Podemos ter muita culpa por imposição vinda do exterior, cobranças de comportamentos (que na maioria das vezes não são praticados pelos cobradores). São as culpas patológicas, mas nem toda culpa é doentia. Há aquelas culpas que são saudáveis, verdadeiras, necessárias e benéficas para a vida pessoal e comunitária. A culpa saudável funciona como um agente poderoso para nos orientar rumo ao equilíbrio e assertividade diante da vida e dos outros. Ela é um mecanismo de defesa que nos protege quando desrespeitamos com excessos diversos em todas as áreas da existência humana.
Podemos
perceber esses resultados quando assumimos o erro e somos impelidos a
corrigi-lo. Assim que é feita a correção aliviamos o desconforto interior.
Quando praticamos um comportamento que afeta um dos princípios básicos de nosso
caráter nos sentimos mal. É a dor da culpa saudável pressionando pela mudança
do comportamento inadequado. A dor só alivia quando melhoramos nossa conduta.
As origens da nossa culpa é a decisão que tomamos, é a escolha que praticamos, mas não é o nosso ser.
A culpa é algo
tipicamente humano, os animais na sua cadeia evolutiva não desenvolveram por
uma questão de sobrevivência, este mecanismo. Quando saudável, a culpa nos
corrige nos momentos em que desviamos da rota do nosso crescimento; nos pune
quando traímos nossa natureza interior; nos chama à realidade quando nossos
princípios entram em discrepância com nossas convicções e a cultura
circundante.
Apesar
da dor que ela causa, a culpa verdadeira é necessária para buscarmos o
equilíbrio moral, social e espiritual. Não ter o sentimento de culpa é algo
extremamente grave e patológico. Acreditando ou não, o bem e o mal existem, e
nós somos aperfeiçoados, melhorados pela busca do bem, fator que está
intimamente ligado à nossa necessidade de crescimento.
A culpa verdadeira é
uma dor que varia de intensidade, conforme a consciência formada, ou deformada,
e a gravidade do mal causado ao outro individualmente, ou à sociedade. A dor precisa ser interrompida pela
providência de alternativas que a solucionem. Isto é, o alívio vem pela busca
da remissão do erro e do aprendizado que leva a uma correção na próxima vez. É
correto dizer que mudamos ou por amor, ou pela dor. É a dor que nos inspira a agir
melhor no futuro por não querermos passar novamente por aquela dolorosa
experiência novamente. Quando outras informações, dicas ou sinais
falham aparece a dor para nos motivar a caminhos melhores.
A culpa é saudável
quando contribui para corrigir, e doentia quando se torna autoacusação. Para
saber como lidar com a culpa, é preciso afastar-se da patológica e obedecer à
saudável. Saber quando é culpa real, saudável, e quando é apenas
cobrança externa ou culpa doentia se torna fundamental para nosso bem-estar
físico e mental. Só por meio desse conhecimento podemos desenvolver a
habilidade de lidar com ambas.
Imagine que alguém chegue
até você pedindo um aconselhamento, e lhe revela que sente prazer em roubar e
faz isto rotineiramente. Qual a atitude e o conselho correto a ser dado a esta
pessoa?
1)-Orienta-la a devolver,
ou reparar as pessoas lesadas, reconhecendo e desculpando-se por seus delitos,
deixar que as pessoas lesadas mesmo após ressarcidas, livremente, tomem as
justas e devidas providências legais e após buscar ajuda profissional para libertar-se
definitivamente disso?
2)-Diminuir a culpa,
dizendo-lhe que de uma forma ou de outra, somos todos pecadores, que ela pode
continuar assim, desde que não venha a prejudicar de forma desproporcional aos
outros e nem venha a ser motivo de escândalo?
O que vemos hoje, infelizmente,
em várias instâncias morais, são orientações de conduta conforme a segunda
opção, ou seja, não ajudar a pessoa a libertar-se de sua má conduta moral, mas
apenas ajudá-la a conviver com ela, retirando todo sentimento de culpa para não
“traumatiza-la”. A partir deste exemplo inicial, podemos expandir para
várias outras perspectivas: A corrupção ativa e passiva na política e em nosso
dia-a-dia, tendo como justificativa que estamos roubando dos ricos para dar aos
pobres, ou em nome da causa. O adultério, justificando que no adultério consentido
não existe pecado. Na depravação sexual justificando que não podemos inibir
nossos instintos, como se tivéssemos que agir como os animais que se movem
unicamente pelos instintos sem o uso da razão, e por ai vai.
1
João 1,7-10:
“Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os
outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos
pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de
toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a
sua palavra não está em nós”.
O grande risco que nós
cristão corremos é o de desistir de anunciar o evangelho por causa da rejeição
e do incomodo visível das pessoas por causa dele. Quanto a isso veja o que
aprendemos com Paulo:
“Agora eu vou para Jerusalém,
obedecendo ao Espírito Santo, sem saber o que vai me acontecer lá. Sei somente
que em todas as cidades o Espírito Santo tem me avisado que prisões e
sofrimentos estão me esperando. Mas eu
não dou valor à minha própria vida. O importante é que eu complete a minha
missão e termine o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer...” (Atos
20,22-24)
Se o evangelho não incomodar não é o verdadeiro evangelho!
Acostume-se com isso e
cumpra sua missão assim como o apóstolo Paulo, que não se preocupou
com o incomodo que o evangelho iria provocar nas pessoas e na sociedade, antes,
se incomodava em não cumprir a vontade de Deus em sua vida e em não ocupar
positivamente o seu tempo com o anúncio da palavra de Deus. O evangelho
de Jesus Cristo incomoda demais o mundo:
“Ora,
todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2
Timóteo 3,12).
Nós Cristãos que
vivemos e pregamos o evangelho devemos ter em mente uma verdade:
Se
o evangelho está incomodando [o evangelho genuíno, é claro, o bíblico] é porque
as coisas estão indo bem e não mal. O evangelho foi feito para incomodar e
impactar as pessoas e não para passar despercebido. O evangelho não é para
“passar a mão na cabeça das pessoas”, e deixá-las da mesma forma que estão.
Sabedoria 2, 6-15: "Vinde, portanto! Aproveitemo-nos das boas coisas
que existem! Vivamente gozemos das criaturas durante nossa juventude! Inebriemo-nos
de vinhos preciosos e de perfumes, e não deixemos passar a flor da primavera! .Coroemo-nos
de botões de rosas antes que eles murchem! Ninguém de nós falte à nossa orgia;
em toda parte deixemos sinais de nossa alegria, porque esta é a nossa parte,
esta a nossa sorte... Cerquemos o justo,
porque ele nos incomoda; é contrário às nossas ações; ele nos censura por
violar a lei e nos acusa de contrariar a nossa educação. Ele se gaba de
conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! Sua existência é uma
censura às nossas ideias; basta sua presença para nos importunar. Sua vida,
com efeito, não se parece com as outras, e os seus caminhos são muito
diferentes."
Os relatos bíblicos
mostram que onde o evangelho entra as coisas não permanecem as mesmas. Ou
ele muda vidas ou provoca reações de rejeição das mais diversas. Em
alguns lugares do mundo a pregação do evangelho pode gerar a morte do
evangelizador. Muitas pessoas no passado e no presente já morreram por causa do
evangelho.
CONCLUSÃO:
Se qualquer um de nós
se encontra distante dos fatos e responsabilidades, pergunte-se como pode ser
melhor e viver melhor, mesmo em áreas totalmente diferentes. Quando uma obra
desaba na sociedade, um incêndio se alastra, as ruas estão esburacadas ou os
serviços são de baixa qualidade, mesmo quem não tem poder para mudar tudo pode
começar por si mesmo ou perto de sua casa. O lixo que cada um recolhe, de forma
adequada, pode ser uma pequena, mas indispensável ajuda, como também a direção segura
e defensiva no trânsito e outras práticas. Vale, como sempre, ouvir Jesus: “Pensais
que esses galileus eram mais pecadores do que qualquer outro galileu, por terem
sofrido tal coisa? Digo-vos que não. Mas se vós não vos converterdes,
perecereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram quando a torre
de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que qualquer outro
morador de Jerusalém? Eu vos digo que não” (Lc 13,2-5). Os frutos da
conversão se manifestem em nova mentalidade e novas práticas de vida! Com a
Igreja e o mundo, peçamos juntos:
“Senhor Jesus, Pastor eterno, fundastes a Igreja para ser, no mundo, o
Sacramento da Salvação, na perfeita comunhão de amor, e destes a Pedro a tarefa
de criar a unidade entre vossos filhos e filhas. Amparai, Senhor, a vossa
Igreja que, sustentada pelo vosso Santo Espírito, junto ao Sucessor de Pedro,
que nos sustenta na mesma fé, da qual, na mesma Igreja, recebemos no
batismo. Não permitais, Senhor, que
ventos de doutrinas contrárias venham a nos confundir. Sustentai a nossa fé
junto à aquele que conduz a Barca da Igreja pelos caminhos da história, em
nosso tempo, para a honra e glória do Vosso nome, Vós que sois caminho, verdade
e vida. Amém!”
Salmo
32, 1-5:
“Como é feliz aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados
apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não
há hipocrisia! Enquanto escondi os meus
pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão
pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca. Então
reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: Confessarei as minhas
transgressões ao Senhor", e tu perdoaste a culpa do meu pecado...”
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