Um conto sobre coisas esquecidas do início do Cristianismo!
Um pastor protestante
irá viajar no tempo até a era apostólica.O cientista responsável pela
experiência já testou tudo. Primeiro, ele enviou na máquina o seu cachorro,
Cãovino, que voltou são e salvo. Agora, enviará o jovem explorador para o tempo
da igreja primitiva. E quando o pastor estiver
de volta pro futuro, será lindo ver os seus registros de como os primeiros
cristãos viviam, antes de a Igreja Católica começar a deturpar a doutrina de
Jesus.Este pastor verá com os próprios olhos como era verdadeiramente a Igreja
no seu começo e como foi transmitida a fé e os ensinos de Cristo e dos apóstolos!!
Tudo pronto?
E lá vai ele… Três dois um…Partiu!
E o pastor chega em
Corinto, no século II. Esperto e comunicativo, faz logo amizade com os
irmãozinhos. Papo vai, papo vem, um sujeito chamado Apolo diz:
– No dia do Juízo, cada um será recompensado conforme as suas obras.
O pastor sente um
arrepio de heresia que foi até a medula, e rebate:
– Pirou, irmão?! Seremos salvos
somente pela fé. Num tem essa de recompensa pelas obras. Onde é que tá escrito
isso na Bíblia?
– Bíblia? O que é isso? Pergunta Apolo.
– COMO ASSIM? Você é cristão e
num sabe o que é uma Bíblia? – exaspera-se o pastor. A Bíblia é a reunião dos
livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento meu amado!!!
Perplexo, o pastor acaba
de descobrir que naquela igreja somente o bispo possuía todos os textos do
Antigo Testamento, e nem mesmo ele tinha os quatro Evangelhos completos. E
alguns diáconos tinham uma cópia da Didaquê, o primeiro Catecismo da Igreja.
– É por isso que você tá falando
besteira, Apolo! Você num lê a Bíblia. Isso num tá escrito na Bíblia!
– Eu só sei que o bispo ensinou isso pra nós, e isso basta – reponde
Apolo. Ele até falou que leu isso numa carta de São Paulo aos Romanos.
O pastor coloca a mão
no peito e solta um triste lamento:
– Sem Bíblia um cristão não pode
viver Apolo!!!
Os Cristãos de Coríntios,
enfim, entenderam que a tal Bíblia de que aquele pastor tanto fala é a “biblioteca”
onde o bispo reunia os textos sagrados. Então, levam-no à casa do homem.
Chegando lá, Dom Dionísio lhe dá um abraço caloroso, o que não o livrará de
receber um pito:
– Com todo o respeito, seu bispo,
essa comunidade está sendo negligenciada! Cada cristão deveria ter uma Bíblia!
– protesta o pastor.
O bispo conclui que
aquele pastor está surtando, por isso releva suas palavras.
– Meu jovem, acho tens razão!
Você me ajuda a fazer isto?
Com docilidade e
paciência, São Dionísio leva o rapaz a outro aposento. E mostra ali uma estante
com dezenas de pergaminhos. Rolos e mais rolos agrupados… Aquilo tudo num tem
como levar debaixo do sovaco pra fazer pregação no trem, e nem no culto.O pastor já sabia que a palavra “Bíblia” quer dizer “biblioteca”, mas nunca tinha visualizado
a coisa dessa forma literalmente, ou seja,como ela era realmente.
– Eis aí a nossa amada Bíblia! –
diz o bispo...
O pastor pego de
surpresa com este fato, está impressionado e sem saber o que fazer e sem entender
como a fé foi transmitida ? Descobriu que o novo testamento com os quatro evangelhos e todas as cartas ainda não estavam tudo junto, e que algumas cartas ainda nem haviam sido escritas.Ficou perplexo, porque achava que a bíblia tinha caído do Céu prontinha com Zíper e tudo...
– Agora, eu te peço – prosseguiu o bispo – que me ajude a produzir
cópias dessa biblioteca para todos os irmãos de nossa comunidade. Primeiro,
você deve providenciar uma enorme quantidade de pergaminho(Feito de Coro de
bodes e cabras).
Nesse ponto, o pastor
se dá conta de que mesmo se matasse toda a população de cabras, carneiros e
bodes da região, não arrumaria couro suficiente pra curtir e produzir todo o
pergaminho de que precisava. E nem em 500 anos daria pra fazer Bíblia pra tanta
gente, tendo que copiar tudo a mão!Não dava pra topar
aquele desafio,disfarça, diz que está atrasado para um compromisso e sai retornando de fininho pra
máquina do tempo de onde veio.Partindo agora pra
visitar outras comunidades cristãs primitivas (os Gálatas, os Romanos, os Filipenses,
os Tessalonicenses e outras), ele verifica que a situação delas era similar à
de Corinto, e não se alterou em quase nada por mais de mil anos. A leitura
frequente da Bíblia pelos cristãos em geral só começou a se difundir com o
aumento da alfabetização e com a invenção da prensa móvel por Gutemberg por
volta do ano 1400.Depois dessa maratona, aquele pastor se dá por satisfeito:
“Já deu. Fui!”
De
volta para o futuro, ele produz um relatório detalhado de sua experiência,
conforme a sua congregação havia lhe pedido. Na conclusão do documento, pontua:
1)- Pouquíssimos
cristãos primitivos liam os textos da Bíblia;o conhecimento da Palavra de Deus
e de Sua vontade não se dava pela leitura da Bíblia, mas sim pelo acolhimento
do ensinamento transmitido oralmente pelos bispos (que eles chamavam de Sagrada
Tradição);
2)- A Sola Scriptura
(a Bíblia como autoridade máxima, acima da Tradição) e o “livre exame” eram
tecnicamente impossíveis de serem aplicados nos primeiros séculos da
cristandade, já que quase ninguém tinha Bíblia em casa (no máximo, um ou outro
tinha alguns trechos daquilo que hoje chamamos de “Bíblia”). Os bispos era que
asseguravam a verdadeira doutrina.
3)- A falta de
leitura da Bíblia não impediu que uma multidão de cristãos se santificassem,
chegando mesmo a derramar seu sangue pela fé.
Terminando de ler o
relatório, o pastor maior daquela congregação fica alguns minutos em silêncio,
entra dentro de si e diz:
“Meu Deus, agora entendi o que é esta tal SAGRADA TRADIÇÃO tão falada pelos Católicos
!!!...”
Adaptado de O CATEQUISTA
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