A Onisciência é um atributo exclusivamente divino, pois só Deus sabe tudo, e a onipresença também, pois só Deus é capaz de estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Em tempos de dificuldades e crises pessoais e comunitárias, aumenta – e muito – o trabalho celestial dos anjos (além do anjo da guarda, São Miguel, São Gabriel e São Rafael), bem como dos santos intercessores canonizados pela Igreja. Nestas circunstâncias, não é difícil imaginar por exemplo, Santa Edwiges (padroeira dos desesperados), recebendo orações de várias cidades do país e do mundo e tudo ao mesmo tempo.Então, surge a inevitável pergunta: “Mas como um anjo, ou uma simples serva de Deus, como Santa Edwiges, que não é onisciente e onipresente, pode escutar e atender todas essas súplicas ao mesmo tempo e de tantos lugares? ” - Ora, Deus basta a Si mesmo, e não precisa de criatura alguma para nada, mas ELE QUER PRECISAR dos anjos e dos seus Santos. Assim, é bastante razoável que os membros do Corpo de Cristo participem de Seus divinos dons, especialmente aqueles membros que alcançaram elevado grau de santidade, e por isso estão mais perfeitamente unidos a Deus. Só Deus é onisciente. Portanto, os santos falecidos e os anjos não possuem o conhecimento pleno sobre todas as coisas do Universo, nem ouvem tudo o que as pessoas pensam ou falam. Mas, conforme a vontade e os planos de Deus, aos santos e anjos é dada a permissão de ouvir o clamor dos fiéis que invocam seus nomes, seja este clamor elevado com a voz ou com o simples pensamento. Já nos revelava Santo Agostinho, Doutor da Igreja: “Convenhamos que os mortos ignoram o que acontece na terra, pelo menos no momento em que ocorrem...Certamente, não ficam sabendo de tudo, mas apenas aquilo que lhe for autorizado saber e que têm necessidade de saber...As almas dos mortos também podem conhecer alguns acontecimentos aqui da terra por revelação do Espírito Santo, acontecimentos estes cujo conhecimento seja necessário. E isto não se restringe somente a fatos passados ou presentes, mas também futuros. É assim que os homens – não todos, mas apenas os profetas – conheceram durante sua vida mortal, não todas as coisas, mas apenas aquelas que a Providência Divina julgava bom lhes revelar”. (Santo Agostinho - “O cuidado devido aos mortos”).
Esse
dom, é bom lembrar, não é exclusivo dos anjos e santos falecidos!
Testemunhamos até mesmo na terra, que alguns cristãos tiveram o dom da visão dado por Deus, o dom de ver a necessidade de outras pessoas, mesmo pessoas desconhecidas e que estavam em lugares muito distantes, bem como a “bilocação” (estar em dois lugares ao mesmo tempo). A exemplo bíblico, podemos citar a visão que Paulo teve do macedônio pedindo ajuda, suplicando o anúncio do Evangelho em sua terra (Atos 16).Viver a devoção aos santos e anjos de forma verdadeiramente católica, sem superstições perniciosas, é importantíssimo em nossa caminhada de santidade. É a vivência do grande mistério da comunhão dos fiéis com Deus e uns com os outros! Por meio dessa intercessão fraterna, todos os membros do Corpo de Cristo participam da mediação do único mediador, Jesus Cristo.
COMO
OS ANJOS E SANTOS PODEM ESCUTAR NOSSA ORAÇÃO?
Os Santos estão em Deus e por isso podem ouvir nossas orações, pois "são semelhantes a Ele e assim como Ele o É, os santos o veem" (1Jo 3,2) e "o Espírito tudo os pode revelar" (1 Cor 2, 9-10) e os santos podem ter por providencia divina, conhecimento pleno (1 Cor 13, 12), pois hão de julgar o mundo (1 Cor 6,2):"Ou não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?...” - Se os Santos vão julgar o mundo, então é necessário que eles estejam conscientes dos fatos e do que acontece no mundo, por isso eles escutam nossas preces e estão ao nosso redor intercedendo por nós como uma nuvem de testemunhas (Hb 12,1) para que também alcancemos a salvação junto com eles, pois eles aguardam o desfecho da história da humanidade (Apo 6,11).
"Amados,
agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim
como É, O veremos. E todo o que Nele tem
esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro." (1 João 3,
2-3)
“Porque
Deus no-las revelou pelo seu Espírito; pois o Espírito esquadrinha todas as
coisas, mesmos as profundezas de Deus. "(1 Cor 2,10)
Na oração dos mártires no livro do Apocalípse, deduzimos que os santos acompanham a história dos homens, pois só assim podem ter o conhecimento que o sangue deles ainda não foi vingado e podem rezar nessa intenção:"E clamaram com grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano, Santo e Verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?... "(Apo6,10)
Assim,
apoiada na Escritura e na Tradição da fé de seus santos, a Igreja definiu dogmaticamente que:
“As almas de todos os santos mortos antes da Paixão
de Cristo... e de todos os outros fiéis mortos depois de receberem o santo
Batismo de Cristo, nos quais não houve nada a purificar quando morrerem...ou
ainda, se houve ou há algo a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem
acabado de fazê-lo...antes mesmo da
ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a ascensão do Senhor
e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão no Céu, no Reino dos
Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na
sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor
Jesus Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face
a face, sem mediação de nenhuma criatura (Bento
II, Benedictus Deus: DS 1000; cf. LG 49)
Os
Anjos apresentam nossas orações a Deus:
"E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar,
tendo um incensário de ouro; e foi-lhe
dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar
de ouro, que está diante do trono. E a fumaça do incenso subiu com as orações
dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus." (Apocalipse 8,2-4)
Os
anjos e santos por graça de Deus se tornam participante da Natureza divina
Ser um participante da
natureza divina significa que as características da natureza de Deus se tornam
minhas – através de Sua obra criadora, redentora e glorificadora em mim!
O QUE DIZ EXATAMENTE A BÍBLIA SOBRE DEUS DAR OU NÃO SUA GLÓRIA A OUTROS?
1)-“Eu lhes dei a mesma glória que
me deste” (Jo 17,22)
2)-“Deus concede graça e
glória“ (Salmo 84,11,ou, Salmo 83,12)
3)-“O que… Deus preparou para
nossa glória“ (1 Cor 2,7)
4)-“Os que chamou, também os
justificou, e os que justificou, também os glorificou“ (Rm 8,30)
5)- Apoc 2,26-28: "Àquele
que vencer e fizer a minha vontade até o fim darei autoridade sobre as
nações. Ele as governará com cetro de ferro e as despedaçará como a um vaso de
barro. Eu lhe darei a mesma autoridade que recebi de meu Pai. Também lhe darei a
estrela da manhã...”
6)- “EU SOU o Senhor que vos
santifico.”(Ex 31,13; Lv 20,8; 21,8; 21,15; 21,23)
Em 2
Pedro 1:4 está escrito: “Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas
promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo
escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo.”
Isso parece realmente inacreditável! Nós podemos ser participantes da natureza divina? O que isso realmente significa? Não é uma blasfêmia dizer que podemos ser divinos – como Deus? Ora, não confundamos alhos com bugalhos. Tornar-se participante da natureza divina significa que as características da natureza de Deus se tornam minhas em favor dos outros por amor e não por vaidade, ou exibicionismo! Nenhum de nós tem essas características como parte de nossa natureza, sem que elas tenham sido manchadas pelo pecado em algum nível. “Boas” características humanas são sempre limitadas, imperfeitas e, muitas vezes, egoístas. Há uma enorme diferença entre a justiça humana, ou amor humano, e a justiça e amor de Deus, por exemplo. Tudo isto faz parte de um processo de transformação.Aos poucos, mas seguramente o fruto do Espírito, que é outra maneira de dizer a natureza divina, começa a substituir o pecado em minha carne. Isto está claramente escrito em Gálatas 5, 16-26. À medida que continuo a seguir fielmente a Jesus no caminho da vitória sobre o pecado e a morte, minha natureza atual se torna divina em vez de humana. Eu posso seguir o exemplo de Jesus por causa do Espírito Santo dentro de mim, que me mostra a verdade e me capacita a ser santo. Isso é algo que eu tenho que estar consciente desta verdade. Isso não acontece automaticamente. Isso só acontece se eu conscientemente usar as oportunidades de exercitar as virtudes que recebo diariamente para vencer coisas como o orgulho, a malícia, a inveja, a justiça parcial, a indignação seletiva, e principalmente, o pior de todos os vícios, que motivou a queda dos anjos e de Adão e Eva, o egoísmo.Está escrito que Jesus não teve por usurpação ser igual a Deus (Ele tinha todo o direito a isso), mas Ele Se humilhou e veio à semelhança dos homens, e então Ele foi obediente até a morte, e é por isso que Deus também o exaltou. (Filipenses 2,5-11).Também está escrito que a plenitude da Divindade habita em Cristo corporalmente. (Colossenses 2, 9) Isso significa que, enquanto Ele estava em forma humana, Jesus realizou essa transformação da natureza humana para a natureza divina por completo. Como diz a Patrística: Tudo que foi assumido por Cristo, foi redimido! E agora devo seguir o caminho que Ele estabeleceu para mim – o caminho da humildade e obediência. Pela fé e paciência isso é possível:“E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência, E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade, E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.” (2 Pedro 1,5-7).Não é algo que eu faço com minhas próprias forças. É uma obra recriadora que Deus faz em mim. Então, realmente se torna perceptível que minhas ações, motivos e propósito na vida se tornam divinos – eles estão muito acima do que é “normal” para as pessoas. O resultado de Deus operar esta transformação em mim – através da minha obediência à fé e do poder do Espírito Santo – é que os pensamentos de Deus, que são muito mais elevados do que os meus pensamentos, como os céus estão acima da terra, tornam-se meus pensamentos. O fato de que Deus pode realizar uma façanha tão incrível em mim como um ser humano normal e natural, alguém que está completamente arraigado com a tendência de pecar, é tão surpreendente que só podemos louva-lo e glorifica-lo por toda a eternidade por obra tão maravilhosa a nossos olhos:Salmo 118,23: “Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos”. Então minha vida, nesta obra de recriação, verdadeiramente trará honra e glória a Deus. Essa é a esperança viva que devemos ter e nos animar, pelo que lutamos, pelo que vivemos, e pelo que nosos olhos estão firmemente fixados.
“Bendito seja o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Cristo que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de
novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, Para uma herança incorruptível, incontaminável, e que não se pode
murchar, guardada nos céus para vós, que mediante a fé estais guardados na
virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo,.”
1 Pedro 1,3-5.
São
Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, escreveu um Tratado sobre os Anjos no qual
ele discute essa temática:
Art. 1 — Se o anjo está em
algum lugar?
(I Sent., dist. XXXVII, q. 3,
a. 1; II, dist. VI, q. 1, a. 3; De Pot., q. 3, a. 19, ad 2; Quodl. I, q. 3, a.
1; Opusc. XV, De Angelis, cap. XVIII)
O primeiro artigo discute-se assim. — Parece que o anjo não está em
nenhum lugar!
1. — Pois, diz Boécio: A
opinião comum entre os sábios, é que os seres incorpóreos não estão em nenhum
lugar1; e Aristóteles diz que nem tudo o que existe está em algum
lugar, mas só o corpo móvel2. Ora, o anjo não é corpo, como se demonstrou.
Logo, o anjo não está num lugar.
2. Demais. — O lugar é uma
quantidade com posição. Logo, tudo o que está em algum lugar tem alguma
situação. Ora, ter uma situação não pode convir ao anjo, cuja substância é
independente da quantidade, cuja propriedade diferencial é ter posição.
Logo, o anjo não está em um lugar.
3. Demais. — Estar em um lugar
é ser medido e contido por ele, como se vê pelo Filósofo3. Ora, o anjo não pode ser medido
nem contido pelo lugar, porque o continente é mais formal que o conteúdo,
como, p. ex, o ar do que a água, como diz o Filósofo4. Logo, o anjo não está em
um lugar.
Mas em contrario é o que se
diz na Coleta (do Completório): "Os teus santos anjos, que habitam nessa casa,
nos guardem em paz".
SOLUÇÃO. — Convém ao anjo estar em um lugar, mas
só equivocadamente é que se diz que o anjo e o corpo estão num lugar.
Pois, o corpo está em um lugar pelo ocupar, segundo o contato da quantidade
dimensiva; ora, esta não existe nos anjos, mas sim a quantidade virtual.
Portanto, pela aplicação da virtude angélica, de algum modo, a algum lugar,
diz-se que o anjo está num lugar corpóreo. Donde é claro que não se deve dizer
que o anjo seja comensurado pelo lugar, ou que tenha uma situação no contínuo.
Pois, tal convém ao corpo situado num lugar enquanto dotado de quantidade
dimensiva. — Semelhantemente, também não se deve dizer tal, fundando-se em que o
anjo seja contido pelo lugar. Pois, a substância incorpórea, atingindo pela sua
virtude a coisa corpórea, contém-na sem que por essa seja contida.
Assim, semelhantemente diz-se que o anjo está num lugar corpóreo, não como
contido, mas como contendo, de certo modo. Donde resulta clara A RESPOSTA ÀS
OBJEÇÕES.
1. 1.De hebd.
2. 2.Phys., lib. IV, lect. VIII.
3. 3.Physic., lib. IV, lect. XX.
4. 4.Phys., lib. IV, lect. VIII.
Art. 2 — Se o anjo pode estar
em vários lugares simultaneamente?
(Supra, q. 8, a. 2, ad 2;
infra, q. 112, a. 1; I Sent., dist. XXXVII, q. 3, a. 2; IV dist. X, q. 1, a. 3,
qa. 2; Qu. De Anima, a. 10, ad 18).
O segundo discute-se assim. — Parece que o anjo pode estar em vários
lugares simultaneamente!
1. — Pois, não é menor a
virtude do anjo que a da alma. Ora, a alma está simultaneamente em vários
lugares, por estar toda em qualquer parte do corpo, como diz Agostinho1.
Logo, o anjo pode estar em vários lugares simultaneamente.
2. Demais. — O anjo está no
corpo assumido; e, como tal corpo é contínuo, resulta que o anjo está em
qualquer parte dele. Ora, as diversas partes deste lhe determinam os diversos
lugares. Logo, o anjo está simultaneamente em vários lugares.
3. Demais. — Damasceno2 diz
que o anjo opera onde está. Ora, Às vezes ele opera simultaneamente em
vários lugares, como se vê do anjo que subverteu Sodoma. Logo, o anjo
pode estar em vários lugares simultaneamente.
Mas em contrario diz
Damasceno, que "os anjos, estando no céu, não estão na terra"3.
SOLUÇÃO. — O anjo tem virtude e
essência finitas. Pelo contrario, a essência e a virtude divina é infinita e é
a causa universal de tudo; por isso, tal virtude atinge todos os seres em toda
parte e não só em alguns lugares. Porém, a virtude do anjo, sendo finita, não
atinge todos os seres, senão um ser determinado. Ora, é necessário que o ser
relativo a uma virtude, o seja como ser uno. Assim, pois, como o universo dos
seres se refere, como dotados de unidade, à universal virtude de Deus, assim
qualquer ser particular se refere, como um ser uno, à virtude angélica. Por
onde, o anjo, estando em um lugar pela aplicação de sua virtude a esse lugar,
segue-se que não está em toda parte, nem em muitos lugares, mas em um somente. Mas, neste ponto, alguns se enganaram. Assim, certos, não podendo furtar-se à imaginação,
conceberam a indivisibilidade angélica como a do ponto; e por isso acreditaram
que o anjo não pode estar senão num lugar como o do ponto. — Porém
manifestamente se enganaram. Pois o
ponto é um indivisível que tem uma situação, ao passo que o anjo é um
indivisível existente fora do gênero da quantidade e da situação. Por onde, não
é necessário se lhe determine um lugar indivisível pela situação, mas sim
divisível ou indivisível, maior ou menor segundo aplique voluntariamente e mais
ou menos a sua virtude a um corpo. E assim a todo corpo ao qual ele se aplicar,
pela sua virtude, corresponder-lhe-á um lugar. Nem contudo é necessário, se
algum anjo move o céu, que esteja em toda parte. — Primeiro, porque a sua
virtude não se aplica senão ao que primariamente move. Ora, é uma a parte do
céu na qual primariamente está o movimento, a saber, a do oriente. Por isso, o
Filósofo4 atribui à parte do oriente a virtude de motor dos céus. —
Segundo, porque não ensinam os filósofos que uma substância separada mova todos
os orbes imediatamente. E, por isso, não é necessário esteja ela em toda parte. Por
onde é claro que estar em um lugar convém diversamente ao corpo, ao anjo e a
Deus. Pois, o corpo está em um lugar circunscritivamente, porque é medido pelo
lugar. O anjo, porém, não circunscritivamente, por não ser medido pelo lugar,
mas definitivamente, pois se está em um lugar é que não está noutro. Deus,
enfim, nem circunscritiva nem definitivamente, pois está em toda parte.E daqui
se deduz facilmente a RESPOSTA ÀS OBJEÇÕES; pois, tudo aquilo ao que se aplica
a ação do anjo, imediatamente, se lhe reputa por lugar, embora seja este
contínuo.
1. 1.De trinit., VI, cap. VI.
2. 2.Orthod. Fid., I, cap. XIII.
3. 3.Orthod. Fid., II, cap. III.
4. 4.Physic., VIII, lect. XXIII.
Art.
3 — Se vários anjos podem estar simultaneamente no mesmo lugar?
(I Sent., dist. XXXVII, q. 3,
a. 3; De Pot., q. 3, a. 7, ad 11; a. 19, ad 1; Quodl. I, q. 3, a. 1, ad 2)
O terceiro
discute-se assim. — Parece que vários anjos podem estar simultaneamente no
mesmo lugar.
1. — Pois, vários corpos não
podem estar simultaneamente no mesmo lugar pelo encherem. Ora, os anjos não o enchem, porque só o corpo enche o lugar de modo a
não haver vácuo, como se vê pelo Filósofo1. Logo, vários anjos podem estar
no mesmo lugar.
2. Demais. — O anjo e o corpo
diferem entre si mais do que dois anjos. Ora, o anjo e o corpo podem estar
simultaneamente no mesmo lugar, por não haver nenhum lugar que não esteja cheio
pelo corpo sensível, como o prova Aristóteles2. Logo, com maioria de
razão, dois anjos podem estar no mesmo lugar.
3. Demais. — A alma está em qualquer parte do corpo,
segundo Agostinho3. Ora, os demônios,
embora não se intrometam na mente, intrometem-se, contudo, por vezes, nos
corpos; e assim a alma e o demônio estão no mesmo lugar. Logo, por semelhante razão, o mesmo se dá com
quaisquer outras substâncias espirituais.
Mas
em contrario. — Duas almas não podem estar num mesmo corpo.
Logo, pela mesma razão, nem dois anjos poderão estar no mesmo lugar.
SOLUÇÃO. — Dois anjos não podem estar
simultaneamente no mesmo lugar. E a
razão é por ser impossível duas causalidades completas procederem imediatamente
de um mesmo agente. O que se evidencia em todo gênero de causas, pois, uma
é a forma próxima de uma coisa e um é o motor próximo, embora possam existir vários motores remotos. Nem
vale a instância apoiada no fato de vários puxarem um navio; porque, como a
força de cada um, por si, é insuficiente para movê-lo, nenhum deles é o motor
perfeito, mas todos, simultaneamente, exercem a função de um só motor, enquanto
todas as forças se agregam para produzirem um si movimento. Por onde,
entendendo-se que o anjo está num lugar porque sua virtude imediatamente ocupa
um lugar ao modo de um continente perfeito, como já se disse4, em um mesmo
lugar não pode estar senão um só anjo.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA
OBJEÇÃO. — Não é o implemento o que impede estejam vários anjos no mesmo lugar;
mas outra causa, como já se disse.
RESPOSTA À SEGUNDA. — O anjo e
o corpo não estão do mesmo modo num lugar. Por isso a objeção não colhe.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Também
o demônio e a alma não se comparam com o corpo segundo a mesma relação causal; pois, a alma é a forma do corpo, não, porém, o demônio. Por
onde, a objeção não colhe.
1. 1.Physic., IV, lect. XI, X.
2. 2.Physic., IV, ibid.
3. 3.De Trinit., VI, cap. VI.
4. 4.Q. 52, a. 1.
CONCLUSÃO
Só Deus é onisciente e
onipresente e por isso só Ele tem o poder de ouvir nossas orações de forma plena, ou seja, saber o que
pensamos e o que realmente queremos. Os anjos e santos podem até ouvir e ficar sabendo o
que pedimos, mas, se Deus não permitir, não vão saber as reais, justas e santas
intenções do que pedimos, pois por si mesmos, os anjos e santos
não podem conhecer nossos mais íntimos pensamentos nem ouvir as nossas orações,
se Deus não os permitir. Mas eles continuam unidos a nós, orando por nós,
interessando-se por nossos problemas e lutas aqui na terra, por aquilo que
exteriormente veem e estão cientes. Porém, como os anjos e santos já gozam da
visão mais plena de Deus (visão beatífica), vivem em comunhão com Ele,
participam com Ele do seu interesse por nós. Deus pode sim habilita-los a ouvir
os nossos pedidos e a conhecer as preces e reais intenções que fazemos por intermédio deles. No
céu, não apenas os santos canonizados, mas todos os que já morreram e agora
veem Deus face a face, agem como nossos intercessores. Mas que fique bem claro:
os santos oram e intercedem por nós, mas é Deus quem concede pelos méritos dos seus
anjos e santos quando são apetecidos por alguém na terra, é Deus portanto, quem
nos dá a graça da realização do pedido, quando em conformidade com a sua santíssima vontade, para o bem dos outros e a salvação das almas.
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