O deputado federal Mario Frias (PL-RJ/mui acertadamente, diga-se de passagem), apresentou um projeto de lei que tem como objetivo proibir em ambiente escolar a execução de músicas com letras que façam apologia ao crime, ao uso de drogas e/ou que expressem conteúdos sexuais. O PL 719/2023 foi apresentado na Câmara dos Deputados no dia 28 de fevereiro e se refere não apenas às escolas públicas, mas também às particulares de todo o Brasil. A redação da matéria diz: “Fica proibido nas dependências das Instituições Públicas e Privadas de Ensino sediadas em todo território nacional, ou em eventos promovidos por estas, a execução de músicas que exaltem a criminalidade, que contenham letras que façam apologia ao crime, ao uso de drogas, à facções criminosas e/ou ao tráfico de entorpecentes, bem como àquelas que transmitam ideias de conteúdo pornográfico, linguajar obsceno e expressões vulgares que aludam a prática de relação sexual ou de ato libidinoso”. Mario Frias também vai citar o Estatuto da Criança e do Adolescente “que dispõe sobre a proteção integral” destes grupos com vários artigos, como o de número 15 que garante “o respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento”. O parlamentar tem visto e recebido relatos e denúncias de que músicas com teor não indicado para menores (algumas delas, tampouco para maiores), têm sido promovidas em ambiente escolar, tanto em aulas ordinárias, como em eventos extracurriculares dessas instituições de ensino, o que não podemos admitir e trabalhar para que cessem, sob pena de termos uma juventude pervertida em valores e marginalizada em cultura – complementa o autor do projeto.
Fontehttps://pleno.news/brasil/politica-nacional/mario-frias-quer-proibir-musica-com-letra-erotica-nas-escolas.html
Muitos PESSOAS não se apercebem de que a música tem profundos efeitos na alma
humana!
É evidente
que ao ouvir ou ler esta afirmação eles a põem em dúvida. Entretanto,
reconhecem que o Rock os entusiasma e os deixa euforicamente excitados. Têm
que reconhecer também que há músicas próprias a filmes de terror, que
inclinam a alma para o medo do desconhecido. Que há outras que são
compatíveis com cenas amorosas e sentimentais. Não poderão negar que
certas músicas produzem melancolia e tristeza, outras despertam alegria, outras
ainda entusiasmo.
A música,
portanto, é criadora de estados de alma, os quais fazem nascer ideias
correlatas em nossas mentes! SabiaM disso?
Quem permite
que uma música crie em sua alma um estado de melancolia e tristeza naturalmente
terá tendências à tristeza e à melancolia, por isso mesmo, idéias melancólicas,
tristes e pessimistas (membros das tribos urbanas "EMOS", são um
exemplo).Fica então patente que uma canção, por si só, sem levar em conta a sua
letra, cria estados de ânimo e suscita idéias.
Tinham pois muita razão os filósofos gregos ao darem à música um
importante papel na educação e formação dos jovens!
Aristóteles (quem nem era Cristão), no passado já prevenia que "pelo ritmo e pela melodia nasce uma grande variedade de
sentimentos e que a música pode ajudar na formação do caráter, e que se pode
distinguir os gêneros musicais por sua repercussão sobre o caráter". Tal
gênero, por exemplo, leva à melancolia, tais outros sugerem o desânimo ou
domínio de si mesmo, o entusiasmo ou alguma outra disposição já mencionada.(Citação de Aristóteles -
apud W. Matt - Le Rock'n Roll, instrument de Revolution et de subversion
culturelle - Ed St. Raphael Sherbrooke, Quebec, 1981 pag. 6)
o filósofo Platão é
ainda mais claro sobre a música!
No diálogo
República, ele adverte que "a música forma ou deforma os, caracteres de modo
tanto mais profundo e perigoso quanto mais inadvertido. A maior parte das
pessoas não percebe que a música tem o poder de mudar o coração dos homens, e
que assim, pouco a pouco, molda a sua mentalidade. Mudando as mentalidades, a
música termina por transformar os costumes, o que determina a mudança das leis
e das próprias instituições. Por isto dizia Platão que é possível
conquistar ou revolucionar uma cidade pela mudança de sua música: "Toda
inovação musical é prenhe de perigos para a cidade inteira"... "não
se pode alterar os modos musicais sem alterar, ao mesmo tempo, as leis
fundamentais do Estado". (Platão, República, Livro III) - Para
Platão, a educação musical é a mais poderosa, porque permite introduzir na alma
da criança, desde a mais tenra infância, o amor à beleza e à virtude. A pessoa
bem educada musicalmente mais facilmente perceberia a beleza e a harmonia. E
como não há amor sem ódio, ela também odiaria o feio e o mal.
E pergunta
Platão (que pasmem! era um pagão, e não cristão!):
"Não
saberá (tal pessoa) louvar o que é bom, receber o bem com deleite e,
acolhendo-o na alma, nutrir-se dele e fazer-se um homem de bem, ao mesmo tempo
que detesta e repele o feio desde criança, mesmo antes de poder
raciocinar? E assim quando chegar a razão, a pessoa educada por essa forma
a reconhecerá e acolherá como uma velha amiga?". (Platão, República, Livro
III).
"Bem
educados musicalmente, continua Platão, os jovens crescerão numa terra
salubre, sem perder um só dos eflúvios de beleza que cheguem aos seus olhos e
ouvidos, procedentes de todas as partes, como se uma aura vivificadora os
trouxesse de regiões mais puras, induzindo nossos cidadãos, desde a infância a
imitar a idéia do belo, a amá-la e a sintonizar com ela." (Platão,
idem, ibidem.)
"Por
isso, conclui Platão, não se deveria permitir que os artistas exibam as
formas do vício, da intemperança, da vileza ou da indecência, na escultura, na
edificação e nas outras artes criadoras...Não admitiremos que nossos guardiães
cresçam rodeados de imagens de depravação moral, alimentando-se, por assim
dizer, de uma erva má que houvesse nascido aqui e ali, em pequenas
quantidades, mas dia após dia, de modo a introduzirem, sem se aperceber disso,
uma enorme fonte de corrupção em suas almas". (Platão, idem, ibidem)
Platão
insiste no poder insinuante da música de agir sem ser percebida, a ponto
de conseguir destruir ou revolucionar uma sociedade:
"pois é
aí que a ilegalidade se insinua mais facilmente, sem ser percebida...sob forma
de recreação, à primeira vista inofensiva". Nem, a princípio, causa
dano algum, mas esse espírito de licença depois de encontrar um abrigo, vai-se
introduzindo imperceptivelmente nos usos e costumes; e daí passa, já
fortalecido, para os contratos entre os cidadãos, e após os contratos, invade
as leis e constituições, com maior impudência, até que, ó Sócrates, transforma
toda, a vida privada e pública". (Platão, República, Livro III)
É tão
verdadeira essa análise do grande filósofo grego, que ela se aplica
perfeitamente ao que aconteceu com os costumes de nossa sociedade. Até
parece tratar-se de um autor atual descrevendo o que ocorre em nosso tempo.Portanto,
a música pode ter um salutar efeito formador ou pode ser destruidora.
Evidentemente, como é mais fácil destruir do que construir, os efeitos da
música daninha são mais rápidos e eficazes que os da boa música. A corrupção
estética e moral, embora degrau por degrau, vai mais rapidamente até os mais
profundos abismos, do que a virtude em sua ascenção até os píncaros do heroísmo
e da santidade. Nesse trabalho de deformação e corrupção feito também
através da música, no século XX, devemos salientar o papel do liberalismo que
considera tudo pelo lado positivo e que, por isso, julga que nada deve ser
proibido. O liberalismo é a "tolerância institucionalizada não só em
certos casas ditas de "tolerância" como na própria sociedade. O
liberalismo é o sistema da "tolerância".
Por isso,
os pais liberais permitem que os filhos tudo ouçam, sem qualquer restrição!
"Ora, à
força de tudo ouvir, acaba-se por tudo aceitar, à força de tudo aceitar,
acaba-se por tudo aprovar". (in Walter Matt, op. cit., pag. 22-23, nota 17
do tradutor, parodiando palavras de Santo Agostinho).
A aceitação
do mal, a convivência com ele, leva o liberalismo, no fim, a aprovar todo
vício, todo crime, todo absurdo, toda monstruosidade. Foi assim que a arte
moderna ajudou a deformar o século XX. É assim que o Rock com suas letras,
dominou a juventude mundial de nossos dias. Se há 50 anos tivessem dito
que os netos dos fãs de Frank Sinatra iam ser entusiastas do "Black
Sabbath" ou do grupo "Possessed", ninguém acreditaria. Mas, como
a decaída se deu, degrau por degrau, até o abismo, todo o liberalismo aprovou.
Porque:
"Vice
is a monster of so frightfull mein As to be hated needs but to be seen
Yet seen too oft, familiar with his face We first endure, then pity, teh
embrace" (Alexander Pope):
Tradução:
"O vício é um monstro de aspecto tão horrível que basta vê-lo para detestá-lo! Mas olhá-lo por demais, acostuma-nos com seu rosto. Tolerado inicialmente, em seguida nos dá pena, por fim, o abraça".
Esse foi infelizmente, o
caminho da juventude face ao vício e às propostas musicais libertinas do século
XX.
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