Salmo Responsorial – 32(33): “Feliz o povo que o
Senhor escolheu por sua herança!”
Somos felizes porque o
Senhor nos escolheu e chamou para viver, na fé, o compromisso com Jesus. A
liturgia suscita em nós o espírito de vigilância e serviço, guiando nosso
coração para Deus, cujo Reino é o grande tesouro a ser buscado. Conforme o costume da Igreja no Brasil, em agosto celebramos
as diferentes vocações dos cristãos e, neste primeiro domingo,
destacamos a vocação para o ministério ordenado.
Anúncio do
Evangelho: Lucas
12,13-21
— Glória a vós, Senhor!
Aleluia, aleluia, aleluia!
Naquele tempo, disse Jesus
a seus discípulos: 32“Não tenhais medo, pequenino
rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33Vendei vossos bens e
dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se
acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34Porque, onde está o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 35Que vossos rins estejam
cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu
senhor voltar de uma festa de casamento para lhe abrirem imediatamente a porta,
logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados
que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo,
ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá.
38E, caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se
assim os encontrar! 39Mas ficai certos, se o dono da
casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a
sua casa. 40Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na
hora em que menos o esperardes”. 41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas
essa parábola para nós ou para todos?” 42E o Senhor respondeu: “Quem é o
administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de
sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o
patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo, o senhor
lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele
empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’ e começar a espancar os criados e
as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46 o senhor daquele empregado
chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o
fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a
vontade do senhor, nada preparou nem agiu conforme a sua vontade será
chicoteado muitas vezes. 48Porém o empregado que não conhecia essa vontade e
fez coisas que merecem castigo será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi
confiado, muito mais será exigido!”
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO EVANGELHO
O Evangelho deste Domingo nos recorda e exige de
nós que fiquemos em atitude de vigília «pois na hora em que menos pensais, virá
o Filho do Homem» (Lc 12,40). Há que vigiar sempre,
vivendo numa saudável tensão, “desinstalados”, pois somos peregrinos num mundo
que passa, sendo que nossa verdadeira pátria é o céu! É rumo a esse destino
que devemos orientar a nossa vida; quer queiramos quer não, a nossa existência
terrena é um projeto que tem como fim o encontro definitivo com o Senhor, e neste encontro «a quem muito foi dado, muito lhe será
pedido; a quem muito foi confiado, dele será exigido muito mais!» (Luc 12,48). Não
será este, por acaso, o momento culminante da nossa vida? Vivamos a vida de maneira inteligente, dando conta de qual é
o verdadeiro tesouro! Ocupando nossas mentes e trabalho com aquilo que é
agradável a Deus e necessário ao seu reino! Como Cristão esclarecidos com a
verdade, não andemos desesperados atrás dos tesouros e prazeres deste mundo que
passa como tanta gente faz. Não tenhamos este mesmo comportamento! Somos filhos
da verdadeira Luz que é Cristo e seu evangelho! Segundo a mentalidade mundana,
valemos pelo que temos e não pelo que somos: cidadãos dos céus! As pessoas são valorizadas pelo dinheiro que possuem, pela
sua categoria social, a qual grupo secreto ou discreto pertencem, pelo seu
prestígio, pelo seu poder. Tudo isso, aos olhos de Deus, nada vale por si só! Suponhamos
que hoje você descobre que tem uma doença incurável e que os médicos lhe
estimam, no máximo, mais um mês de vida. Que faria então com o dinheiro que
acumulou? De que lhe serviria o seu poder, o seu prestígio, a sua classe
social? Não lhe serviriam para nada! No final de nossas
vidas estaremos a sós com Deus! Dê-se conta que tudo aquilo que o mundo tanto
valoriza, no momento da verdade, não vale nada? E então, ao olhar para
trás e à sua volta, a sua escala de valores muda radicalmente: a relação com as
pessoas que lhe rodeiam, o amor, aquele olhar de paz e de compreensão, passam a
ser os verdadeiros valores, autênticos tesouros que você —buscando os falsos
deuses mundanos— sempre tinha menosprezado.
Deus te confiou uma família, Deus te confiou um trabalho, Deus te confiou
tantas coisas. Deus te confiou filhos, Deus te confiou pais, Deus te confiou o
que está à tua volta para que você cuidasse com toda fidelidade e pudesse estar
vigilante com os verdadeiros tesouros que os ladrões não podem roubar e nem a
traça e o ferrugem corroer. Os primeiros cristãos
viviam sempre na iminência da segunda vinda de Cristo, sabiam que só teriam uma
única vida (conf. Hebreus 9,27-28), e por esta fé deram suas vidas e se
entregaram as feras, sabendo que seriam recompensados em sua fidelidade. Assim
como eles, também nós estejamos vigilantes porque Jesus vai voltar. Ele pode
voltar hoje pela manhã, pela tarde, ou durante a noite. Se Ele não vir, nós
podemos a qualquer momento com uma morte súbita ou acidental ir até Ele.
Vivamos então, meu amigo e minha amiga, preparados, para que o Senhor possa
assim nos encontrar. Oremos: “Pai, de amor e de bondade, leva-me a tomar
consciência de que muito será exigido de mim, pois muito me foi dado. Que minha
vida seja compatível com minha condição de discípulo do teu Reino. Que eu tenha
a inteligência evangélica para discernir qual é o verdadeiro tesouro! No céu
não precisarei de posições e graus filosóficos para ali entrar. Que as riquezas
do meu coração não sejam os deuses deste mundo, mas sim o amor, a verdadeira
paz, a sabedoria e todos os dons que Tu ó Pai concede aos teus filhos sem distinções.”
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi
um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à vida
monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no Evangelho.
3)- São Francesco
(Francisco) cujo nome é adotado depois de uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria
começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês"
em italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do
jovem rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a
elaborar sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um
tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo
Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de
consagrados livros Cristãos. Gravemente ferido na batalha de
Pamplona (20 de Maio de 1521), passou meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo período de recuperação, Inácio procura ler
livros para passar o tempo, e começa a ler a "Vita Christi", de
Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea, sobre a vida dos santos, de Jacopo de
Varazze, monge cisterciense que comparava o serviço de Deus com uma ordem
cavalheiresca.A partir destas leituras, tornou-se empolgado com a ideia de uma
vida dedicada a Deus, emulando os feitos heroicos de Francisco de Assis e
outros líderes religiosos. Decidiu devotar a sua vida à conversão dos
infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam com
empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura espiritual nos
prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura
e Oração são as armas com as quais se vence o demônio e se conquista o
céu”.
2)-São Cipriano (bispo
de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de
Ligório: “Quantos Santos abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da
leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno,
Papa: “Eu te rogo:
empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica
ensina que “a liturgia é participação na oração de
Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã
encontra a sua fonte e o seu termo. Pela liturgia, o homem interior lança
raízes e alicerça-se no «grande amor com que o Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária prepara
nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na Liturgia Diária, as orações e
as leituras da Palavra de Deus são ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada
leitura Deus fala a seu povo e o alimenta.Por esse modo
a Santa Igreja prepara o coração dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo, na Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel
ouve com atenção as leituras da Bíblia que são uma carta escrita por Deus para
cada um de nós.Na Liturgia Eucarística somos preparados para receber o
Pão dos Anjos, que transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para
continuar a caminhada alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra de Deus”, da Liturgia Diária,
praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde os seus primeiros séculos.
Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III, e generalizou-se nos
séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta pode ser
feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz do
Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz para mim; o
que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que
postura devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida?
- O fruto dessa nova dinâmica de vida ao
ritmo da Palavra é uma transformação real e concreta que nos elevará em fé,
esperança e caridade, além disso, nos proporcionará uma vida junto de Deus mais
constante e digna de Seu amor! Por
último, que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela graça de Deus já
provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos cantar esperançosos
com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela
fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu
desejo:
Ver-te, enfim, face a
face, meu divino amigo!
Lá no céu, eternamente, ser feliz
contigo!”
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