a sua imagem e semelhança, de tal modo que cada coisa refletisse Suas virtudes infinitas em certa proporção. Assim, "do pequeno grão de areia até a Santíssima Virgem" há uma imensidade de degraus, todos eles belos e refletindo a Deus, que é "a beleza de tudo o que e belo ".
E há uma escada das belezas e maravilhas do universo, que leva a alma da terra ao céu. Em cada ser belo há um convite para amar a Deus, uma saudade do infinito para o qual fomos criados, há um desejo de absoluto. E então se compreende porque Jacó afirmou que "não há aqui outra coisa senão a casa de Deus e a porta do céu ". Pois isto, e apenas isto, é o universo: um chamado, um apelo para amar o Criador. E o Universo é a casa de Deus, porque ai Ele reside por Sua Sabedoria, Sua Bondade e Sua Beleza. E o Universo é a porta do céu porque é ao contemplá-lo que nós conhecemos a verdade, e é amando retamente o bem finito que poderemos desejar e amar a Deus, infinito sobre todas as coisas. E ao contemplar o universo, Nossa Senhora, a Igreja e Jesus Cristo, nossa alma estará, subindo pela escada de Jacó, atravessando a porta dos céus, e habitando a casa de Deus.
PREPARANDO "LITURGICAMENTE" O ORATÓRIO DO ADVENTO
No
ícone do Pantokrator, Cristo aparece como criador de tudo que existe, junto com
o Pai e o Espírito Santo. Como explica São Paulo: “Ele é a imagem do Deus
invisível, o Primogênito de toda a criatura, porque Nele foram criadas todas as
coisas, nos céus e na terra!” (Col 1, 15-16). Segundo a iconógrafa Fátima
Epifânio, o Pantokrator é aquele que tudo governa, que tudo contém, o
onipotente. “O Pantokrator é, por excelência, a imagem de nossa humanidade,
resgatada e restaurada por Cristo e exaltada, Nele e por Ele, à glória suprema
da Divindade, pela união hipostática das naturezas divina e humana, na única
pessoa do Verbo, Filho de Deus” (Donadeo, Maria, p.82) No ícone, Cristo aparece
com o Evangelho na mão esquerda e abençoando com a mão direita. A posição dos
dedos da destra revela os mistérios básicos da fé: Deus uno e trino e as duas
naturezas de Cristo (divina e humana). Os diagramas obrigatórios IC XC, um
de cada lado da cabeça, identificam liturgicamente o ícone sendo de Jesus
Cristo (IC XC = Jesus Cristo). A auréola crucífera tem uma cruz inscrita com as
três letras que revelam o nome sagrado de Deus: “Aquele que é”. A fronte ampla
indica a inteligência viva que tudo abrange do Verbo de Deus. O nariz reto,
afilhado e alongado contribui para realçar a impressão da soberana beleza que
emana do Pantokrátor. Os lábios são rubros, sutis e fechados, em silêncio
sapiencial. As orelhas são pequeninas, mas bem visíveis e mostram uma atitude
vigilância de escuta. No Pantokrátor, Jesus tem um olhar vivo e penetrante que
encara frontalmente o espectador. As arcadas superciliares, bem traçadas,
contribuem para acentuar a força do olhar. O pescoço robusto e inflado
significa a presença do Espírito Santo, como um sinal de que Jesus Cristo está
para soprar o Espírito, conforme se lê em Jô 20,22: “Recebei o Espírito Santo!”
( Damasceno, 2003).
O
que é e como preparar a Escada do Advento?
Conheça uma opção para subsituir a coroa do advento, que é tradição na Comunidade Shalom - Você sabia que além da Coroa do Advento, outra maneira de preparar sua casa para vivenciar esse tempo litúrgico de espera pelo Senhor é a Escada de Jacó? Também conhecida como Escada do Advento, ela faz alusão a passagem bíblica de Gênesis (Gn 28, 10-19), na qual Jacó partiu para Hará e durante a noite enquanto dormia teve um sonho profético:
“E
sonhou: e eis uma escada posta na terra, cujo topo tocava nos céus; e eis que
os anjos de Deus subiam e desciam por ela” (Gn 28, 12)
Em
seguida, o Senhor lhe deu a terra em que ele dormia por herança e prometeu
abençoar sua descendência. A passagem representa assim o caminho de descida do
Senhor para se comunicar com o seu povo e salvá-lo.
Entenda
os simbolismos na Escada do Advento
A iconografia faz parte da espiritualidade da Comunidade Católica Shalom e, no tempo do Advento, dois ícones se tornam mais presentes na ornamentação dos espaços sagrados: o Pantokrator e a Virgem do Sinal. Segundo a iconógrafa Guadalupe Monteiro Cabral, o ícone da Virgem do Sinal é um dos que melhor expressam a espiritualidade do tempo de preparação para Natal, e o do Cristo Pantokrator vem somar na simbologia para a elaboração da Escada do Advento.
Muito usada na preparação dos espaços sagrados nesse período, a Escada do Advento é composta de quatro degraus que remetem às quatro semanas do tempo de preparação para o Natal. Estes dois ícones compõem a Escada, que é montada da seguinte forma: no topo, o Pantokrator; na base, a Virgem do Sinal; e a cada degrau, uma vela (três roxas e uma rosa – domingo Gaudete). “A cada semana acende-se uma vela, de cima para baixo, simbolizando o movimento de descida de Jesus, sua kênosis. O Deus que se encarnou no seio da Virgem Maria e se fez homem, o Emanuel, o Deus conosco. Por isso usamos esses dois ícones que expressam bem esse mistério da descida e encarnação do Verbo no ventre da Virgem Maria.
É belo ver a cada semana, ao acender das velas de forma descendente, aquela imagem de Cristo Pantokrator (Deus e Senhor de todas as coisas) que vai nos revelando o abaixar-se de Deus até o homem e, para nossa salvação, se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria (a Virgem do Sinal, que traz um bebê no ventre). Deus e homem! O mistério que o Advento vai nos apontando até culminar com o Natal do Senhor” explica a iconógrafa Guadalupe.
Fonte - https://comshalom.org/escada-do-advento-o-caminho-da-kenosis-de-cristo/
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Essa é a Kênosis de um Deus que se fez homem por nossa causa: Filipenses 2, 5-11: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 9 Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; 10 Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, 11 E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai!”
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