Responda com
sinceridade: “Tudo pode realmente ser mudado automaticamente apenas pela
oração?”
Vejo como principal argumento para os defensores desta "tese" a CONVERSÃO DE SANTO AGOSTINHO pela intercessão de sua mãe, Santa Mônica. Não quero aqui desvalorizar a eficácia e necessidade da oração, mas explicar que a coisa não é tão simples assim como muitos(as) pensam. Na conversão de Santo Agostinho, além da intercessão de sua mãe, estão presentes outros elementos imprescindíveis tais como: o encontro com a verdade (e o instrumento que Deus usou para Isto: Santo Ambrósio), o auxílio da graça de Deus, e em última instância a LIBERDADE HUMANA do próprio Agostinho. Alguns com certeza estão a olhar atônitos o título do texto e discordando veementemente a dizer: Como assim? Como orar não resolve? Muitos de nós Cristãos, estamos envolvido num contexto midiático pentecostal super apelativo, quase a colocar o pé-no-pescoço de Deus, já nem mais pedindo, mas determinando, e ordenando a Deus para que Ele nos atenda. Um contexto onde muitos entendem a oração apenas como um instrumento de realização dos seus próprios projetos e desejos. Somo bombardeados por apelações do tipo: "Tudo pode ser mudado pela força da oração, reza que passa, ou, ora que melhora", são cantados e repetidos continuamente. Campanhas de 7, 14 e não sei quantos dias mais são feitas apelativamente. Sempre que um novo ano se inicia se apressam em fazer a seguinte chamada: doze semanas (ou dias) de oração para doze meses de vitórias, e por ai vai.
O Catecismo da Igreja fala da
superstição e orações supersticiosas nos seguintes termos:
CIC 2110: “...A
superstição representa de certo modo um excesso perverso de religião; a
irreligião é um vício oposto por deficiência à virtude da religião.
CIC 2111: A superstição
é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar
também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando atribuímos
uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas
legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das
orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições
interiores que elas exigem, é cair na superstição.
Precisamos entender que oramos não para mudar a vontade perfeita de Deus em relação a nós e a tudo, mas para que entendamos, ou mesmo sem entender como Maria, acolhamos a sua santíssima vontade em nossas vidas!
Você pode até discordar, mas não tem jeito! Há situações permitidas por Deus que a oração não resolve conforme a nossa vontade, mas pela oração, algo muda se não exteriormente, mas interiormente em nós. Estou a escrever isto por que nestes últimos tempos, nunca tive tanto contato com gente frustrada, perdida, sem respostas. Gente que sempre ouviu falar em orações que clamam aos Céus,que as lágrimas de Santa Mônica converteram Santo Agostinho, campanhas, desafios, votos, compromisso e promessas com Deus, que passam anos a fio orando pelo pai alcoólatra, por um emprego, pela volta do(a) esposo(a), pelo parente doente, com depressão, ou no mundo dos vícios, e nada acontece. Sei que não é fácil ouvir de alguém já desacreditado de tudo e de todos e que está com câncer, que não quer saber de Deus, pois ele de tanto ouvir falar na igreja que Deus curava, e que se ajoelhando pediu também para que fosse curado, e o que aconteceu? Nada! A morte está cada dia mais perto. E para piorar, quando as coisas falham, não são poucos os que se apressam a colocar a culpa na fé, ou melhor, na falta de fé, na falta de oração. Assim fica fácil. Pregam que Deus vai curar, libertar, prometem e dizem o que Deus nunca prometeu e nunca disse, e quando nada acontece, a culpa é da falta da fé, assim, esses “poderosos manipuladores” continuam intactos em suas crenças e reputação, pois afinal, foi você que não fez sua parte. Muita gente já experimentou o “Todo o que pede, nem sempre recebe”, dito por C.S. Lewis (quando fala da morte de sua mulher), mas nem por isto vacilou na fé, muito pelo contrário. Realmente a experiência de oração para muitos é como encontrar a porta bem trancada, e não aberta. É bater, bater e não obter nenhuma resposta do outro lado. Quanta gente sente o que sentiu Mack do romance “a cabana” de Young, de orar pedindo a intervenção divina pela sua filhinha, e ela não vir, e se revoltar contra Deus.Tenho buscado um novo horizonte de relacionamento com Deus, pois o que me foi passado até agora sobre a oração, já não me sustenta e não auxilia a quem está vivendo esta batalha espiritual na pele. Ver Deus apenas como uma “força” que está dando sopa e que precisa ser despertada através de minha oração já não satisfaz. A oração não é um resolvedor de problemas, se assim o fosse, como explicar o Getsêmani de Jesus no “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?”.
Pergunto: A oração falhou na vida do Filho de Deus? Expliquem-me senhores das orações poderosas!
Expliquem-me Deus dizendo para Paulo: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, após o grande apóstolo ter orado três vezes suplicando que lhe fosse tirado o espinho na carne! Vivi muito tempo angustiado pelas taxações que me eram impostas. Gente dizendo que eu não era (e alguns ainda dizem que não sou) uma pessoa espiritual. Que eu sou frio e muito racional. Confesso que fui libertadoramente decepcionado, não por Deus, mas por mim mesmo, deste modelo de fé ilusória. Já rezei muito sim, achando que isso mudaria cenários, e pessoas que nunca mudaram. Já rezei pedindo para Deus tirar a dor que sinto no peito e as dúvidas que carrego na mente, e nada. Todos nós teremos que conviver com algum tipo daquele salvífico e necessário espinho na carne. Espinhos que não serão tirados, ainda que se faça 100 anos de oração e jejuns. Me desculpem a sinceridade e se escandalizo a alguns, mas simplesmente acho que certas posturas orantes, não passam de entorpecentes espirituais, de pessoas que simplesmente não querem encarar a verdade de si mesmo, dos outros e da soberania de Deus. São como drogas que nos deixam em êxtase por um determinado momento, nos fazendo esquecer a realidade vigente. Mas que ao final do efeito, “boom” tudo volta, e estaremos sempre atrás de mais doses e mais doses de ilusões oracionais.
Porém
entendam, e não confundam alhos com bugalhos!
Quando digo que a oração nem sempre resolve tudo, estou me referindo a essa
visão de oração como algo mágico, que num estralar de dedos muda pessoas e
situações. O grande lance da vida é a certeza da paternidade divina. É a
certeza de que o Pai é nosso, e que rezo para que seja feita a vontade Dele, e
não a minha. Nem sempre orar vai resolver, porque oração não é um jeito mágico
de mudar situações, ela é um jeito pessoal de se relacionar com Deus como
Pai. Não
devemos orar para que situações sejam mudadas, devemos orar porque devo me
relacionar com a vontade e plano de Deus para mim, para os outros e para a
humanidade. Comecei a entender a oração nas vezes em que minha mãe estava
desesperada e ficava de joelhos a rezar a sua novena a N. Sra do Perpétuo
Socorro, muitas vezes estas realidades em nada mudaram instantaneamente, mas
ela estava lá. A oração na vida de Jesus nunca falhou, simplesmente
porque Ele não a tinha como um jeito mágico, sobrenatural, mas como algo
simples e pessoal. Orar não é entrar no âmbito espiritual subjetivista, mas
pessoal. Nesse sentido, orar sempre vai mudar sim algo, se não exterior, mas
interior. Se o objetivo de orar for somente resolver problemas,
então ela não irá resolver, será eu falando comigo mesmo. Agora se o objetivo de
orar for relacionar-me verdadeiramente e não ilusoriamente com Deus, ai sim,
algo surpreendente irá acontecer, porque estaremos falando com o
Pai, que é nosso, e sabe o que é melhor para seus filhos, e o tempo certo de
lhe dar o que precisa.
Lamento por fim dizer-lhe:
Mas campanhas, novenas e orações fortes, água ungida e coisas afins, não
resolvem, só
frustram, porque são nossa tentativa de transformar pedras em pães. Agora se relacionar
pessoalmente com Deus resolve, ou melhor, conforta e nos dar as respostas que
precisamos, e que nem sempre é a que queremos, mas é o que nos salva de nós
mesmos, porque na maioria das vezes e para alguns, as pedras nunca se
transformaram em pães, mas elas experimentaram a paternidade divina que não
falha.Termino esse escrito dizendo que essas palavras foram escritas de
um coração quebrantado para outros corações quebrados e confusos, mas que tem
lutado para não ser iludido com tantas falsas promessas no meio daqueles que se
dizem cristãos. Quando se tem certeza da paternidade divina, se
sentir sozinho, não tem nada a ver com estar sozinho. É conseguir olhar para o
céus e dizer com toda confiança filial:“Pai, nas tuas mãos entrego o meu
espírito..." após ter experimentado a aridez do deserto e o vazio da alma
expresso pelo “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonastes?...” Sei que muitos(as) estão com seus sonhos despedaçados, com o sentimento de que
nada mudou, mas o que importa é a convicção daquilo que foi dito e ouvido no
batismo: "Eis o meu filho bem amado, e aos Tomés de hoje que
somos nós: Bem aventurados(as) são aqueles(as) que nada viram, mas mesmo assim
creram..."e não o que foi dito e exigido de Deus nas tentações de
nossos desertos. O Pai é nosso e em breve nos encontraremos com Ele, pois o Céu
é logo ali. Não
transformemos nossas orações num esfregar da lâmpada, mas a
tenhamos como o acesso ao coração amoroso e misericordioso de nosso Pai, com
quem nos relacionamos quer as coisas estejam bem ou não, pois é nosso dever e
salvação darmos graças em todo tempo e lugar!
SOBRE SANTA MÔNICA E
A CONVERSÃO DE AGOSTINHO:
Mônica
entendeu qual era a sua missão como mãe: levar o seu filho Agostinho para Deus!
Orou, chorou mas também, agiu facilitando este encontro com Deus para esta
conversão que durou mais de 30 anos, mas ao final pode colher o fruto de tantas
lágrimas (conf. Salmo 126,5-6). Santa Mônica aproximou Agostinho do bispo Santo
Ambrósio, que também, é DOUTOR DA IGREJA. Podemos dizer que Santo
Ambrósio é o INSTRUMENTO de Deus, humanamente falando, para a conversão de Santo
Agostinho, pois em última instância, Deus nos deu o Livre Arbítrio. Agostinho
com efeito, se converteu ouvindo os sermões e o canto litúrgico criado por
Santo Ambrósio. Os livros que Santo Ambrósio deixou, que estão preservados,
são, na sua maioria, transcrições literais de seus sermões.
Santo Agostinho conta que a fama dos sermões de Santo Ambrósio era enorme.
Dizia que seu tom de voz era marcante e sua eloquência tocava os corações. Por
isso, Santo Ambrósio foi apelidado de "o apóstolo da amizade". Quantas
mães tem o mesmo desejo de Mônica, porém, só querem o BÔNUS desta mãe, sem
querer abraçar o ÔNUS. Santa Mônica é um exemplo a ser seguido por todas as
mulheres cristãs que receberam o dom da maternidade. Santa Mônica nasceu no
norte da África, em Tagaste, no ano 332, numa família cristã que lhe entregou –
segundo o costume da época e local – como esposa de um jovem chamado
Patrício.Como cristã exemplar que era, Mônica preocupava-se com a conversão de
sua família, por isso se consumiu na oração pelo esposo violento, rude, pagão
e, principalmente, pelo filho mais velho, Agostinho, que vivia nos vícios e
pecados. A história nos testemunha as inúmeras preces, ultrajes e sofrimentos
por que Santa Mônica passou para ver a conversão e o batismo, tanto de seu esposo,
quanto daquele que lhe mereceu o conselho: “Continue a rezar, pois é impossível
que se perca um filho de tantas lágrimas”.Santa Mônica tinha três filhos. E
passou a interceder, de forma especial, por Agostinho, dotado de muita
inteligência e uma inquieta busca da verdade, o que fez com que resolvesse
procurar as respostas e a felicidade fora da Igreja de Cristo. Por isso,
envolveu-se em meias verdades e muitas mentiras. Contudo, a mãe, fervorosa e
fiel, nunca deixou de interceder com amor e ardor, durante 33 anos; e, antes de
morrer, em 387, ela mesma disse ao filho, já convertido e cristão: “Uma única
coisa me fazia desejar viver ainda um pouco, ver-te cristão antes de
morrer”.Por esta razão, o filho Santo Agostinho, que se tornara bispo e doutor da
Igreja, pôde escrever: “Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz
do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”.
Em 1Tm 2,15 São Paulo afirma que: "a mulher é salva pela teknogonia".
Esta palavra grega pode traduzir-se por geração de(os) filhos ou, simplesmente, "maternidade". Neste caso, o Apóstolo tem em vista a maternidade como colaboração com a obra do Criador: é, de certo modo, um sacerdócio, visto que toda mãe é chamada a transmitir não somente a vida corporal e a educação respectiva, mas também a doutrina da fé, que estrutura o cristão. Ser mãe era uma das aspirações mais profundas da mulher judia; é também grande dignidade da mulher moderna, dada a importância que uma boa mãe tem na sociedade.
Santa Mônica, rogai por nós!
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